Classe média não quer menos tributos, mas serviço melhor


Americanos acham melhor é que o governo gaste mais na educação das crianças, na recuperação da infraestrutura e na garantia de salários para idosos, veteranos de guerra e população mais pobre

Por Steven Pearlstein

Uma das grandes mentiras da política americana é a de que a “sofredora” classe média precisa de menos impostos. O que ela realmente precisa é de melhores serviços públicos. Segundo a organização Tax Policy Center, a taxa média de imposto paga pela classe média – os 20% de famílias na metade exata da arrecadação – vem baixando há décadas e estava em 2,6% da renda bruta em 2013, último ano em que há estatísticas disponíveis.

Manhattan, Nova York Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Quanto aos 40% de renda mais baixa – o que se poderia chamar de classe trabalhadora –, a família média não só não paga impostos, mas, graças a restituições, recebe de volta do governo 1,2% da renda, o que ajuda a equilibrar despesas.

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Seja pelo que for que a classe média briga, não é por menos impostos. Pesquisa Gallup mostrou em abril que 61% dos americanos consideram justo o que foi pago no último ano. Estudo da Pew revela que apenas 26% acham que pagam muito imposto, contra 60% que acham que as grandes empresas e os ricos pagam pouco. Pesquisa Bloomberg constatou que impostos estão bem abaixo na lista de prioridades dos americanos – 4% consideram esta sua maior preocupação. 

Claro que ninguém reclamaria do dinheiro extra que a redução de impostos traria. Mas, como dizem as pesquisas, o que os americanos acham melhor é que o governo gaste mais na educação das crianças, na recuperação da infraestrutura e na garantia de salários para idosos, veteranos de guerra e população mais pobre. A Pew concluiu que cada vez mais americanos preferem um governo maior do que menor. 

O corte de impostos para a classe média é uma solução em busca de um problema. É um exercício de demagogia. No momento em que a economia está rodando com sua quase total capacidade, o corte de impostos causaria um aumento de preços, mais do que um crescimento sustentável de salários e emprego. 

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A solução para o alto custo da saúde, habitação e educação é reformar os sistemas de saúde, educação e aumentar a oferta de moradia – não pôr em risco a capacidade do governo de fazer os investimentos necessários para o crescimento sustentado. Todo mundo é a favor de mudanças fiscais, mas uma reforma genuína significa taxar pessoas com rendas similares de modo similar.

Também ajudaria eliminar isenções que distorcem a economia. Mas o que os republicanos propõem é um velho pacote de cortes de impostos com uma aparência de reforma. 

Outro mito em torno do reformismo é que a economia americana perdeu competitividade porque os impostos sobre negócios estão altos. Para começar, a economia americana continua sendo uma das mais competitivas do mundo. Uma das razões é que o índice real de impostos para empresas nos EUA é de apenas 24%, dentro da média dos países industrializados. 

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Tudo isso é um jogo cujo único propósito é baixar os impostos para as grandes empresas. Nada fará para impulsionar o crescimento de longo prazo. O que fará é aumentar os lucros corporativos, o preço das ações e os bônus dos executivos nos próximos anos.

Outra falsidade é quanto ao imposto sobre herança, que seria uma “dupla taxação” que pune o empreendedorismo. Na verdade, em razão de truques legais, a riqueza dos super-ricos hoje passa de uma geração para outra sem ser taxada. Qualquer proposta de mudança fiscal que não acabe com essa iniquidade não merece ser chamada de reforma. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  É COLUNISTA

A rotina de Donald Trump na Casa Branca

1 | 5

Hábitos e curiosidades do dia a dia do presidente americano

Foto: Doug Mills/The New York Times
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Hábitos e curiosidades do dia a dia do presidente americano

Foto: REUTERS/Yuri Gripas
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Hábitos e curiosidades do dia a dia do presidente americano

Foto: Al Drago/The New York Times
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Hábitos e curiosidades do dia a dia do presidente americano

Foto: REUTERS/Joshua Roberts
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Hábitos e curiosidades do dia a dia do presidente americano

Foto: REUTERS/Carlos Barria

Uma das grandes mentiras da política americana é a de que a “sofredora” classe média precisa de menos impostos. O que ela realmente precisa é de melhores serviços públicos. Segundo a organização Tax Policy Center, a taxa média de imposto paga pela classe média – os 20% de famílias na metade exata da arrecadação – vem baixando há décadas e estava em 2,6% da renda bruta em 2013, último ano em que há estatísticas disponíveis.

Manhattan, Nova York Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Quanto aos 40% de renda mais baixa – o que se poderia chamar de classe trabalhadora –, a família média não só não paga impostos, mas, graças a restituições, recebe de volta do governo 1,2% da renda, o que ajuda a equilibrar despesas.

Seja pelo que for que a classe média briga, não é por menos impostos. Pesquisa Gallup mostrou em abril que 61% dos americanos consideram justo o que foi pago no último ano. Estudo da Pew revela que apenas 26% acham que pagam muito imposto, contra 60% que acham que as grandes empresas e os ricos pagam pouco. Pesquisa Bloomberg constatou que impostos estão bem abaixo na lista de prioridades dos americanos – 4% consideram esta sua maior preocupação. 

Claro que ninguém reclamaria do dinheiro extra que a redução de impostos traria. Mas, como dizem as pesquisas, o que os americanos acham melhor é que o governo gaste mais na educação das crianças, na recuperação da infraestrutura e na garantia de salários para idosos, veteranos de guerra e população mais pobre. A Pew concluiu que cada vez mais americanos preferem um governo maior do que menor. 

O corte de impostos para a classe média é uma solução em busca de um problema. É um exercício de demagogia. No momento em que a economia está rodando com sua quase total capacidade, o corte de impostos causaria um aumento de preços, mais do que um crescimento sustentável de salários e emprego. 

A solução para o alto custo da saúde, habitação e educação é reformar os sistemas de saúde, educação e aumentar a oferta de moradia – não pôr em risco a capacidade do governo de fazer os investimentos necessários para o crescimento sustentado. Todo mundo é a favor de mudanças fiscais, mas uma reforma genuína significa taxar pessoas com rendas similares de modo similar.

Também ajudaria eliminar isenções que distorcem a economia. Mas o que os republicanos propõem é um velho pacote de cortes de impostos com uma aparência de reforma. 

Outro mito em torno do reformismo é que a economia americana perdeu competitividade porque os impostos sobre negócios estão altos. Para começar, a economia americana continua sendo uma das mais competitivas do mundo. Uma das razões é que o índice real de impostos para empresas nos EUA é de apenas 24%, dentro da média dos países industrializados. 

Tudo isso é um jogo cujo único propósito é baixar os impostos para as grandes empresas. Nada fará para impulsionar o crescimento de longo prazo. O que fará é aumentar os lucros corporativos, o preço das ações e os bônus dos executivos nos próximos anos.

Outra falsidade é quanto ao imposto sobre herança, que seria uma “dupla taxação” que pune o empreendedorismo. Na verdade, em razão de truques legais, a riqueza dos super-ricos hoje passa de uma geração para outra sem ser taxada. Qualquer proposta de mudança fiscal que não acabe com essa iniquidade não merece ser chamada de reforma. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  É COLUNISTA

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Foto: Doug Mills/The New York Times
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Foto: Al Drago/The New York Times
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Foto: REUTERS/Joshua Roberts
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Foto: REUTERS/Carlos Barria

Uma das grandes mentiras da política americana é a de que a “sofredora” classe média precisa de menos impostos. O que ela realmente precisa é de melhores serviços públicos. Segundo a organização Tax Policy Center, a taxa média de imposto paga pela classe média – os 20% de famílias na metade exata da arrecadação – vem baixando há décadas e estava em 2,6% da renda bruta em 2013, último ano em que há estatísticas disponíveis.

Manhattan, Nova York Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Quanto aos 40% de renda mais baixa – o que se poderia chamar de classe trabalhadora –, a família média não só não paga impostos, mas, graças a restituições, recebe de volta do governo 1,2% da renda, o que ajuda a equilibrar despesas.

Seja pelo que for que a classe média briga, não é por menos impostos. Pesquisa Gallup mostrou em abril que 61% dos americanos consideram justo o que foi pago no último ano. Estudo da Pew revela que apenas 26% acham que pagam muito imposto, contra 60% que acham que as grandes empresas e os ricos pagam pouco. Pesquisa Bloomberg constatou que impostos estão bem abaixo na lista de prioridades dos americanos – 4% consideram esta sua maior preocupação. 

Claro que ninguém reclamaria do dinheiro extra que a redução de impostos traria. Mas, como dizem as pesquisas, o que os americanos acham melhor é que o governo gaste mais na educação das crianças, na recuperação da infraestrutura e na garantia de salários para idosos, veteranos de guerra e população mais pobre. A Pew concluiu que cada vez mais americanos preferem um governo maior do que menor. 

O corte de impostos para a classe média é uma solução em busca de um problema. É um exercício de demagogia. No momento em que a economia está rodando com sua quase total capacidade, o corte de impostos causaria um aumento de preços, mais do que um crescimento sustentável de salários e emprego. 

A solução para o alto custo da saúde, habitação e educação é reformar os sistemas de saúde, educação e aumentar a oferta de moradia – não pôr em risco a capacidade do governo de fazer os investimentos necessários para o crescimento sustentado. Todo mundo é a favor de mudanças fiscais, mas uma reforma genuína significa taxar pessoas com rendas similares de modo similar.

Também ajudaria eliminar isenções que distorcem a economia. Mas o que os republicanos propõem é um velho pacote de cortes de impostos com uma aparência de reforma. 

Outro mito em torno do reformismo é que a economia americana perdeu competitividade porque os impostos sobre negócios estão altos. Para começar, a economia americana continua sendo uma das mais competitivas do mundo. Uma das razões é que o índice real de impostos para empresas nos EUA é de apenas 24%, dentro da média dos países industrializados. 

Tudo isso é um jogo cujo único propósito é baixar os impostos para as grandes empresas. Nada fará para impulsionar o crescimento de longo prazo. O que fará é aumentar os lucros corporativos, o preço das ações e os bônus dos executivos nos próximos anos.

Outra falsidade é quanto ao imposto sobre herança, que seria uma “dupla taxação” que pune o empreendedorismo. Na verdade, em razão de truques legais, a riqueza dos super-ricos hoje passa de uma geração para outra sem ser taxada. Qualquer proposta de mudança fiscal que não acabe com essa iniquidade não merece ser chamada de reforma. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  É COLUNISTA

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Foto: Doug Mills/The New York Times
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Foto: REUTERS/Carlos Barria

Uma das grandes mentiras da política americana é a de que a “sofredora” classe média precisa de menos impostos. O que ela realmente precisa é de melhores serviços públicos. Segundo a organização Tax Policy Center, a taxa média de imposto paga pela classe média – os 20% de famílias na metade exata da arrecadação – vem baixando há décadas e estava em 2,6% da renda bruta em 2013, último ano em que há estatísticas disponíveis.

Manhattan, Nova York Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Quanto aos 40% de renda mais baixa – o que se poderia chamar de classe trabalhadora –, a família média não só não paga impostos, mas, graças a restituições, recebe de volta do governo 1,2% da renda, o que ajuda a equilibrar despesas.

Seja pelo que for que a classe média briga, não é por menos impostos. Pesquisa Gallup mostrou em abril que 61% dos americanos consideram justo o que foi pago no último ano. Estudo da Pew revela que apenas 26% acham que pagam muito imposto, contra 60% que acham que as grandes empresas e os ricos pagam pouco. Pesquisa Bloomberg constatou que impostos estão bem abaixo na lista de prioridades dos americanos – 4% consideram esta sua maior preocupação. 

Claro que ninguém reclamaria do dinheiro extra que a redução de impostos traria. Mas, como dizem as pesquisas, o que os americanos acham melhor é que o governo gaste mais na educação das crianças, na recuperação da infraestrutura e na garantia de salários para idosos, veteranos de guerra e população mais pobre. A Pew concluiu que cada vez mais americanos preferem um governo maior do que menor. 

O corte de impostos para a classe média é uma solução em busca de um problema. É um exercício de demagogia. No momento em que a economia está rodando com sua quase total capacidade, o corte de impostos causaria um aumento de preços, mais do que um crescimento sustentável de salários e emprego. 

A solução para o alto custo da saúde, habitação e educação é reformar os sistemas de saúde, educação e aumentar a oferta de moradia – não pôr em risco a capacidade do governo de fazer os investimentos necessários para o crescimento sustentado. Todo mundo é a favor de mudanças fiscais, mas uma reforma genuína significa taxar pessoas com rendas similares de modo similar.

Também ajudaria eliminar isenções que distorcem a economia. Mas o que os republicanos propõem é um velho pacote de cortes de impostos com uma aparência de reforma. 

Outro mito em torno do reformismo é que a economia americana perdeu competitividade porque os impostos sobre negócios estão altos. Para começar, a economia americana continua sendo uma das mais competitivas do mundo. Uma das razões é que o índice real de impostos para empresas nos EUA é de apenas 24%, dentro da média dos países industrializados. 

Tudo isso é um jogo cujo único propósito é baixar os impostos para as grandes empresas. Nada fará para impulsionar o crescimento de longo prazo. O que fará é aumentar os lucros corporativos, o preço das ações e os bônus dos executivos nos próximos anos.

Outra falsidade é quanto ao imposto sobre herança, que seria uma “dupla taxação” que pune o empreendedorismo. Na verdade, em razão de truques legais, a riqueza dos super-ricos hoje passa de uma geração para outra sem ser taxada. Qualquer proposta de mudança fiscal que não acabe com essa iniquidade não merece ser chamada de reforma. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  É COLUNISTA

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