Campanha incentiva plástica no nariz na Bolívia


Muitos indígenas que dizem sofrer com preconceito estão procurando cirurgiões.

Por Andres Schipani

Uma campanha publicitária na Bolívia está incentivando pessoas com traços indígenas a fazerem cirurgias plásticas para se livrarem de "deformidades do nariz". Algumas cirurgias são subsidiadas pelo governo e chegam a ser feitas até sem custo para os pacientes. Muitos descendentes de indígenas na Bolívia têm narizes grandes como traço característico da sua etnia, mas o atributo é considerado indesejado por alguns, que dizem sofrer com preconceito. Mas submeter-se à cirurgia, no entanto, seria desferir um golpe no "orgulho indígena" pregado pelo presidente boliviano, Evo Morales. No ano passado, o próprio Morales passou por uma cirurgia no nariz para corrigir um problema respiratório, mas se recusou a alterar sua aparência, alegando que a plástica afetaria sua etnicidade. Identidade indígena Em vários países, cirurgias plásticas são um artigo caro, mas na Bolívia - um dos países mais pobres da América do Sul - a operação é muito barata. Algumas cirurgias para pessoas mais carentes chegam a ser totalmente subsidiadas. As cirurgias são anunciadas em campanhas publicitárias ao redor Bolívia, com outdoors espalhados nas cidades e até mesmo com crianças distribuindo panfletos. O cirurgião boliviano Richard Herrera afirma já ter feito mais de cinco mil cirurgias do tipo, que estão se popularizando na Bolívia. No seu consultório, o jovem Juan Carlos Calamar, de 19 anos, afirma que sofre descriminação, e por isso procurou o cirurgião. "Eu quero melhorar minha imagem. E também quero evitar a humilhação de ser caçoado por causa do meu nariz. É algo muito sério para mim", disse o jovem à BBC. "As pessoas me discriminam muito. Eu ouço muitas pessoas dizendo: 'Lá vai o Nariz Grande'. Outros também sofrem com isso." Calamar diz que a cirurgia é feita apenas por causa dos comentários, mas não afeta sua identidade como indígena. "Só meu rosto mudará. Minhas raízes e minha cultura vão se manter iguais", afirma. O cirurgião Richard Herrera, que também coordena algumas das campanhas publicitárias, defende o direito dos bolivianos de passarem pelas operações. "Nós fizemos essas campanhas com o objetivo de alcançar as pessoas que não poderiam pagar normalmente por este tipo de operação. Agora elas podem, e elas sentem que precisam mudar a sua imagem", afirmou Herrera à BBC. Para o ex-ministro da Cultura da Bolívia e especialista em identidade indígena, Pablo Groux, as cirurgias plásticas como forma de mudar características étnicas são um fenômeno do mundo globalizado e há pouco que se possa fazer para combater isso. "Este é um efeito do domínio do padrão de beleza ocidentalizado no mundo. Comunidades Aymara e Quéchua, que ficam nos centros urbanos, não são imunes a essas pressões." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Uma campanha publicitária na Bolívia está incentivando pessoas com traços indígenas a fazerem cirurgias plásticas para se livrarem de "deformidades do nariz". Algumas cirurgias são subsidiadas pelo governo e chegam a ser feitas até sem custo para os pacientes. Muitos descendentes de indígenas na Bolívia têm narizes grandes como traço característico da sua etnia, mas o atributo é considerado indesejado por alguns, que dizem sofrer com preconceito. Mas submeter-se à cirurgia, no entanto, seria desferir um golpe no "orgulho indígena" pregado pelo presidente boliviano, Evo Morales. No ano passado, o próprio Morales passou por uma cirurgia no nariz para corrigir um problema respiratório, mas se recusou a alterar sua aparência, alegando que a plástica afetaria sua etnicidade. Identidade indígena Em vários países, cirurgias plásticas são um artigo caro, mas na Bolívia - um dos países mais pobres da América do Sul - a operação é muito barata. Algumas cirurgias para pessoas mais carentes chegam a ser totalmente subsidiadas. As cirurgias são anunciadas em campanhas publicitárias ao redor Bolívia, com outdoors espalhados nas cidades e até mesmo com crianças distribuindo panfletos. O cirurgião boliviano Richard Herrera afirma já ter feito mais de cinco mil cirurgias do tipo, que estão se popularizando na Bolívia. No seu consultório, o jovem Juan Carlos Calamar, de 19 anos, afirma que sofre descriminação, e por isso procurou o cirurgião. "Eu quero melhorar minha imagem. E também quero evitar a humilhação de ser caçoado por causa do meu nariz. É algo muito sério para mim", disse o jovem à BBC. "As pessoas me discriminam muito. Eu ouço muitas pessoas dizendo: 'Lá vai o Nariz Grande'. Outros também sofrem com isso." Calamar diz que a cirurgia é feita apenas por causa dos comentários, mas não afeta sua identidade como indígena. "Só meu rosto mudará. Minhas raízes e minha cultura vão se manter iguais", afirma. O cirurgião Richard Herrera, que também coordena algumas das campanhas publicitárias, defende o direito dos bolivianos de passarem pelas operações. "Nós fizemos essas campanhas com o objetivo de alcançar as pessoas que não poderiam pagar normalmente por este tipo de operação. Agora elas podem, e elas sentem que precisam mudar a sua imagem", afirmou Herrera à BBC. Para o ex-ministro da Cultura da Bolívia e especialista em identidade indígena, Pablo Groux, as cirurgias plásticas como forma de mudar características étnicas são um fenômeno do mundo globalizado e há pouco que se possa fazer para combater isso. "Este é um efeito do domínio do padrão de beleza ocidentalizado no mundo. Comunidades Aymara e Quéchua, que ficam nos centros urbanos, não são imunes a essas pressões." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Uma campanha publicitária na Bolívia está incentivando pessoas com traços indígenas a fazerem cirurgias plásticas para se livrarem de "deformidades do nariz". Algumas cirurgias são subsidiadas pelo governo e chegam a ser feitas até sem custo para os pacientes. Muitos descendentes de indígenas na Bolívia têm narizes grandes como traço característico da sua etnia, mas o atributo é considerado indesejado por alguns, que dizem sofrer com preconceito. Mas submeter-se à cirurgia, no entanto, seria desferir um golpe no "orgulho indígena" pregado pelo presidente boliviano, Evo Morales. No ano passado, o próprio Morales passou por uma cirurgia no nariz para corrigir um problema respiratório, mas se recusou a alterar sua aparência, alegando que a plástica afetaria sua etnicidade. Identidade indígena Em vários países, cirurgias plásticas são um artigo caro, mas na Bolívia - um dos países mais pobres da América do Sul - a operação é muito barata. Algumas cirurgias para pessoas mais carentes chegam a ser totalmente subsidiadas. As cirurgias são anunciadas em campanhas publicitárias ao redor Bolívia, com outdoors espalhados nas cidades e até mesmo com crianças distribuindo panfletos. O cirurgião boliviano Richard Herrera afirma já ter feito mais de cinco mil cirurgias do tipo, que estão se popularizando na Bolívia. No seu consultório, o jovem Juan Carlos Calamar, de 19 anos, afirma que sofre descriminação, e por isso procurou o cirurgião. "Eu quero melhorar minha imagem. E também quero evitar a humilhação de ser caçoado por causa do meu nariz. É algo muito sério para mim", disse o jovem à BBC. "As pessoas me discriminam muito. Eu ouço muitas pessoas dizendo: 'Lá vai o Nariz Grande'. Outros também sofrem com isso." Calamar diz que a cirurgia é feita apenas por causa dos comentários, mas não afeta sua identidade como indígena. "Só meu rosto mudará. Minhas raízes e minha cultura vão se manter iguais", afirma. O cirurgião Richard Herrera, que também coordena algumas das campanhas publicitárias, defende o direito dos bolivianos de passarem pelas operações. "Nós fizemos essas campanhas com o objetivo de alcançar as pessoas que não poderiam pagar normalmente por este tipo de operação. Agora elas podem, e elas sentem que precisam mudar a sua imagem", afirmou Herrera à BBC. Para o ex-ministro da Cultura da Bolívia e especialista em identidade indígena, Pablo Groux, as cirurgias plásticas como forma de mudar características étnicas são um fenômeno do mundo globalizado e há pouco que se possa fazer para combater isso. "Este é um efeito do domínio do padrão de beleza ocidentalizado no mundo. Comunidades Aymara e Quéchua, que ficam nos centros urbanos, não são imunes a essas pressões." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Uma campanha publicitária na Bolívia está incentivando pessoas com traços indígenas a fazerem cirurgias plásticas para se livrarem de "deformidades do nariz". Algumas cirurgias são subsidiadas pelo governo e chegam a ser feitas até sem custo para os pacientes. Muitos descendentes de indígenas na Bolívia têm narizes grandes como traço característico da sua etnia, mas o atributo é considerado indesejado por alguns, que dizem sofrer com preconceito. Mas submeter-se à cirurgia, no entanto, seria desferir um golpe no "orgulho indígena" pregado pelo presidente boliviano, Evo Morales. No ano passado, o próprio Morales passou por uma cirurgia no nariz para corrigir um problema respiratório, mas se recusou a alterar sua aparência, alegando que a plástica afetaria sua etnicidade. Identidade indígena Em vários países, cirurgias plásticas são um artigo caro, mas na Bolívia - um dos países mais pobres da América do Sul - a operação é muito barata. Algumas cirurgias para pessoas mais carentes chegam a ser totalmente subsidiadas. As cirurgias são anunciadas em campanhas publicitárias ao redor Bolívia, com outdoors espalhados nas cidades e até mesmo com crianças distribuindo panfletos. O cirurgião boliviano Richard Herrera afirma já ter feito mais de cinco mil cirurgias do tipo, que estão se popularizando na Bolívia. No seu consultório, o jovem Juan Carlos Calamar, de 19 anos, afirma que sofre descriminação, e por isso procurou o cirurgião. "Eu quero melhorar minha imagem. E também quero evitar a humilhação de ser caçoado por causa do meu nariz. É algo muito sério para mim", disse o jovem à BBC. "As pessoas me discriminam muito. Eu ouço muitas pessoas dizendo: 'Lá vai o Nariz Grande'. Outros também sofrem com isso." Calamar diz que a cirurgia é feita apenas por causa dos comentários, mas não afeta sua identidade como indígena. "Só meu rosto mudará. Minhas raízes e minha cultura vão se manter iguais", afirma. O cirurgião Richard Herrera, que também coordena algumas das campanhas publicitárias, defende o direito dos bolivianos de passarem pelas operações. "Nós fizemos essas campanhas com o objetivo de alcançar as pessoas que não poderiam pagar normalmente por este tipo de operação. Agora elas podem, e elas sentem que precisam mudar a sua imagem", afirmou Herrera à BBC. Para o ex-ministro da Cultura da Bolívia e especialista em identidade indígena, Pablo Groux, as cirurgias plásticas como forma de mudar características étnicas são um fenômeno do mundo globalizado e há pouco que se possa fazer para combater isso. "Este é um efeito do domínio do padrão de beleza ocidentalizado no mundo. Comunidades Aymara e Quéchua, que ficam nos centros urbanos, não são imunes a essas pressões." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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