PEQUIM - O Partido Comunista da China advertiu a agência Reuters nesta terça-feira, 26, no que foi chamado pelos políticos de uma "reportagem falsa" sobre a suposta intenção de substituir o líder do escritório governamental de união com Hong Kong por ter falhado em prever a derrota de candidatos pró-Pequim nas eleições locais para os conselhos distritais no fim de semana.
A Reuters informou nesta terça que a liderança chinesa havia instalado um centro de controle de crise em um condomínio de luxo nos arredores de Shenzhen, cidade próxima à fronteira com Hong Kong, para lidar com a agitação política, que já dura seis meses no território semiautônomo.
A matéria relatava que Pequim considerava substituir o funcionário mais experiente em Hong Kong, o diretor Wang Zhimin, pela insatisfação com a maneira que ele lidou com a crise.
O gabinete do Ministério das Relações Exteriores chinês em Hong Kong revidou nesta terça, afirmando que perpretou "representações solenes" contra a agência de notícias sobre a "reportagem falsa". Também afirmou que havia incitado a agência "a apoiar um atitude verdadeira, profissional e responsável, e imediatamente parar de espalhar informação falsa".
Desde o início das manifestações pró-democracia, em junho, o ministério insiste que a agitação política no território é um assunto doméstico e que a China nunca acabará com o acordo de "um país, dois sistemas" que regrou a devolução do território aos chineses, feita pelos britânicos, em 1997.
Ainda de acordo com a reportagem da Reuters, o presidente Xi Jinping e outros oficiais veteranos estariam recebendo relatórios diários no condomínio, chamado de Bauhinia, em homenagem ao emblema de flor da bandeira de Hong Kong.
A governante de Hong Kong, apoiada pela China, Carrie Lam, também teria participado em reuniões no condomínio, de acordo com a reportagem.
Os líderes chineses aparentam estar irritados sobre como lidar com a crise em Hong Kong, avaliam analistas, após a opinião pública ter piorado em relação a Pequim com milhares de detenções feitas no último mês, inclusive de candidatos vencedores nas eleições locais.
Após ter se recusado repetidamente a abrir concessões, a China se encontra com poucas opções. "Eu não acho que eles vão mudar a estratégia", disse Jeff Wasserstrom, um professor da Universidade da Califórnia e autor de um livro que ainda será lançado, sobre a crise política em Hong Kong. "Não vejo nenhum motivo para acreditar que eles vão fazer qualquer concessão".
Nesta terça, na primeira declaração pública desde a eleição, Lam se recusou a oferecer concessões aos manifestantes, que pedem uma investigação independente para apurar a violência policial, sufrágio universal e outras medidas. Lam afirmou que Pequim não a responsabiliza pela rejeição dos eleitores a partidos pró-Pequim.
O escritório governamental para união em Hong Kong serve para propagar a influência da China no território, reportar avanços políticos e formar uma rede de negócios com grupos de empresários e influenciadores locais.
Manifestantes em Hong Kong jogaram ovos e tinta no prédio do escritório e estragaram o emblema chinês na entrada do local. / W. POST