O Tribunal Administrativo de Lille, na França, deve anunciar nesta quinta-feira se autoriza o Ministério do Interior a desmantelar parte da “selva”, a favela em que vivem imigrantes em Calais, no norte do país. O veredicto é esperado não apenas pelos estrangeiros que acampam à espera de cruzar o Canal da Mancha e chegar à Grã-Bretanha, mas também por ONGs contrárias à desocupação do local.
A “selva” tornou-se um dos símbolos da pressão migratória na Europa, pois o governo britânico não aceita receber os refugiados, o belga controla a fronteira para impedir seu ingresso e o francês prepara o desmonte do campo.
A desocupação deveria ter ocorrido na segunda-feira, mas a presidente do Tribunal Administrativo, Valérie Quemener, aceitou o requerimento impetrado por 250 imigrantes, representados por 10 associações de defesa de direitos humanos. Na “selva”, vivem cerca de 3,7 mil estrangeiros, a maioria sírios, iraquianos, afegãos e iemenitas.
Pelos planos do Ministério do Interior, o grupo seria deslocado para o Centro de Acolhimento Provisório (CAP), série de alojamentos construídos em contêineres, com aquecimento, água e sanitários.
Na prática, o governo francês tenta acabar com o acampamento de Calais no médio prazo oferecendo aos estrangeiros que desejam entrar na Grã-Bretanha a oportunidade de pedir asilo, refúgio ou visto de admissão na França.
“Nós não defendemos uma favela que é degradante em todos os sentidos. Nós queremos o seu desaparecimento no futuro. Mas não organizá-lo no longo prazo não é aceitável e só deslocará o problema”, argumentou Vincent De Coninck, responsável pela missão da ONG Socorro Católico.
A associação pede que o Estado aprimore as instalações, construindo uma escola e uma biblioteca, locais de culto – uma mesquita e uma igreja – e uma área de convívio coletivo, onde os moradores também possam cozinhar.