TEERÃ - Os três candidatos conservadores à presidência do Irã criticaram nesta sexta-feira, 5, a execução e os resultados obtidos do acordo nuclear assinado em julho de 2015 com o Grupo P5+1, embora tenham se comprometido a cumpri-lo.
O acordo nuclear entrou em vigor em janeiro de 2016 e estipula uma limitação e controle das atividades nucleares do Irã em troca do fim das sanções internacionais.
No segundo debate presidencial, transmitido ao vivo pela TV, o clérigo conservador Ebrahim Raisi disse que "o Irã cumpriu completamente suas promessas (do acordo), mas a contraparte não", em alusão ao grupo das cinco potências nucleares do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia) mais a Alemanha.
"Em minha opinião, este governo recebeu um cheque, mas não pode sacá-lo e não tem influência para poder cobrá-lo", destacou Raisi, um dos principais rivais do presidente, Hassan Rohani, nas eleições do dia 19 de maio.
Neste sentido, o candidato disse que um dos problemas é que durante as negociações sobre o acordo foram enviados sinais negativos sobre o Irã e suas "fragilidades", como que os cofres estavam vazios.O clérigo frisou que o JCPOA, como é conhecido o acordo, é "um pacto nacional" que é respeitado apesar de seus "defeitos".
Por sua vez, o prefeito de Teerã, Mohamad Baqer Qalibaf, ressaltou que "o problema é a execução do acordo", que não beneficiou a população. "As pessoas respondem que não houve nenhum impacto. Temos de receber nosso benefício do acordo", disse Qalibaf, reiterando que apenas 4% da população mais rica se beneficiou do pacto.
Qalibaf também expressou seu respeito ao pacto e criticou o não cumprimento por parte das potências. Essa opinião é compartilhada pelo candidato conservador, o ex-ministro Mostafa Mirsalim, que denunciou que continua havendo "embargo e limitações" ao conhecimento nuclear. "Em que nos beneficiou nesse aspeto?", questionou.
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Mirsalim alegou que há cientistas nucleares desempregados, instalações paralisadas e foram mantidas as sanções no sistema bancário.
Diante destas críticas, Rohani contra-atacou insistindo que o povo "precisa de garantias" de que as sanções não serão novamente impostas. Por isso, pediu a seus oponentes que esclareçam se vão cumprir o acordo e como vão interagir com os outros países.
O vice-presidente iraniano, Eshaq Yahanguiri, reconheceu que houve "alguns erros" que devem ser corrigidos, mas que graças ao acordo "o Irã tem direito nuclear, já não há sanções e se acabou com a iranofobia".
Ele destacou a exportação de petróleo e produtos petroquímicos e o fato de que tenham sido recuperados milhões de dólares que estavam em bancos estrangeiros bloqueados pelas sanções.
"Se tivessem continuado os governos prepotentes as exportações iam parar e a situação econômica seria péssima", concluiu Yahanguiri. / EFE