Lei antiimigração 'é insulto', diz eurodeputado


Deputado Paulo Casaca, do Parlamento Europeu, critica medidas contra imigração aprovadas nesta semana

Por Caio Quero

Eleito deputado do Parlamento Europeu pela primeira vez em 1999, o português Paulo Casaca é parte do Grupo do Partido dos Socialistas Europeus.Em entrevista por telefone ao estadão.com.br, ele criticou a aprovação de uma legislação que endurece o tratamento aos imigrantes pelos países do bloco e falou sobre os próximos desafios da União Européia. Acompanhe os principais trechos da entrevista.   Veja também: Parlamento europeu aprova expulsão de imigrantes ilegais Brasil 'lamenta' endurecimento de legislação de imigração na UE   Qual a opinião do senhor a respeito do endurecimento das regras de imigração aprovadas pelo Parlamento Europeu na última quarta-feira?   O grande problema desta resolução, como escreveu em um artigo Jacques Delors (ex-presidente da Comissão Européia entre 1985-1995), é que não faz sentido nenhum começar a pensar a imigração logo pelo retorno destes imigrantes. Por que a primeira peça legislativa sobre imigração que passa pelo Parlamento Europeu trata do retorno, de mandar os imigrantes embora? Isso é ver os imigrantes como um problema e não como um ativo, como uma contribuição positiva à Europa.   Isto (a legislação) é um insulto à grande massa dos europeus que migraram ou que tiveram parentes que migraram para o Brasil, para a América e para a África.   A Europa tem uma enorme tradição de imigração e de repente o parlamento aprova um texto legislativo que considera isto um crime. É um insulto à nossa memória.   A decisão veio no bojo de outras ações contra a imigração tomadas por países membros como a Itália, cujo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, anunciou no final de maio medidas para criminalizar a imigração. Existe um sentimento forte antiimigração entre os governos da Europa hoje? Porque isso acontece?   Em alguns países que enfrentam situações econômicas mais complicadas, e a Itália é um deles, existe esta tentativa de se encontrar bodes expiatórios. No lugar de se enfrentar os problemas, busca-se o alvo mais fácil, e o alvo mais fácil é o imigrante.   Eu gostaria de lembrar que o argumento de Berlusconi é justamente essa legislação européia, que já estava na forja e foi formalmente aprovada esta semana. O que Berlusconi fez à época que sugeriu sua política de imigração foi dizer aos italianos que eles tinham que se por à para da Europa.   Esta legislação talvez seja um sintoma maior de uma ausência de uma estratégia positiva para o desenvolvimento da Europa. Mostra um sentimento de 'Europa fortaleza', uma Europa voltada para si mesma, o que é de fato preocupante.   Na última semana o bloco europeu sofreu um forte baque após a vitória do 'não' no referendo sobre o Tratado de Lisboa na Irlanda. Quais podem ser as conseqüências deste 'não' para o bloco? Há uma distância entre os europeus comuns e as decisões dos dirigentes do bloco?   Eu acho que a tendência é que os principais líderes tentem encontrar uma solução para passar esse obstáculo irlandês, talvez com um novo referendo para o ano que vem.   Eu acho que depois destes episódios de referendos que negam alterações ao Tratado, temos repensar o processo e entender que a UE deve se dirigir aos cidadãos europeus com temas que realmente os interessam.   O problema é que ninguém se interessa por um tratado que é ilegível, composto de centenas de alterações de caráter muito diverso, algumas de caráter processual e outras com conteúdos difíceis de se entender. Isso não mobiliza os cidadãos.   Os europeus querem que sejam tratadas as questões que os ocupam no dia a dia, e isso não está na agenda política européia. Essa é a razão do 'não' irlandês e do baixo comparecimento dos eleitores no referendo.Há um alheamento geral da população.   O senhor faz parte da Delegação para as Relações com o Irã do Parlamento Europeu. Como vê a revelação nesta sexta-feira, 20, de que Israel teria feito exercícios militares visando um eventual ataque às instalações nucleares do país?   Eu acho que o a política que tem sido seguida pelo Ocidente em relação ao Irã é de apaziguamento, uma política que não quer ver a realidade.   Na prática, esta abordagem do Ocidente tem incentivado o regime iraniano a prosseguir uma política expansionista, não só em relação à energia nuclear.   Esta política vai afunilando as opções e acaba por obrigar estados como Israel, que tem sido ameaçado todos os dias pelo Irã, a tomar algumas medidas.   Eu não sei se o bombardeamento vai cumprir os objetivos pretendidos, mas o que me parece fundamental é que o Ocidente, e em particular a Europa, mude a política em relação ao país.

Eleito deputado do Parlamento Europeu pela primeira vez em 1999, o português Paulo Casaca é parte do Grupo do Partido dos Socialistas Europeus.Em entrevista por telefone ao estadão.com.br, ele criticou a aprovação de uma legislação que endurece o tratamento aos imigrantes pelos países do bloco e falou sobre os próximos desafios da União Européia. Acompanhe os principais trechos da entrevista.   Veja também: Parlamento europeu aprova expulsão de imigrantes ilegais Brasil 'lamenta' endurecimento de legislação de imigração na UE   Qual a opinião do senhor a respeito do endurecimento das regras de imigração aprovadas pelo Parlamento Europeu na última quarta-feira?   O grande problema desta resolução, como escreveu em um artigo Jacques Delors (ex-presidente da Comissão Européia entre 1985-1995), é que não faz sentido nenhum começar a pensar a imigração logo pelo retorno destes imigrantes. Por que a primeira peça legislativa sobre imigração que passa pelo Parlamento Europeu trata do retorno, de mandar os imigrantes embora? Isso é ver os imigrantes como um problema e não como um ativo, como uma contribuição positiva à Europa.   Isto (a legislação) é um insulto à grande massa dos europeus que migraram ou que tiveram parentes que migraram para o Brasil, para a América e para a África.   A Europa tem uma enorme tradição de imigração e de repente o parlamento aprova um texto legislativo que considera isto um crime. É um insulto à nossa memória.   A decisão veio no bojo de outras ações contra a imigração tomadas por países membros como a Itália, cujo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, anunciou no final de maio medidas para criminalizar a imigração. Existe um sentimento forte antiimigração entre os governos da Europa hoje? Porque isso acontece?   Em alguns países que enfrentam situações econômicas mais complicadas, e a Itália é um deles, existe esta tentativa de se encontrar bodes expiatórios. No lugar de se enfrentar os problemas, busca-se o alvo mais fácil, e o alvo mais fácil é o imigrante.   Eu gostaria de lembrar que o argumento de Berlusconi é justamente essa legislação européia, que já estava na forja e foi formalmente aprovada esta semana. O que Berlusconi fez à época que sugeriu sua política de imigração foi dizer aos italianos que eles tinham que se por à para da Europa.   Esta legislação talvez seja um sintoma maior de uma ausência de uma estratégia positiva para o desenvolvimento da Europa. Mostra um sentimento de 'Europa fortaleza', uma Europa voltada para si mesma, o que é de fato preocupante.   Na última semana o bloco europeu sofreu um forte baque após a vitória do 'não' no referendo sobre o Tratado de Lisboa na Irlanda. Quais podem ser as conseqüências deste 'não' para o bloco? Há uma distância entre os europeus comuns e as decisões dos dirigentes do bloco?   Eu acho que a tendência é que os principais líderes tentem encontrar uma solução para passar esse obstáculo irlandês, talvez com um novo referendo para o ano que vem.   Eu acho que depois destes episódios de referendos que negam alterações ao Tratado, temos repensar o processo e entender que a UE deve se dirigir aos cidadãos europeus com temas que realmente os interessam.   O problema é que ninguém se interessa por um tratado que é ilegível, composto de centenas de alterações de caráter muito diverso, algumas de caráter processual e outras com conteúdos difíceis de se entender. Isso não mobiliza os cidadãos.   Os europeus querem que sejam tratadas as questões que os ocupam no dia a dia, e isso não está na agenda política européia. Essa é a razão do 'não' irlandês e do baixo comparecimento dos eleitores no referendo.Há um alheamento geral da população.   O senhor faz parte da Delegação para as Relações com o Irã do Parlamento Europeu. Como vê a revelação nesta sexta-feira, 20, de que Israel teria feito exercícios militares visando um eventual ataque às instalações nucleares do país?   Eu acho que o a política que tem sido seguida pelo Ocidente em relação ao Irã é de apaziguamento, uma política que não quer ver a realidade.   Na prática, esta abordagem do Ocidente tem incentivado o regime iraniano a prosseguir uma política expansionista, não só em relação à energia nuclear.   Esta política vai afunilando as opções e acaba por obrigar estados como Israel, que tem sido ameaçado todos os dias pelo Irã, a tomar algumas medidas.   Eu não sei se o bombardeamento vai cumprir os objetivos pretendidos, mas o que me parece fundamental é que o Ocidente, e em particular a Europa, mude a política em relação ao país.

Eleito deputado do Parlamento Europeu pela primeira vez em 1999, o português Paulo Casaca é parte do Grupo do Partido dos Socialistas Europeus.Em entrevista por telefone ao estadão.com.br, ele criticou a aprovação de uma legislação que endurece o tratamento aos imigrantes pelos países do bloco e falou sobre os próximos desafios da União Européia. Acompanhe os principais trechos da entrevista.   Veja também: Parlamento europeu aprova expulsão de imigrantes ilegais Brasil 'lamenta' endurecimento de legislação de imigração na UE   Qual a opinião do senhor a respeito do endurecimento das regras de imigração aprovadas pelo Parlamento Europeu na última quarta-feira?   O grande problema desta resolução, como escreveu em um artigo Jacques Delors (ex-presidente da Comissão Européia entre 1985-1995), é que não faz sentido nenhum começar a pensar a imigração logo pelo retorno destes imigrantes. Por que a primeira peça legislativa sobre imigração que passa pelo Parlamento Europeu trata do retorno, de mandar os imigrantes embora? Isso é ver os imigrantes como um problema e não como um ativo, como uma contribuição positiva à Europa.   Isto (a legislação) é um insulto à grande massa dos europeus que migraram ou que tiveram parentes que migraram para o Brasil, para a América e para a África.   A Europa tem uma enorme tradição de imigração e de repente o parlamento aprova um texto legislativo que considera isto um crime. É um insulto à nossa memória.   A decisão veio no bojo de outras ações contra a imigração tomadas por países membros como a Itália, cujo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, anunciou no final de maio medidas para criminalizar a imigração. Existe um sentimento forte antiimigração entre os governos da Europa hoje? Porque isso acontece?   Em alguns países que enfrentam situações econômicas mais complicadas, e a Itália é um deles, existe esta tentativa de se encontrar bodes expiatórios. No lugar de se enfrentar os problemas, busca-se o alvo mais fácil, e o alvo mais fácil é o imigrante.   Eu gostaria de lembrar que o argumento de Berlusconi é justamente essa legislação européia, que já estava na forja e foi formalmente aprovada esta semana. O que Berlusconi fez à época que sugeriu sua política de imigração foi dizer aos italianos que eles tinham que se por à para da Europa.   Esta legislação talvez seja um sintoma maior de uma ausência de uma estratégia positiva para o desenvolvimento da Europa. Mostra um sentimento de 'Europa fortaleza', uma Europa voltada para si mesma, o que é de fato preocupante.   Na última semana o bloco europeu sofreu um forte baque após a vitória do 'não' no referendo sobre o Tratado de Lisboa na Irlanda. Quais podem ser as conseqüências deste 'não' para o bloco? Há uma distância entre os europeus comuns e as decisões dos dirigentes do bloco?   Eu acho que a tendência é que os principais líderes tentem encontrar uma solução para passar esse obstáculo irlandês, talvez com um novo referendo para o ano que vem.   Eu acho que depois destes episódios de referendos que negam alterações ao Tratado, temos repensar o processo e entender que a UE deve se dirigir aos cidadãos europeus com temas que realmente os interessam.   O problema é que ninguém se interessa por um tratado que é ilegível, composto de centenas de alterações de caráter muito diverso, algumas de caráter processual e outras com conteúdos difíceis de se entender. Isso não mobiliza os cidadãos.   Os europeus querem que sejam tratadas as questões que os ocupam no dia a dia, e isso não está na agenda política européia. Essa é a razão do 'não' irlandês e do baixo comparecimento dos eleitores no referendo.Há um alheamento geral da população.   O senhor faz parte da Delegação para as Relações com o Irã do Parlamento Europeu. Como vê a revelação nesta sexta-feira, 20, de que Israel teria feito exercícios militares visando um eventual ataque às instalações nucleares do país?   Eu acho que o a política que tem sido seguida pelo Ocidente em relação ao Irã é de apaziguamento, uma política que não quer ver a realidade.   Na prática, esta abordagem do Ocidente tem incentivado o regime iraniano a prosseguir uma política expansionista, não só em relação à energia nuclear.   Esta política vai afunilando as opções e acaba por obrigar estados como Israel, que tem sido ameaçado todos os dias pelo Irã, a tomar algumas medidas.   Eu não sei se o bombardeamento vai cumprir os objetivos pretendidos, mas o que me parece fundamental é que o Ocidente, e em particular a Europa, mude a política em relação ao país.

Eleito deputado do Parlamento Europeu pela primeira vez em 1999, o português Paulo Casaca é parte do Grupo do Partido dos Socialistas Europeus.Em entrevista por telefone ao estadão.com.br, ele criticou a aprovação de uma legislação que endurece o tratamento aos imigrantes pelos países do bloco e falou sobre os próximos desafios da União Européia. Acompanhe os principais trechos da entrevista.   Veja também: Parlamento europeu aprova expulsão de imigrantes ilegais Brasil 'lamenta' endurecimento de legislação de imigração na UE   Qual a opinião do senhor a respeito do endurecimento das regras de imigração aprovadas pelo Parlamento Europeu na última quarta-feira?   O grande problema desta resolução, como escreveu em um artigo Jacques Delors (ex-presidente da Comissão Européia entre 1985-1995), é que não faz sentido nenhum começar a pensar a imigração logo pelo retorno destes imigrantes. Por que a primeira peça legislativa sobre imigração que passa pelo Parlamento Europeu trata do retorno, de mandar os imigrantes embora? Isso é ver os imigrantes como um problema e não como um ativo, como uma contribuição positiva à Europa.   Isto (a legislação) é um insulto à grande massa dos europeus que migraram ou que tiveram parentes que migraram para o Brasil, para a América e para a África.   A Europa tem uma enorme tradição de imigração e de repente o parlamento aprova um texto legislativo que considera isto um crime. É um insulto à nossa memória.   A decisão veio no bojo de outras ações contra a imigração tomadas por países membros como a Itália, cujo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, anunciou no final de maio medidas para criminalizar a imigração. Existe um sentimento forte antiimigração entre os governos da Europa hoje? Porque isso acontece?   Em alguns países que enfrentam situações econômicas mais complicadas, e a Itália é um deles, existe esta tentativa de se encontrar bodes expiatórios. No lugar de se enfrentar os problemas, busca-se o alvo mais fácil, e o alvo mais fácil é o imigrante.   Eu gostaria de lembrar que o argumento de Berlusconi é justamente essa legislação européia, que já estava na forja e foi formalmente aprovada esta semana. O que Berlusconi fez à época que sugeriu sua política de imigração foi dizer aos italianos que eles tinham que se por à para da Europa.   Esta legislação talvez seja um sintoma maior de uma ausência de uma estratégia positiva para o desenvolvimento da Europa. Mostra um sentimento de 'Europa fortaleza', uma Europa voltada para si mesma, o que é de fato preocupante.   Na última semana o bloco europeu sofreu um forte baque após a vitória do 'não' no referendo sobre o Tratado de Lisboa na Irlanda. Quais podem ser as conseqüências deste 'não' para o bloco? Há uma distância entre os europeus comuns e as decisões dos dirigentes do bloco?   Eu acho que a tendência é que os principais líderes tentem encontrar uma solução para passar esse obstáculo irlandês, talvez com um novo referendo para o ano que vem.   Eu acho que depois destes episódios de referendos que negam alterações ao Tratado, temos repensar o processo e entender que a UE deve se dirigir aos cidadãos europeus com temas que realmente os interessam.   O problema é que ninguém se interessa por um tratado que é ilegível, composto de centenas de alterações de caráter muito diverso, algumas de caráter processual e outras com conteúdos difíceis de se entender. Isso não mobiliza os cidadãos.   Os europeus querem que sejam tratadas as questões que os ocupam no dia a dia, e isso não está na agenda política européia. Essa é a razão do 'não' irlandês e do baixo comparecimento dos eleitores no referendo.Há um alheamento geral da população.   O senhor faz parte da Delegação para as Relações com o Irã do Parlamento Europeu. Como vê a revelação nesta sexta-feira, 20, de que Israel teria feito exercícios militares visando um eventual ataque às instalações nucleares do país?   Eu acho que o a política que tem sido seguida pelo Ocidente em relação ao Irã é de apaziguamento, uma política que não quer ver a realidade.   Na prática, esta abordagem do Ocidente tem incentivado o regime iraniano a prosseguir uma política expansionista, não só em relação à energia nuclear.   Esta política vai afunilando as opções e acaba por obrigar estados como Israel, que tem sido ameaçado todos os dias pelo Irã, a tomar algumas medidas.   Eu não sei se o bombardeamento vai cumprir os objetivos pretendidos, mas o que me parece fundamental é que o Ocidente, e em particular a Europa, mude a política em relação ao país.

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