O mundo, de Londres ao Rio


Hoje, bombardeada por perguntas sobre a possibilidade de um atentado durante as competições, penso no que mudou desde 2012

Por Adriana Carranca

Há quatro anos, participei da cobertura da Olimpíada de Londres. Hoje, bombardeada por perguntas sobre a possibilidade de um atentado durante as competições, penso no que mudou desde 2012. Londres havia sido palco de uma série de atentados sete anos antes, em julho de 2005, e um forte esquema de segurança foi montado para os Jogos, mas não havia o clima de paranoia de agora. A possibilidade de um ataque era vista como remota. O que mudou desde então? 

Maracanã recebe Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016

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Há quatro anos, a guerra civil na Síria era ainda recente. Damasco tinha vivido apenas um episódio de violência – um atentado isolado que deixou 44 mortos, em dezembro de 2011 – e o restante do país continuava em paz. Os confrontos concentravam-se em Homs e os refugiados eram algo como 10 mil sírios (hoje são mais de 4 milhões e somam-se a 7 milhões de deslocados internos). A Síria acabara de formar um conselho nacional de oposição. E 2012 começara com um plano de paz desenhado pelo enviado da ONU, Kofi Annan, endossado pelo Conselho de Segurança, com apoio de China e Rússia, antigos aliados do regime de Bashar Assad. A guerra civil era vista como uma oportunidade de derrubar a ditadura de quatro décadas, no rastro da Primavera Árabe.

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Há quatro anos, em julho de 2012, a Líbia acabara de eleger pelo voto popular um novo Congresso, após a morte de Muamar Kadafi, e se preparava para redigir uma nova Constituição. Havia grupos rebeldes descontentes com o ritmo das mudanças e o governo de transição lutava para controlar milícias locais. Mas havia ainda esperança de que a Líbia caminhava para se tornar uma democracia.

Há quatro anos, o Egito acabara de realizar as primeiras eleições presidenciais realmente livres de sua história. Os militares anunciaram o fim do estado de emergência, em prática desde o assassinato de Anwar Sadat, em 1981. O ex-ditador Hosni Mubarak havia sido preso e condenado à pena perpétua pela morte de manifestantes na Praça Tahir. Mohamed Morsi, líder da Irmandade Muçulmana, vencera as eleições presidenciais no segundo turno com 51,7% dos votos e, embora uma parcela da população estivesse insatisfeita com o resultado, o direito ao voto livre era visto como uma grande conquista. 

A Turquia vivia a promessa de se tornar um gigante econômico, com crescimento de 9,2% e 8,8%, em 2010 e 2011, respectivamente. O país, que negociava a entrada na UE, lançara uma “agenda positiva” em que prometia aumentar a cooperação multilateral, e parecia que o governo estava disposto a avançar em termos de liberdade de expressão e de imprensa, direitos humanos e nas relações com Chipre. O bloco europeu elogiara “o total respeito dos padrões democráticos e às leis” nas eleições legislativas, quando o Partido da Justiça e Desenvolvimento, do atual presidente Recep Tayyip Erdogan, perdera a maioria dos assentos. 

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Há quatro anos, as tropas americanas haviam acabado de se retirar do Iraque. Osama bin Laden estava fora do jogo, capturado e morto em uma operação secreta americana em Abbottabad, no Paquistão, o que levaria ao fim da guerra no Afeganistão. Acreditava-se que a Al-Qaeda estivesse liquidada. Ninguém, fora dos domínios da Síria e Iraque, havia ouvido falar em um Estado Islâmico.

Na Antiguidade, os Jogos Olímpicos previam a suspensão das guerras no período de competições, para garantir a chegada dos atletas à cidade grega de Olímpia. A trégua olímpica tornou-se uma tradição e, desde 1992, quando o Comitê Olímpico Internacional pediu ajuda à ONU para garantir a participação de atletas da Iugoslávia nos Jogos de Barcelona, o apelo pelo fim dos conflitos faz parte da agenda da Assembleia-Geral. 

A Olimpíada de Londres foi a primeira com adesão de 100% dos países-membros da ONU para o cessar-fogo, que deveria perdurar até sete dias depois do fim das competições. Que seja assim no Rio – e perdure por mais tempo. Se foi possível que o mundo mudasse tanto nos últimos quatro anos, é possível mudar o mundo nos próximos quatro. Quem sabe, para melhor.

Há quatro anos, participei da cobertura da Olimpíada de Londres. Hoje, bombardeada por perguntas sobre a possibilidade de um atentado durante as competições, penso no que mudou desde 2012. Londres havia sido palco de uma série de atentados sete anos antes, em julho de 2005, e um forte esquema de segurança foi montado para os Jogos, mas não havia o clima de paranoia de agora. A possibilidade de um ataque era vista como remota. O que mudou desde então? 

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Há quatro anos, a guerra civil na Síria era ainda recente. Damasco tinha vivido apenas um episódio de violência – um atentado isolado que deixou 44 mortos, em dezembro de 2011 – e o restante do país continuava em paz. Os confrontos concentravam-se em Homs e os refugiados eram algo como 10 mil sírios (hoje são mais de 4 milhões e somam-se a 7 milhões de deslocados internos). A Síria acabara de formar um conselho nacional de oposição. E 2012 começara com um plano de paz desenhado pelo enviado da ONU, Kofi Annan, endossado pelo Conselho de Segurança, com apoio de China e Rússia, antigos aliados do regime de Bashar Assad. A guerra civil era vista como uma oportunidade de derrubar a ditadura de quatro décadas, no rastro da Primavera Árabe.

Há quatro anos, em julho de 2012, a Líbia acabara de eleger pelo voto popular um novo Congresso, após a morte de Muamar Kadafi, e se preparava para redigir uma nova Constituição. Havia grupos rebeldes descontentes com o ritmo das mudanças e o governo de transição lutava para controlar milícias locais. Mas havia ainda esperança de que a Líbia caminhava para se tornar uma democracia.

Há quatro anos, o Egito acabara de realizar as primeiras eleições presidenciais realmente livres de sua história. Os militares anunciaram o fim do estado de emergência, em prática desde o assassinato de Anwar Sadat, em 1981. O ex-ditador Hosni Mubarak havia sido preso e condenado à pena perpétua pela morte de manifestantes na Praça Tahir. Mohamed Morsi, líder da Irmandade Muçulmana, vencera as eleições presidenciais no segundo turno com 51,7% dos votos e, embora uma parcela da população estivesse insatisfeita com o resultado, o direito ao voto livre era visto como uma grande conquista. 

A Turquia vivia a promessa de se tornar um gigante econômico, com crescimento de 9,2% e 8,8%, em 2010 e 2011, respectivamente. O país, que negociava a entrada na UE, lançara uma “agenda positiva” em que prometia aumentar a cooperação multilateral, e parecia que o governo estava disposto a avançar em termos de liberdade de expressão e de imprensa, direitos humanos e nas relações com Chipre. O bloco europeu elogiara “o total respeito dos padrões democráticos e às leis” nas eleições legislativas, quando o Partido da Justiça e Desenvolvimento, do atual presidente Recep Tayyip Erdogan, perdera a maioria dos assentos. 

Há quatro anos, as tropas americanas haviam acabado de se retirar do Iraque. Osama bin Laden estava fora do jogo, capturado e morto em uma operação secreta americana em Abbottabad, no Paquistão, o que levaria ao fim da guerra no Afeganistão. Acreditava-se que a Al-Qaeda estivesse liquidada. Ninguém, fora dos domínios da Síria e Iraque, havia ouvido falar em um Estado Islâmico.

Na Antiguidade, os Jogos Olímpicos previam a suspensão das guerras no período de competições, para garantir a chegada dos atletas à cidade grega de Olímpia. A trégua olímpica tornou-se uma tradição e, desde 1992, quando o Comitê Olímpico Internacional pediu ajuda à ONU para garantir a participação de atletas da Iugoslávia nos Jogos de Barcelona, o apelo pelo fim dos conflitos faz parte da agenda da Assembleia-Geral. 

A Olimpíada de Londres foi a primeira com adesão de 100% dos países-membros da ONU para o cessar-fogo, que deveria perdurar até sete dias depois do fim das competições. Que seja assim no Rio – e perdure por mais tempo. Se foi possível que o mundo mudasse tanto nos últimos quatro anos, é possível mudar o mundo nos próximos quatro. Quem sabe, para melhor.

Há quatro anos, participei da cobertura da Olimpíada de Londres. Hoje, bombardeada por perguntas sobre a possibilidade de um atentado durante as competições, penso no que mudou desde 2012. Londres havia sido palco de uma série de atentados sete anos antes, em julho de 2005, e um forte esquema de segurança foi montado para os Jogos, mas não havia o clima de paranoia de agora. A possibilidade de um ataque era vista como remota. O que mudou desde então? 

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Há quatro anos, a guerra civil na Síria era ainda recente. Damasco tinha vivido apenas um episódio de violência – um atentado isolado que deixou 44 mortos, em dezembro de 2011 – e o restante do país continuava em paz. Os confrontos concentravam-se em Homs e os refugiados eram algo como 10 mil sírios (hoje são mais de 4 milhões e somam-se a 7 milhões de deslocados internos). A Síria acabara de formar um conselho nacional de oposição. E 2012 começara com um plano de paz desenhado pelo enviado da ONU, Kofi Annan, endossado pelo Conselho de Segurança, com apoio de China e Rússia, antigos aliados do regime de Bashar Assad. A guerra civil era vista como uma oportunidade de derrubar a ditadura de quatro décadas, no rastro da Primavera Árabe.

Há quatro anos, em julho de 2012, a Líbia acabara de eleger pelo voto popular um novo Congresso, após a morte de Muamar Kadafi, e se preparava para redigir uma nova Constituição. Havia grupos rebeldes descontentes com o ritmo das mudanças e o governo de transição lutava para controlar milícias locais. Mas havia ainda esperança de que a Líbia caminhava para se tornar uma democracia.

Há quatro anos, o Egito acabara de realizar as primeiras eleições presidenciais realmente livres de sua história. Os militares anunciaram o fim do estado de emergência, em prática desde o assassinato de Anwar Sadat, em 1981. O ex-ditador Hosni Mubarak havia sido preso e condenado à pena perpétua pela morte de manifestantes na Praça Tahir. Mohamed Morsi, líder da Irmandade Muçulmana, vencera as eleições presidenciais no segundo turno com 51,7% dos votos e, embora uma parcela da população estivesse insatisfeita com o resultado, o direito ao voto livre era visto como uma grande conquista. 

A Turquia vivia a promessa de se tornar um gigante econômico, com crescimento de 9,2% e 8,8%, em 2010 e 2011, respectivamente. O país, que negociava a entrada na UE, lançara uma “agenda positiva” em que prometia aumentar a cooperação multilateral, e parecia que o governo estava disposto a avançar em termos de liberdade de expressão e de imprensa, direitos humanos e nas relações com Chipre. O bloco europeu elogiara “o total respeito dos padrões democráticos e às leis” nas eleições legislativas, quando o Partido da Justiça e Desenvolvimento, do atual presidente Recep Tayyip Erdogan, perdera a maioria dos assentos. 

Há quatro anos, as tropas americanas haviam acabado de se retirar do Iraque. Osama bin Laden estava fora do jogo, capturado e morto em uma operação secreta americana em Abbottabad, no Paquistão, o que levaria ao fim da guerra no Afeganistão. Acreditava-se que a Al-Qaeda estivesse liquidada. Ninguém, fora dos domínios da Síria e Iraque, havia ouvido falar em um Estado Islâmico.

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A Olimpíada de Londres foi a primeira com adesão de 100% dos países-membros da ONU para o cessar-fogo, que deveria perdurar até sete dias depois do fim das competições. Que seja assim no Rio – e perdure por mais tempo. Se foi possível que o mundo mudasse tanto nos últimos quatro anos, é possível mudar o mundo nos próximos quatro. Quem sabe, para melhor.

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Há quatro anos, em julho de 2012, a Líbia acabara de eleger pelo voto popular um novo Congresso, após a morte de Muamar Kadafi, e se preparava para redigir uma nova Constituição. Havia grupos rebeldes descontentes com o ritmo das mudanças e o governo de transição lutava para controlar milícias locais. Mas havia ainda esperança de que a Líbia caminhava para se tornar uma democracia.

Há quatro anos, o Egito acabara de realizar as primeiras eleições presidenciais realmente livres de sua história. Os militares anunciaram o fim do estado de emergência, em prática desde o assassinato de Anwar Sadat, em 1981. O ex-ditador Hosni Mubarak havia sido preso e condenado à pena perpétua pela morte de manifestantes na Praça Tahir. Mohamed Morsi, líder da Irmandade Muçulmana, vencera as eleições presidenciais no segundo turno com 51,7% dos votos e, embora uma parcela da população estivesse insatisfeita com o resultado, o direito ao voto livre era visto como uma grande conquista. 

A Turquia vivia a promessa de se tornar um gigante econômico, com crescimento de 9,2% e 8,8%, em 2010 e 2011, respectivamente. O país, que negociava a entrada na UE, lançara uma “agenda positiva” em que prometia aumentar a cooperação multilateral, e parecia que o governo estava disposto a avançar em termos de liberdade de expressão e de imprensa, direitos humanos e nas relações com Chipre. O bloco europeu elogiara “o total respeito dos padrões democráticos e às leis” nas eleições legislativas, quando o Partido da Justiça e Desenvolvimento, do atual presidente Recep Tayyip Erdogan, perdera a maioria dos assentos. 

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Na Antiguidade, os Jogos Olímpicos previam a suspensão das guerras no período de competições, para garantir a chegada dos atletas à cidade grega de Olímpia. A trégua olímpica tornou-se uma tradição e, desde 1992, quando o Comitê Olímpico Internacional pediu ajuda à ONU para garantir a participação de atletas da Iugoslávia nos Jogos de Barcelona, o apelo pelo fim dos conflitos faz parte da agenda da Assembleia-Geral. 

A Olimpíada de Londres foi a primeira com adesão de 100% dos países-membros da ONU para o cessar-fogo, que deveria perdurar até sete dias depois do fim das competições. Que seja assim no Rio – e perdure por mais tempo. Se foi possível que o mundo mudasse tanto nos últimos quatro anos, é possível mudar o mundo nos próximos quatro. Quem sabe, para melhor.

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