Todos os caminhos levam a Berlim

Rolling Stones em Hamburgo com São Pedro conspirando a favor: Eu fui!


Por Fátima Lacerda

Inúmeras são as diferenças entre Berlim e Hamburgo. A distância geográfica é "somente" de 300 km, mas a cultura, a mentalidade são dicotômicas, como ficou mais uma vez provado no último fim de semana.

Megas eventos

Enquanto no final de semana, Berlim sublinhava sua falta de eficiência na coordenação de grandes eventos e 3000 visitantes do Lollapalooza eram mantidos "presos" na estação do S-Bahn (trem que viaja pela superfície) sem poder voltar pra casa e (segundo o corpo de bombeiros) 40 pessoas desmaiavam pelo meio de caminho, por desidratação, desespero ou pânico, a cidade hanseática no norte da Alemanha brilhava na organização e coordenação do show que marcaria o pontapé inicial da turnê europeia dos setentões e os mais autênticos do Rock "n Roll, os Rolling Stones.

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Durante dois dias, quinta e sexta feira, Hamburgo fez jus à sua fama de antro de céu nublado e chuva. Mick Jagger pode ser azarão no futebol, mas durante o show de duas horas e meia, nenhuma gota caira do céu de Hamburgo e ficou provado que os Stones tem ótima credibilidade com os lá de cima.

Depois de uma chuva fina durante a longa caminhada do hotel, pegando o ônibus, saltando para pegar o S-Bahn, cambiando para a Linha 3, estação de metro .Sternschanze" e baldeando para o trem de superfície até chegar em na estação Borsweg, andar como comungando até chegar na hora de mostrar o ingresso, se lutava com a chuva fina desafiando os obcecados por quererem fazer parte de um momento histórico. Mais um na história de um afissurado por essa banda. Perdi as contas quantas vezes já assisti os RS na Europa. Em 2016, o maior de todos os sonhos: assistir os Stones na minha cidade Natal, o Rio de Janeiro.

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A segunda etapa para adentrar o estádio era separar homens de mulheres para que fosse feita a revista corporal. Tive que tirar do baú uma bolsa onde não cabia quase nada e a garrafa de água mineral, eu deixei no carro de supermercado antes da vistoria, somada a um mar de tantas outras também ali abandonadas. A produtora havia, anteriormente, ativado um site com todas as infos sobre o evento. Já se sabia o que se podia levar para o estádio e o que não. A estratégia era aproveitar água mineral até o último minuto antes da desidratação que viria (e veio) com tantas horas na espera e duas horas e meia de show.

"As mulheres tem que ficar de um lado, os homens de outro", avisava um cara no auto-falante, provocando gargalhadas no povo que já se formava na fila. Como ninguém gosta da possibilidade de perder sua cara-metade, ainda mias numa ocasião histórica como dessas, o povo se fez de surdo. "Não se preocupem, depois da revista vocês encontram seus amores!", garantia funcionário da agência produtora local FKPScorpio. Foi ai que começou a separação. Ainda bem que o Christian (por causa da chuva) tinha um boné que era horrível e tenebroso, mas que me ajudava como ponto de referência. Esse show, dessa banda, na data que foi e tantas coisas mais uniam uma gama de simbologia para que isso fosse quebrado por uma medida organizatória e de segurança. Na minha fila apareceram uns caras. "O que esses caras estão fazendo aqui?", Indaguei em voz alta com um tom de voz cheio de ironia. 

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Christian, que não tem nem 1% de aversão a filas como eu, pegou no meu braço e mostrou: "Vai ali naquela fila! Ali só tem 3 mulheres!". Assim foi e em poucos minutos eu havia passado por mais uma etapa.. Encontrado o Christian, agora era só scanear o ingresso. Mesmo tendo certeza da legitimidade do mesmo, rola sempre a paúra de que algo vai dar errado e atrapalhar um meticuloso e sofrido planejamento, especialmente no âmbito logístico. Depois, o desafio era andar num mar de lama com a profundidade de estragar qualquer sapato. Nao faço ideia de quantos pares de sapato foram pro lixo depois do show no Parque da Cidade de Hamburgo. (Stadtpark).

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Outro desafio era ir ao banheiro em contêineres espalhados pelo parque. Para chegar lá, haja lamaçal! Outro desafio, esse financeiro (além de toda a estrutura montada para ir a Hamburgo, comprar o ingresso etc). O copo com inconfundível língua vermelha serviam de recipiente para cerveja e água mineral (somente com gás). A cerveja custava 5 euros e para ter o copo como recipiente, pagavasse 3 euros que seriam ressarcidos assim que o copão fosse devolvido. Tinha gente com uma coleção desses copos nas mãos, com certeza para dar de presente. Para um copão de água mineral, o valor era de 4 euros mais 3 de "garantia" para o copo. "Nunca paguei tanto por uma água mineral na minha vida", reclamei de forma sorridente para o vendedor, que tentou me convencer que aquela marca, "Bonaqua", era "uma água de luxo". Abdiquei da devolução dos 3 euros e o copão, em amarelo com a língua vermelha e o título da turnê atual "No Filter" estampado na parte direita, brilha exposto no armário da minha cozinha.

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Um banquete musical

Para não quebrar a tradição, quis apostar com o Christian qual seria a primeira música. "Start me up", assegurava eu. "Para o início da turnê europeia, só faz sentido iniciar com essa música". Me enganei. Perdi a aposta.

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Duas horas antes do início do show, o céu de Hamburgo ia se clareando até o sol aparecer. Nos pés, lama acumulada em dois dias de chuva, mas duas horas antes do início, São Pedro deu uma trégua para receber os setentões mais ousados do Olimpo musical do Rock 'n Roll.

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Charlie Watts, o mais velho da tropa (76 anos), ao invés da camiseta amarela e calça azul como no show do Maracanã em fevereiro de 2016, em Hamburgo o baterista vestia camisa social branca abotuada até o pescoço. Elegante e Very britisch. O guitarrista Ron Wood (70) seguiu a tradição no uso da jaqueta bordada, desta vez com, "Ron", bordado no braço direito.

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Keith Richards, provavelmente a figura mais cult da banda se manteve fiel ao seu turbante jamaicano.

Mick Jagger (74), o mais vaidoso de todos, vestia por cima de uma elegantérima e camiseta preta de elegância comedida, uma jaqueta prateada. Depois da terceira música ele, já sem a jaqueta, mostrava como é um obcecado pelo Fitness Plus. A silueta, os músculos da barriga e acima de tudo a seu fôlego, não mentem. Mais tarde, ele brilhava pela simplicidade com uma camisa de mangas longas do tipo Highschon e com detalhes vermelhos nas mangas na altura do ombro. Na frente, simplesmente: "Stones". Um dos raros momentos em que Jagger optou pela dialética do Menos é Mais.

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Com um céu já limpo de neves e, ao contrário do momento de peregrinação da estação de metrô para o estádio (2 km), a revista e o conferir do ingresso, a chuva sumiu, o sol apareceu e o semblante das pessoas eram aqueles segundos quando você constata que o impossível se tornou possível, e o sonho se torna palpável, real, pulsante, eletrizante.

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As últimas luzes do dia claro ainda se faziam visíveis quando o palco, composto de 4 telões gigantes, exibiam a famosa língua vermelha para depois transformar os alto-falantes e telões em objetos incandencentes iluminados num vermelho diabólico e instigando forte magnetismo visual e sensorial. Enquanto imperava um fogo diabólico, depois de infinitos "Uhu!" de "Sympathy for the Devil", soava no microfone a inconfundível voz do melhor perfomista ao vivo de todos os tempos: "Please, allow me, to introduce myself, I'm a man of Wealth and Taste". Depois de 5 horas de pé e ter assistido o show de abertura da banda islandesa "Kaleo" e já nem mais sentido os pés, foi nessa hora que se constatava sem dúvida: o momento esperado e ansiado desde maio, do momento do anúncio da turnê havia chegado. O valor dos ingressos variava entre 100 e 800 euros. Segundo fontes da mídia, os ingressos mais caros eram na faixa de 25.000 euros, Super Vip e com direito a um aperto de mao dos 4 principais membros da banda.

"Moin, Moin Hamburg!", saudou Jagger o público da maneira hamburguense e acrescentou: "Boa Noite Alemanha!", em um alemão acompanhado de uma linguagem corporal de enrosca, enrosca, bem do tipo Jagger.

"Tem algúem de Berlim ai?", indafou em inglês na sequência. O Frontman dos Stones sabe também ser diplomático. Quando foi anunciada a turnê europeia e se constatou que ela não passava pela capital, a imprensa berlinense baixou uma surra midiática na banda inglesa. "Como assim, passar ao largo pela capital?!", foi indagado durante dias, ainda mais com a turnê incluindo mais duas cidades germânicas: a bávara Munique (sul do país) e a burguesinha Düsseldorf. Cidades mais antagônicas do que Berlim, impossível.

O motivo é bem mais mundano porque os Stones brilharam pela ausência em Berlim. Os estádios e grandes palcos da capital já estavam com a agenda fechada.

Depois de "Sympathy for the Devil" ele se mostrou informado e mandou: "Meus amigos de Liverpool me disseram que Hamburgo é um lugar propício para se iniciar a carreira", se referindo ao show dos Beatles em 17 de agosto de 1960 no clube "Indra", ao redor da rua mais famosa de Hamburgo, com seu toque de boemia e plataforma para a prostituição. Os garotos de Liverpool sairam de Hamburgo e ganharam o mundo.

Sim à imperfeição!

Mick Jagger falhou duas vezes na hora de entrar na estrofe de duas músicas e a voz de Keith Richards, em duas músicas solo que pode performar não são de alto nível técnico, mas vislumbrando o todo, isso é só um detalhe. Minha cunhada ficou horrorizada com a voz de Keith Richards. Meu cunhado, irmão mais novo do Christian numa penca de ao todo 5 filhos homens, para não discordar da esposa, só insinuou um sorriso diplomático. Eu expressei a "redução radical" de intensidade dramaturgica a partir da quarta música e algo que só foi recuperado com a execução da sétima música "Play with Fire", num repertório com inúmeras músicas de cunho intimista demais para um megaevento que contabiliza um público de 82.000 pessoas secas para tirar as calças pelas cabeças. Esses detalhes de cunho über críticos os dois irmãos não quiseram ouvir. Na realidade, depois de um show desses de caráter histórico mór, só há lugar para o êxtase, a eletricidade de ter presenciado o que, na realidade, era para ser impossível. 4 Setentões fazendo um show fulminante com duração de duas horas e meia sem intervalo. Depois de músicas em intensidade banho-maria, a postura corporal de cunho religioso de Keith Richards além dos acordes que são o alicerce da música, os Stones voltaram com tudo.

O sorriso no lado direito da boa quando ele arranha os acordes de "I know it's Rock 'n Roll" (but I like it) exibem toda a história que iniciou numa loja de discos quando Keith abordou Mick "Que discos que você tem ai" (na tua mão?). Mais de 50 anos depois, Charlie Watts, o Gentleman do grupo, mantém postura e, de vez em quando manda um olhar do tipo um apanhado geral, como o síndico que confere se está tudo indo nos conformes...

Hinos (de nossas vidas)

"Let's spend the night together" não fez parte do repertório em Hamburgo. "Start me up", uma canção que expressa a essência dessa banda "Start me up" (I'll never stop) e a gente faz de um tudo para acreditar e quando a música toca, essa frase se torna uma oração durante a qual até se esquece da paúra que acomete todo fã dos Stones: de que essa pode ser a última vez.

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No café da manhã do Hotel, avistei um grupo de alemães bem comportados, mas como de praxe, também muito bem preparados para esses eventos. Os 4 amigos mandaram fazer camisas personalizadas com seus nomes (Lukas, Detlef) no lado direito do peito e atrás, a frase: "Start me up, talvez seja a última vez" e abaixo, a escrita: "Hamburg 2017".

"It's only Rock'n Roll" (but I like it) exibiu o ápice de um banquete musical e sensorial. E isso na cidade da chuva, Hamburgo. E como bandeira pouca é bobagem, o cosmos mandou não "somente" o céu azul, mas também uma lua para romântico nenhum botar defeito.

A música favorita do diretor Martin Scorcese "Gimme Shelter" veio somente no Bis, algo impensável nos tempos da maravilhosa cantora Backvocal e que fazia dobrinha com Mick Jagger. Lisa Fischer foi substituída por uma cantora de excelente voz, mas a química, o erotismo entre os dois que aflorava nessa música, não rola mais com a nova formação.

Via internet, os alemães podiam escolher entre quatro músicas. A que obteve o maior número de votos foi "Under my Thumb" que, de acordo com a Rolling Stone, edição alemã, teria sido executada pela última vez na turnê de 2006 que teve como uma das estações, o Estádio Olímpico de Berlim naquele 21 de Julho, poucos dias depois da Final da Copa do Mundo na Alemanha. Esse foi só um dos inúmeros shows que Christian e eu já contabilizamos dessa banda que serve para 4 gerações como vitamina, adrenalina, mas acima de tudo, transporta um positivismo que vale para todas as situações da vida. Com todas as perdas, os abandonos, as cicatrizes..."Start me up. I'll never stop" é só uma das orações.

O que faltou

"Let's spend the night together" e "Anybody seen my baby?". Fora isso, a tarde e noite em Hamburgo foi, inesquecível, para dizer ao mínimo. Enquanto em Berlim, a organização do "Lollapalloza" se mostrava catastrófica, a organização de Hamburgo, no estádio, nas redondezas das estacoes de metrô, nas plataformas e nas principais esquinas da cidade merece nota 10.

A quantidade de lama acumulada na grama resultante de dois dias de chuva e, por consequência os milhares de sapatos que foram jogados fora no dia seguinte, se for pra culpar alguém, o assunto é com Sao Pedro.

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Na noite de terca-feira (12) enquanto o FC Bayern enfrentava o Anderlecht na Arena Allianz na fase inicial da LC, os Stones lotavam o Estádio Olímpico da capital bávara. No próximo sábado (16) é a vez dos austríacos assistirem os Stones em Spielberg. Ao contário do show em Munique, com céu azul, meteorologistas avisam para "levar roupa de chuva" pro show na Áustria. Quem sabe Sao Pedro não se mostra também solícito em solos austríacos?

Set list em Hamburgo: 01. Sympathy for the Devil 02. It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It) 03. Tumbling Dice 04. Out of Control 05. Just Your Fool (Buddy Johnson and His Orchestra cover) 06. Ride 'Em on Down (Jimmy Reed cover) 07. Play With Fire 08. You Can't Always Get What You Want 09. Dancing With Mr. D 10. Under My Thumb 11. Paint It Black 12. Honky Tonk Women 13. Slipping Away 14. Happy 15. Midnight Rambler 16. Miss You 17. Start Me Up 18. Street Fighting Man 19. Brown Sugar 20. (I Can't Get No) Satisfaction

Bis: 21. Gimme Shelter 22. Jumpin' Jack Flash

Twitter: #NoFilter

#RollingStones

Inúmeras são as diferenças entre Berlim e Hamburgo. A distância geográfica é "somente" de 300 km, mas a cultura, a mentalidade são dicotômicas, como ficou mais uma vez provado no último fim de semana.

Megas eventos

Enquanto no final de semana, Berlim sublinhava sua falta de eficiência na coordenação de grandes eventos e 3000 visitantes do Lollapalooza eram mantidos "presos" na estação do S-Bahn (trem que viaja pela superfície) sem poder voltar pra casa e (segundo o corpo de bombeiros) 40 pessoas desmaiavam pelo meio de caminho, por desidratação, desespero ou pânico, a cidade hanseática no norte da Alemanha brilhava na organização e coordenação do show que marcaria o pontapé inicial da turnê europeia dos setentões e os mais autênticos do Rock "n Roll, os Rolling Stones.

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Durante dois dias, quinta e sexta feira, Hamburgo fez jus à sua fama de antro de céu nublado e chuva. Mick Jagger pode ser azarão no futebol, mas durante o show de duas horas e meia, nenhuma gota caira do céu de Hamburgo e ficou provado que os Stones tem ótima credibilidade com os lá de cima.

Depois de uma chuva fina durante a longa caminhada do hotel, pegando o ônibus, saltando para pegar o S-Bahn, cambiando para a Linha 3, estação de metro .Sternschanze" e baldeando para o trem de superfície até chegar em na estação Borsweg, andar como comungando até chegar na hora de mostrar o ingresso, se lutava com a chuva fina desafiando os obcecados por quererem fazer parte de um momento histórico. Mais um na história de um afissurado por essa banda. Perdi as contas quantas vezes já assisti os RS na Europa. Em 2016, o maior de todos os sonhos: assistir os Stones na minha cidade Natal, o Rio de Janeiro.

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A segunda etapa para adentrar o estádio era separar homens de mulheres para que fosse feita a revista corporal. Tive que tirar do baú uma bolsa onde não cabia quase nada e a garrafa de água mineral, eu deixei no carro de supermercado antes da vistoria, somada a um mar de tantas outras também ali abandonadas. A produtora havia, anteriormente, ativado um site com todas as infos sobre o evento. Já se sabia o que se podia levar para o estádio e o que não. A estratégia era aproveitar água mineral até o último minuto antes da desidratação que viria (e veio) com tantas horas na espera e duas horas e meia de show.

"As mulheres tem que ficar de um lado, os homens de outro", avisava um cara no auto-falante, provocando gargalhadas no povo que já se formava na fila. Como ninguém gosta da possibilidade de perder sua cara-metade, ainda mias numa ocasião histórica como dessas, o povo se fez de surdo. "Não se preocupem, depois da revista vocês encontram seus amores!", garantia funcionário da agência produtora local FKPScorpio. Foi ai que começou a separação. Ainda bem que o Christian (por causa da chuva) tinha um boné que era horrível e tenebroso, mas que me ajudava como ponto de referência. Esse show, dessa banda, na data que foi e tantas coisas mais uniam uma gama de simbologia para que isso fosse quebrado por uma medida organizatória e de segurança. Na minha fila apareceram uns caras. "O que esses caras estão fazendo aqui?", Indaguei em voz alta com um tom de voz cheio de ironia. 

Christian, que não tem nem 1% de aversão a filas como eu, pegou no meu braço e mostrou: "Vai ali naquela fila! Ali só tem 3 mulheres!". Assim foi e em poucos minutos eu havia passado por mais uma etapa.. Encontrado o Christian, agora era só scanear o ingresso. Mesmo tendo certeza da legitimidade do mesmo, rola sempre a paúra de que algo vai dar errado e atrapalhar um meticuloso e sofrido planejamento, especialmente no âmbito logístico. Depois, o desafio era andar num mar de lama com a profundidade de estragar qualquer sapato. Nao faço ideia de quantos pares de sapato foram pro lixo depois do show no Parque da Cidade de Hamburgo. (Stadtpark).

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Outro desafio era ir ao banheiro em contêineres espalhados pelo parque. Para chegar lá, haja lamaçal! Outro desafio, esse financeiro (além de toda a estrutura montada para ir a Hamburgo, comprar o ingresso etc). O copo com inconfundível língua vermelha serviam de recipiente para cerveja e água mineral (somente com gás). A cerveja custava 5 euros e para ter o copo como recipiente, pagavasse 3 euros que seriam ressarcidos assim que o copão fosse devolvido. Tinha gente com uma coleção desses copos nas mãos, com certeza para dar de presente. Para um copão de água mineral, o valor era de 4 euros mais 3 de "garantia" para o copo. "Nunca paguei tanto por uma água mineral na minha vida", reclamei de forma sorridente para o vendedor, que tentou me convencer que aquela marca, "Bonaqua", era "uma água de luxo". Abdiquei da devolução dos 3 euros e o copão, em amarelo com a língua vermelha e o título da turnê atual "No Filter" estampado na parte direita, brilha exposto no armário da minha cozinha.

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Um banquete musical

Para não quebrar a tradição, quis apostar com o Christian qual seria a primeira música. "Start me up", assegurava eu. "Para o início da turnê europeia, só faz sentido iniciar com essa música". Me enganei. Perdi a aposta.

Duas horas antes do início do show, o céu de Hamburgo ia se clareando até o sol aparecer. Nos pés, lama acumulada em dois dias de chuva, mas duas horas antes do início, São Pedro deu uma trégua para receber os setentões mais ousados do Olimpo musical do Rock 'n Roll.

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Charlie Watts, o mais velho da tropa (76 anos), ao invés da camiseta amarela e calça azul como no show do Maracanã em fevereiro de 2016, em Hamburgo o baterista vestia camisa social branca abotuada até o pescoço. Elegante e Very britisch. O guitarrista Ron Wood (70) seguiu a tradição no uso da jaqueta bordada, desta vez com, "Ron", bordado no braço direito.

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Keith Richards, provavelmente a figura mais cult da banda se manteve fiel ao seu turbante jamaicano.

Mick Jagger (74), o mais vaidoso de todos, vestia por cima de uma elegantérima e camiseta preta de elegância comedida, uma jaqueta prateada. Depois da terceira música ele, já sem a jaqueta, mostrava como é um obcecado pelo Fitness Plus. A silueta, os músculos da barriga e acima de tudo a seu fôlego, não mentem. Mais tarde, ele brilhava pela simplicidade com uma camisa de mangas longas do tipo Highschon e com detalhes vermelhos nas mangas na altura do ombro. Na frente, simplesmente: "Stones". Um dos raros momentos em que Jagger optou pela dialética do Menos é Mais.

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Com um céu já limpo de neves e, ao contrário do momento de peregrinação da estação de metrô para o estádio (2 km), a revista e o conferir do ingresso, a chuva sumiu, o sol apareceu e o semblante das pessoas eram aqueles segundos quando você constata que o impossível se tornou possível, e o sonho se torna palpável, real, pulsante, eletrizante.

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As últimas luzes do dia claro ainda se faziam visíveis quando o palco, composto de 4 telões gigantes, exibiam a famosa língua vermelha para depois transformar os alto-falantes e telões em objetos incandencentes iluminados num vermelho diabólico e instigando forte magnetismo visual e sensorial. Enquanto imperava um fogo diabólico, depois de infinitos "Uhu!" de "Sympathy for the Devil", soava no microfone a inconfundível voz do melhor perfomista ao vivo de todos os tempos: "Please, allow me, to introduce myself, I'm a man of Wealth and Taste". Depois de 5 horas de pé e ter assistido o show de abertura da banda islandesa "Kaleo" e já nem mais sentido os pés, foi nessa hora que se constatava sem dúvida: o momento esperado e ansiado desde maio, do momento do anúncio da turnê havia chegado. O valor dos ingressos variava entre 100 e 800 euros. Segundo fontes da mídia, os ingressos mais caros eram na faixa de 25.000 euros, Super Vip e com direito a um aperto de mao dos 4 principais membros da banda.

"Moin, Moin Hamburg!", saudou Jagger o público da maneira hamburguense e acrescentou: "Boa Noite Alemanha!", em um alemão acompanhado de uma linguagem corporal de enrosca, enrosca, bem do tipo Jagger.

"Tem algúem de Berlim ai?", indafou em inglês na sequência. O Frontman dos Stones sabe também ser diplomático. Quando foi anunciada a turnê europeia e se constatou que ela não passava pela capital, a imprensa berlinense baixou uma surra midiática na banda inglesa. "Como assim, passar ao largo pela capital?!", foi indagado durante dias, ainda mais com a turnê incluindo mais duas cidades germânicas: a bávara Munique (sul do país) e a burguesinha Düsseldorf. Cidades mais antagônicas do que Berlim, impossível.

O motivo é bem mais mundano porque os Stones brilharam pela ausência em Berlim. Os estádios e grandes palcos da capital já estavam com a agenda fechada.

Depois de "Sympathy for the Devil" ele se mostrou informado e mandou: "Meus amigos de Liverpool me disseram que Hamburgo é um lugar propício para se iniciar a carreira", se referindo ao show dos Beatles em 17 de agosto de 1960 no clube "Indra", ao redor da rua mais famosa de Hamburgo, com seu toque de boemia e plataforma para a prostituição. Os garotos de Liverpool sairam de Hamburgo e ganharam o mundo.

Sim à imperfeição!

Mick Jagger falhou duas vezes na hora de entrar na estrofe de duas músicas e a voz de Keith Richards, em duas músicas solo que pode performar não são de alto nível técnico, mas vislumbrando o todo, isso é só um detalhe. Minha cunhada ficou horrorizada com a voz de Keith Richards. Meu cunhado, irmão mais novo do Christian numa penca de ao todo 5 filhos homens, para não discordar da esposa, só insinuou um sorriso diplomático. Eu expressei a "redução radical" de intensidade dramaturgica a partir da quarta música e algo que só foi recuperado com a execução da sétima música "Play with Fire", num repertório com inúmeras músicas de cunho intimista demais para um megaevento que contabiliza um público de 82.000 pessoas secas para tirar as calças pelas cabeças. Esses detalhes de cunho über críticos os dois irmãos não quiseram ouvir. Na realidade, depois de um show desses de caráter histórico mór, só há lugar para o êxtase, a eletricidade de ter presenciado o que, na realidade, era para ser impossível. 4 Setentões fazendo um show fulminante com duração de duas horas e meia sem intervalo. Depois de músicas em intensidade banho-maria, a postura corporal de cunho religioso de Keith Richards além dos acordes que são o alicerce da música, os Stones voltaram com tudo.

O sorriso no lado direito da boa quando ele arranha os acordes de "I know it's Rock 'n Roll" (but I like it) exibem toda a história que iniciou numa loja de discos quando Keith abordou Mick "Que discos que você tem ai" (na tua mão?). Mais de 50 anos depois, Charlie Watts, o Gentleman do grupo, mantém postura e, de vez em quando manda um olhar do tipo um apanhado geral, como o síndico que confere se está tudo indo nos conformes...

Hinos (de nossas vidas)

"Let's spend the night together" não fez parte do repertório em Hamburgo. "Start me up", uma canção que expressa a essência dessa banda "Start me up" (I'll never stop) e a gente faz de um tudo para acreditar e quando a música toca, essa frase se torna uma oração durante a qual até se esquece da paúra que acomete todo fã dos Stones: de que essa pode ser a última vez.

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No café da manhã do Hotel, avistei um grupo de alemães bem comportados, mas como de praxe, também muito bem preparados para esses eventos. Os 4 amigos mandaram fazer camisas personalizadas com seus nomes (Lukas, Detlef) no lado direito do peito e atrás, a frase: "Start me up, talvez seja a última vez" e abaixo, a escrita: "Hamburg 2017".

"It's only Rock'n Roll" (but I like it) exibiu o ápice de um banquete musical e sensorial. E isso na cidade da chuva, Hamburgo. E como bandeira pouca é bobagem, o cosmos mandou não "somente" o céu azul, mas também uma lua para romântico nenhum botar defeito.

A música favorita do diretor Martin Scorcese "Gimme Shelter" veio somente no Bis, algo impensável nos tempos da maravilhosa cantora Backvocal e que fazia dobrinha com Mick Jagger. Lisa Fischer foi substituída por uma cantora de excelente voz, mas a química, o erotismo entre os dois que aflorava nessa música, não rola mais com a nova formação.

Via internet, os alemães podiam escolher entre quatro músicas. A que obteve o maior número de votos foi "Under my Thumb" que, de acordo com a Rolling Stone, edição alemã, teria sido executada pela última vez na turnê de 2006 que teve como uma das estações, o Estádio Olímpico de Berlim naquele 21 de Julho, poucos dias depois da Final da Copa do Mundo na Alemanha. Esse foi só um dos inúmeros shows que Christian e eu já contabilizamos dessa banda que serve para 4 gerações como vitamina, adrenalina, mas acima de tudo, transporta um positivismo que vale para todas as situações da vida. Com todas as perdas, os abandonos, as cicatrizes..."Start me up. I'll never stop" é só uma das orações.

O que faltou

"Let's spend the night together" e "Anybody seen my baby?". Fora isso, a tarde e noite em Hamburgo foi, inesquecível, para dizer ao mínimo. Enquanto em Berlim, a organização do "Lollapalloza" se mostrava catastrófica, a organização de Hamburgo, no estádio, nas redondezas das estacoes de metrô, nas plataformas e nas principais esquinas da cidade merece nota 10.

A quantidade de lama acumulada na grama resultante de dois dias de chuva e, por consequência os milhares de sapatos que foram jogados fora no dia seguinte, se for pra culpar alguém, o assunto é com Sao Pedro.

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Na noite de terca-feira (12) enquanto o FC Bayern enfrentava o Anderlecht na Arena Allianz na fase inicial da LC, os Stones lotavam o Estádio Olímpico da capital bávara. No próximo sábado (16) é a vez dos austríacos assistirem os Stones em Spielberg. Ao contário do show em Munique, com céu azul, meteorologistas avisam para "levar roupa de chuva" pro show na Áustria. Quem sabe Sao Pedro não se mostra também solícito em solos austríacos?

Set list em Hamburgo: 01. Sympathy for the Devil 02. It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It) 03. Tumbling Dice 04. Out of Control 05. Just Your Fool (Buddy Johnson and His Orchestra cover) 06. Ride 'Em on Down (Jimmy Reed cover) 07. Play With Fire 08. You Can't Always Get What You Want 09. Dancing With Mr. D 10. Under My Thumb 11. Paint It Black 12. Honky Tonk Women 13. Slipping Away 14. Happy 15. Midnight Rambler 16. Miss You 17. Start Me Up 18. Street Fighting Man 19. Brown Sugar 20. (I Can't Get No) Satisfaction

Bis: 21. Gimme Shelter 22. Jumpin' Jack Flash

Twitter: #NoFilter

#RollingStones

Inúmeras são as diferenças entre Berlim e Hamburgo. A distância geográfica é "somente" de 300 km, mas a cultura, a mentalidade são dicotômicas, como ficou mais uma vez provado no último fim de semana.

Megas eventos

Enquanto no final de semana, Berlim sublinhava sua falta de eficiência na coordenação de grandes eventos e 3000 visitantes do Lollapalooza eram mantidos "presos" na estação do S-Bahn (trem que viaja pela superfície) sem poder voltar pra casa e (segundo o corpo de bombeiros) 40 pessoas desmaiavam pelo meio de caminho, por desidratação, desespero ou pânico, a cidade hanseática no norte da Alemanha brilhava na organização e coordenação do show que marcaria o pontapé inicial da turnê europeia dos setentões e os mais autênticos do Rock "n Roll, os Rolling Stones.

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Durante dois dias, quinta e sexta feira, Hamburgo fez jus à sua fama de antro de céu nublado e chuva. Mick Jagger pode ser azarão no futebol, mas durante o show de duas horas e meia, nenhuma gota caira do céu de Hamburgo e ficou provado que os Stones tem ótima credibilidade com os lá de cima.

Depois de uma chuva fina durante a longa caminhada do hotel, pegando o ônibus, saltando para pegar o S-Bahn, cambiando para a Linha 3, estação de metro .Sternschanze" e baldeando para o trem de superfície até chegar em na estação Borsweg, andar como comungando até chegar na hora de mostrar o ingresso, se lutava com a chuva fina desafiando os obcecados por quererem fazer parte de um momento histórico. Mais um na história de um afissurado por essa banda. Perdi as contas quantas vezes já assisti os RS na Europa. Em 2016, o maior de todos os sonhos: assistir os Stones na minha cidade Natal, o Rio de Janeiro.

reference

A segunda etapa para adentrar o estádio era separar homens de mulheres para que fosse feita a revista corporal. Tive que tirar do baú uma bolsa onde não cabia quase nada e a garrafa de água mineral, eu deixei no carro de supermercado antes da vistoria, somada a um mar de tantas outras também ali abandonadas. A produtora havia, anteriormente, ativado um site com todas as infos sobre o evento. Já se sabia o que se podia levar para o estádio e o que não. A estratégia era aproveitar água mineral até o último minuto antes da desidratação que viria (e veio) com tantas horas na espera e duas horas e meia de show.

"As mulheres tem que ficar de um lado, os homens de outro", avisava um cara no auto-falante, provocando gargalhadas no povo que já se formava na fila. Como ninguém gosta da possibilidade de perder sua cara-metade, ainda mias numa ocasião histórica como dessas, o povo se fez de surdo. "Não se preocupem, depois da revista vocês encontram seus amores!", garantia funcionário da agência produtora local FKPScorpio. Foi ai que começou a separação. Ainda bem que o Christian (por causa da chuva) tinha um boné que era horrível e tenebroso, mas que me ajudava como ponto de referência. Esse show, dessa banda, na data que foi e tantas coisas mais uniam uma gama de simbologia para que isso fosse quebrado por uma medida organizatória e de segurança. Na minha fila apareceram uns caras. "O que esses caras estão fazendo aqui?", Indaguei em voz alta com um tom de voz cheio de ironia. 

Christian, que não tem nem 1% de aversão a filas como eu, pegou no meu braço e mostrou: "Vai ali naquela fila! Ali só tem 3 mulheres!". Assim foi e em poucos minutos eu havia passado por mais uma etapa.. Encontrado o Christian, agora era só scanear o ingresso. Mesmo tendo certeza da legitimidade do mesmo, rola sempre a paúra de que algo vai dar errado e atrapalhar um meticuloso e sofrido planejamento, especialmente no âmbito logístico. Depois, o desafio era andar num mar de lama com a profundidade de estragar qualquer sapato. Nao faço ideia de quantos pares de sapato foram pro lixo depois do show no Parque da Cidade de Hamburgo. (Stadtpark).

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Outro desafio era ir ao banheiro em contêineres espalhados pelo parque. Para chegar lá, haja lamaçal! Outro desafio, esse financeiro (além de toda a estrutura montada para ir a Hamburgo, comprar o ingresso etc). O copo com inconfundível língua vermelha serviam de recipiente para cerveja e água mineral (somente com gás). A cerveja custava 5 euros e para ter o copo como recipiente, pagavasse 3 euros que seriam ressarcidos assim que o copão fosse devolvido. Tinha gente com uma coleção desses copos nas mãos, com certeza para dar de presente. Para um copão de água mineral, o valor era de 4 euros mais 3 de "garantia" para o copo. "Nunca paguei tanto por uma água mineral na minha vida", reclamei de forma sorridente para o vendedor, que tentou me convencer que aquela marca, "Bonaqua", era "uma água de luxo". Abdiquei da devolução dos 3 euros e o copão, em amarelo com a língua vermelha e o título da turnê atual "No Filter" estampado na parte direita, brilha exposto no armário da minha cozinha.

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Um banquete musical

Para não quebrar a tradição, quis apostar com o Christian qual seria a primeira música. "Start me up", assegurava eu. "Para o início da turnê europeia, só faz sentido iniciar com essa música". Me enganei. Perdi a aposta.

Duas horas antes do início do show, o céu de Hamburgo ia se clareando até o sol aparecer. Nos pés, lama acumulada em dois dias de chuva, mas duas horas antes do início, São Pedro deu uma trégua para receber os setentões mais ousados do Olimpo musical do Rock 'n Roll.

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Charlie Watts, o mais velho da tropa (76 anos), ao invés da camiseta amarela e calça azul como no show do Maracanã em fevereiro de 2016, em Hamburgo o baterista vestia camisa social branca abotuada até o pescoço. Elegante e Very britisch. O guitarrista Ron Wood (70) seguiu a tradição no uso da jaqueta bordada, desta vez com, "Ron", bordado no braço direito.

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Keith Richards, provavelmente a figura mais cult da banda se manteve fiel ao seu turbante jamaicano.

Mick Jagger (74), o mais vaidoso de todos, vestia por cima de uma elegantérima e camiseta preta de elegância comedida, uma jaqueta prateada. Depois da terceira música ele, já sem a jaqueta, mostrava como é um obcecado pelo Fitness Plus. A silueta, os músculos da barriga e acima de tudo a seu fôlego, não mentem. Mais tarde, ele brilhava pela simplicidade com uma camisa de mangas longas do tipo Highschon e com detalhes vermelhos nas mangas na altura do ombro. Na frente, simplesmente: "Stones". Um dos raros momentos em que Jagger optou pela dialética do Menos é Mais.

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Com um céu já limpo de neves e, ao contrário do momento de peregrinação da estação de metrô para o estádio (2 km), a revista e o conferir do ingresso, a chuva sumiu, o sol apareceu e o semblante das pessoas eram aqueles segundos quando você constata que o impossível se tornou possível, e o sonho se torna palpável, real, pulsante, eletrizante.

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As últimas luzes do dia claro ainda se faziam visíveis quando o palco, composto de 4 telões gigantes, exibiam a famosa língua vermelha para depois transformar os alto-falantes e telões em objetos incandencentes iluminados num vermelho diabólico e instigando forte magnetismo visual e sensorial. Enquanto imperava um fogo diabólico, depois de infinitos "Uhu!" de "Sympathy for the Devil", soava no microfone a inconfundível voz do melhor perfomista ao vivo de todos os tempos: "Please, allow me, to introduce myself, I'm a man of Wealth and Taste". Depois de 5 horas de pé e ter assistido o show de abertura da banda islandesa "Kaleo" e já nem mais sentido os pés, foi nessa hora que se constatava sem dúvida: o momento esperado e ansiado desde maio, do momento do anúncio da turnê havia chegado. O valor dos ingressos variava entre 100 e 800 euros. Segundo fontes da mídia, os ingressos mais caros eram na faixa de 25.000 euros, Super Vip e com direito a um aperto de mao dos 4 principais membros da banda.

"Moin, Moin Hamburg!", saudou Jagger o público da maneira hamburguense e acrescentou: "Boa Noite Alemanha!", em um alemão acompanhado de uma linguagem corporal de enrosca, enrosca, bem do tipo Jagger.

"Tem algúem de Berlim ai?", indafou em inglês na sequência. O Frontman dos Stones sabe também ser diplomático. Quando foi anunciada a turnê europeia e se constatou que ela não passava pela capital, a imprensa berlinense baixou uma surra midiática na banda inglesa. "Como assim, passar ao largo pela capital?!", foi indagado durante dias, ainda mais com a turnê incluindo mais duas cidades germânicas: a bávara Munique (sul do país) e a burguesinha Düsseldorf. Cidades mais antagônicas do que Berlim, impossível.

O motivo é bem mais mundano porque os Stones brilharam pela ausência em Berlim. Os estádios e grandes palcos da capital já estavam com a agenda fechada.

Depois de "Sympathy for the Devil" ele se mostrou informado e mandou: "Meus amigos de Liverpool me disseram que Hamburgo é um lugar propício para se iniciar a carreira", se referindo ao show dos Beatles em 17 de agosto de 1960 no clube "Indra", ao redor da rua mais famosa de Hamburgo, com seu toque de boemia e plataforma para a prostituição. Os garotos de Liverpool sairam de Hamburgo e ganharam o mundo.

Sim à imperfeição!

Mick Jagger falhou duas vezes na hora de entrar na estrofe de duas músicas e a voz de Keith Richards, em duas músicas solo que pode performar não são de alto nível técnico, mas vislumbrando o todo, isso é só um detalhe. Minha cunhada ficou horrorizada com a voz de Keith Richards. Meu cunhado, irmão mais novo do Christian numa penca de ao todo 5 filhos homens, para não discordar da esposa, só insinuou um sorriso diplomático. Eu expressei a "redução radical" de intensidade dramaturgica a partir da quarta música e algo que só foi recuperado com a execução da sétima música "Play with Fire", num repertório com inúmeras músicas de cunho intimista demais para um megaevento que contabiliza um público de 82.000 pessoas secas para tirar as calças pelas cabeças. Esses detalhes de cunho über críticos os dois irmãos não quiseram ouvir. Na realidade, depois de um show desses de caráter histórico mór, só há lugar para o êxtase, a eletricidade de ter presenciado o que, na realidade, era para ser impossível. 4 Setentões fazendo um show fulminante com duração de duas horas e meia sem intervalo. Depois de músicas em intensidade banho-maria, a postura corporal de cunho religioso de Keith Richards além dos acordes que são o alicerce da música, os Stones voltaram com tudo.

O sorriso no lado direito da boa quando ele arranha os acordes de "I know it's Rock 'n Roll" (but I like it) exibem toda a história que iniciou numa loja de discos quando Keith abordou Mick "Que discos que você tem ai" (na tua mão?). Mais de 50 anos depois, Charlie Watts, o Gentleman do grupo, mantém postura e, de vez em quando manda um olhar do tipo um apanhado geral, como o síndico que confere se está tudo indo nos conformes...

Hinos (de nossas vidas)

"Let's spend the night together" não fez parte do repertório em Hamburgo. "Start me up", uma canção que expressa a essência dessa banda "Start me up" (I'll never stop) e a gente faz de um tudo para acreditar e quando a música toca, essa frase se torna uma oração durante a qual até se esquece da paúra que acomete todo fã dos Stones: de que essa pode ser a última vez.

reference

No café da manhã do Hotel, avistei um grupo de alemães bem comportados, mas como de praxe, também muito bem preparados para esses eventos. Os 4 amigos mandaram fazer camisas personalizadas com seus nomes (Lukas, Detlef) no lado direito do peito e atrás, a frase: "Start me up, talvez seja a última vez" e abaixo, a escrita: "Hamburg 2017".

"It's only Rock'n Roll" (but I like it) exibiu o ápice de um banquete musical e sensorial. E isso na cidade da chuva, Hamburgo. E como bandeira pouca é bobagem, o cosmos mandou não "somente" o céu azul, mas também uma lua para romântico nenhum botar defeito.

A música favorita do diretor Martin Scorcese "Gimme Shelter" veio somente no Bis, algo impensável nos tempos da maravilhosa cantora Backvocal e que fazia dobrinha com Mick Jagger. Lisa Fischer foi substituída por uma cantora de excelente voz, mas a química, o erotismo entre os dois que aflorava nessa música, não rola mais com a nova formação.

Via internet, os alemães podiam escolher entre quatro músicas. A que obteve o maior número de votos foi "Under my Thumb" que, de acordo com a Rolling Stone, edição alemã, teria sido executada pela última vez na turnê de 2006 que teve como uma das estações, o Estádio Olímpico de Berlim naquele 21 de Julho, poucos dias depois da Final da Copa do Mundo na Alemanha. Esse foi só um dos inúmeros shows que Christian e eu já contabilizamos dessa banda que serve para 4 gerações como vitamina, adrenalina, mas acima de tudo, transporta um positivismo que vale para todas as situações da vida. Com todas as perdas, os abandonos, as cicatrizes..."Start me up. I'll never stop" é só uma das orações.

O que faltou

"Let's spend the night together" e "Anybody seen my baby?". Fora isso, a tarde e noite em Hamburgo foi, inesquecível, para dizer ao mínimo. Enquanto em Berlim, a organização do "Lollapalloza" se mostrava catastrófica, a organização de Hamburgo, no estádio, nas redondezas das estacoes de metrô, nas plataformas e nas principais esquinas da cidade merece nota 10.

A quantidade de lama acumulada na grama resultante de dois dias de chuva e, por consequência os milhares de sapatos que foram jogados fora no dia seguinte, se for pra culpar alguém, o assunto é com Sao Pedro.

reference

Na noite de terca-feira (12) enquanto o FC Bayern enfrentava o Anderlecht na Arena Allianz na fase inicial da LC, os Stones lotavam o Estádio Olímpico da capital bávara. No próximo sábado (16) é a vez dos austríacos assistirem os Stones em Spielberg. Ao contário do show em Munique, com céu azul, meteorologistas avisam para "levar roupa de chuva" pro show na Áustria. Quem sabe Sao Pedro não se mostra também solícito em solos austríacos?

Set list em Hamburgo: 01. Sympathy for the Devil 02. It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It) 03. Tumbling Dice 04. Out of Control 05. Just Your Fool (Buddy Johnson and His Orchestra cover) 06. Ride 'Em on Down (Jimmy Reed cover) 07. Play With Fire 08. You Can't Always Get What You Want 09. Dancing With Mr. D 10. Under My Thumb 11. Paint It Black 12. Honky Tonk Women 13. Slipping Away 14. Happy 15. Midnight Rambler 16. Miss You 17. Start Me Up 18. Street Fighting Man 19. Brown Sugar 20. (I Can't Get No) Satisfaction

Bis: 21. Gimme Shelter 22. Jumpin' Jack Flash

Twitter: #NoFilter

#RollingStones

Inúmeras são as diferenças entre Berlim e Hamburgo. A distância geográfica é "somente" de 300 km, mas a cultura, a mentalidade são dicotômicas, como ficou mais uma vez provado no último fim de semana.

Megas eventos

Enquanto no final de semana, Berlim sublinhava sua falta de eficiência na coordenação de grandes eventos e 3000 visitantes do Lollapalooza eram mantidos "presos" na estação do S-Bahn (trem que viaja pela superfície) sem poder voltar pra casa e (segundo o corpo de bombeiros) 40 pessoas desmaiavam pelo meio de caminho, por desidratação, desespero ou pânico, a cidade hanseática no norte da Alemanha brilhava na organização e coordenação do show que marcaria o pontapé inicial da turnê europeia dos setentões e os mais autênticos do Rock "n Roll, os Rolling Stones.

reference

Durante dois dias, quinta e sexta feira, Hamburgo fez jus à sua fama de antro de céu nublado e chuva. Mick Jagger pode ser azarão no futebol, mas durante o show de duas horas e meia, nenhuma gota caira do céu de Hamburgo e ficou provado que os Stones tem ótima credibilidade com os lá de cima.

Depois de uma chuva fina durante a longa caminhada do hotel, pegando o ônibus, saltando para pegar o S-Bahn, cambiando para a Linha 3, estação de metro .Sternschanze" e baldeando para o trem de superfície até chegar em na estação Borsweg, andar como comungando até chegar na hora de mostrar o ingresso, se lutava com a chuva fina desafiando os obcecados por quererem fazer parte de um momento histórico. Mais um na história de um afissurado por essa banda. Perdi as contas quantas vezes já assisti os RS na Europa. Em 2016, o maior de todos os sonhos: assistir os Stones na minha cidade Natal, o Rio de Janeiro.

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A segunda etapa para adentrar o estádio era separar homens de mulheres para que fosse feita a revista corporal. Tive que tirar do baú uma bolsa onde não cabia quase nada e a garrafa de água mineral, eu deixei no carro de supermercado antes da vistoria, somada a um mar de tantas outras também ali abandonadas. A produtora havia, anteriormente, ativado um site com todas as infos sobre o evento. Já se sabia o que se podia levar para o estádio e o que não. A estratégia era aproveitar água mineral até o último minuto antes da desidratação que viria (e veio) com tantas horas na espera e duas horas e meia de show.

"As mulheres tem que ficar de um lado, os homens de outro", avisava um cara no auto-falante, provocando gargalhadas no povo que já se formava na fila. Como ninguém gosta da possibilidade de perder sua cara-metade, ainda mias numa ocasião histórica como dessas, o povo se fez de surdo. "Não se preocupem, depois da revista vocês encontram seus amores!", garantia funcionário da agência produtora local FKPScorpio. Foi ai que começou a separação. Ainda bem que o Christian (por causa da chuva) tinha um boné que era horrível e tenebroso, mas que me ajudava como ponto de referência. Esse show, dessa banda, na data que foi e tantas coisas mais uniam uma gama de simbologia para que isso fosse quebrado por uma medida organizatória e de segurança. Na minha fila apareceram uns caras. "O que esses caras estão fazendo aqui?", Indaguei em voz alta com um tom de voz cheio de ironia. 

Christian, que não tem nem 1% de aversão a filas como eu, pegou no meu braço e mostrou: "Vai ali naquela fila! Ali só tem 3 mulheres!". Assim foi e em poucos minutos eu havia passado por mais uma etapa.. Encontrado o Christian, agora era só scanear o ingresso. Mesmo tendo certeza da legitimidade do mesmo, rola sempre a paúra de que algo vai dar errado e atrapalhar um meticuloso e sofrido planejamento, especialmente no âmbito logístico. Depois, o desafio era andar num mar de lama com a profundidade de estragar qualquer sapato. Nao faço ideia de quantos pares de sapato foram pro lixo depois do show no Parque da Cidade de Hamburgo. (Stadtpark).

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Outro desafio era ir ao banheiro em contêineres espalhados pelo parque. Para chegar lá, haja lamaçal! Outro desafio, esse financeiro (além de toda a estrutura montada para ir a Hamburgo, comprar o ingresso etc). O copo com inconfundível língua vermelha serviam de recipiente para cerveja e água mineral (somente com gás). A cerveja custava 5 euros e para ter o copo como recipiente, pagavasse 3 euros que seriam ressarcidos assim que o copão fosse devolvido. Tinha gente com uma coleção desses copos nas mãos, com certeza para dar de presente. Para um copão de água mineral, o valor era de 4 euros mais 3 de "garantia" para o copo. "Nunca paguei tanto por uma água mineral na minha vida", reclamei de forma sorridente para o vendedor, que tentou me convencer que aquela marca, "Bonaqua", era "uma água de luxo". Abdiquei da devolução dos 3 euros e o copão, em amarelo com a língua vermelha e o título da turnê atual "No Filter" estampado na parte direita, brilha exposto no armário da minha cozinha.

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Um banquete musical

Para não quebrar a tradição, quis apostar com o Christian qual seria a primeira música. "Start me up", assegurava eu. "Para o início da turnê europeia, só faz sentido iniciar com essa música". Me enganei. Perdi a aposta.

Duas horas antes do início do show, o céu de Hamburgo ia se clareando até o sol aparecer. Nos pés, lama acumulada em dois dias de chuva, mas duas horas antes do início, São Pedro deu uma trégua para receber os setentões mais ousados do Olimpo musical do Rock 'n Roll.

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Charlie Watts, o mais velho da tropa (76 anos), ao invés da camiseta amarela e calça azul como no show do Maracanã em fevereiro de 2016, em Hamburgo o baterista vestia camisa social branca abotuada até o pescoço. Elegante e Very britisch. O guitarrista Ron Wood (70) seguiu a tradição no uso da jaqueta bordada, desta vez com, "Ron", bordado no braço direito.

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Keith Richards, provavelmente a figura mais cult da banda se manteve fiel ao seu turbante jamaicano.

Mick Jagger (74), o mais vaidoso de todos, vestia por cima de uma elegantérima e camiseta preta de elegância comedida, uma jaqueta prateada. Depois da terceira música ele, já sem a jaqueta, mostrava como é um obcecado pelo Fitness Plus. A silueta, os músculos da barriga e acima de tudo a seu fôlego, não mentem. Mais tarde, ele brilhava pela simplicidade com uma camisa de mangas longas do tipo Highschon e com detalhes vermelhos nas mangas na altura do ombro. Na frente, simplesmente: "Stones". Um dos raros momentos em que Jagger optou pela dialética do Menos é Mais.

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Com um céu já limpo de neves e, ao contrário do momento de peregrinação da estação de metrô para o estádio (2 km), a revista e o conferir do ingresso, a chuva sumiu, o sol apareceu e o semblante das pessoas eram aqueles segundos quando você constata que o impossível se tornou possível, e o sonho se torna palpável, real, pulsante, eletrizante.

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As últimas luzes do dia claro ainda se faziam visíveis quando o palco, composto de 4 telões gigantes, exibiam a famosa língua vermelha para depois transformar os alto-falantes e telões em objetos incandencentes iluminados num vermelho diabólico e instigando forte magnetismo visual e sensorial. Enquanto imperava um fogo diabólico, depois de infinitos "Uhu!" de "Sympathy for the Devil", soava no microfone a inconfundível voz do melhor perfomista ao vivo de todos os tempos: "Please, allow me, to introduce myself, I'm a man of Wealth and Taste". Depois de 5 horas de pé e ter assistido o show de abertura da banda islandesa "Kaleo" e já nem mais sentido os pés, foi nessa hora que se constatava sem dúvida: o momento esperado e ansiado desde maio, do momento do anúncio da turnê havia chegado. O valor dos ingressos variava entre 100 e 800 euros. Segundo fontes da mídia, os ingressos mais caros eram na faixa de 25.000 euros, Super Vip e com direito a um aperto de mao dos 4 principais membros da banda.

"Moin, Moin Hamburg!", saudou Jagger o público da maneira hamburguense e acrescentou: "Boa Noite Alemanha!", em um alemão acompanhado de uma linguagem corporal de enrosca, enrosca, bem do tipo Jagger.

"Tem algúem de Berlim ai?", indafou em inglês na sequência. O Frontman dos Stones sabe também ser diplomático. Quando foi anunciada a turnê europeia e se constatou que ela não passava pela capital, a imprensa berlinense baixou uma surra midiática na banda inglesa. "Como assim, passar ao largo pela capital?!", foi indagado durante dias, ainda mais com a turnê incluindo mais duas cidades germânicas: a bávara Munique (sul do país) e a burguesinha Düsseldorf. Cidades mais antagônicas do que Berlim, impossível.

O motivo é bem mais mundano porque os Stones brilharam pela ausência em Berlim. Os estádios e grandes palcos da capital já estavam com a agenda fechada.

Depois de "Sympathy for the Devil" ele se mostrou informado e mandou: "Meus amigos de Liverpool me disseram que Hamburgo é um lugar propício para se iniciar a carreira", se referindo ao show dos Beatles em 17 de agosto de 1960 no clube "Indra", ao redor da rua mais famosa de Hamburgo, com seu toque de boemia e plataforma para a prostituição. Os garotos de Liverpool sairam de Hamburgo e ganharam o mundo.

Sim à imperfeição!

Mick Jagger falhou duas vezes na hora de entrar na estrofe de duas músicas e a voz de Keith Richards, em duas músicas solo que pode performar não são de alto nível técnico, mas vislumbrando o todo, isso é só um detalhe. Minha cunhada ficou horrorizada com a voz de Keith Richards. Meu cunhado, irmão mais novo do Christian numa penca de ao todo 5 filhos homens, para não discordar da esposa, só insinuou um sorriso diplomático. Eu expressei a "redução radical" de intensidade dramaturgica a partir da quarta música e algo que só foi recuperado com a execução da sétima música "Play with Fire", num repertório com inúmeras músicas de cunho intimista demais para um megaevento que contabiliza um público de 82.000 pessoas secas para tirar as calças pelas cabeças. Esses detalhes de cunho über críticos os dois irmãos não quiseram ouvir. Na realidade, depois de um show desses de caráter histórico mór, só há lugar para o êxtase, a eletricidade de ter presenciado o que, na realidade, era para ser impossível. 4 Setentões fazendo um show fulminante com duração de duas horas e meia sem intervalo. Depois de músicas em intensidade banho-maria, a postura corporal de cunho religioso de Keith Richards além dos acordes que são o alicerce da música, os Stones voltaram com tudo.

O sorriso no lado direito da boa quando ele arranha os acordes de "I know it's Rock 'n Roll" (but I like it) exibem toda a história que iniciou numa loja de discos quando Keith abordou Mick "Que discos que você tem ai" (na tua mão?). Mais de 50 anos depois, Charlie Watts, o Gentleman do grupo, mantém postura e, de vez em quando manda um olhar do tipo um apanhado geral, como o síndico que confere se está tudo indo nos conformes...

Hinos (de nossas vidas)

"Let's spend the night together" não fez parte do repertório em Hamburgo. "Start me up", uma canção que expressa a essência dessa banda "Start me up" (I'll never stop) e a gente faz de um tudo para acreditar e quando a música toca, essa frase se torna uma oração durante a qual até se esquece da paúra que acomete todo fã dos Stones: de que essa pode ser a última vez.

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No café da manhã do Hotel, avistei um grupo de alemães bem comportados, mas como de praxe, também muito bem preparados para esses eventos. Os 4 amigos mandaram fazer camisas personalizadas com seus nomes (Lukas, Detlef) no lado direito do peito e atrás, a frase: "Start me up, talvez seja a última vez" e abaixo, a escrita: "Hamburg 2017".

"It's only Rock'n Roll" (but I like it) exibiu o ápice de um banquete musical e sensorial. E isso na cidade da chuva, Hamburgo. E como bandeira pouca é bobagem, o cosmos mandou não "somente" o céu azul, mas também uma lua para romântico nenhum botar defeito.

A música favorita do diretor Martin Scorcese "Gimme Shelter" veio somente no Bis, algo impensável nos tempos da maravilhosa cantora Backvocal e que fazia dobrinha com Mick Jagger. Lisa Fischer foi substituída por uma cantora de excelente voz, mas a química, o erotismo entre os dois que aflorava nessa música, não rola mais com a nova formação.

Via internet, os alemães podiam escolher entre quatro músicas. A que obteve o maior número de votos foi "Under my Thumb" que, de acordo com a Rolling Stone, edição alemã, teria sido executada pela última vez na turnê de 2006 que teve como uma das estações, o Estádio Olímpico de Berlim naquele 21 de Julho, poucos dias depois da Final da Copa do Mundo na Alemanha. Esse foi só um dos inúmeros shows que Christian e eu já contabilizamos dessa banda que serve para 4 gerações como vitamina, adrenalina, mas acima de tudo, transporta um positivismo que vale para todas as situações da vida. Com todas as perdas, os abandonos, as cicatrizes..."Start me up. I'll never stop" é só uma das orações.

O que faltou

"Let's spend the night together" e "Anybody seen my baby?". Fora isso, a tarde e noite em Hamburgo foi, inesquecível, para dizer ao mínimo. Enquanto em Berlim, a organização do "Lollapalloza" se mostrava catastrófica, a organização de Hamburgo, no estádio, nas redondezas das estacoes de metrô, nas plataformas e nas principais esquinas da cidade merece nota 10.

A quantidade de lama acumulada na grama resultante de dois dias de chuva e, por consequência os milhares de sapatos que foram jogados fora no dia seguinte, se for pra culpar alguém, o assunto é com Sao Pedro.

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Na noite de terca-feira (12) enquanto o FC Bayern enfrentava o Anderlecht na Arena Allianz na fase inicial da LC, os Stones lotavam o Estádio Olímpico da capital bávara. No próximo sábado (16) é a vez dos austríacos assistirem os Stones em Spielberg. Ao contário do show em Munique, com céu azul, meteorologistas avisam para "levar roupa de chuva" pro show na Áustria. Quem sabe Sao Pedro não se mostra também solícito em solos austríacos?

Set list em Hamburgo: 01. Sympathy for the Devil 02. It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It) 03. Tumbling Dice 04. Out of Control 05. Just Your Fool (Buddy Johnson and His Orchestra cover) 06. Ride 'Em on Down (Jimmy Reed cover) 07. Play With Fire 08. You Can't Always Get What You Want 09. Dancing With Mr. D 10. Under My Thumb 11. Paint It Black 12. Honky Tonk Women 13. Slipping Away 14. Happy 15. Midnight Rambler 16. Miss You 17. Start Me Up 18. Street Fighting Man 19. Brown Sugar 20. (I Can't Get No) Satisfaction

Bis: 21. Gimme Shelter 22. Jumpin' Jack Flash

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