‘Causa independentista não é consenso’


Especialista avalia que consequências de um governo autônomo na Catalunha seriam muito severas

Por Andrei Netto, CORRESPONDENTE e PARIS
A Catalunha, que contribuiu com 19% do PIB espanhol em 2016, é uma das regiõesmais ricas da Espanha. Foto: Andreu Dalmau/EFE

PARIS - Para a cientista política espanhola Astrid Barrio, professora da Universidade de Valência, o movimento em favor da independência da Catalunha é organizado por uma minoria social que age como uma maioria, mas que, na realidade, não consegue transformar sua causa em um consenso na própria região, que é uma das mais ricas da Espanha. A seguir, alguns trechos da entrevista concedida ao Estado.

+ Catalães inspiram separatistas europeus 

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O que explica a onda independentista e por que não chegou à Valência e outras regiões da Espanha?

Na Espanha, a questão catalã é um problema secular. Nenhum outro território, exceto o País Basco, tem o nível de demanda de autogoverno que existe na Catalunha desde o fim do século 19. Acontece que, por diferentes razões, como a mudança geracional, a crise política derivada da sentença do Tribunal Constitucional contra o Estatuto de Autonomia de 2006, a crise econômica, uma parte do nacionalismo catalão autonomista tornou-se independentista.

A sra. considera provável que Carles Puigdemont declare a independência da Catalunha na terça-feira?

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Parece difícil, porque as consequências para o governo autônomo podem ser muito severas e as chances de sucesso, remotas. Possivelmente, haverá um gesto simbólico de proclamação de soberania, mas não há capacidade operacional para tornar efetiva a independência, porque o governo catalão não tem capacidade de controlar o território.

O governo de Mariano Rajoy foi muito criticado por sua rigidez legalista diante da crise, mas não caiu. Por que o PSOE (Partido Socialista) não retira o seu apoio ao governo?

Rajoy foi rígido na repressão ao conflito. No entanto, desde 6 de setembro, o governo catalão aprovou uma lei abertamente inconstitucional que foi suspensa pelo Tribunal Constitucional, cujas ordens o governo da Catalunha optou por não respeitar. Por isso, Rajoy não poderia agir de outra forma na sua defesa do estado de direito. Havia mais instrumentos do que ele usou para deter o movimento independentista, como o controle judicial e econômico dos gastos, e ele fez uso das ferramentas moderadamente.

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O Artigo 155 da Constituição da Espanha e a potencial prisão de Puigdemont não acelerarão ainda mais o movimento independentista?

Sim, agora qualquer gesto pode causar mais atrito, mais mobilizações nas ruas e, eventualmente, fazer crescer o apoio ao separatismo, como aconteceu no dia 1.º de outubro, depois que a polícia interveio. É por isso que o governo espanhol começou a agir com muita cautela.

O federalismo não seria a melhor alternativa para que a Espanha superasse o impasse político?

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Possivelmente. O que acontece é que o federalismo tem uma má imagem na Espanha e os nacionalistas consideram que o federalismo os dilui e não permite o reconhecimento ao qual eles aspiram. Mas, certamente, é a saída acordada que a maioria dos cidadãos aspira.

A sra. acha que a Catalunha será independente?

Não no curto prazo, desde que as condições permaneçam inalteradas. Mais tarde, é possível que a região se torne independente.

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Veja imagens dos protestos na Catalunha

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Veja imagens dos protestos na Catalunha

Foto: Marta Pérez/EFE
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Foto: Adria Ropero/EFE
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Foto: Jaume Sellart/EFE
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Foto: Oscar Cabrerizo/EFE
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A Catalunha, que contribuiu com 19% do PIB espanhol em 2016, é uma das regiõesmais ricas da Espanha. Foto: Andreu Dalmau/EFE

PARIS - Para a cientista política espanhola Astrid Barrio, professora da Universidade de Valência, o movimento em favor da independência da Catalunha é organizado por uma minoria social que age como uma maioria, mas que, na realidade, não consegue transformar sua causa em um consenso na própria região, que é uma das mais ricas da Espanha. A seguir, alguns trechos da entrevista concedida ao Estado.

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Na Espanha, a questão catalã é um problema secular. Nenhum outro território, exceto o País Basco, tem o nível de demanda de autogoverno que existe na Catalunha desde o fim do século 19. Acontece que, por diferentes razões, como a mudança geracional, a crise política derivada da sentença do Tribunal Constitucional contra o Estatuto de Autonomia de 2006, a crise econômica, uma parte do nacionalismo catalão autonomista tornou-se independentista.

A sra. considera provável que Carles Puigdemont declare a independência da Catalunha na terça-feira?

Parece difícil, porque as consequências para o governo autônomo podem ser muito severas e as chances de sucesso, remotas. Possivelmente, haverá um gesto simbólico de proclamação de soberania, mas não há capacidade operacional para tornar efetiva a independência, porque o governo catalão não tem capacidade de controlar o território.

O governo de Mariano Rajoy foi muito criticado por sua rigidez legalista diante da crise, mas não caiu. Por que o PSOE (Partido Socialista) não retira o seu apoio ao governo?

Rajoy foi rígido na repressão ao conflito. No entanto, desde 6 de setembro, o governo catalão aprovou uma lei abertamente inconstitucional que foi suspensa pelo Tribunal Constitucional, cujas ordens o governo da Catalunha optou por não respeitar. Por isso, Rajoy não poderia agir de outra forma na sua defesa do estado de direito. Havia mais instrumentos do que ele usou para deter o movimento independentista, como o controle judicial e econômico dos gastos, e ele fez uso das ferramentas moderadamente.

O Artigo 155 da Constituição da Espanha e a potencial prisão de Puigdemont não acelerarão ainda mais o movimento independentista?

Sim, agora qualquer gesto pode causar mais atrito, mais mobilizações nas ruas e, eventualmente, fazer crescer o apoio ao separatismo, como aconteceu no dia 1.º de outubro, depois que a polícia interveio. É por isso que o governo espanhol começou a agir com muita cautela.

O federalismo não seria a melhor alternativa para que a Espanha superasse o impasse político?

Possivelmente. O que acontece é que o federalismo tem uma má imagem na Espanha e os nacionalistas consideram que o federalismo os dilui e não permite o reconhecimento ao qual eles aspiram. Mas, certamente, é a saída acordada que a maioria dos cidadãos aspira.

A sra. acha que a Catalunha será independente?

Não no curto prazo, desde que as condições permaneçam inalteradas. Mais tarde, é possível que a região se torne independente.

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A Catalunha, que contribuiu com 19% do PIB espanhol em 2016, é uma das regiõesmais ricas da Espanha. Foto: Andreu Dalmau/EFE

PARIS - Para a cientista política espanhola Astrid Barrio, professora da Universidade de Valência, o movimento em favor da independência da Catalunha é organizado por uma minoria social que age como uma maioria, mas que, na realidade, não consegue transformar sua causa em um consenso na própria região, que é uma das mais ricas da Espanha. A seguir, alguns trechos da entrevista concedida ao Estado.

+ Catalães inspiram separatistas europeus 

O que explica a onda independentista e por que não chegou à Valência e outras regiões da Espanha?

Na Espanha, a questão catalã é um problema secular. Nenhum outro território, exceto o País Basco, tem o nível de demanda de autogoverno que existe na Catalunha desde o fim do século 19. Acontece que, por diferentes razões, como a mudança geracional, a crise política derivada da sentença do Tribunal Constitucional contra o Estatuto de Autonomia de 2006, a crise econômica, uma parte do nacionalismo catalão autonomista tornou-se independentista.

A sra. considera provável que Carles Puigdemont declare a independência da Catalunha na terça-feira?

Parece difícil, porque as consequências para o governo autônomo podem ser muito severas e as chances de sucesso, remotas. Possivelmente, haverá um gesto simbólico de proclamação de soberania, mas não há capacidade operacional para tornar efetiva a independência, porque o governo catalão não tem capacidade de controlar o território.

O governo de Mariano Rajoy foi muito criticado por sua rigidez legalista diante da crise, mas não caiu. Por que o PSOE (Partido Socialista) não retira o seu apoio ao governo?

Rajoy foi rígido na repressão ao conflito. No entanto, desde 6 de setembro, o governo catalão aprovou uma lei abertamente inconstitucional que foi suspensa pelo Tribunal Constitucional, cujas ordens o governo da Catalunha optou por não respeitar. Por isso, Rajoy não poderia agir de outra forma na sua defesa do estado de direito. Havia mais instrumentos do que ele usou para deter o movimento independentista, como o controle judicial e econômico dos gastos, e ele fez uso das ferramentas moderadamente.

O Artigo 155 da Constituição da Espanha e a potencial prisão de Puigdemont não acelerarão ainda mais o movimento independentista?

Sim, agora qualquer gesto pode causar mais atrito, mais mobilizações nas ruas e, eventualmente, fazer crescer o apoio ao separatismo, como aconteceu no dia 1.º de outubro, depois que a polícia interveio. É por isso que o governo espanhol começou a agir com muita cautela.

O federalismo não seria a melhor alternativa para que a Espanha superasse o impasse político?

Possivelmente. O que acontece é que o federalismo tem uma má imagem na Espanha e os nacionalistas consideram que o federalismo os dilui e não permite o reconhecimento ao qual eles aspiram. Mas, certamente, é a saída acordada que a maioria dos cidadãos aspira.

A sra. acha que a Catalunha será independente?

Não no curto prazo, desde que as condições permaneçam inalteradas. Mais tarde, é possível que a região se torne independente.

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O que explica a onda independentista e por que não chegou à Valência e outras regiões da Espanha?

Na Espanha, a questão catalã é um problema secular. Nenhum outro território, exceto o País Basco, tem o nível de demanda de autogoverno que existe na Catalunha desde o fim do século 19. Acontece que, por diferentes razões, como a mudança geracional, a crise política derivada da sentença do Tribunal Constitucional contra o Estatuto de Autonomia de 2006, a crise econômica, uma parte do nacionalismo catalão autonomista tornou-se independentista.

A sra. considera provável que Carles Puigdemont declare a independência da Catalunha na terça-feira?

Parece difícil, porque as consequências para o governo autônomo podem ser muito severas e as chances de sucesso, remotas. Possivelmente, haverá um gesto simbólico de proclamação de soberania, mas não há capacidade operacional para tornar efetiva a independência, porque o governo catalão não tem capacidade de controlar o território.

O governo de Mariano Rajoy foi muito criticado por sua rigidez legalista diante da crise, mas não caiu. Por que o PSOE (Partido Socialista) não retira o seu apoio ao governo?

Rajoy foi rígido na repressão ao conflito. No entanto, desde 6 de setembro, o governo catalão aprovou uma lei abertamente inconstitucional que foi suspensa pelo Tribunal Constitucional, cujas ordens o governo da Catalunha optou por não respeitar. Por isso, Rajoy não poderia agir de outra forma na sua defesa do estado de direito. Havia mais instrumentos do que ele usou para deter o movimento independentista, como o controle judicial e econômico dos gastos, e ele fez uso das ferramentas moderadamente.

O Artigo 155 da Constituição da Espanha e a potencial prisão de Puigdemont não acelerarão ainda mais o movimento independentista?

Sim, agora qualquer gesto pode causar mais atrito, mais mobilizações nas ruas e, eventualmente, fazer crescer o apoio ao separatismo, como aconteceu no dia 1.º de outubro, depois que a polícia interveio. É por isso que o governo espanhol começou a agir com muita cautela.

O federalismo não seria a melhor alternativa para que a Espanha superasse o impasse político?

Possivelmente. O que acontece é que o federalismo tem uma má imagem na Espanha e os nacionalistas consideram que o federalismo os dilui e não permite o reconhecimento ao qual eles aspiram. Mas, certamente, é a saída acordada que a maioria dos cidadãos aspira.

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