Os piores inimigos de Recep Tayyip Erdogan viraram seu maior aliado contra o golpe: a internet, as redes sociais e os meios de comunicação. Um dos primeiros atos dos golpistas na Turquia foi ordenar a suspensão de sites como Facebook, Twitter e WhatsApp. Foi o fracasso em controlá-los que permitiu uma brecha para que o governo apelasse à população para que tomasse as ruas.
Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros
Após o golpe, a internet foi bloqueada, mas voltou uma hora depois. Imediatamente, o governo usou um arsenal de mensagens nas redes sociais para pedir que o povo resistisse. Erdogan entrou ao vivo na TV por meio do Facetime. Fontes em Ancara confirmaram ao Estado que houve temor de o presidente passar a imagem de um líder acuado. “No fim, decidimos que não tínhamos mais nada a perder. A difusão precisaria ocorrer para mostrar que o presidente estava vivo e apelava ao povo para que tomasse as ruas”, explicou um aliado de Erdogan. O uso do Facetime só foi possível por que as operadoras não atenderam aos pedidos dos golpistas de suspender os serviços. O contragolpe midiático continuaria pela madrugada. Num de seus tuítes, às 3h50, o presidente pedia pela “unidade da Turquia”. “Sobreviveremos”, escreveu. Essa mensagem foi compartilhada por mais de 26 mil pessoas. Analistas apontaram a ironia da situação. Em julho de 2015, Erdogan declarou que era “contra as redes sociais”. Nos últimos 12 meses, o governo ordenou, por cinco ocasiões, que a internet fosse suspensa, alegando ameaças terroristas.