Artigo: Um presidente em apuros


Com um promotor especial respirando no seu pescoço e até mesmo o antes leal site Breitbart News voltando-se contra ele, Trump está, segundo uma nova pesquisa, no ponto mais baixo de sua presidência

Por Margaret Sullivan

Como tantos outros assuntos que se referem ao presidente dos EUA, Donald Trump, seu comício em Phoenix, na noite de terça-feira, teve duas coisas contraditórias, ambas perturbadoras e completamente previsíveis. Perturbadora porque foi o ataque mais persistente que qualquer presidente já fez aos meios de comunicação. 

A visita de Trump à fronteira com o México evidenciou o desejo do republicano de cumprir sua promessa de construir um muro, iniciativa que está paralisada no Congresso por falta de recursos Foto: AP Photo/Andrew Harnik

“É hora de expor as mentiras da mídia desonesta e contestá-la pelo seu papel ao fomentar divisões”, disse Trump no discurso inflamado em que acusou repórteres de inventarem fontes e criarem histórias. “Estão tentando eliminar nossa cultura e nossa herança.”

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Previsível porque isso é exatamente o que Trump faz quando está com problemas. Ele encontra um inimigo e golpeia o mais forte que pode. E, que ninguém se engane, ele está em apuros. 

Com um promotor especial respirando no seu pescoço e até mesmo o antes leal site Breitbart News voltando-se contra ele, Trump está, segundo uma nova pesquisa, no ponto mais baixo de sua presidência. Entre os eleitores, 53% disseram que ele não é ético. Pare por um momento para assimilar isso.

Outros 55% dizem que ele não é estável, segundo pesquisa da Politico/Morning Consult realizada no fim de semana. E 58% dos eleitores o chamam de irresponsável. Jamais disposto a examinar sua própria consciência ou buscar autoaperfeiçoamento, Trump, aparentemente, recorreu à sua cartilha testada e comprovada. “Mire a jugular”, Trump aconselhou em seu livro Pense Grande, publicado em 2009.

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“Sempre se vingue” é outras lição do presidente no livro. “Você deve prejudicá-los 15 vezes mais forte do que fizeram com você. Fará isso não só para pegar quem se meteu com você, mas também para mostrar aos outros o que acontece se eles se meterem com você.”

É uma filosofia aprendida há décadas com seu mentor, o implacável advogado Roy Cohn. Em um artigo recente na Vanity Fair sobre Trump e Cohn, Marie Brener cita o advogado Victor Kovner. “Você sabia, na presença de Cohn, que estava na presença da pura maldade.”

Ela escreve: “O poder de Cohn derivava em grande parte de sua capacidade de atemorizar potenciais adversários com ameaças vazias e processos espúrios. Qual o honorário que ele cobrava por seus serviços? Lealdade incontestável.” Parece familiar. Trump absorveu sofregamente esse conselho. Nenhum alvo é sacrossanto para ele.

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Mesmo que a pessoa ou organização que o prejudicou seja um parente de um soldado morto em combate no Iraque, como Khizr Khan, segundo a filosofia de Trump, você deve revidar. Se for um dos pilares da democracia americana como a mídia noticiosa independente, também não importa.

Em Phoenix, Trump elogiou seus amigos da Fox News, com palavras especialmente generosas para seus mais confiáveis bajuladores: Sean Hannity e a claque do programa Fox & Friends. E lamentou a perda do insuportável Jeffery Lord, demitido recentemente pela CNN. Mas, fora isso, os meios de comunicação que tratam de notícias são “detestavelmente desonestos”, ele disse, levando o público a entoar cânticos familiares como “a CNN é uma droga”.

Agressivo como foi, o ataque de terça-feira à noite mostrava ser mais que um bafejo de desespero. Afinal, não houve qualquer desonestidade na cobertura dos grandes veículos de mídia da declaração inicial de Trump sobre “os muitos lados” envolvidos na violência em Charlottesville, que teve consequências políticas tão negativas para ele, além das repercussões financeiras, pois grupos suspenderam eventos que haviam programados em seus resorts.

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O presidente pode ter condições de convencer seus persistentes apoiadores, como aqueles no comício de Phoenix, de que suas declarações foram citadas de forma errada, mas isso não é verdade. Qualquer um que estivesse prestando atenção sabe disso.

O que virá a seguir? Sob ataque, o presidente precisa despistar mais do que nunca, senão os ataques da mídia aumentarão. Para os jornalistas, o desafio será o de não morder a isca, recusar-se a exercer o papel que lhes foi imputado de inimigos presidenciais. Deixem a vingança para os especialistas. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

É COLUNISTA

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Como tantos outros assuntos que se referem ao presidente dos EUA, Donald Trump, seu comício em Phoenix, na noite de terça-feira, teve duas coisas contraditórias, ambas perturbadoras e completamente previsíveis. Perturbadora porque foi o ataque mais persistente que qualquer presidente já fez aos meios de comunicação. 

A visita de Trump à fronteira com o México evidenciou o desejo do republicano de cumprir sua promessa de construir um muro, iniciativa que está paralisada no Congresso por falta de recursos Foto: AP Photo/Andrew Harnik

“É hora de expor as mentiras da mídia desonesta e contestá-la pelo seu papel ao fomentar divisões”, disse Trump no discurso inflamado em que acusou repórteres de inventarem fontes e criarem histórias. “Estão tentando eliminar nossa cultura e nossa herança.”

Previsível porque isso é exatamente o que Trump faz quando está com problemas. Ele encontra um inimigo e golpeia o mais forte que pode. E, que ninguém se engane, ele está em apuros. 

Com um promotor especial respirando no seu pescoço e até mesmo o antes leal site Breitbart News voltando-se contra ele, Trump está, segundo uma nova pesquisa, no ponto mais baixo de sua presidência. Entre os eleitores, 53% disseram que ele não é ético. Pare por um momento para assimilar isso.

Outros 55% dizem que ele não é estável, segundo pesquisa da Politico/Morning Consult realizada no fim de semana. E 58% dos eleitores o chamam de irresponsável. Jamais disposto a examinar sua própria consciência ou buscar autoaperfeiçoamento, Trump, aparentemente, recorreu à sua cartilha testada e comprovada. “Mire a jugular”, Trump aconselhou em seu livro Pense Grande, publicado em 2009.

“Sempre se vingue” é outras lição do presidente no livro. “Você deve prejudicá-los 15 vezes mais forte do que fizeram com você. Fará isso não só para pegar quem se meteu com você, mas também para mostrar aos outros o que acontece se eles se meterem com você.”

É uma filosofia aprendida há décadas com seu mentor, o implacável advogado Roy Cohn. Em um artigo recente na Vanity Fair sobre Trump e Cohn, Marie Brener cita o advogado Victor Kovner. “Você sabia, na presença de Cohn, que estava na presença da pura maldade.”

Ela escreve: “O poder de Cohn derivava em grande parte de sua capacidade de atemorizar potenciais adversários com ameaças vazias e processos espúrios. Qual o honorário que ele cobrava por seus serviços? Lealdade incontestável.” Parece familiar. Trump absorveu sofregamente esse conselho. Nenhum alvo é sacrossanto para ele.

Mesmo que a pessoa ou organização que o prejudicou seja um parente de um soldado morto em combate no Iraque, como Khizr Khan, segundo a filosofia de Trump, você deve revidar. Se for um dos pilares da democracia americana como a mídia noticiosa independente, também não importa.

Em Phoenix, Trump elogiou seus amigos da Fox News, com palavras especialmente generosas para seus mais confiáveis bajuladores: Sean Hannity e a claque do programa Fox & Friends. E lamentou a perda do insuportável Jeffery Lord, demitido recentemente pela CNN. Mas, fora isso, os meios de comunicação que tratam de notícias são “detestavelmente desonestos”, ele disse, levando o público a entoar cânticos familiares como “a CNN é uma droga”.

Agressivo como foi, o ataque de terça-feira à noite mostrava ser mais que um bafejo de desespero. Afinal, não houve qualquer desonestidade na cobertura dos grandes veículos de mídia da declaração inicial de Trump sobre “os muitos lados” envolvidos na violência em Charlottesville, que teve consequências políticas tão negativas para ele, além das repercussões financeiras, pois grupos suspenderam eventos que haviam programados em seus resorts.

O presidente pode ter condições de convencer seus persistentes apoiadores, como aqueles no comício de Phoenix, de que suas declarações foram citadas de forma errada, mas isso não é verdade. Qualquer um que estivesse prestando atenção sabe disso.

O que virá a seguir? Sob ataque, o presidente precisa despistar mais do que nunca, senão os ataques da mídia aumentarão. Para os jornalistas, o desafio será o de não morder a isca, recusar-se a exercer o papel que lhes foi imputado de inimigos presidenciais. Deixem a vingança para os especialistas. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

É COLUNISTA

Como tantos outros assuntos que se referem ao presidente dos EUA, Donald Trump, seu comício em Phoenix, na noite de terça-feira, teve duas coisas contraditórias, ambas perturbadoras e completamente previsíveis. Perturbadora porque foi o ataque mais persistente que qualquer presidente já fez aos meios de comunicação. 

A visita de Trump à fronteira com o México evidenciou o desejo do republicano de cumprir sua promessa de construir um muro, iniciativa que está paralisada no Congresso por falta de recursos Foto: AP Photo/Andrew Harnik

“É hora de expor as mentiras da mídia desonesta e contestá-la pelo seu papel ao fomentar divisões”, disse Trump no discurso inflamado em que acusou repórteres de inventarem fontes e criarem histórias. “Estão tentando eliminar nossa cultura e nossa herança.”

Previsível porque isso é exatamente o que Trump faz quando está com problemas. Ele encontra um inimigo e golpeia o mais forte que pode. E, que ninguém se engane, ele está em apuros. 

Com um promotor especial respirando no seu pescoço e até mesmo o antes leal site Breitbart News voltando-se contra ele, Trump está, segundo uma nova pesquisa, no ponto mais baixo de sua presidência. Entre os eleitores, 53% disseram que ele não é ético. Pare por um momento para assimilar isso.

Outros 55% dizem que ele não é estável, segundo pesquisa da Politico/Morning Consult realizada no fim de semana. E 58% dos eleitores o chamam de irresponsável. Jamais disposto a examinar sua própria consciência ou buscar autoaperfeiçoamento, Trump, aparentemente, recorreu à sua cartilha testada e comprovada. “Mire a jugular”, Trump aconselhou em seu livro Pense Grande, publicado em 2009.

“Sempre se vingue” é outras lição do presidente no livro. “Você deve prejudicá-los 15 vezes mais forte do que fizeram com você. Fará isso não só para pegar quem se meteu com você, mas também para mostrar aos outros o que acontece se eles se meterem com você.”

É uma filosofia aprendida há décadas com seu mentor, o implacável advogado Roy Cohn. Em um artigo recente na Vanity Fair sobre Trump e Cohn, Marie Brener cita o advogado Victor Kovner. “Você sabia, na presença de Cohn, que estava na presença da pura maldade.”

Ela escreve: “O poder de Cohn derivava em grande parte de sua capacidade de atemorizar potenciais adversários com ameaças vazias e processos espúrios. Qual o honorário que ele cobrava por seus serviços? Lealdade incontestável.” Parece familiar. Trump absorveu sofregamente esse conselho. Nenhum alvo é sacrossanto para ele.

Mesmo que a pessoa ou organização que o prejudicou seja um parente de um soldado morto em combate no Iraque, como Khizr Khan, segundo a filosofia de Trump, você deve revidar. Se for um dos pilares da democracia americana como a mídia noticiosa independente, também não importa.

Em Phoenix, Trump elogiou seus amigos da Fox News, com palavras especialmente generosas para seus mais confiáveis bajuladores: Sean Hannity e a claque do programa Fox & Friends. E lamentou a perda do insuportável Jeffery Lord, demitido recentemente pela CNN. Mas, fora isso, os meios de comunicação que tratam de notícias são “detestavelmente desonestos”, ele disse, levando o público a entoar cânticos familiares como “a CNN é uma droga”.

Agressivo como foi, o ataque de terça-feira à noite mostrava ser mais que um bafejo de desespero. Afinal, não houve qualquer desonestidade na cobertura dos grandes veículos de mídia da declaração inicial de Trump sobre “os muitos lados” envolvidos na violência em Charlottesville, que teve consequências políticas tão negativas para ele, além das repercussões financeiras, pois grupos suspenderam eventos que haviam programados em seus resorts.

O presidente pode ter condições de convencer seus persistentes apoiadores, como aqueles no comício de Phoenix, de que suas declarações foram citadas de forma errada, mas isso não é verdade. Qualquer um que estivesse prestando atenção sabe disso.

O que virá a seguir? Sob ataque, o presidente precisa despistar mais do que nunca, senão os ataques da mídia aumentarão. Para os jornalistas, o desafio será o de não morder a isca, recusar-se a exercer o papel que lhes foi imputado de inimigos presidenciais. Deixem a vingança para os especialistas. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

É COLUNISTA

Como tantos outros assuntos que se referem ao presidente dos EUA, Donald Trump, seu comício em Phoenix, na noite de terça-feira, teve duas coisas contraditórias, ambas perturbadoras e completamente previsíveis. Perturbadora porque foi o ataque mais persistente que qualquer presidente já fez aos meios de comunicação. 

A visita de Trump à fronteira com o México evidenciou o desejo do republicano de cumprir sua promessa de construir um muro, iniciativa que está paralisada no Congresso por falta de recursos Foto: AP Photo/Andrew Harnik

“É hora de expor as mentiras da mídia desonesta e contestá-la pelo seu papel ao fomentar divisões”, disse Trump no discurso inflamado em que acusou repórteres de inventarem fontes e criarem histórias. “Estão tentando eliminar nossa cultura e nossa herança.”

Previsível porque isso é exatamente o que Trump faz quando está com problemas. Ele encontra um inimigo e golpeia o mais forte que pode. E, que ninguém se engane, ele está em apuros. 

Com um promotor especial respirando no seu pescoço e até mesmo o antes leal site Breitbart News voltando-se contra ele, Trump está, segundo uma nova pesquisa, no ponto mais baixo de sua presidência. Entre os eleitores, 53% disseram que ele não é ético. Pare por um momento para assimilar isso.

Outros 55% dizem que ele não é estável, segundo pesquisa da Politico/Morning Consult realizada no fim de semana. E 58% dos eleitores o chamam de irresponsável. Jamais disposto a examinar sua própria consciência ou buscar autoaperfeiçoamento, Trump, aparentemente, recorreu à sua cartilha testada e comprovada. “Mire a jugular”, Trump aconselhou em seu livro Pense Grande, publicado em 2009.

“Sempre se vingue” é outras lição do presidente no livro. “Você deve prejudicá-los 15 vezes mais forte do que fizeram com você. Fará isso não só para pegar quem se meteu com você, mas também para mostrar aos outros o que acontece se eles se meterem com você.”

É uma filosofia aprendida há décadas com seu mentor, o implacável advogado Roy Cohn. Em um artigo recente na Vanity Fair sobre Trump e Cohn, Marie Brener cita o advogado Victor Kovner. “Você sabia, na presença de Cohn, que estava na presença da pura maldade.”

Ela escreve: “O poder de Cohn derivava em grande parte de sua capacidade de atemorizar potenciais adversários com ameaças vazias e processos espúrios. Qual o honorário que ele cobrava por seus serviços? Lealdade incontestável.” Parece familiar. Trump absorveu sofregamente esse conselho. Nenhum alvo é sacrossanto para ele.

Mesmo que a pessoa ou organização que o prejudicou seja um parente de um soldado morto em combate no Iraque, como Khizr Khan, segundo a filosofia de Trump, você deve revidar. Se for um dos pilares da democracia americana como a mídia noticiosa independente, também não importa.

Em Phoenix, Trump elogiou seus amigos da Fox News, com palavras especialmente generosas para seus mais confiáveis bajuladores: Sean Hannity e a claque do programa Fox & Friends. E lamentou a perda do insuportável Jeffery Lord, demitido recentemente pela CNN. Mas, fora isso, os meios de comunicação que tratam de notícias são “detestavelmente desonestos”, ele disse, levando o público a entoar cânticos familiares como “a CNN é uma droga”.

Agressivo como foi, o ataque de terça-feira à noite mostrava ser mais que um bafejo de desespero. Afinal, não houve qualquer desonestidade na cobertura dos grandes veículos de mídia da declaração inicial de Trump sobre “os muitos lados” envolvidos na violência em Charlottesville, que teve consequências políticas tão negativas para ele, além das repercussões financeiras, pois grupos suspenderam eventos que haviam programados em seus resorts.

O presidente pode ter condições de convencer seus persistentes apoiadores, como aqueles no comício de Phoenix, de que suas declarações foram citadas de forma errada, mas isso não é verdade. Qualquer um que estivesse prestando atenção sabe disso.

O que virá a seguir? Sob ataque, o presidente precisa despistar mais do que nunca, senão os ataques da mídia aumentarão. Para os jornalistas, o desafio será o de não morder a isca, recusar-se a exercer o papel que lhes foi imputado de inimigos presidenciais. Deixem a vingança para os especialistas. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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