O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, anunciou que retorna ainda nesta quinta-feira, 9, a Honduras, após uma rodada de negociações na Costa Rica com representantes do líder deposto, José Manuel Zelaya, para tentar pôr fim à crise política em seu país. Em breves declarações à imprensa, Micheletti afirmou que voltará "totalmente satisfeito" a Tegucigalpa, mas revelou que não conversou pessoalmente com Zelaya em San José.
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A negociação - a primeira desde a destituição de Zelaya, no último dia 28 - foi mediada por Oscar Arias, presidente costa-riquenho. "Não houve um encontro face a face", disse o porta-voz presidencial da Costa Rica, Pablo Gueren, destacando que apenas delegações das duas partes rivais se encontraram. "Foi iniciado o diálogo e instalada nossa comissão de trabalho", continuou Micheletti, ao destacar que deixou uma comissão de quatro membros de seu governo para continuar as negociações.
O presidente de facto assegurou que haverá as eleições gerais de novembro, "de maneira transparente e segura". "Estou convencido de que nós, como hondurenhos, podemos resolver nossos problemas internos", finalizou. Antes da reunião, o clima era tenso entre os dois lados.
Micheletti insistia que não discutiria a possibilidade de retorno de Zelaya como presidente a Tegucigalpa. O governo autoproclamado afirmava que, se voltar, Zelaya teria de enfrentar a Justiça. Já o chefe de Estado deposto dizia que não havia nenhuma possibilidade de acordo se a presidência não lhe for restituída.
Em Tegucigalpa, deputados afirmavam que os dois lados deveriam fazer concessões para que se chegue a um acordo. A saída, no fim do processo, seria a antecipação das eleições, independentemente de Micheletti ou de Zelaya estar no cargo. Os candidatos já estão definidos desde o ano passado e a votação seria monitorada por organismos internacionais.
Zelaya foi deposto no dia 28 por militares e colocado em um avião para a Costa Rica. O governo autoproclamado acusa-o de desrespeitar a Constituição com o objetivo de permanecer no poder. O impeachment não está previsto na Constituição de Honduras. Mas a deposição foi considerada um golpe. No domingo, no auge da crise, um avião que levava o presidente deposto de volta a Honduras foi proibido de aterrissar no aeroporto de Tegucigalpa.
(Com Gustavo Chacra, de O Estado de S. Paulo)