WASHINGTON - Quando o ex-governador da Georgia, Sonny Perdue, saiu do elevador do 26º andar da Trump Tower há alguns dias para uma entrevista com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ele esperava ser muito pressionado pelo magnata, algo como o que era visto nas cenas do programa de televisão "O Aprendiz", do qual o republicano foi apresentador. Ao invés disso, o que ele encontrou foi uma figura calma e solícita sentada atrás de uma mesa cheia de papéis e jornais.
Por mais de uma década, milhões de americanos acompanharam Trump interrogar possíveis funcionários no programa, com um comportamento que misturava arrogância e desdém. Mas nas últimas semanas, um personagem menos teatral foi revelado no escritório de Trump em Manhattan.
O estilo de entrevista conduzida pelo magnata no mundo real é direto e polêmico, segundo pessoas que já presenciaram esse momento. Ele não faz anotações e não parece se basear em uma lista de perguntas, mas conta com verdadeiros dossiês de seus visitantes e expressa um conhecimento complexo sobre as experiências dos candidatos. Além disso, raramente bebe ou come.
Os participantes, que precisam se desviar dos inúmeros repórteres e fotógrafos que ficam na entrada da Trump Tower, disseram que o presidente eleito normalmente faz perguntas que não podem ser respondidas apenas com "sim" ou "não", e tem pouca paciência para respostas contraditórias.
"Se você for um trapaceiro, ele te cortará da lista", disse Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Deputados que estava na disputa pelo cargo de secretário de Estado do gabinete de Trump, mas desde então afirmou não estar mais interessado. "Trump quer saber o que você pode fazer por ele."
Gingrich ressaltou que o empresário usa a mesma abordagem utilizada em seus negócios bilionários. "Ele costumava definir funções, medir capacidades e fazer julgamentos a partir de perguntas como 'eu acredito que você pode gerenciar meu hotel?' e 'eu quero seu restaurante no meu prédio?'."
A equipe de Donald Trump
Trump quer sentir que o candidato tem potencial para ser contratado, segundo as pessoas que trabalham próximas a ele, e por isso prioriza a química pessoal e o espírito empreendedor. No entanto, ele depende da opinião de seus conselheiros - particularmente o vice-presidente eleito, Mike Pence, e sua filha mais velha, Ivanka Trump.
O magnata valoriza a lealdade e quer saber precisamente o que os candidatos fizeram para ajudá-lo a chegar à Casa Branca. O ex-senador de Massachusetts Scott Brown, que se encontrou com Trump em novembro sobre a possibilidade de ocupar um cargo em seu gabinete, disse que ele perguntou como Brown o ajudaria a cumprir as promessas feitas por ele durante a campanha presidencial. "Ele deixou claro que é um homem de negócios e que irá mandar em pessoas como eu", afirmou o político. "Ele dirá: 'Faça seu trabalho e o faça bem, caso contrário você está demitido'" / NYT