Alexander Burns e Amy Chozick,THE NEW YORK TIMES
Hillary Clinton começou a capitalizar sua vantagem na corrida presidencial. Ontem, ela pediu a eleitores negros da Carolina do Norte que votem antecipadamente, enquanto republicanos admitem ser cada vez mais improvável que Donald Trump se recupere nas pesquisas.
Com uma ampla vantagem nas pesquisas nacionais, Hillary vem pedindo a eleitores democratas de Estados em que a votação já começou que saiam de casa e votem. Se consolidar uma boa dianteira antes da eleição do dia 8 em Estados como a Carolina do Norte e a Flórida, ela pode tornar muito difícil a possibilidade de uma virada de última hora de Trump.
Pela manhã, Hillary se reuniu numa igreja de Raleigh com mães que tiveram filhos mortos a tiros ou em confrontos com a polícia. Sua fala à congregação soou como a de um candidato que, passada a eleição, dirigia-se a uma nação profundamente dividida. "Há muita gente em nosso país ansiosa para superar as divisões, não importando o que tenha ouvido na campanha", disse Hillary. "Há pessoas - milhões e milhões - fazendo a si mesmas perguntas difíceis, procurando meios de trabalhar juntas para resolver os problemas que enfrentamos."
Geneva Reed-Veal, cuja filha, Sandra Bland, morreu numa cadeia do Texas depois de ser detida numa blitz de trânsito meses atrás, exortou a congregação a se fazer ouvir nas urnas. "Quem decidir não votar, que cale a boca", afirmou.
Na prática, tanto Hillary quanto importantes grupos republicanos já deixaram Trump de lado desde o debate presidencial final, na quarta-feira, tratando-o como candidato derrotado e voltando a atenção para aumentar o comparecimento às urnas e ganhar o controle do Congresso.
Pesquisa do programa de TV ABC News divulgada ontem mostra Hillary à frente de Trump por 12 pontos porcentuais; o republicano teria apenas 38% das intenções de voto.
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Hillary, que ficou com 50% na pesquisa, esnobou abertamente Trump durante o fim de semana, dizendo a repórteres que não se preocuparia mais em responder aos ataques do rival. "Debati com ele por quatro horas e meia", disse ela. "Não vou responder a mais nada."
Karl Rove, estrategista das duas campanhas vitoriosas de George W. Bush, disse no canal Fox News que não acredita numa virada de Trump nestas duas semanas finais de campanha. "Não vejo como", afirmou.
Dois grupos alinhados com os republicanos, a Câmara de Comércio dos EUA e o Fundo de Liderança do Senado, começarão a divulgar anúncios na TV para a corrida pelo Senado. Os anúncios implicam uma provável derrota de Trump e neles se pede aos eleitores que elejam parlamentares republicanos como contrapartida a Hillary.
O Fundo de Liderança Congressual (CLF, na sigla em inglês), um poderoso "supercomitê de ação política" que apoia republicanos na Câmara, começará nos próximos dias a divulgar anúncios chamando candidatos democratas de "carimbadores" das decisões de Hillary e conclamando os eleitores de distritos ainda indecisos a votar em republicanos.
Mike Shields, presidente do CLF, disse que o grupo testou a mensagem e considerou que será eficaz mesmo em áreas mais inclinadas a apoiar Hillary. "Há muitos distritos em que vamos veicular os anúncios sobre os 'carimbadores democratas', disse. "É uma arma muito poderosa a ser usada contra candidatos democratas ao Congresso."
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Os candidatos à Casa Branca, Donald Trump e Hillary Clinton, se encontraram na quinta-feira no jantar anual do calendário político Alfred E. Smith na quinta-feira em Nova York. O evento provavelmente marcou o último encontro entre ambos antes das eleições.
A gerente de campanha de Trump, Kellyanne Conway, admitiu no programa Meet the Press, da NBC, que Trump está atrás na corrida. Ela disse que a campanha investirá em eleitores indecisos que no momento não apoiam Trump, mas também não gostam de Hillary.
Nos últimos dias, o bilionário tem tido pouco empenho em divulgar uma mensagem afinada de campanha, ou tentar corrigir as principais falhas de sua candidatura. Num discurso sábado, em que deveria esboçar sua mensagem de encerramento da disputa, Trump preferiu fazer uma ameaça de processar todas as mulheres que o acusaram de assediá-las sexualmente. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ