Análise: Trump já está sendo manipulado por Kim Jong-un


Para Jennifer Rubin, não existe nada nem remotamente honrado ou aberto em Kim Jong-un, e os EUA não deveriam nunca admitir esse regime como legítimo ou merecedor do mesmo tratamento dado a outros países

Por Jennifer Rubin

Os bons vigaristas dão o golpe sem que o pato admita, ou sequer chegue a saber que foi enganado. É com esse espírito que o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prepara-se para bater a carteira do presidente Trump. Numa entrevista coletiva com o presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, 24, Trump falou sobre o encontro que terá com o líder da Coreia do Norte: “Temos informações diretas de que os norte-coreanos querem essa reunião o mais breve possível. Acho isso ótimo para o mundo... Kim Jong-un tem sido muito aberto. Acredito que honrará o que diz”.

+ Líderes das Coreias do Norte e do Sul começam a tratar de acordo de paz

Kim Jong-un discursa em Pyongyang, no ano-novo: especialistas questionam os limites da abertura diplomática da Coreia do Norte Foto: EFE/EPA/KCNA
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Macron se conteve para não rir. A declaração de Trump foi estúpida, errada e perigosa. Kim Jong-un é o autor das maiores atrocidades do mundo contra os direitos humanos. A Freedom House descreve seu regime do seguinte modo: “A Coreia do Norte é um Estado de um só partido, governado por uma dinastia ditatorial e totalitária. A população vive sob permanente vigilância, prisões e detenções arbitrárias são comuns e a dissidência política é severamente punida. O Estado mantém prisioneiros políticos em campos nos quais ocorrem torturas, trabalho forçado, fome e outras atrocidades. Embora algumas mudanças sociais e econômicas tenham sido observadas nos últimos anos, com um pequeno crescimento da atividade econômica privada, violações dos direitos humanos continuam se dando de forma ampla, grave e sistemática”.

+ Kim Jong-un cede em exigências para se desarmar, diz Seul

Ainda na sexta-feira, o secretário de Estado em exercício, John J. Sullivan, divulgou o relatório anual do departamento sobre direitos humanos: “O Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) mantém um dos regimes mais abusivos e repressivos do mundo”, disse Sullivan. “Há claras informações de que o regime de Kim negligencia sistematicamente o bem-estar do povo em detrimento de seu ilícito programa de armas, financiado com trabalho forçado, trabalho infantil e exportação de trabalhadores norte-coreanos”.

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+ Kim 'promove' mulher a primeira-dama antes de cúpulas com Coreia do Sul e EUA

Não existe nada nem remotamente honrado ou aberto em Kim Jong-un, que entre outras coisas estaria por trás da morte de um tio e de um meio-irmão. Os EUA não deveriam nunca admitir esse regime como legítimo ou merecedor do mesmo tratamento dado a outros países. O governo Obama concordou, erroneamente, em deixar direitos humanos e outros temas fora das conversações com o Irã, dando assim aos líderes iranianos luz verde para agir sem controle. O governo Trump não deveria dar a entender que vai ignorar os horrendos abusos contra os direitos humanos por parte de Kim. Ao lidar com um adversário assim inescrupuloso, um bom negociador levaria à mesa de negociações provas fotográficas dos campos de trabalho forçado.

+ A liderança dos EUA na Ásia pode sobreviver ao governo Trump

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Se Trump se referia à abertura de Kim em o convidar para o diálogo, errou mais uma vez. Kim Jong-un não é honrado ou aberto também nesse contexto. Trump parece ingênuo ao acreditar, por exemplo, que ao usar o termo “desnuclearização” Kim esteja propondo se desfazer de todas suas armas nucleares e vá abrir seu país a inspeções. Podemos ter certeza de que nem os conselheiros de Trump acreditam nisso. Trump não consegue entender que para a Coreia do Norte as palavras têm outro significado.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esperar que a Coreia do Norte e a Coreia do Sul possam encontrar o caminho para uma paz duradoura na próxima série de encontros diplomáticos. Os dois lados seguem tecnicamente em guerra.

Michael Rubin, do Instituto Empresarial Americano, explica: “A disposição do líder norte-coreano, Kim Jong-un, de negociar sem precondições não é o que parece: afinal,negociar sem precondições significaria esquecer todos os compromissos anteriores assumidos e não cumpridos pela Coreia do Norte em negociações. Mas o risco é ainda maior. Qualquer tratado de paz anulará o mandato das Nações Unidas que legitima e formaliza a presença dos EUA na Coreia do Sul. Na verdade, o governo Trump estaria negociando a segurança de um aliado-chave dos EUA e uma das mais vibrantes economias da Ásia Oriental pela promessa de desnuclearização da Coreia do Norte – promessa que o regime de Pyongyang vem repetidamente quebrando”.

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Trump se vê como grande negociador e, sem dúvida, merece crédito por ainda não ter aceito totalmente às patranhas da Coreia do Norte como fizeram muitos de seus predecessores. Mas, embora os EUA busquem a paz na Península Coreana, isso não pode ser feito nos termos da Coreia do Norte. Na verdade, uma comparação entre as Coreias do Norte e do Sul hoje mostra como foi inteligente a decisão do presidente Truman de defender a Coreia do Sul da agressão comunista.

+ Suspensão de testes nucleares por Pyongyang é 'avanço significativo', diz Coreia do Sul

Trump pode se considerar um mestre na arte da negociação, mas o verdadeiro domínio dessa arte implica o reconhecimento de que, às vezes, é melhor não negociar, ou pelo menos não negociar um novo acordo até que o adversário honre todos seus compromissos anteriores”.

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“Além disso, para a Coreia do Norte desnuclearização não significa desarmamento. Nicholas Eberstadt escreveu recentemente no Post: “Para o bem ou para o mal, os objetivos estratégicos do regime de Kim não mudaram essencialmente desde 1950, quando Kim Il-sung (avô de Kim Jung-un) lançou o ataque-surpresa contra o Sul que desencadeou a Guerra da Coreia. A partir dali, a Coreia do Norte prega a reunificação incondicional do povo coreano sob um ‘Estado socialista independente’” – e isso pressupõe a erradicação do governo da Coreia do Sul.

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Washington e Pyongyang tiveram contatos diretos e deram sua bênção às negociações de paz para pôr fim à guerra na península coreana. A afirmação foi feita pelo presidente americano, Donald Trump, que deve se reunir com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un.

Dados o extraordinário avanço econômico da Coreia do Sul e seu progresso democrático, a exigência da Coreia do Norte de uma absorção incondicional do Sul só começaria a parecer plausível se a aliança EUA-Coreia do Sul fosse desfeita, os EUA começassem a mandar suas forças de volta para casa e a garantia nuclear de Washington fosse retirada. E é exatamente aí que entra o programa norte-coreano de mísseis nucleares de longo alcance. Ao apontar uma pistola nuclear para o Tio Sam, o regime da família Kim espera eventualmente forçar os EUA a saírem da Península Coreana – para poder reajustar sua disputa com o Sul.

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Kim honrado? Aberto? Nem em sonhos. Dá para entender por que muitos de nós estejam preocupados em ver Trump e Kim Jong-un numa sala de negociações. O perigo não é de que Trump saia da sala, mas de que fique e diga coisas que Kim entenda de modo perigosamente errado, levando-nos dessa forma à beira de uma guerra nuclear ou de uma séria ruptura com nossos aliados. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Os bons vigaristas dão o golpe sem que o pato admita, ou sequer chegue a saber que foi enganado. É com esse espírito que o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prepara-se para bater a carteira do presidente Trump. Numa entrevista coletiva com o presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, 24, Trump falou sobre o encontro que terá com o líder da Coreia do Norte: “Temos informações diretas de que os norte-coreanos querem essa reunião o mais breve possível. Acho isso ótimo para o mundo... Kim Jong-un tem sido muito aberto. Acredito que honrará o que diz”.

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Kim Jong-un discursa em Pyongyang, no ano-novo: especialistas questionam os limites da abertura diplomática da Coreia do Norte Foto: EFE/EPA/KCNA

Macron se conteve para não rir. A declaração de Trump foi estúpida, errada e perigosa. Kim Jong-un é o autor das maiores atrocidades do mundo contra os direitos humanos. A Freedom House descreve seu regime do seguinte modo: “A Coreia do Norte é um Estado de um só partido, governado por uma dinastia ditatorial e totalitária. A população vive sob permanente vigilância, prisões e detenções arbitrárias são comuns e a dissidência política é severamente punida. O Estado mantém prisioneiros políticos em campos nos quais ocorrem torturas, trabalho forçado, fome e outras atrocidades. Embora algumas mudanças sociais e econômicas tenham sido observadas nos últimos anos, com um pequeno crescimento da atividade econômica privada, violações dos direitos humanos continuam se dando de forma ampla, grave e sistemática”.

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Ainda na sexta-feira, o secretário de Estado em exercício, John J. Sullivan, divulgou o relatório anual do departamento sobre direitos humanos: “O Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) mantém um dos regimes mais abusivos e repressivos do mundo”, disse Sullivan. “Há claras informações de que o regime de Kim negligencia sistematicamente o bem-estar do povo em detrimento de seu ilícito programa de armas, financiado com trabalho forçado, trabalho infantil e exportação de trabalhadores norte-coreanos”.

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Não existe nada nem remotamente honrado ou aberto em Kim Jong-un, que entre outras coisas estaria por trás da morte de um tio e de um meio-irmão. Os EUA não deveriam nunca admitir esse regime como legítimo ou merecedor do mesmo tratamento dado a outros países. O governo Obama concordou, erroneamente, em deixar direitos humanos e outros temas fora das conversações com o Irã, dando assim aos líderes iranianos luz verde para agir sem controle. O governo Trump não deveria dar a entender que vai ignorar os horrendos abusos contra os direitos humanos por parte de Kim. Ao lidar com um adversário assim inescrupuloso, um bom negociador levaria à mesa de negociações provas fotográficas dos campos de trabalho forçado.

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Se Trump se referia à abertura de Kim em o convidar para o diálogo, errou mais uma vez. Kim Jong-un não é honrado ou aberto também nesse contexto. Trump parece ingênuo ao acreditar, por exemplo, que ao usar o termo “desnuclearização” Kim esteja propondo se desfazer de todas suas armas nucleares e vá abrir seu país a inspeções. Podemos ter certeza de que nem os conselheiros de Trump acreditam nisso. Trump não consegue entender que para a Coreia do Norte as palavras têm outro significado.

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Michael Rubin, do Instituto Empresarial Americano, explica: “A disposição do líder norte-coreano, Kim Jong-un, de negociar sem precondições não é o que parece: afinal,negociar sem precondições significaria esquecer todos os compromissos anteriores assumidos e não cumpridos pela Coreia do Norte em negociações. Mas o risco é ainda maior. Qualquer tratado de paz anulará o mandato das Nações Unidas que legitima e formaliza a presença dos EUA na Coreia do Sul. Na verdade, o governo Trump estaria negociando a segurança de um aliado-chave dos EUA e uma das mais vibrantes economias da Ásia Oriental pela promessa de desnuclearização da Coreia do Norte – promessa que o regime de Pyongyang vem repetidamente quebrando”.

Trump se vê como grande negociador e, sem dúvida, merece crédito por ainda não ter aceito totalmente às patranhas da Coreia do Norte como fizeram muitos de seus predecessores. Mas, embora os EUA busquem a paz na Península Coreana, isso não pode ser feito nos termos da Coreia do Norte. Na verdade, uma comparação entre as Coreias do Norte e do Sul hoje mostra como foi inteligente a decisão do presidente Truman de defender a Coreia do Sul da agressão comunista.

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Trump pode se considerar um mestre na arte da negociação, mas o verdadeiro domínio dessa arte implica o reconhecimento de que, às vezes, é melhor não negociar, ou pelo menos não negociar um novo acordo até que o adversário honre todos seus compromissos anteriores”.

“Além disso, para a Coreia do Norte desnuclearização não significa desarmamento. Nicholas Eberstadt escreveu recentemente no Post: “Para o bem ou para o mal, os objetivos estratégicos do regime de Kim não mudaram essencialmente desde 1950, quando Kim Il-sung (avô de Kim Jung-un) lançou o ataque-surpresa contra o Sul que desencadeou a Guerra da Coreia. A partir dali, a Coreia do Norte prega a reunificação incondicional do povo coreano sob um ‘Estado socialista independente’” – e isso pressupõe a erradicação do governo da Coreia do Sul.

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Dados o extraordinário avanço econômico da Coreia do Sul e seu progresso democrático, a exigência da Coreia do Norte de uma absorção incondicional do Sul só começaria a parecer plausível se a aliança EUA-Coreia do Sul fosse desfeita, os EUA começassem a mandar suas forças de volta para casa e a garantia nuclear de Washington fosse retirada. E é exatamente aí que entra o programa norte-coreano de mísseis nucleares de longo alcance. Ao apontar uma pistola nuclear para o Tio Sam, o regime da família Kim espera eventualmente forçar os EUA a saírem da Península Coreana – para poder reajustar sua disputa com o Sul.

Kim honrado? Aberto? Nem em sonhos. Dá para entender por que muitos de nós estejam preocupados em ver Trump e Kim Jong-un numa sala de negociações. O perigo não é de que Trump saia da sala, mas de que fique e diga coisas que Kim entenda de modo perigosamente errado, levando-nos dessa forma à beira de uma guerra nuclear ou de uma séria ruptura com nossos aliados. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Os bons vigaristas dão o golpe sem que o pato admita, ou sequer chegue a saber que foi enganado. É com esse espírito que o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prepara-se para bater a carteira do presidente Trump. Numa entrevista coletiva com o presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, 24, Trump falou sobre o encontro que terá com o líder da Coreia do Norte: “Temos informações diretas de que os norte-coreanos querem essa reunião o mais breve possível. Acho isso ótimo para o mundo... Kim Jong-un tem sido muito aberto. Acredito que honrará o que diz”.

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Kim Jong-un discursa em Pyongyang, no ano-novo: especialistas questionam os limites da abertura diplomática da Coreia do Norte Foto: EFE/EPA/KCNA

Macron se conteve para não rir. A declaração de Trump foi estúpida, errada e perigosa. Kim Jong-un é o autor das maiores atrocidades do mundo contra os direitos humanos. A Freedom House descreve seu regime do seguinte modo: “A Coreia do Norte é um Estado de um só partido, governado por uma dinastia ditatorial e totalitária. A população vive sob permanente vigilância, prisões e detenções arbitrárias são comuns e a dissidência política é severamente punida. O Estado mantém prisioneiros políticos em campos nos quais ocorrem torturas, trabalho forçado, fome e outras atrocidades. Embora algumas mudanças sociais e econômicas tenham sido observadas nos últimos anos, com um pequeno crescimento da atividade econômica privada, violações dos direitos humanos continuam se dando de forma ampla, grave e sistemática”.

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Ainda na sexta-feira, o secretário de Estado em exercício, John J. Sullivan, divulgou o relatório anual do departamento sobre direitos humanos: “O Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) mantém um dos regimes mais abusivos e repressivos do mundo”, disse Sullivan. “Há claras informações de que o regime de Kim negligencia sistematicamente o bem-estar do povo em detrimento de seu ilícito programa de armas, financiado com trabalho forçado, trabalho infantil e exportação de trabalhadores norte-coreanos”.

+ Kim 'promove' mulher a primeira-dama antes de cúpulas com Coreia do Sul e EUA

Não existe nada nem remotamente honrado ou aberto em Kim Jong-un, que entre outras coisas estaria por trás da morte de um tio e de um meio-irmão. Os EUA não deveriam nunca admitir esse regime como legítimo ou merecedor do mesmo tratamento dado a outros países. O governo Obama concordou, erroneamente, em deixar direitos humanos e outros temas fora das conversações com o Irã, dando assim aos líderes iranianos luz verde para agir sem controle. O governo Trump não deveria dar a entender que vai ignorar os horrendos abusos contra os direitos humanos por parte de Kim. Ao lidar com um adversário assim inescrupuloso, um bom negociador levaria à mesa de negociações provas fotográficas dos campos de trabalho forçado.

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Se Trump se referia à abertura de Kim em o convidar para o diálogo, errou mais uma vez. Kim Jong-un não é honrado ou aberto também nesse contexto. Trump parece ingênuo ao acreditar, por exemplo, que ao usar o termo “desnuclearização” Kim esteja propondo se desfazer de todas suas armas nucleares e vá abrir seu país a inspeções. Podemos ter certeza de que nem os conselheiros de Trump acreditam nisso. Trump não consegue entender que para a Coreia do Norte as palavras têm outro significado.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esperar que a Coreia do Norte e a Coreia do Sul possam encontrar o caminho para uma paz duradoura na próxima série de encontros diplomáticos. Os dois lados seguem tecnicamente em guerra.

Michael Rubin, do Instituto Empresarial Americano, explica: “A disposição do líder norte-coreano, Kim Jong-un, de negociar sem precondições não é o que parece: afinal,negociar sem precondições significaria esquecer todos os compromissos anteriores assumidos e não cumpridos pela Coreia do Norte em negociações. Mas o risco é ainda maior. Qualquer tratado de paz anulará o mandato das Nações Unidas que legitima e formaliza a presença dos EUA na Coreia do Sul. Na verdade, o governo Trump estaria negociando a segurança de um aliado-chave dos EUA e uma das mais vibrantes economias da Ásia Oriental pela promessa de desnuclearização da Coreia do Norte – promessa que o regime de Pyongyang vem repetidamente quebrando”.

Trump se vê como grande negociador e, sem dúvida, merece crédito por ainda não ter aceito totalmente às patranhas da Coreia do Norte como fizeram muitos de seus predecessores. Mas, embora os EUA busquem a paz na Península Coreana, isso não pode ser feito nos termos da Coreia do Norte. Na verdade, uma comparação entre as Coreias do Norte e do Sul hoje mostra como foi inteligente a decisão do presidente Truman de defender a Coreia do Sul da agressão comunista.

+ Suspensão de testes nucleares por Pyongyang é 'avanço significativo', diz Coreia do Sul

Trump pode se considerar um mestre na arte da negociação, mas o verdadeiro domínio dessa arte implica o reconhecimento de que, às vezes, é melhor não negociar, ou pelo menos não negociar um novo acordo até que o adversário honre todos seus compromissos anteriores”.

“Além disso, para a Coreia do Norte desnuclearização não significa desarmamento. Nicholas Eberstadt escreveu recentemente no Post: “Para o bem ou para o mal, os objetivos estratégicos do regime de Kim não mudaram essencialmente desde 1950, quando Kim Il-sung (avô de Kim Jung-un) lançou o ataque-surpresa contra o Sul que desencadeou a Guerra da Coreia. A partir dali, a Coreia do Norte prega a reunificação incondicional do povo coreano sob um ‘Estado socialista independente’” – e isso pressupõe a erradicação do governo da Coreia do Sul.

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Washington e Pyongyang tiveram contatos diretos e deram sua bênção às negociações de paz para pôr fim à guerra na península coreana. A afirmação foi feita pelo presidente americano, Donald Trump, que deve se reunir com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un.

Dados o extraordinário avanço econômico da Coreia do Sul e seu progresso democrático, a exigência da Coreia do Norte de uma absorção incondicional do Sul só começaria a parecer plausível se a aliança EUA-Coreia do Sul fosse desfeita, os EUA começassem a mandar suas forças de volta para casa e a garantia nuclear de Washington fosse retirada. E é exatamente aí que entra o programa norte-coreano de mísseis nucleares de longo alcance. Ao apontar uma pistola nuclear para o Tio Sam, o regime da família Kim espera eventualmente forçar os EUA a saírem da Península Coreana – para poder reajustar sua disputa com o Sul.

Kim honrado? Aberto? Nem em sonhos. Dá para entender por que muitos de nós estejam preocupados em ver Trump e Kim Jong-un numa sala de negociações. O perigo não é de que Trump saia da sala, mas de que fique e diga coisas que Kim entenda de modo perigosamente errado, levando-nos dessa forma à beira de uma guerra nuclear ou de uma séria ruptura com nossos aliados. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Os bons vigaristas dão o golpe sem que o pato admita, ou sequer chegue a saber que foi enganado. É com esse espírito que o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prepara-se para bater a carteira do presidente Trump. Numa entrevista coletiva com o presidente francês, Emmanuel Macron, na terça-feira, 24, Trump falou sobre o encontro que terá com o líder da Coreia do Norte: “Temos informações diretas de que os norte-coreanos querem essa reunião o mais breve possível. Acho isso ótimo para o mundo... Kim Jong-un tem sido muito aberto. Acredito que honrará o que diz”.

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Kim Jong-un discursa em Pyongyang, no ano-novo: especialistas questionam os limites da abertura diplomática da Coreia do Norte Foto: EFE/EPA/KCNA

Macron se conteve para não rir. A declaração de Trump foi estúpida, errada e perigosa. Kim Jong-un é o autor das maiores atrocidades do mundo contra os direitos humanos. A Freedom House descreve seu regime do seguinte modo: “A Coreia do Norte é um Estado de um só partido, governado por uma dinastia ditatorial e totalitária. A população vive sob permanente vigilância, prisões e detenções arbitrárias são comuns e a dissidência política é severamente punida. O Estado mantém prisioneiros políticos em campos nos quais ocorrem torturas, trabalho forçado, fome e outras atrocidades. Embora algumas mudanças sociais e econômicas tenham sido observadas nos últimos anos, com um pequeno crescimento da atividade econômica privada, violações dos direitos humanos continuam se dando de forma ampla, grave e sistemática”.

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Ainda na sexta-feira, o secretário de Estado em exercício, John J. Sullivan, divulgou o relatório anual do departamento sobre direitos humanos: “O Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) mantém um dos regimes mais abusivos e repressivos do mundo”, disse Sullivan. “Há claras informações de que o regime de Kim negligencia sistematicamente o bem-estar do povo em detrimento de seu ilícito programa de armas, financiado com trabalho forçado, trabalho infantil e exportação de trabalhadores norte-coreanos”.

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Não existe nada nem remotamente honrado ou aberto em Kim Jong-un, que entre outras coisas estaria por trás da morte de um tio e de um meio-irmão. Os EUA não deveriam nunca admitir esse regime como legítimo ou merecedor do mesmo tratamento dado a outros países. O governo Obama concordou, erroneamente, em deixar direitos humanos e outros temas fora das conversações com o Irã, dando assim aos líderes iranianos luz verde para agir sem controle. O governo Trump não deveria dar a entender que vai ignorar os horrendos abusos contra os direitos humanos por parte de Kim. Ao lidar com um adversário assim inescrupuloso, um bom negociador levaria à mesa de negociações provas fotográficas dos campos de trabalho forçado.

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Se Trump se referia à abertura de Kim em o convidar para o diálogo, errou mais uma vez. Kim Jong-un não é honrado ou aberto também nesse contexto. Trump parece ingênuo ao acreditar, por exemplo, que ao usar o termo “desnuclearização” Kim esteja propondo se desfazer de todas suas armas nucleares e vá abrir seu país a inspeções. Podemos ter certeza de que nem os conselheiros de Trump acreditam nisso. Trump não consegue entender que para a Coreia do Norte as palavras têm outro significado.

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Michael Rubin, do Instituto Empresarial Americano, explica: “A disposição do líder norte-coreano, Kim Jong-un, de negociar sem precondições não é o que parece: afinal,negociar sem precondições significaria esquecer todos os compromissos anteriores assumidos e não cumpridos pela Coreia do Norte em negociações. Mas o risco é ainda maior. Qualquer tratado de paz anulará o mandato das Nações Unidas que legitima e formaliza a presença dos EUA na Coreia do Sul. Na verdade, o governo Trump estaria negociando a segurança de um aliado-chave dos EUA e uma das mais vibrantes economias da Ásia Oriental pela promessa de desnuclearização da Coreia do Norte – promessa que o regime de Pyongyang vem repetidamente quebrando”.

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“Além disso, para a Coreia do Norte desnuclearização não significa desarmamento. Nicholas Eberstadt escreveu recentemente no Post: “Para o bem ou para o mal, os objetivos estratégicos do regime de Kim não mudaram essencialmente desde 1950, quando Kim Il-sung (avô de Kim Jung-un) lançou o ataque-surpresa contra o Sul que desencadeou a Guerra da Coreia. A partir dali, a Coreia do Norte prega a reunificação incondicional do povo coreano sob um ‘Estado socialista independente’” – e isso pressupõe a erradicação do governo da Coreia do Sul.

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Dados o extraordinário avanço econômico da Coreia do Sul e seu progresso democrático, a exigência da Coreia do Norte de uma absorção incondicional do Sul só começaria a parecer plausível se a aliança EUA-Coreia do Sul fosse desfeita, os EUA começassem a mandar suas forças de volta para casa e a garantia nuclear de Washington fosse retirada. E é exatamente aí que entra o programa norte-coreano de mísseis nucleares de longo alcance. Ao apontar uma pistola nuclear para o Tio Sam, o regime da família Kim espera eventualmente forçar os EUA a saírem da Península Coreana – para poder reajustar sua disputa com o Sul.

Kim honrado? Aberto? Nem em sonhos. Dá para entender por que muitos de nós estejam preocupados em ver Trump e Kim Jong-un numa sala de negociações. O perigo não é de que Trump saia da sala, mas de que fique e diga coisas que Kim entenda de modo perigosamente errado, levando-nos dessa forma à beira de uma guerra nuclear ou de uma séria ruptura com nossos aliados. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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