Escândalos põem economia argentina na encruzilhada


Lavagem de dinheiro, acusações contra presidente do Banco Central e o assassinato de um financista abalam os argentinos

Por Agencia Estado

A lavagem de dinheiro, em triangulação com o Citibank, as acusações contra presidente do Banco Central Argentina (BCRA), Pedro Pou, de não ter agido nessa questão, e o assassinato do financista Mariano Perel, em fevereiro, estão deixando a Argentina em uma verdadeira encruzilhada. O mercado financeiro teme impactos irreparáveis se Pou for destituído. Os empresários estão assustados com a situação econômica do país e já acreditam que a sonhada recuperação deva demorar mais do esperado. Os economistas e a população começam a perder a paciência depois que o risco do país voltou a subir e a prometida reativação pode se ver afetada mais ainda com a crise na Turquia. Pou, que agora vem sendo acusado de enriquecimento ilícito e de ter um patrimônio acima de suas possibilidades, se recusa a renunciar. A destituição dele está nas mãos do presidente Fernando de la Rúa, que teria de indicar um nome de sua confiança e, depois, ser aprovado no Senado. Um pessoa muito próximo ao presidente do BC argentino disse à Agência Estado que Pou pretende esgotar todas as instâncias de investigação antes de pensar em uma renúncia. "Por mais cansaço e desgaste que essas denúncias provoquem, Pou vai continuar em suas funções, até 2004, conforme aprovação do Senado. Renunciar implicaria fugir das investigações e dos processos e criar suspeitas de ser o responsável por todo esse escândalo", disse a fonte. Comunhão de bens Sobre o patrimônio de US$ 7 milhões, incluindo apartamento em Buenos Aires e fazenda na Província de Entre Rios, a fonte disse apenas que Pou casou-se com a filha de um dos maiores produtores de vinho do país. Ao divorciar-se, Pou teria levado uma pequena fortuna por causa da comunhão de bens. Mesmo que as acusações sejam verdadeiras ou falsas e que as explicações sejam convincentes ou não, o certo é que o presidente do Banco Central está no meio de um escândalo que envolve o Citibank de Nova York e alguns dos principais atores do processo econômico argentino que começou em 1989, quando Carlos Menem chegou ao poder. O informe elaborado por um comitê do Senado norte-americano, que entrou esta semana em fase de audiências e depoimentos, deve ainda arrastar ainda mais pessoas ao vendaval do escândalo. O banqueiro argentino Raul Moneta, por exemplo, não conseguirá mais negar que o Federal Bank, nas Bahamas, é de propriedade dele. O banco foi considerado pelos congressistas norte-americanos como uma instituição que lavava dinheiro em triangulação com o Citibank de Nova York e o BC argentino. De acordo ainda com as investigações, o Citibank também terá dificuldades para provar que não conhecia a seu cliente. Moneta e o ex-presidente do Citibank em Buenos Aires Richard Handley eram amigos e foram sócios em uma empresa chamada CEI, constituída para que o Citibank pudesse participar no processo de privatizações na Argentina. Carta O financista morto a balas no início de fevereiro deixou uma carta relacionando nomes de empresas e pessoas vinculadas com a lavagem de dinheiro na Argentina, no Uruguai e nas Bahamas. "Tenho medo de que, sob uma armadilha ou manobra montadas que não possa prevê-las, me detenham ou simulem um acidente na prisão ou façam mesmo parecer um suicídio que está longe de minhas intenções", escreveu Perel ma carta, antes de seu corpo aparecer ao lado da esposa Rosa Losanosky, crivado de balas no dia 4 de fevereiro em Cariló, balneário famoso a 350 quilômetros de Buenos Aires. Perel menciona vários bancos e entidades usadas para lavar e enviar dinheiro ao Exterior. A carta será usada pela comissão do Congresso que investiga Pou. Estatísticas oficiais do Ministério de Economia indicam que o dinheiro de argentinos depositados no Exterior somam mais de US$ 100 bilhões, a maioria sem pagar imposto. Mas a rede montada para lavar dinheiro é ainda mais extensa. Na audiência de sexta-feira no Senado norte-americano, onde será discutido o informe do comitê, deve ficar claro que parte do dinheiro da Daforel, uma empresa fantasma uruguaia utilizada para vender armas ao Equador e à Croácia, passou também pelo circuito do Citibank e do Federal Bank, onde mantinha conta corrente. As investigações mostram também amplas operações entre a American Exchange, empresa estabelecida em nome de um funcionário do presidente do Banco República, BenitoLucini, o Federal Bank e o Citi de Nova York. O informe acusa o Citi de ter sido condescendente e de não ter exercido controle sobre esses bancos, por onde passou dinheiro da corrupção e do pagamento de propinas no período das privatizações na Argentina. O informe do Senado norte-americano menciona também o pagamento de US$ 1 milhão por conceito de propina do contrato que a IBM obteve para trocar todo o sistema de informatização do Banco Nación. Esse pagamento teria sido feito via Federal Bank. Por isso, a audiência de sexta-feira no Senado norte-americano é a mais importante para a Argentina. As principais testemunhas serão o atual presidente do Citibank na Argentina, Carlos Fedrigotti, o ex-presidente do Citi em Buenos Aires Jorge Bermúdez, hoje diretor de e-business do Citibank N.A, e do ex-diretor da subsidiária argentina e atual vice-presidente do Citibank na África do Sul, Martín López. O escândalo tomou tais proporções que até o crescimento econômico do país está sendo relacionado e condicionado à sua investigação. O ministro da Justiça e irmão do presidente argentino, Jorge de la Rúa, considerou e sugeriu que a eventual renúncia de Pedro Pou ajudaria a tranqüilizar o mercado financeiro. Antes de embarcar para a Europa, onde assinará convênios de assistência de luta contra a lavagem de dinheiro, o primeiro-irmão declarou que é necessário realçar a autonomia do BC, já que é uma das garantias do rumo da economia e da estabilidade monetária e financeira. "As pessoas não são mero acessórios. Por isso, é legítimo exigir que as denúncias sejam provadas, mas também é legítimo ver se, em certas circunstâncias, a permanência de um funcionário afeta a credibilidade do sistema. Quiçá seria conveniente que prevaleça o interesse e a integridade da instituição."

A lavagem de dinheiro, em triangulação com o Citibank, as acusações contra presidente do Banco Central Argentina (BCRA), Pedro Pou, de não ter agido nessa questão, e o assassinato do financista Mariano Perel, em fevereiro, estão deixando a Argentina em uma verdadeira encruzilhada. O mercado financeiro teme impactos irreparáveis se Pou for destituído. Os empresários estão assustados com a situação econômica do país e já acreditam que a sonhada recuperação deva demorar mais do esperado. Os economistas e a população começam a perder a paciência depois que o risco do país voltou a subir e a prometida reativação pode se ver afetada mais ainda com a crise na Turquia. Pou, que agora vem sendo acusado de enriquecimento ilícito e de ter um patrimônio acima de suas possibilidades, se recusa a renunciar. A destituição dele está nas mãos do presidente Fernando de la Rúa, que teria de indicar um nome de sua confiança e, depois, ser aprovado no Senado. Um pessoa muito próximo ao presidente do BC argentino disse à Agência Estado que Pou pretende esgotar todas as instâncias de investigação antes de pensar em uma renúncia. "Por mais cansaço e desgaste que essas denúncias provoquem, Pou vai continuar em suas funções, até 2004, conforme aprovação do Senado. Renunciar implicaria fugir das investigações e dos processos e criar suspeitas de ser o responsável por todo esse escândalo", disse a fonte. Comunhão de bens Sobre o patrimônio de US$ 7 milhões, incluindo apartamento em Buenos Aires e fazenda na Província de Entre Rios, a fonte disse apenas que Pou casou-se com a filha de um dos maiores produtores de vinho do país. Ao divorciar-se, Pou teria levado uma pequena fortuna por causa da comunhão de bens. Mesmo que as acusações sejam verdadeiras ou falsas e que as explicações sejam convincentes ou não, o certo é que o presidente do Banco Central está no meio de um escândalo que envolve o Citibank de Nova York e alguns dos principais atores do processo econômico argentino que começou em 1989, quando Carlos Menem chegou ao poder. O informe elaborado por um comitê do Senado norte-americano, que entrou esta semana em fase de audiências e depoimentos, deve ainda arrastar ainda mais pessoas ao vendaval do escândalo. O banqueiro argentino Raul Moneta, por exemplo, não conseguirá mais negar que o Federal Bank, nas Bahamas, é de propriedade dele. O banco foi considerado pelos congressistas norte-americanos como uma instituição que lavava dinheiro em triangulação com o Citibank de Nova York e o BC argentino. De acordo ainda com as investigações, o Citibank também terá dificuldades para provar que não conhecia a seu cliente. Moneta e o ex-presidente do Citibank em Buenos Aires Richard Handley eram amigos e foram sócios em uma empresa chamada CEI, constituída para que o Citibank pudesse participar no processo de privatizações na Argentina. Carta O financista morto a balas no início de fevereiro deixou uma carta relacionando nomes de empresas e pessoas vinculadas com a lavagem de dinheiro na Argentina, no Uruguai e nas Bahamas. "Tenho medo de que, sob uma armadilha ou manobra montadas que não possa prevê-las, me detenham ou simulem um acidente na prisão ou façam mesmo parecer um suicídio que está longe de minhas intenções", escreveu Perel ma carta, antes de seu corpo aparecer ao lado da esposa Rosa Losanosky, crivado de balas no dia 4 de fevereiro em Cariló, balneário famoso a 350 quilômetros de Buenos Aires. Perel menciona vários bancos e entidades usadas para lavar e enviar dinheiro ao Exterior. A carta será usada pela comissão do Congresso que investiga Pou. Estatísticas oficiais do Ministério de Economia indicam que o dinheiro de argentinos depositados no Exterior somam mais de US$ 100 bilhões, a maioria sem pagar imposto. Mas a rede montada para lavar dinheiro é ainda mais extensa. Na audiência de sexta-feira no Senado norte-americano, onde será discutido o informe do comitê, deve ficar claro que parte do dinheiro da Daforel, uma empresa fantasma uruguaia utilizada para vender armas ao Equador e à Croácia, passou também pelo circuito do Citibank e do Federal Bank, onde mantinha conta corrente. As investigações mostram também amplas operações entre a American Exchange, empresa estabelecida em nome de um funcionário do presidente do Banco República, BenitoLucini, o Federal Bank e o Citi de Nova York. O informe acusa o Citi de ter sido condescendente e de não ter exercido controle sobre esses bancos, por onde passou dinheiro da corrupção e do pagamento de propinas no período das privatizações na Argentina. O informe do Senado norte-americano menciona também o pagamento de US$ 1 milhão por conceito de propina do contrato que a IBM obteve para trocar todo o sistema de informatização do Banco Nación. Esse pagamento teria sido feito via Federal Bank. Por isso, a audiência de sexta-feira no Senado norte-americano é a mais importante para a Argentina. As principais testemunhas serão o atual presidente do Citibank na Argentina, Carlos Fedrigotti, o ex-presidente do Citi em Buenos Aires Jorge Bermúdez, hoje diretor de e-business do Citibank N.A, e do ex-diretor da subsidiária argentina e atual vice-presidente do Citibank na África do Sul, Martín López. O escândalo tomou tais proporções que até o crescimento econômico do país está sendo relacionado e condicionado à sua investigação. O ministro da Justiça e irmão do presidente argentino, Jorge de la Rúa, considerou e sugeriu que a eventual renúncia de Pedro Pou ajudaria a tranqüilizar o mercado financeiro. Antes de embarcar para a Europa, onde assinará convênios de assistência de luta contra a lavagem de dinheiro, o primeiro-irmão declarou que é necessário realçar a autonomia do BC, já que é uma das garantias do rumo da economia e da estabilidade monetária e financeira. "As pessoas não são mero acessórios. Por isso, é legítimo exigir que as denúncias sejam provadas, mas também é legítimo ver se, em certas circunstâncias, a permanência de um funcionário afeta a credibilidade do sistema. Quiçá seria conveniente que prevaleça o interesse e a integridade da instituição."

A lavagem de dinheiro, em triangulação com o Citibank, as acusações contra presidente do Banco Central Argentina (BCRA), Pedro Pou, de não ter agido nessa questão, e o assassinato do financista Mariano Perel, em fevereiro, estão deixando a Argentina em uma verdadeira encruzilhada. O mercado financeiro teme impactos irreparáveis se Pou for destituído. Os empresários estão assustados com a situação econômica do país e já acreditam que a sonhada recuperação deva demorar mais do esperado. Os economistas e a população começam a perder a paciência depois que o risco do país voltou a subir e a prometida reativação pode se ver afetada mais ainda com a crise na Turquia. Pou, que agora vem sendo acusado de enriquecimento ilícito e de ter um patrimônio acima de suas possibilidades, se recusa a renunciar. A destituição dele está nas mãos do presidente Fernando de la Rúa, que teria de indicar um nome de sua confiança e, depois, ser aprovado no Senado. Um pessoa muito próximo ao presidente do BC argentino disse à Agência Estado que Pou pretende esgotar todas as instâncias de investigação antes de pensar em uma renúncia. "Por mais cansaço e desgaste que essas denúncias provoquem, Pou vai continuar em suas funções, até 2004, conforme aprovação do Senado. Renunciar implicaria fugir das investigações e dos processos e criar suspeitas de ser o responsável por todo esse escândalo", disse a fonte. Comunhão de bens Sobre o patrimônio de US$ 7 milhões, incluindo apartamento em Buenos Aires e fazenda na Província de Entre Rios, a fonte disse apenas que Pou casou-se com a filha de um dos maiores produtores de vinho do país. Ao divorciar-se, Pou teria levado uma pequena fortuna por causa da comunhão de bens. Mesmo que as acusações sejam verdadeiras ou falsas e que as explicações sejam convincentes ou não, o certo é que o presidente do Banco Central está no meio de um escândalo que envolve o Citibank de Nova York e alguns dos principais atores do processo econômico argentino que começou em 1989, quando Carlos Menem chegou ao poder. O informe elaborado por um comitê do Senado norte-americano, que entrou esta semana em fase de audiências e depoimentos, deve ainda arrastar ainda mais pessoas ao vendaval do escândalo. O banqueiro argentino Raul Moneta, por exemplo, não conseguirá mais negar que o Federal Bank, nas Bahamas, é de propriedade dele. O banco foi considerado pelos congressistas norte-americanos como uma instituição que lavava dinheiro em triangulação com o Citibank de Nova York e o BC argentino. De acordo ainda com as investigações, o Citibank também terá dificuldades para provar que não conhecia a seu cliente. Moneta e o ex-presidente do Citibank em Buenos Aires Richard Handley eram amigos e foram sócios em uma empresa chamada CEI, constituída para que o Citibank pudesse participar no processo de privatizações na Argentina. Carta O financista morto a balas no início de fevereiro deixou uma carta relacionando nomes de empresas e pessoas vinculadas com a lavagem de dinheiro na Argentina, no Uruguai e nas Bahamas. "Tenho medo de que, sob uma armadilha ou manobra montadas que não possa prevê-las, me detenham ou simulem um acidente na prisão ou façam mesmo parecer um suicídio que está longe de minhas intenções", escreveu Perel ma carta, antes de seu corpo aparecer ao lado da esposa Rosa Losanosky, crivado de balas no dia 4 de fevereiro em Cariló, balneário famoso a 350 quilômetros de Buenos Aires. Perel menciona vários bancos e entidades usadas para lavar e enviar dinheiro ao Exterior. A carta será usada pela comissão do Congresso que investiga Pou. Estatísticas oficiais do Ministério de Economia indicam que o dinheiro de argentinos depositados no Exterior somam mais de US$ 100 bilhões, a maioria sem pagar imposto. Mas a rede montada para lavar dinheiro é ainda mais extensa. Na audiência de sexta-feira no Senado norte-americano, onde será discutido o informe do comitê, deve ficar claro que parte do dinheiro da Daforel, uma empresa fantasma uruguaia utilizada para vender armas ao Equador e à Croácia, passou também pelo circuito do Citibank e do Federal Bank, onde mantinha conta corrente. As investigações mostram também amplas operações entre a American Exchange, empresa estabelecida em nome de um funcionário do presidente do Banco República, BenitoLucini, o Federal Bank e o Citi de Nova York. O informe acusa o Citi de ter sido condescendente e de não ter exercido controle sobre esses bancos, por onde passou dinheiro da corrupção e do pagamento de propinas no período das privatizações na Argentina. O informe do Senado norte-americano menciona também o pagamento de US$ 1 milhão por conceito de propina do contrato que a IBM obteve para trocar todo o sistema de informatização do Banco Nación. Esse pagamento teria sido feito via Federal Bank. Por isso, a audiência de sexta-feira no Senado norte-americano é a mais importante para a Argentina. As principais testemunhas serão o atual presidente do Citibank na Argentina, Carlos Fedrigotti, o ex-presidente do Citi em Buenos Aires Jorge Bermúdez, hoje diretor de e-business do Citibank N.A, e do ex-diretor da subsidiária argentina e atual vice-presidente do Citibank na África do Sul, Martín López. O escândalo tomou tais proporções que até o crescimento econômico do país está sendo relacionado e condicionado à sua investigação. O ministro da Justiça e irmão do presidente argentino, Jorge de la Rúa, considerou e sugeriu que a eventual renúncia de Pedro Pou ajudaria a tranqüilizar o mercado financeiro. Antes de embarcar para a Europa, onde assinará convênios de assistência de luta contra a lavagem de dinheiro, o primeiro-irmão declarou que é necessário realçar a autonomia do BC, já que é uma das garantias do rumo da economia e da estabilidade monetária e financeira. "As pessoas não são mero acessórios. Por isso, é legítimo exigir que as denúncias sejam provadas, mas também é legítimo ver se, em certas circunstâncias, a permanência de um funcionário afeta a credibilidade do sistema. Quiçá seria conveniente que prevaleça o interesse e a integridade da instituição."

A lavagem de dinheiro, em triangulação com o Citibank, as acusações contra presidente do Banco Central Argentina (BCRA), Pedro Pou, de não ter agido nessa questão, e o assassinato do financista Mariano Perel, em fevereiro, estão deixando a Argentina em uma verdadeira encruzilhada. O mercado financeiro teme impactos irreparáveis se Pou for destituído. Os empresários estão assustados com a situação econômica do país e já acreditam que a sonhada recuperação deva demorar mais do esperado. Os economistas e a população começam a perder a paciência depois que o risco do país voltou a subir e a prometida reativação pode se ver afetada mais ainda com a crise na Turquia. Pou, que agora vem sendo acusado de enriquecimento ilícito e de ter um patrimônio acima de suas possibilidades, se recusa a renunciar. A destituição dele está nas mãos do presidente Fernando de la Rúa, que teria de indicar um nome de sua confiança e, depois, ser aprovado no Senado. Um pessoa muito próximo ao presidente do BC argentino disse à Agência Estado que Pou pretende esgotar todas as instâncias de investigação antes de pensar em uma renúncia. "Por mais cansaço e desgaste que essas denúncias provoquem, Pou vai continuar em suas funções, até 2004, conforme aprovação do Senado. Renunciar implicaria fugir das investigações e dos processos e criar suspeitas de ser o responsável por todo esse escândalo", disse a fonte. Comunhão de bens Sobre o patrimônio de US$ 7 milhões, incluindo apartamento em Buenos Aires e fazenda na Província de Entre Rios, a fonte disse apenas que Pou casou-se com a filha de um dos maiores produtores de vinho do país. Ao divorciar-se, Pou teria levado uma pequena fortuna por causa da comunhão de bens. Mesmo que as acusações sejam verdadeiras ou falsas e que as explicações sejam convincentes ou não, o certo é que o presidente do Banco Central está no meio de um escândalo que envolve o Citibank de Nova York e alguns dos principais atores do processo econômico argentino que começou em 1989, quando Carlos Menem chegou ao poder. O informe elaborado por um comitê do Senado norte-americano, que entrou esta semana em fase de audiências e depoimentos, deve ainda arrastar ainda mais pessoas ao vendaval do escândalo. O banqueiro argentino Raul Moneta, por exemplo, não conseguirá mais negar que o Federal Bank, nas Bahamas, é de propriedade dele. O banco foi considerado pelos congressistas norte-americanos como uma instituição que lavava dinheiro em triangulação com o Citibank de Nova York e o BC argentino. De acordo ainda com as investigações, o Citibank também terá dificuldades para provar que não conhecia a seu cliente. Moneta e o ex-presidente do Citibank em Buenos Aires Richard Handley eram amigos e foram sócios em uma empresa chamada CEI, constituída para que o Citibank pudesse participar no processo de privatizações na Argentina. Carta O financista morto a balas no início de fevereiro deixou uma carta relacionando nomes de empresas e pessoas vinculadas com a lavagem de dinheiro na Argentina, no Uruguai e nas Bahamas. "Tenho medo de que, sob uma armadilha ou manobra montadas que não possa prevê-las, me detenham ou simulem um acidente na prisão ou façam mesmo parecer um suicídio que está longe de minhas intenções", escreveu Perel ma carta, antes de seu corpo aparecer ao lado da esposa Rosa Losanosky, crivado de balas no dia 4 de fevereiro em Cariló, balneário famoso a 350 quilômetros de Buenos Aires. Perel menciona vários bancos e entidades usadas para lavar e enviar dinheiro ao Exterior. A carta será usada pela comissão do Congresso que investiga Pou. Estatísticas oficiais do Ministério de Economia indicam que o dinheiro de argentinos depositados no Exterior somam mais de US$ 100 bilhões, a maioria sem pagar imposto. Mas a rede montada para lavar dinheiro é ainda mais extensa. Na audiência de sexta-feira no Senado norte-americano, onde será discutido o informe do comitê, deve ficar claro que parte do dinheiro da Daforel, uma empresa fantasma uruguaia utilizada para vender armas ao Equador e à Croácia, passou também pelo circuito do Citibank e do Federal Bank, onde mantinha conta corrente. As investigações mostram também amplas operações entre a American Exchange, empresa estabelecida em nome de um funcionário do presidente do Banco República, BenitoLucini, o Federal Bank e o Citi de Nova York. O informe acusa o Citi de ter sido condescendente e de não ter exercido controle sobre esses bancos, por onde passou dinheiro da corrupção e do pagamento de propinas no período das privatizações na Argentina. O informe do Senado norte-americano menciona também o pagamento de US$ 1 milhão por conceito de propina do contrato que a IBM obteve para trocar todo o sistema de informatização do Banco Nación. Esse pagamento teria sido feito via Federal Bank. Por isso, a audiência de sexta-feira no Senado norte-americano é a mais importante para a Argentina. As principais testemunhas serão o atual presidente do Citibank na Argentina, Carlos Fedrigotti, o ex-presidente do Citi em Buenos Aires Jorge Bermúdez, hoje diretor de e-business do Citibank N.A, e do ex-diretor da subsidiária argentina e atual vice-presidente do Citibank na África do Sul, Martín López. O escândalo tomou tais proporções que até o crescimento econômico do país está sendo relacionado e condicionado à sua investigação. O ministro da Justiça e irmão do presidente argentino, Jorge de la Rúa, considerou e sugeriu que a eventual renúncia de Pedro Pou ajudaria a tranqüilizar o mercado financeiro. Antes de embarcar para a Europa, onde assinará convênios de assistência de luta contra a lavagem de dinheiro, o primeiro-irmão declarou que é necessário realçar a autonomia do BC, já que é uma das garantias do rumo da economia e da estabilidade monetária e financeira. "As pessoas não são mero acessórios. Por isso, é legítimo exigir que as denúncias sejam provadas, mas também é legítimo ver se, em certas circunstâncias, a permanência de um funcionário afeta a credibilidade do sistema. Quiçá seria conveniente que prevaleça o interesse e a integridade da instituição."

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