GAZA - Moradores de Gaza organizaram nesta sexta-feira, 6, protestos em que a queima de centenas de pneus foi usada como tática para atrapalhar a pontaria de atiradores do Exército israelense, que desde a semana passada reprime os atos perto da cerca que separa os dois territórios. Pelo menos 9 palestinos morreram e mais de 300 foram feridos a bala nesta sexta-feira, 6, segundo o Ministério de Saúde de Gaza. O número total de mortos, desde a semana passada, chegou a 30.
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Na operação, as tropas israelenses tentaram dissipar a densa fumaça negra primeiramente com ventiladores. A ideia não deu certo e foram então usados jatos de água.
O principal recurso israelense foram bombas de gás, mas também houve disparos com armas de fogo, tendo como alvo preferencial as pernas dos manifestantes. O uso de munição real contra os palestinos tem sido criticado pela ONU e por organizações de defesa dos diretos humanos.
Mesmo em Israel, sua aplicação contra manifestantes que usam predominantemente pedras e coquetéis molotov é contestada como estratégia, uma vez que colocou o país sob intensas críticas da comunidade internacional.
O jornal Haaretz, crítico do premiê Binyamin Netanyahu, publicou nesta sexta, 6, análise na qual sustenta que o governo não esperava uma repercussão negativa, em função do apoio crescente do governo americano e do balanço de forças entre EUA e Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que impediu qualquer condenação aos massacres cometidos por Bashar Assad e pelos russos na Síria.
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Pelo menos cinco palestinos foram mortos na Faixa de Gaza, e mais de 50 ficaram feridos, em confrontos com militares israelenses na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, informou o ministério da Saúde do enclave. A "Jornada da Terra" palestina inicia um período de várias semanas de protestos.
Israel alega que o uso de munição letal é legítimo para defender as barreiras que isolam o território palestino governado pelo grupo radical islâmico Hamas. Os israelenses argumentam que a fumaça de foi usada para permitir a militantes do Hamas atravessar a cerca para agredir militares e civis que vivem em comunidades próximas.
Os palestinos convocaram marchas para protestar contra o que chamam “Nakba”, ou catástrofe, a saída ou expulsão de 700 mil árabes, sete décadas atrás, durante a criação de Israel. Um dos manifestantes, Jalal Marzak, de 40 anos, disse que a queima de pneus foi um ato de desespero. Ele desrespeitou uma ordem da própria mulher para não participar dos protestos e deixou sua casa. “É ela ligando agora. Não vou atender. Estou com um problema grande”, afirmou.
Os protestos da semana passada reuniram mais de 30 mil manifestantes na fronteira e foram seguidos por uma semana de manifestações no território. O número de manifestantes na sexta-feira, 6, foi maior do que nos últimos dias, mas menor do que no início dos conflitos, em 30 de março, quando 21 palestinos foram mortos por forças israelenses. O Exército de Israel estimou o comparecimento desta sexta-feira, 6, em cerca de 20 mil.
Palestinos e soldados israelenses entram em confronto durante protesto em Gaza
Refugiados compõem a maior parte da população de 2 milhões de pessoas de Gaza, um enclave governado pelo Hamas, que clama pela destruição de Israel e é designado pelo Ocidente como organização terrorista. Habitantes de Gaza, incluindo refugiados palestinos e seus descendentes que buscam reconquistar suas casas onde hoje é Israel, montaram acampamentos com barracas a algumas centenas de metros dentro da cerca de 65 quilômetros que separa Israel da Faixa de Gaza.
Israel alega que pelo menos 10 das vítimas da semana passada eram militantes, 8 do Hamas. A Cisjordânia é governada pela Autoridade Palestina, ligada à Fatah, facção rival. Os dois grupos chegaram a anunciar um acordo para unificar o governo, mas não colocaram o plano em prática. / W.POST, NYT e REUTERS