SEPANG, MALÁSIA - Enquanto as buscas pelo Boeing 777 da Malaysia Airlines, desaparecido há uma semana, se deslocaram para o Oceano Índico, algumas fontes do governo americano divulgaram na quinta-feira, 13, que o avião continuou funcionando por cerca de quatro horas após a perda de contato com os controladores de voo. Autoridades malaias refutaram a informação.
Uma reportagem do Wall Street Journal afirmou que a Rolls-Royce, fabricante das turbinas, recebeu dados de rotina dos motores depois que o contato com a cabine foi perdido, sugerindo que o avião permaneceu no ar por horas. Segundo fontes do governo americano que participam das investigações, mas não quiseram se identificar, o mesmo ocorreu com o satélite da Boeing, que continuou a receber sinais do avião.
referenceA rede de TV ABC News, com base no relato de duas outras fontes da equipe de investigadores americanos, disse que técnicos dos EUA acreditam agora que o desvio de rota foi deliberado. O sistema de transmissão de dados foi desligado à 1h07 e o transponder, à 1h21. A diferença de 14 minutos indica que não houve falha mecânica. "A equipe (de especialistas) dos EUA está convencida de que houve uma intervenção manual", disse uma das fontes.
O avião da Malaysia Airlines tinha combustível para 7,5 horas de voo e seu último contato com as torres de controle ocorreu uma hora depois da decolagem de Kuala Lumpur, na Malásia, rumo a Pequim, na China - o Boeing teria então ficado cerca de quatro horas no ar, tempo em que os motores teriam permanecido ligados.
"É a mesma situação quando não estamos usando o celular, mas ele continua enviando uma mensagem para a rede", afirmou uma das fontes. "É assim que, algumas vezes, é possível triangular posições e era mais ou menos isso o que o avião estava fazendo."
Como tem sido habitual, as autoridades malaias se mostraram confusas diante das informações e negaram todas as hipóteses. O ministro da Defesa, Hishammuddin Hussein, disse que o principal esforço de busca continua a ser no leste da península, no Golfo da Tailândia e no Mar do Sul da China. O presidente da Malaysia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, disse que os últimos dados técnicos recebidos chegaram à 1h07 de sábado, quando o avião ainda estava em contato com os controladores de voo.
A respeito das imagens registradas por satélites chineses, no domingo, e postadas online na quarta-feira, que pareciam mostrar objetos flutuando no Mar do Sul da China, o governo malaio disse que não eram partes do avião.
Autoridades malaias disseram também que o país havia colocado de lado a segurança nacional e compartilhado leituras de radares militares com EUA e China para ajudar a determinar se elas mostram o jato desaparecido.
Os dados parecem mostrar um avião não identificado voando para oeste, através da península malaia e em direção ao Estreito de Malaca e ao Mar de Andaman, com a última leitura o situando a 320 quilômetros a noroeste da Ilha de Penang, voando a 29.500 pés (cerca de 8.850 metros) de altitude.
Os militares não fizeram nenhuma investigação imediata, no sábado, para analisar os bips não identificados, cuja trajetória parecia captar o avião perto de Penang, e só mais tarde perceberam o significado das leituras.
O general Rodzali Daud, comandante da Força Aérea malaia, disse que os militares ainda não tinham certeza se o avião detectado em seu radar era o desaparecido. / NYT, AP e REUTERS