Análise: Guinada contra o regime cubano pode ter efeito indesejado


A história sugere que Havana reagirá tentando se beneficiar do novo antagonismo, restringindo a independência e a informação que germinaram no país nos últimos quatro anos

Por Christopher Sabatini

Donald Trump revogará parte das medidas adotadas por Barack Obama para flexibilizar o embargo decretado 56 anos atrás contra Cuba. Até onde irá o presidente? Mais importante que o conteúdo do anúncio será a maneira como o Congresso dos EUA, as empresas e outros grupos interessados reagirão. E importante também será a reação do governo cubano. 

Nos últimos 50 anos, o regime gerontocrático cubano sobreviveu porque o embargo não isolou a população cubana do seu vizinho mais próximo – incluindo quase dois milhões de cubanos que vivem nos EUA, mas também proporcionou uma desculpa conveniente para o fracasso econômico. Apesar das afirmações dos defensores do embargo, sua severidade nunca ajudou a melhorar a questão dos direitos humanos. 

Cuba festejou nesta segunda-feira o Dia dos Trabalhadores pedindo 'unidade', ratificando seu 'incondicional'apoio ao governo da Venezuela e reiterando suas reivindicações aos EstadosUnidos no ato, além de realizar um desfile presidido por Raúl Castro em Havana. Foto: AP Photo/Ramon Espinosa
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Desde que Obama anunciou a primeira de uma série de reformas para normalizar as relações, em 2014, EUA e Cuba passaram a colaborar na luta contra o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro, a cooperar para reforçar a segurança de portos e aeroportos, e garantir visitas de autoridades. As mudanças também trouxeram empregos e renda para a economia americana. 

Desde que Obama afrouxou as regras que restringiam as viagens, o turismo explodiu. No ano passado, cerca de 4 milhões de pessoas visitaram a ilha, incluindo mais de 600 mil dos EUA – um aumento de 34% em relação a 2015. Essas viagens alimentaram o setor hoteleiro dos dois lados do Estreito da Flórida.

O governo de Raúl Castro obteve benefícios monetários com o fluxo crescente do turismo. Mas tem resistido à abertura que viria em troca. Não prendeu mais prisioneiros políticos na mesma proporção de antes. Sua nova tática é deter temporariamente os ativistas. Mas a barreira foi derrubada.

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Sim, o embargo ainda tem força de lei e Trump pode eliminar as mudanças da era Obama com uma simples assinatura. Mas o Congresso não é impotente. No mês passado, um grupo bipartidário de 55 senadores assinou um ato para pôr fim às restrições de viagens a Cuba.

Caso Trump rejeite a iniciativa, as universidades que têm desfrutado da liberdade de intercâmbio acadêmico, as empresas e seus empregados e os milhões de cidadãos que viajaram para a ilha e se relacionaram com as comunidades cubanas têm de emitir sua opinião. E insistir que as políticas existentes atendem aos interesses de longo prazo dos EUA e promovem os valores de abertura e a confiança na liberdade e na mudança, o que no final ajudam na questão dos direitos humanos.

O governo cubano terá de evitar reagir desproporcionalmente à retórica e às denúncias exorbitantes que acompanharão as mudanças, o que não é provável. A história sugere que o governo cubano reagirá tentando se beneficiar do novo antagonismo – como já fez em 2003 – restringindo a independência e a informação que germinaram no país nos últimos quatro anos. Afinal, que autocrata resiste a se colocar como vítima e culpar os outros pelos seus fracassos políticos e econômicos? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É DIRETOR SÊNIOR DE POLÍTICA DA AMERICAS SOCIETY E DO CONSELHO DAS AMÉRICAS (COA)

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1º voo comercial dos EUA a Cuba em mais de 50 anos

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Foto: AFP PHOTO
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Foto: EFE/Cristobal Herrera
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Foto: REUTERS/Jeffrey Dastin

Donald Trump revogará parte das medidas adotadas por Barack Obama para flexibilizar o embargo decretado 56 anos atrás contra Cuba. Até onde irá o presidente? Mais importante que o conteúdo do anúncio será a maneira como o Congresso dos EUA, as empresas e outros grupos interessados reagirão. E importante também será a reação do governo cubano. 

Nos últimos 50 anos, o regime gerontocrático cubano sobreviveu porque o embargo não isolou a população cubana do seu vizinho mais próximo – incluindo quase dois milhões de cubanos que vivem nos EUA, mas também proporcionou uma desculpa conveniente para o fracasso econômico. Apesar das afirmações dos defensores do embargo, sua severidade nunca ajudou a melhorar a questão dos direitos humanos. 

Cuba festejou nesta segunda-feira o Dia dos Trabalhadores pedindo 'unidade', ratificando seu 'incondicional'apoio ao governo da Venezuela e reiterando suas reivindicações aos EstadosUnidos no ato, além de realizar um desfile presidido por Raúl Castro em Havana. Foto: AP Photo/Ramon Espinosa

Desde que Obama anunciou a primeira de uma série de reformas para normalizar as relações, em 2014, EUA e Cuba passaram a colaborar na luta contra o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro, a cooperar para reforçar a segurança de portos e aeroportos, e garantir visitas de autoridades. As mudanças também trouxeram empregos e renda para a economia americana. 

Desde que Obama afrouxou as regras que restringiam as viagens, o turismo explodiu. No ano passado, cerca de 4 milhões de pessoas visitaram a ilha, incluindo mais de 600 mil dos EUA – um aumento de 34% em relação a 2015. Essas viagens alimentaram o setor hoteleiro dos dois lados do Estreito da Flórida.

O governo de Raúl Castro obteve benefícios monetários com o fluxo crescente do turismo. Mas tem resistido à abertura que viria em troca. Não prendeu mais prisioneiros políticos na mesma proporção de antes. Sua nova tática é deter temporariamente os ativistas. Mas a barreira foi derrubada.

Sim, o embargo ainda tem força de lei e Trump pode eliminar as mudanças da era Obama com uma simples assinatura. Mas o Congresso não é impotente. No mês passado, um grupo bipartidário de 55 senadores assinou um ato para pôr fim às restrições de viagens a Cuba.

Caso Trump rejeite a iniciativa, as universidades que têm desfrutado da liberdade de intercâmbio acadêmico, as empresas e seus empregados e os milhões de cidadãos que viajaram para a ilha e se relacionaram com as comunidades cubanas têm de emitir sua opinião. E insistir que as políticas existentes atendem aos interesses de longo prazo dos EUA e promovem os valores de abertura e a confiança na liberdade e na mudança, o que no final ajudam na questão dos direitos humanos.

O governo cubano terá de evitar reagir desproporcionalmente à retórica e às denúncias exorbitantes que acompanharão as mudanças, o que não é provável. A história sugere que o governo cubano reagirá tentando se beneficiar do novo antagonismo – como já fez em 2003 – restringindo a independência e a informação que germinaram no país nos últimos quatro anos. Afinal, que autocrata resiste a se colocar como vítima e culpar os outros pelos seus fracassos políticos e econômicos? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É DIRETOR SÊNIOR DE POLÍTICA DA AMERICAS SOCIETY E DO CONSELHO DAS AMÉRICAS (COA)

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Foto: REUTERS/Jeffrey Dastin

Donald Trump revogará parte das medidas adotadas por Barack Obama para flexibilizar o embargo decretado 56 anos atrás contra Cuba. Até onde irá o presidente? Mais importante que o conteúdo do anúncio será a maneira como o Congresso dos EUA, as empresas e outros grupos interessados reagirão. E importante também será a reação do governo cubano. 

Nos últimos 50 anos, o regime gerontocrático cubano sobreviveu porque o embargo não isolou a população cubana do seu vizinho mais próximo – incluindo quase dois milhões de cubanos que vivem nos EUA, mas também proporcionou uma desculpa conveniente para o fracasso econômico. Apesar das afirmações dos defensores do embargo, sua severidade nunca ajudou a melhorar a questão dos direitos humanos. 

Cuba festejou nesta segunda-feira o Dia dos Trabalhadores pedindo 'unidade', ratificando seu 'incondicional'apoio ao governo da Venezuela e reiterando suas reivindicações aos EstadosUnidos no ato, além de realizar um desfile presidido por Raúl Castro em Havana. Foto: AP Photo/Ramon Espinosa

Desde que Obama anunciou a primeira de uma série de reformas para normalizar as relações, em 2014, EUA e Cuba passaram a colaborar na luta contra o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro, a cooperar para reforçar a segurança de portos e aeroportos, e garantir visitas de autoridades. As mudanças também trouxeram empregos e renda para a economia americana. 

Desde que Obama afrouxou as regras que restringiam as viagens, o turismo explodiu. No ano passado, cerca de 4 milhões de pessoas visitaram a ilha, incluindo mais de 600 mil dos EUA – um aumento de 34% em relação a 2015. Essas viagens alimentaram o setor hoteleiro dos dois lados do Estreito da Flórida.

O governo de Raúl Castro obteve benefícios monetários com o fluxo crescente do turismo. Mas tem resistido à abertura que viria em troca. Não prendeu mais prisioneiros políticos na mesma proporção de antes. Sua nova tática é deter temporariamente os ativistas. Mas a barreira foi derrubada.

Sim, o embargo ainda tem força de lei e Trump pode eliminar as mudanças da era Obama com uma simples assinatura. Mas o Congresso não é impotente. No mês passado, um grupo bipartidário de 55 senadores assinou um ato para pôr fim às restrições de viagens a Cuba.

Caso Trump rejeite a iniciativa, as universidades que têm desfrutado da liberdade de intercâmbio acadêmico, as empresas e seus empregados e os milhões de cidadãos que viajaram para a ilha e se relacionaram com as comunidades cubanas têm de emitir sua opinião. E insistir que as políticas existentes atendem aos interesses de longo prazo dos EUA e promovem os valores de abertura e a confiança na liberdade e na mudança, o que no final ajudam na questão dos direitos humanos.

O governo cubano terá de evitar reagir desproporcionalmente à retórica e às denúncias exorbitantes que acompanharão as mudanças, o que não é provável. A história sugere que o governo cubano reagirá tentando se beneficiar do novo antagonismo – como já fez em 2003 – restringindo a independência e a informação que germinaram no país nos últimos quatro anos. Afinal, que autocrata resiste a se colocar como vítima e culpar os outros pelos seus fracassos políticos e econômicos? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É DIRETOR SÊNIOR DE POLÍTICA DA AMERICAS SOCIETY E DO CONSELHO DAS AMÉRICAS (COA)

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Donald Trump revogará parte das medidas adotadas por Barack Obama para flexibilizar o embargo decretado 56 anos atrás contra Cuba. Até onde irá o presidente? Mais importante que o conteúdo do anúncio será a maneira como o Congresso dos EUA, as empresas e outros grupos interessados reagirão. E importante também será a reação do governo cubano. 

Nos últimos 50 anos, o regime gerontocrático cubano sobreviveu porque o embargo não isolou a população cubana do seu vizinho mais próximo – incluindo quase dois milhões de cubanos que vivem nos EUA, mas também proporcionou uma desculpa conveniente para o fracasso econômico. Apesar das afirmações dos defensores do embargo, sua severidade nunca ajudou a melhorar a questão dos direitos humanos. 

Cuba festejou nesta segunda-feira o Dia dos Trabalhadores pedindo 'unidade', ratificando seu 'incondicional'apoio ao governo da Venezuela e reiterando suas reivindicações aos EstadosUnidos no ato, além de realizar um desfile presidido por Raúl Castro em Havana. Foto: AP Photo/Ramon Espinosa

Desde que Obama anunciou a primeira de uma série de reformas para normalizar as relações, em 2014, EUA e Cuba passaram a colaborar na luta contra o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro, a cooperar para reforçar a segurança de portos e aeroportos, e garantir visitas de autoridades. As mudanças também trouxeram empregos e renda para a economia americana. 

Desde que Obama afrouxou as regras que restringiam as viagens, o turismo explodiu. No ano passado, cerca de 4 milhões de pessoas visitaram a ilha, incluindo mais de 600 mil dos EUA – um aumento de 34% em relação a 2015. Essas viagens alimentaram o setor hoteleiro dos dois lados do Estreito da Flórida.

O governo de Raúl Castro obteve benefícios monetários com o fluxo crescente do turismo. Mas tem resistido à abertura que viria em troca. Não prendeu mais prisioneiros políticos na mesma proporção de antes. Sua nova tática é deter temporariamente os ativistas. Mas a barreira foi derrubada.

Sim, o embargo ainda tem força de lei e Trump pode eliminar as mudanças da era Obama com uma simples assinatura. Mas o Congresso não é impotente. No mês passado, um grupo bipartidário de 55 senadores assinou um ato para pôr fim às restrições de viagens a Cuba.

Caso Trump rejeite a iniciativa, as universidades que têm desfrutado da liberdade de intercâmbio acadêmico, as empresas e seus empregados e os milhões de cidadãos que viajaram para a ilha e se relacionaram com as comunidades cubanas têm de emitir sua opinião. E insistir que as políticas existentes atendem aos interesses de longo prazo dos EUA e promovem os valores de abertura e a confiança na liberdade e na mudança, o que no final ajudam na questão dos direitos humanos.

O governo cubano terá de evitar reagir desproporcionalmente à retórica e às denúncias exorbitantes que acompanharão as mudanças, o que não é provável. A história sugere que o governo cubano reagirá tentando se beneficiar do novo antagonismo – como já fez em 2003 – restringindo a independência e a informação que germinaram no país nos últimos quatro anos. Afinal, que autocrata resiste a se colocar como vítima e culpar os outros pelos seus fracassos políticos e econômicos? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É DIRETOR SÊNIOR DE POLÍTICA DA AMERICAS SOCIETY E DO CONSELHO DAS AMÉRICAS (COA)

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