De Jorge Luis Borges: "Deixem de baboseiras. A pátria não é o futebol. A pátria é o tango e o 'dulce de leche'(doce de leite)".
Milhares de pessoas estavam sendo torturadas nos centros clandestinos de detenção. No entanto, a população estava em frenesi pelo evento esportivo do qual o país comandado pelo general Videla era anfitrião.
Integrantes das Mães e Avós da Praça relataram posteriormente como elas choravam baixinho na cozinha pelo desaparecimento de seus filhos e netos enquanto seus maridos gritavam em êxtase os gols na sala de estar na frente do televisor.
Borges - sem interesse algum pelo futebol - decidiu pronunciar uma conferência em Buenos Aires no mesmo minuto em que a seleção argentina iniciava seu primeiro jogo (contra a seleção da Hungria).
A palestra do irreverente Borges foi encarada por diversos setores como um desafio ao "patriotismo" e à própria ditadura (que Borges ingenuamente havia elogiado em seus primeiros meses de regime, tal como o escritor Ernesto Sábato, mas a qual começou a criticar duramente pouco depois, respaldando as famílias dos desaparecidos).
Grupos de fanáticos nacionalistas tentaram impedir a realização da palestra literária.
Borges, aos 79 anos de idade, não se intimidou.
O assunto da conferência borgiana em 1978: "A Imortalidade".
E, recordando que esta jornada é o Dia dos Namorados, vamos com Frank Sinatra, "Too marvelous for words":
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Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra). Em 2013 publicou "Os Argentinos", pela Editora Contexto, uma espécie de "manual" sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com Guga Chacra, escreveu "Os Hermanos e Nós", livro sobre o futebol argentino e os mitos da "rivalidade" Brasil-Argentina.