WASHINGTON - O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, negou nesta segunda-feira, 1, que o governo de Donald Trump poderá se conformar com um "congelamento" do programa nuclear da Coreia do Norte em vez de um desmantelamento total, como informa o jornal The New York Times.
"Nem o Conselho de Segurança Nacional nem eu temos falado ou ouvido nada sobre nos conformar com um congelamento (do programa) nuclear por parte da Coreia do Norte", tuitou o Bolton, indicando que leu o artigo com "curiosidade".
"Essa foi uma tentativa repreensível de alguém de encurralar o presidente. Deveria ter consequências", acrescentou.
Na matéria publicada nesta segunda, com base em uma fonte anônima, o jornal americano assegura que a administração de Trump aventa essa possibilidade há várias semanas.
Essa abordagem, que segundo o NYT poderia servir de base para as novas negociações prometidas pelos dois países, "equivaleria a um congelamento nuclear que essencialmente respaldaria um 'status quo' e aceitaria tacitamente a Coreia do Norte como uma potência nuclear".
No domingo, Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, concordaram em retomar dentro de algumas semanas as negociações bilaterais sobre o programa nuclear do país.
Os dois tiveram uma histórica reunião na Zona Desmilitarizada (DMZ), que separa as duas Coreias desde 1953, quando o violento conflito na Península da Coreia foi suspenso com um armistício - um tratado de paz nunca foi assinado.
Tratou-se da primeira reunião entre líderes de EUA e Coreia do Norte na emblemática fronteira e Trump cruzou a linha de demarcação militar, se tornando assim o primeiro presidente americano a pisar em território norte-coreano.
A reunião aconteceu depois da participação do governante americano na Cúpula do G-20 em Osaka, no Japão, onde se reuniu também com o presidente russo, em uma conversa que se prolongou por pouco mais de uma hora.
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Na fronteira entre os dois países, o presidente americano afirmou que trata-se de "um grande dia para o mundo" e que está "orgulhoso" em ter cruzado essa linha
Os Estados Unidos têm insistido na desnuclearização completa da Coreia do Norte como uma condição para eliminar as sanções de Washington a Pyongyang. A falta de acordo sobre uma suspensão das medidas punitivas por parte de Washington e o que Pyongyang está disposto a dar em troca levaram ao fracasso da segunda cúpula entre Trump e Kim, realizada em fevereiro em Hanói.
O presidente americano está sob pressão já que, após três encontros diretos com Kim, ainda não obteve nenhum compromisso do regime norte-coreano neste aspecto.
Rússia e China celebram
O Kremlin elogiou nesta segunda a reunião entre Trump e Kim como um passo rumo à desnuclearização da península. "No que se refere à reunião, lhe damos as boas-vindas", disse à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, acrescentando que a Rússia apoia "qualquer passo" que busque a "distensão da península coreana e aproxime da desnuclearização da região".
Peskov ressaltou que o presidente russo, Vladimir Putin, está há tempos pedindo que as partes implicadas demonstrem "contenção" e sejam "construtivas".
A China também celebrou o "grande alcance" da reunião de domingo. "Isso merece ser comemorado", declarou em entrevista o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang. "Coreia do Norte e Estados Unidos concordaram em retomar, em um futuro próximo, suas consultas em nível de grupo de trabalho. Isso é algo de grande alcance", frisou Geng.
O porta-voz pediu a ambas as partes que "aproveitem as circunstâncias favoráveis para dar um passo de aproximação e busquem soluções eficazes para as preocupações de cada um, além de avançar para a desnuclearização". / AFP e EFE