Na véspera do encontro entre as chanceleres de Venezuela e Colômbia, Delcy Rodríguez e María Ángela Holguín, para discutir a crise na fronteira entre os dois países – fechada na quinta-feira por ordem do presidente Nicolás Maduro –, a Assembleia Nacional venezuelana manteve ontem uma sessão extraordinária em San Antonio de Táchira, cidade vizinha da colombiana Cúcuta.
Presidido por Diosdado Cabello, o Legislativo do país aprovou o decreto emitido por Maduro impondo estado de emergência em cinco cidades na fronteira com a Colômbia para combater, segundo o governo, a ação de paramilitares colombianos e atividades de contrabando, que desviam para o território colombiano bens e produtos subsidiados pela Venezuela.
Colombianos são deportados da Venezuela
Em meio às deliberações, Cabello rejeitou acusações da oposição de que autoridades venezuelanas estavam violando direitos humanos de colombianos que vivem na fronteira – dos quais mais de 800 foram deportados nos últimos dias – e de causar uma crise humana do lado da Colômbia. Ameaçada pelo fim do tráfego de mercadorias pela Ponte Internacional Simón Bolívar, a prefeitura de Cúcuta declarou-se em estado de calamidade pública.
“Tenho recebido relatos e queixas de que Cúcuta está sem gasolina e há escassez de comida na cidade. Tenho recebido queixas de que estamos criando uma crise humana em Cúcuta”, declarou Cabello. “Lamento muito por Cúcuta, mas Cúcuta é uma cidade colombiana. O que o governo da Venezuela tem com isso? Quem tem de resolver o problema dos colombianos é o governo colombiano. Na Venezuela, temos de garantir os direitos dos venezuelanos, que a comida chegue aos venezuelanos, que os venezuelanos tenham gasolina.”
Um dia antes, Maduro havia qualificado de “podre” a situação na fronteira entre os países e responsabilizou o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe pela violência e pelo contrabando. Uribe, ao mesmo tempo, esteve em Cúcuta para denunciar “maus-tratos” impostos pelas autoridades venezuelanas aos colombianos e qualificar o fechamento da fronteira de “atitude arbitrária do ditador Maduro”. Uribe também criticou a atitude que considerou “frouxa” do presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
A decisão de Maduro de fechar a fronteira se deu após um ataque atribuído a paramilitares da Colômbia contra quatro agentes do Estado venezuelano que supostamente investigavam as ações de contrabando. Dois deles permaneciam ontem em estado grave. Na segunda-feira, Maduro também afirmou que militares venezuelanos tinham identificado os autores materiais do ataque, que teriam agido por ordem de grupo paramilitares colombianos.
Também ontem, o secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o ex-presidente colombiano Ernesto Samper, afirmou que a organização regional está disposta a ajudar na solução da crise.
Samper também afirmou que “as deportações de colombianos pela Venezuela prejudicam o clima de opinião necessário para perseguir os paramilitares colombianos que estão passando pela fronteira”. O anúncio foi feito após Maduro solicitar a ação da Unasul e convidar Samper “de maneira imediata” a Caracas para tratar da questão.
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A Venezuela deportou mais de 1000 colombianos que estavam ilegalmente no país. A tensão entre o governo de Caracas e a Colômbia é grande e a fronteira permanece fechada.