‘A culpa é da natureza’, diz moradora


Apesar do drama pessoal, muitos que perderam tudo nas enchentes juram lealdade ao governo

Por Rodrigo Cavalheiro, CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES

SAN ANTONIO DE ARECO - O pintor Gabriel Markus vive a três quadras do Rio Areco, onde seus vizinhos se dedicam a retirar lama de casa. O Estado ouviu 23 deles e 22 eram kirchneristas que prometem manter sua escolha. “Isso não tem nada a ver com política, não podemos jogar a culpa no governante de turno. A culpa é da natureza”, diz a aposentada María del Carmen Calbacini, de 63 anos, que vive num depósito de tijolo com Juan Alberto Mintana, de 60 anos. 

A TV do casal fica a 2 metros de altura. Está sobre a geladeira que, por sua vez, se equilibra em caixotes de madeira colocados como palafitas. “É minha sexta inundação em um ano e meio”, lembra María, que está a 50 metros do rio. “O avanço tecnológico traz consequências”, diz, culpando novas formas de plantio pela impermeabilização do solo. “O campo já não é arado e não absorve água.” 

María del CarmenCalbacini e Juan Alberto Mintana vivem em San Antonio de Areco, região afetada pela inundações Foto: Estadão / Rodrigo Cavalheiro
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Diante do casal aos prantos, Markus não resiste e chora também. “Essa presidente, que se chama Cristina Fernández de Kirchner, errou. Nunca se apresentou em cadeia nacional para dizer ‘perdão’ povo argentino”, declara, antes de reafirmar, porém, seu voto no governo.

Segundo Martín Rodríguez, kirchnerista dissidente que escreveu o livro Orden y Progresismo, sobre os princípios e táticas do movimento, essa devoção se explica também pela falta de união opositora. “Um terço vota com o coração pelo kirchnerismo, outro terço vota contra. A chave está no restante, que vota com o bolso”, avalia. 

Por duas vezes, os opositores acreditaram que a popularidade de Cristina sofreria abalo. A primeira, quando o cardeal Jorge Bergoglio, de péssima relação com a família presidencial, tornou-se papa, em 2013. A segunda, quando o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em janeiro, quatro dias após acusar a presidente de acobertar o envolvimento de iranianos no atentado contra a associação judaica Amia.

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A alguns meses das eleições presidenciais, fortes chuvas inundaram a cidade de San Antonio de Areco, a 120km de Buenos Aires — e os opositores do kirchnerismo enviaram ajuda às áreas atingidas

Ao explicar o apego ao kirchnerismo, Markus e seus vizinhos lembram que na crise de 2000 passaram fome e praticaram o escambo para sobreviver. A campanha de Daniel Scioli insinua que uma vitória do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri ou do ex-kirchnerista Sergio Massa pode devolver o país ao caos.

Dona de um bar, Florencia Ricotti, de 40 anos, foi a única dos moradores consultados que vota na oposição. “Quem já tinha pensado em quem votar não vai trocar porque lhe deram uma geladeira.” Para a diretora da consultoria M&F, Mariel Fornoni, o lugar onde ocorreu o alagamento contribui para essa tolerância. “Isso não deve influir no voto kirchnerista na Província de Buenos Aires, pois aí está o voto mais fiel do governo, o da ideologia.” “Faltam dois meses, mais uma razão para achar que o impacto será mínimo”, acrescenta o analista Luis Costa, do instituto Ipsos Mora y Araujo.

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SAN ANTONIO DE ARECO - O pintor Gabriel Markus vive a três quadras do Rio Areco, onde seus vizinhos se dedicam a retirar lama de casa. O Estado ouviu 23 deles e 22 eram kirchneristas que prometem manter sua escolha. “Isso não tem nada a ver com política, não podemos jogar a culpa no governante de turno. A culpa é da natureza”, diz a aposentada María del Carmen Calbacini, de 63 anos, que vive num depósito de tijolo com Juan Alberto Mintana, de 60 anos. 

A TV do casal fica a 2 metros de altura. Está sobre a geladeira que, por sua vez, se equilibra em caixotes de madeira colocados como palafitas. “É minha sexta inundação em um ano e meio”, lembra María, que está a 50 metros do rio. “O avanço tecnológico traz consequências”, diz, culpando novas formas de plantio pela impermeabilização do solo. “O campo já não é arado e não absorve água.” 

María del CarmenCalbacini e Juan Alberto Mintana vivem em San Antonio de Areco, região afetada pela inundações Foto: Estadão / Rodrigo Cavalheiro

Diante do casal aos prantos, Markus não resiste e chora também. “Essa presidente, que se chama Cristina Fernández de Kirchner, errou. Nunca se apresentou em cadeia nacional para dizer ‘perdão’ povo argentino”, declara, antes de reafirmar, porém, seu voto no governo.

Segundo Martín Rodríguez, kirchnerista dissidente que escreveu o livro Orden y Progresismo, sobre os princípios e táticas do movimento, essa devoção se explica também pela falta de união opositora. “Um terço vota com o coração pelo kirchnerismo, outro terço vota contra. A chave está no restante, que vota com o bolso”, avalia. 

Por duas vezes, os opositores acreditaram que a popularidade de Cristina sofreria abalo. A primeira, quando o cardeal Jorge Bergoglio, de péssima relação com a família presidencial, tornou-se papa, em 2013. A segunda, quando o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em janeiro, quatro dias após acusar a presidente de acobertar o envolvimento de iranianos no atentado contra a associação judaica Amia.

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Ao explicar o apego ao kirchnerismo, Markus e seus vizinhos lembram que na crise de 2000 passaram fome e praticaram o escambo para sobreviver. A campanha de Daniel Scioli insinua que uma vitória do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri ou do ex-kirchnerista Sergio Massa pode devolver o país ao caos.

Dona de um bar, Florencia Ricotti, de 40 anos, foi a única dos moradores consultados que vota na oposição. “Quem já tinha pensado em quem votar não vai trocar porque lhe deram uma geladeira.” Para a diretora da consultoria M&F, Mariel Fornoni, o lugar onde ocorreu o alagamento contribui para essa tolerância. “Isso não deve influir no voto kirchnerista na Província de Buenos Aires, pois aí está o voto mais fiel do governo, o da ideologia.” “Faltam dois meses, mais uma razão para achar que o impacto será mínimo”, acrescenta o analista Luis Costa, do instituto Ipsos Mora y Araujo.

SAN ANTONIO DE ARECO - O pintor Gabriel Markus vive a três quadras do Rio Areco, onde seus vizinhos se dedicam a retirar lama de casa. O Estado ouviu 23 deles e 22 eram kirchneristas que prometem manter sua escolha. “Isso não tem nada a ver com política, não podemos jogar a culpa no governante de turno. A culpa é da natureza”, diz a aposentada María del Carmen Calbacini, de 63 anos, que vive num depósito de tijolo com Juan Alberto Mintana, de 60 anos. 

A TV do casal fica a 2 metros de altura. Está sobre a geladeira que, por sua vez, se equilibra em caixotes de madeira colocados como palafitas. “É minha sexta inundação em um ano e meio”, lembra María, que está a 50 metros do rio. “O avanço tecnológico traz consequências”, diz, culpando novas formas de plantio pela impermeabilização do solo. “O campo já não é arado e não absorve água.” 

María del CarmenCalbacini e Juan Alberto Mintana vivem em San Antonio de Areco, região afetada pela inundações Foto: Estadão / Rodrigo Cavalheiro

Diante do casal aos prantos, Markus não resiste e chora também. “Essa presidente, que se chama Cristina Fernández de Kirchner, errou. Nunca se apresentou em cadeia nacional para dizer ‘perdão’ povo argentino”, declara, antes de reafirmar, porém, seu voto no governo.

Segundo Martín Rodríguez, kirchnerista dissidente que escreveu o livro Orden y Progresismo, sobre os princípios e táticas do movimento, essa devoção se explica também pela falta de união opositora. “Um terço vota com o coração pelo kirchnerismo, outro terço vota contra. A chave está no restante, que vota com o bolso”, avalia. 

Por duas vezes, os opositores acreditaram que a popularidade de Cristina sofreria abalo. A primeira, quando o cardeal Jorge Bergoglio, de péssima relação com a família presidencial, tornou-se papa, em 2013. A segunda, quando o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em janeiro, quatro dias após acusar a presidente de acobertar o envolvimento de iranianos no atentado contra a associação judaica Amia.

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Ao explicar o apego ao kirchnerismo, Markus e seus vizinhos lembram que na crise de 2000 passaram fome e praticaram o escambo para sobreviver. A campanha de Daniel Scioli insinua que uma vitória do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri ou do ex-kirchnerista Sergio Massa pode devolver o país ao caos.

Dona de um bar, Florencia Ricotti, de 40 anos, foi a única dos moradores consultados que vota na oposição. “Quem já tinha pensado em quem votar não vai trocar porque lhe deram uma geladeira.” Para a diretora da consultoria M&F, Mariel Fornoni, o lugar onde ocorreu o alagamento contribui para essa tolerância. “Isso não deve influir no voto kirchnerista na Província de Buenos Aires, pois aí está o voto mais fiel do governo, o da ideologia.” “Faltam dois meses, mais uma razão para achar que o impacto será mínimo”, acrescenta o analista Luis Costa, do instituto Ipsos Mora y Araujo.

SAN ANTONIO DE ARECO - O pintor Gabriel Markus vive a três quadras do Rio Areco, onde seus vizinhos se dedicam a retirar lama de casa. O Estado ouviu 23 deles e 22 eram kirchneristas que prometem manter sua escolha. “Isso não tem nada a ver com política, não podemos jogar a culpa no governante de turno. A culpa é da natureza”, diz a aposentada María del Carmen Calbacini, de 63 anos, que vive num depósito de tijolo com Juan Alberto Mintana, de 60 anos. 

A TV do casal fica a 2 metros de altura. Está sobre a geladeira que, por sua vez, se equilibra em caixotes de madeira colocados como palafitas. “É minha sexta inundação em um ano e meio”, lembra María, que está a 50 metros do rio. “O avanço tecnológico traz consequências”, diz, culpando novas formas de plantio pela impermeabilização do solo. “O campo já não é arado e não absorve água.” 

María del CarmenCalbacini e Juan Alberto Mintana vivem em San Antonio de Areco, região afetada pela inundações Foto: Estadão / Rodrigo Cavalheiro

Diante do casal aos prantos, Markus não resiste e chora também. “Essa presidente, que se chama Cristina Fernández de Kirchner, errou. Nunca se apresentou em cadeia nacional para dizer ‘perdão’ povo argentino”, declara, antes de reafirmar, porém, seu voto no governo.

Segundo Martín Rodríguez, kirchnerista dissidente que escreveu o livro Orden y Progresismo, sobre os princípios e táticas do movimento, essa devoção se explica também pela falta de união opositora. “Um terço vota com o coração pelo kirchnerismo, outro terço vota contra. A chave está no restante, que vota com o bolso”, avalia. 

Por duas vezes, os opositores acreditaram que a popularidade de Cristina sofreria abalo. A primeira, quando o cardeal Jorge Bergoglio, de péssima relação com a família presidencial, tornou-se papa, em 2013. A segunda, quando o promotor Alberto Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em janeiro, quatro dias após acusar a presidente de acobertar o envolvimento de iranianos no atentado contra a associação judaica Amia.

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Dona de um bar, Florencia Ricotti, de 40 anos, foi a única dos moradores consultados que vota na oposição. “Quem já tinha pensado em quem votar não vai trocar porque lhe deram uma geladeira.” Para a diretora da consultoria M&F, Mariel Fornoni, o lugar onde ocorreu o alagamento contribui para essa tolerância. “Isso não deve influir no voto kirchnerista na Província de Buenos Aires, pois aí está o voto mais fiel do governo, o da ideologia.” “Faltam dois meses, mais uma razão para achar que o impacto será mínimo”, acrescenta o analista Luis Costa, do instituto Ipsos Mora y Araujo.

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