Choro dos norte-coreanos é mistura de dor e coerção


Segundo especialistas, reação de histeria faz parte da cultura local, mas também tem relação com a atuação do Estado

Por SEUL

Entre as incontáveis pessoas lamentando a morte de Kim Jong-il, estava um homem de meia idade, ajoelhado, vestindo um anoraque branco. As câmeras da TV estatal mantêm o foco nele, o corpo balançando para frente e para trás, os punhos cerrados, a dor acentuada pela fumaça branca da sua respiração visível no frio da capital Pyongyang. Algumas fileiras mais além, dois adolescentes estão de pé, parados, aparentemente sem saber como se comportar. Eles olham para o homem e se ajoelham para chorar. Um dia depois de a Coreia do Norte anunciar a morte de seu governante, vídeos e fotografias mostravam cenas da histeria e dor em massa entre cidadãos e soldados. As imagens, muitas delas selecionadas cuidadosamente pala agência de notícias oficial, pareciam fazer parte de uma campanha para angariar apoio para o sucessor, Kim Jong-un. Por mais artificiais que pareçam, as manifestações desesperadas de dor são parte da cultura confuciana coreana e podem ser observadas também nos funerais na Coreia do Sul. No Norte, porém, a cultura do funeral foi amplificada pelo culto à personalidade do líder, considerado o pai de todos os norte-coreanos. Como tal, as expressões públicas de dor não são tanto uma afirmação do governo de Kim Jong-il, mas são, sob vários aspectos, a maneira prevista de chorar a morte de um pai. Não respeitar a tradição provocaria o ostracismo social. Park Jong-chul, analista do Instituto para a Unificação Nacional da Coreia, de Seul, diz que grande parte dessa dor é autêntica. O temor e a incerteza também estão por trás desse fluxo emotivo, mas também existe uma certa coerção. "Os norte-coreanos podem agir assim pensando que devem fazê-lo ou porque estão sendo observados", disse Park. Por mais de seis décadas, a dinastia de Kim governou o país como se fosse uma extensão familiar. Recém-casados prestam homenagens na mais próxima estátua de Kim Il-sung, pai de Kim Jong-il. Da mesma maneira que os filhos devotam um cuidado religioso à tumba do seu pai na tradicional cultura coreana, os cidadãos varrem os monumentos de Kim, alguns todas as manhãs. "Eles realmente sentem como se o chefe da nação tivesse desaparecido", disse Brian Myers, especialista da Universidade Dongseo, da Coreia do Sul. "Naturalmente, isso faz com que as pessoas tenham um choque ou um trauma, independentemente de sentirem realmente uma forte afeição pessoal por Kim Jong-il." Myers afirma que uma grande falha do Ocidente na compreensão da Coreia do Norte é a tendência a subestimar o culto à personalidade e a importância da lealdade ao Estado no país comunista. Na Coreia do Norte, segundo ele, "nacionalismo e lealdade ao Estado se reforçam mutuamente", de modo que, mesmo quando as pessoas estão descontentes com o governo, se identificam vigorosamente com o Estado. / NYT Mais informações na pág. A14

Entre as incontáveis pessoas lamentando a morte de Kim Jong-il, estava um homem de meia idade, ajoelhado, vestindo um anoraque branco. As câmeras da TV estatal mantêm o foco nele, o corpo balançando para frente e para trás, os punhos cerrados, a dor acentuada pela fumaça branca da sua respiração visível no frio da capital Pyongyang. Algumas fileiras mais além, dois adolescentes estão de pé, parados, aparentemente sem saber como se comportar. Eles olham para o homem e se ajoelham para chorar. Um dia depois de a Coreia do Norte anunciar a morte de seu governante, vídeos e fotografias mostravam cenas da histeria e dor em massa entre cidadãos e soldados. As imagens, muitas delas selecionadas cuidadosamente pala agência de notícias oficial, pareciam fazer parte de uma campanha para angariar apoio para o sucessor, Kim Jong-un. Por mais artificiais que pareçam, as manifestações desesperadas de dor são parte da cultura confuciana coreana e podem ser observadas também nos funerais na Coreia do Sul. No Norte, porém, a cultura do funeral foi amplificada pelo culto à personalidade do líder, considerado o pai de todos os norte-coreanos. Como tal, as expressões públicas de dor não são tanto uma afirmação do governo de Kim Jong-il, mas são, sob vários aspectos, a maneira prevista de chorar a morte de um pai. Não respeitar a tradição provocaria o ostracismo social. Park Jong-chul, analista do Instituto para a Unificação Nacional da Coreia, de Seul, diz que grande parte dessa dor é autêntica. O temor e a incerteza também estão por trás desse fluxo emotivo, mas também existe uma certa coerção. "Os norte-coreanos podem agir assim pensando que devem fazê-lo ou porque estão sendo observados", disse Park. Por mais de seis décadas, a dinastia de Kim governou o país como se fosse uma extensão familiar. Recém-casados prestam homenagens na mais próxima estátua de Kim Il-sung, pai de Kim Jong-il. Da mesma maneira que os filhos devotam um cuidado religioso à tumba do seu pai na tradicional cultura coreana, os cidadãos varrem os monumentos de Kim, alguns todas as manhãs. "Eles realmente sentem como se o chefe da nação tivesse desaparecido", disse Brian Myers, especialista da Universidade Dongseo, da Coreia do Sul. "Naturalmente, isso faz com que as pessoas tenham um choque ou um trauma, independentemente de sentirem realmente uma forte afeição pessoal por Kim Jong-il." Myers afirma que uma grande falha do Ocidente na compreensão da Coreia do Norte é a tendência a subestimar o culto à personalidade e a importância da lealdade ao Estado no país comunista. Na Coreia do Norte, segundo ele, "nacionalismo e lealdade ao Estado se reforçam mutuamente", de modo que, mesmo quando as pessoas estão descontentes com o governo, se identificam vigorosamente com o Estado. / NYT Mais informações na pág. A14

Entre as incontáveis pessoas lamentando a morte de Kim Jong-il, estava um homem de meia idade, ajoelhado, vestindo um anoraque branco. As câmeras da TV estatal mantêm o foco nele, o corpo balançando para frente e para trás, os punhos cerrados, a dor acentuada pela fumaça branca da sua respiração visível no frio da capital Pyongyang. Algumas fileiras mais além, dois adolescentes estão de pé, parados, aparentemente sem saber como se comportar. Eles olham para o homem e se ajoelham para chorar. Um dia depois de a Coreia do Norte anunciar a morte de seu governante, vídeos e fotografias mostravam cenas da histeria e dor em massa entre cidadãos e soldados. As imagens, muitas delas selecionadas cuidadosamente pala agência de notícias oficial, pareciam fazer parte de uma campanha para angariar apoio para o sucessor, Kim Jong-un. Por mais artificiais que pareçam, as manifestações desesperadas de dor são parte da cultura confuciana coreana e podem ser observadas também nos funerais na Coreia do Sul. No Norte, porém, a cultura do funeral foi amplificada pelo culto à personalidade do líder, considerado o pai de todos os norte-coreanos. Como tal, as expressões públicas de dor não são tanto uma afirmação do governo de Kim Jong-il, mas são, sob vários aspectos, a maneira prevista de chorar a morte de um pai. Não respeitar a tradição provocaria o ostracismo social. Park Jong-chul, analista do Instituto para a Unificação Nacional da Coreia, de Seul, diz que grande parte dessa dor é autêntica. O temor e a incerteza também estão por trás desse fluxo emotivo, mas também existe uma certa coerção. "Os norte-coreanos podem agir assim pensando que devem fazê-lo ou porque estão sendo observados", disse Park. Por mais de seis décadas, a dinastia de Kim governou o país como se fosse uma extensão familiar. Recém-casados prestam homenagens na mais próxima estátua de Kim Il-sung, pai de Kim Jong-il. Da mesma maneira que os filhos devotam um cuidado religioso à tumba do seu pai na tradicional cultura coreana, os cidadãos varrem os monumentos de Kim, alguns todas as manhãs. "Eles realmente sentem como se o chefe da nação tivesse desaparecido", disse Brian Myers, especialista da Universidade Dongseo, da Coreia do Sul. "Naturalmente, isso faz com que as pessoas tenham um choque ou um trauma, independentemente de sentirem realmente uma forte afeição pessoal por Kim Jong-il." Myers afirma que uma grande falha do Ocidente na compreensão da Coreia do Norte é a tendência a subestimar o culto à personalidade e a importância da lealdade ao Estado no país comunista. Na Coreia do Norte, segundo ele, "nacionalismo e lealdade ao Estado se reforçam mutuamente", de modo que, mesmo quando as pessoas estão descontentes com o governo, se identificam vigorosamente com o Estado. / NYT Mais informações na pág. A14

Entre as incontáveis pessoas lamentando a morte de Kim Jong-il, estava um homem de meia idade, ajoelhado, vestindo um anoraque branco. As câmeras da TV estatal mantêm o foco nele, o corpo balançando para frente e para trás, os punhos cerrados, a dor acentuada pela fumaça branca da sua respiração visível no frio da capital Pyongyang. Algumas fileiras mais além, dois adolescentes estão de pé, parados, aparentemente sem saber como se comportar. Eles olham para o homem e se ajoelham para chorar. Um dia depois de a Coreia do Norte anunciar a morte de seu governante, vídeos e fotografias mostravam cenas da histeria e dor em massa entre cidadãos e soldados. As imagens, muitas delas selecionadas cuidadosamente pala agência de notícias oficial, pareciam fazer parte de uma campanha para angariar apoio para o sucessor, Kim Jong-un. Por mais artificiais que pareçam, as manifestações desesperadas de dor são parte da cultura confuciana coreana e podem ser observadas também nos funerais na Coreia do Sul. No Norte, porém, a cultura do funeral foi amplificada pelo culto à personalidade do líder, considerado o pai de todos os norte-coreanos. Como tal, as expressões públicas de dor não são tanto uma afirmação do governo de Kim Jong-il, mas são, sob vários aspectos, a maneira prevista de chorar a morte de um pai. Não respeitar a tradição provocaria o ostracismo social. Park Jong-chul, analista do Instituto para a Unificação Nacional da Coreia, de Seul, diz que grande parte dessa dor é autêntica. O temor e a incerteza também estão por trás desse fluxo emotivo, mas também existe uma certa coerção. "Os norte-coreanos podem agir assim pensando que devem fazê-lo ou porque estão sendo observados", disse Park. Por mais de seis décadas, a dinastia de Kim governou o país como se fosse uma extensão familiar. Recém-casados prestam homenagens na mais próxima estátua de Kim Il-sung, pai de Kim Jong-il. Da mesma maneira que os filhos devotam um cuidado religioso à tumba do seu pai na tradicional cultura coreana, os cidadãos varrem os monumentos de Kim, alguns todas as manhãs. "Eles realmente sentem como se o chefe da nação tivesse desaparecido", disse Brian Myers, especialista da Universidade Dongseo, da Coreia do Sul. "Naturalmente, isso faz com que as pessoas tenham um choque ou um trauma, independentemente de sentirem realmente uma forte afeição pessoal por Kim Jong-il." Myers afirma que uma grande falha do Ocidente na compreensão da Coreia do Norte é a tendência a subestimar o culto à personalidade e a importância da lealdade ao Estado no país comunista. Na Coreia do Norte, segundo ele, "nacionalismo e lealdade ao Estado se reforçam mutuamente", de modo que, mesmo quando as pessoas estão descontentes com o governo, se identificam vigorosamente com o Estado. / NYT Mais informações na pág. A14

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