A China emitiu um ultimato ao Canadá, exigindo a liberação imediata da diretora financeira da Huawei Technologies, citando inclusive possíveis "consequências severas" não especificadas.
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Le Yucheng, convocou o embaixador do Canadá em Pequim, John McCallum, neste sábado para fazer a advertência, de acordo com um comunicado do Ministério do Exterior da China.
A declaração não menciona o nome da diretora da Huawei, Meng Wanzhou, embora se refira a um "executivo" da Huawei levado sob custódia em um pedido dos EUA durante a troca de aviões em Vancouver, como foi o caso de Meng. A declaração acusa o Canadá de "violar gravemente os direitos legais e legítimos de um cidadão chinês" e exige a libertação da pessoa.
"Caso contrário, haverá consequências severas, e o Canadá deve assumir toda a responsabilidade", disse o comunicado, que foi divulgado na internet hoje. As autoridades canadenses não responderam às solicitações da reportagem para comentar o assunto.
O alerta marca um endurecimento na retórica do governo chinês sobre o caso de Meng, que passa por audiências no Canadá para extradição para os Estados Unidos, onde enfrentará acusações de violação de sanções impostas ao Irã.
Além de ser CFO e vice-presidente, Meng é filha do fundador da Huawei, o que torna o caso mais sensível para os chineses. Nas mídias sociais, domina a tese de que os EUA tentam prejudicar uma empresa chinesa icônica e causar um duro golpe nas discussões comerciais entre os países.
Nos autos da audiência de fiança de Meng em Vancouver ontem (07), as autoridades dos EUA alegaram que ela enganou os bancos sobre os laços da Huawei com uma subsidiária que fazia negócios no Irã. Esses bancos liquidaram centenas de milhões de dólares em transações que potencialmente violaram as sanções internacionais, de acordo com os documentos.
O caso arrisca complicar as negociações comerciais entre EUA e China, com os dois lados concordando em não impor novas tarifas para tentar chegar a um acordo dentro dos próximos três meses. / DOW JONES