Debandada socialista


Hollande não é antipático e as pessoas gostariam de apreciá-lo. Mas como?

Por Gilles Lapouge

O presidente francês, François Hollande, mal chegou da Itália, onde se encontrou com o papa Francisco, e já retornou ao país, à Ilha Ventotene, para encontrar-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Matteo Renzi. A União Europeia há alguns meses vem tendo um desempenho angustiante, murchando como um indivíduo idoso.

Com a saída da Grã-Bretanha, após o Brexit, os países europeus têm de adotar medidas de salvaguarda, e com urgência absoluta.  Para Hollande, porém, o infortúnio é menor. As viagens lhe permitem fugir de outro espetáculo doloroso: a revolta de inúmeros socialistas contra um presidente que fracassou totalmente na sua função e comanda hoje um Exército em debandada. 

O que faz um soldado quando seu comandante o conduz à derrota? Ele se revolta e às vezes muda de campo.

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Hollande (D), Merkel e Renzi durante encontro na Itália Foto: CARLO HERMANN/AFP

É o que estamos observando há algumas semanas. Um “salve-se quem puder” geral. A França escolherá um novo dirigente em sete meses. Normalmente, o presidente de saída – no caso, François Hollande – disputa um segundo mandato e todos os outros socialistas se abstêm de se candidatar. 

Hollande, até agora, sempre disse que se apresentaria. Mas sua popularidade caiu para cerca de 12%. Ou seja, se ele se candidatar será como ir ao cadafalso. E nesta hipótese sua cabeça não será a única a cair, cairá também o Partido Socialista.

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Portanto, seus ex-amigos tomam precauções. E fogem dele como da peste. Além disso, alguns de seus parceiros mais brilhantes se antecipam, declarando que serão candidatos nas eleições presidenciais.

E estes desertores não são figuras insignificantes. Entre eles estão ex-ministros importantes de Hollande, como Arnaud Montebourg, ex-ministro da Economia, Cecile Duflot, ex-ministra da Habitação, e outros. Uma debandada. E à medida que seus inimigos – que se qualificam como “contestatários” do Partido Socialista – se multiplicam, o presidente parece o pobre São Sebastião crivado de flechas. 

Não devemos esquecer que Hollande não é detestado apenas pelos amigos da esquerda. Ele é monopolista. É criticado pela extrema direita, pela extrema esquerda, direita, centro. É como um jogo. Todo mundo chega perto para lhe dar um puxão de orelha.

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É desalentador. Um jogo muito fácil. As pessoas têm até um certo escrúpulo para se juntar a esta matilha variada, composta de cães ferozes que brigam entre si. Além disso, Hollande não é uma pessoa antipática. Não tem a arrogância de Nicolás Sarkozy. As pessoas gostariam de apreciá-lo. Mas como?

Ele é um homem inteligente, muito inteligente. Curiosamente, tem uma coisa que não sabe fazer: dirigir um país. Mas não é divertido atacá-lo, pois ele nunca sabe como responder. Com Sarkozy era mais interessante: quando alguém lhe dirigia uma palavra mais agressiva, com certeza ele revidava com duas – ferozes, violentas e bem encaixadas.

Mas talvez nos enganemos. A passividade de Hollande, a calma, uma quase inércia, com que enfrenta as dificuldades, os insultos, o desprezo, as traições, os golpes baixos, as flechas envenenadas vindas de todos os lados, talvez provem uma extraordinária força moral e intelectual.  E, depois de tudo, desse exercício de tiro prolongando por alguns meses sem que ele se enerve, pode ser que uma parte daqueles que hoje o atacam volte a apoiá-lo. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ CORRESPONDENTE EM PARIS

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A ruptura do Reino Unido com a União Europeia vai ser decidida no próximo dia 23, quando os britânicos vão às urnas em um referendo para dizer se querem ou não permanecer no bloco. De acordo com especialistas, o Brexit, como é chamada a possível saída, tem consequências não só para a Europa, mas para o mundo inteiro.

O presidente francês, François Hollande, mal chegou da Itália, onde se encontrou com o papa Francisco, e já retornou ao país, à Ilha Ventotene, para encontrar-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Matteo Renzi. A União Europeia há alguns meses vem tendo um desempenho angustiante, murchando como um indivíduo idoso.

Com a saída da Grã-Bretanha, após o Brexit, os países europeus têm de adotar medidas de salvaguarda, e com urgência absoluta.  Para Hollande, porém, o infortúnio é menor. As viagens lhe permitem fugir de outro espetáculo doloroso: a revolta de inúmeros socialistas contra um presidente que fracassou totalmente na sua função e comanda hoje um Exército em debandada. 

O que faz um soldado quando seu comandante o conduz à derrota? Ele se revolta e às vezes muda de campo.

Hollande (D), Merkel e Renzi durante encontro na Itália Foto: CARLO HERMANN/AFP

É o que estamos observando há algumas semanas. Um “salve-se quem puder” geral. A França escolherá um novo dirigente em sete meses. Normalmente, o presidente de saída – no caso, François Hollande – disputa um segundo mandato e todos os outros socialistas se abstêm de se candidatar. 

Hollande, até agora, sempre disse que se apresentaria. Mas sua popularidade caiu para cerca de 12%. Ou seja, se ele se candidatar será como ir ao cadafalso. E nesta hipótese sua cabeça não será a única a cair, cairá também o Partido Socialista.

Portanto, seus ex-amigos tomam precauções. E fogem dele como da peste. Além disso, alguns de seus parceiros mais brilhantes se antecipam, declarando que serão candidatos nas eleições presidenciais.

E estes desertores não são figuras insignificantes. Entre eles estão ex-ministros importantes de Hollande, como Arnaud Montebourg, ex-ministro da Economia, Cecile Duflot, ex-ministra da Habitação, e outros. Uma debandada. E à medida que seus inimigos – que se qualificam como “contestatários” do Partido Socialista – se multiplicam, o presidente parece o pobre São Sebastião crivado de flechas. 

Não devemos esquecer que Hollande não é detestado apenas pelos amigos da esquerda. Ele é monopolista. É criticado pela extrema direita, pela extrema esquerda, direita, centro. É como um jogo. Todo mundo chega perto para lhe dar um puxão de orelha.

É desalentador. Um jogo muito fácil. As pessoas têm até um certo escrúpulo para se juntar a esta matilha variada, composta de cães ferozes que brigam entre si. Além disso, Hollande não é uma pessoa antipática. Não tem a arrogância de Nicolás Sarkozy. As pessoas gostariam de apreciá-lo. Mas como?

Ele é um homem inteligente, muito inteligente. Curiosamente, tem uma coisa que não sabe fazer: dirigir um país. Mas não é divertido atacá-lo, pois ele nunca sabe como responder. Com Sarkozy era mais interessante: quando alguém lhe dirigia uma palavra mais agressiva, com certeza ele revidava com duas – ferozes, violentas e bem encaixadas.

Mas talvez nos enganemos. A passividade de Hollande, a calma, uma quase inércia, com que enfrenta as dificuldades, os insultos, o desprezo, as traições, os golpes baixos, as flechas envenenadas vindas de todos os lados, talvez provem uma extraordinária força moral e intelectual.  E, depois de tudo, desse exercício de tiro prolongando por alguns meses sem que ele se enerve, pode ser que uma parte daqueles que hoje o atacam volte a apoiá-lo. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ CORRESPONDENTE EM PARIS

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A ruptura do Reino Unido com a União Europeia vai ser decidida no próximo dia 23, quando os britânicos vão às urnas em um referendo para dizer se querem ou não permanecer no bloco. De acordo com especialistas, o Brexit, como é chamada a possível saída, tem consequências não só para a Europa, mas para o mundo inteiro.

O presidente francês, François Hollande, mal chegou da Itália, onde se encontrou com o papa Francisco, e já retornou ao país, à Ilha Ventotene, para encontrar-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Matteo Renzi. A União Europeia há alguns meses vem tendo um desempenho angustiante, murchando como um indivíduo idoso.

Com a saída da Grã-Bretanha, após o Brexit, os países europeus têm de adotar medidas de salvaguarda, e com urgência absoluta.  Para Hollande, porém, o infortúnio é menor. As viagens lhe permitem fugir de outro espetáculo doloroso: a revolta de inúmeros socialistas contra um presidente que fracassou totalmente na sua função e comanda hoje um Exército em debandada. 

O que faz um soldado quando seu comandante o conduz à derrota? Ele se revolta e às vezes muda de campo.

Hollande (D), Merkel e Renzi durante encontro na Itália Foto: CARLO HERMANN/AFP

É o que estamos observando há algumas semanas. Um “salve-se quem puder” geral. A França escolherá um novo dirigente em sete meses. Normalmente, o presidente de saída – no caso, François Hollande – disputa um segundo mandato e todos os outros socialistas se abstêm de se candidatar. 

Hollande, até agora, sempre disse que se apresentaria. Mas sua popularidade caiu para cerca de 12%. Ou seja, se ele se candidatar será como ir ao cadafalso. E nesta hipótese sua cabeça não será a única a cair, cairá também o Partido Socialista.

Portanto, seus ex-amigos tomam precauções. E fogem dele como da peste. Além disso, alguns de seus parceiros mais brilhantes se antecipam, declarando que serão candidatos nas eleições presidenciais.

E estes desertores não são figuras insignificantes. Entre eles estão ex-ministros importantes de Hollande, como Arnaud Montebourg, ex-ministro da Economia, Cecile Duflot, ex-ministra da Habitação, e outros. Uma debandada. E à medida que seus inimigos – que se qualificam como “contestatários” do Partido Socialista – se multiplicam, o presidente parece o pobre São Sebastião crivado de flechas. 

Não devemos esquecer que Hollande não é detestado apenas pelos amigos da esquerda. Ele é monopolista. É criticado pela extrema direita, pela extrema esquerda, direita, centro. É como um jogo. Todo mundo chega perto para lhe dar um puxão de orelha.

É desalentador. Um jogo muito fácil. As pessoas têm até um certo escrúpulo para se juntar a esta matilha variada, composta de cães ferozes que brigam entre si. Além disso, Hollande não é uma pessoa antipática. Não tem a arrogância de Nicolás Sarkozy. As pessoas gostariam de apreciá-lo. Mas como?

Ele é um homem inteligente, muito inteligente. Curiosamente, tem uma coisa que não sabe fazer: dirigir um país. Mas não é divertido atacá-lo, pois ele nunca sabe como responder. Com Sarkozy era mais interessante: quando alguém lhe dirigia uma palavra mais agressiva, com certeza ele revidava com duas – ferozes, violentas e bem encaixadas.

Mas talvez nos enganemos. A passividade de Hollande, a calma, uma quase inércia, com que enfrenta as dificuldades, os insultos, o desprezo, as traições, os golpes baixos, as flechas envenenadas vindas de todos os lados, talvez provem uma extraordinária força moral e intelectual.  E, depois de tudo, desse exercício de tiro prolongando por alguns meses sem que ele se enerve, pode ser que uma parte daqueles que hoje o atacam volte a apoiá-lo. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ CORRESPONDENTE EM PARIS

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A ruptura do Reino Unido com a União Europeia vai ser decidida no próximo dia 23, quando os britânicos vão às urnas em um referendo para dizer se querem ou não permanecer no bloco. De acordo com especialistas, o Brexit, como é chamada a possível saída, tem consequências não só para a Europa, mas para o mundo inteiro.

O presidente francês, François Hollande, mal chegou da Itália, onde se encontrou com o papa Francisco, e já retornou ao país, à Ilha Ventotene, para encontrar-se com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Matteo Renzi. A União Europeia há alguns meses vem tendo um desempenho angustiante, murchando como um indivíduo idoso.

Com a saída da Grã-Bretanha, após o Brexit, os países europeus têm de adotar medidas de salvaguarda, e com urgência absoluta.  Para Hollande, porém, o infortúnio é menor. As viagens lhe permitem fugir de outro espetáculo doloroso: a revolta de inúmeros socialistas contra um presidente que fracassou totalmente na sua função e comanda hoje um Exército em debandada. 

O que faz um soldado quando seu comandante o conduz à derrota? Ele se revolta e às vezes muda de campo.

Hollande (D), Merkel e Renzi durante encontro na Itália Foto: CARLO HERMANN/AFP

É o que estamos observando há algumas semanas. Um “salve-se quem puder” geral. A França escolherá um novo dirigente em sete meses. Normalmente, o presidente de saída – no caso, François Hollande – disputa um segundo mandato e todos os outros socialistas se abstêm de se candidatar. 

Hollande, até agora, sempre disse que se apresentaria. Mas sua popularidade caiu para cerca de 12%. Ou seja, se ele se candidatar será como ir ao cadafalso. E nesta hipótese sua cabeça não será a única a cair, cairá também o Partido Socialista.

Portanto, seus ex-amigos tomam precauções. E fogem dele como da peste. Além disso, alguns de seus parceiros mais brilhantes se antecipam, declarando que serão candidatos nas eleições presidenciais.

E estes desertores não são figuras insignificantes. Entre eles estão ex-ministros importantes de Hollande, como Arnaud Montebourg, ex-ministro da Economia, Cecile Duflot, ex-ministra da Habitação, e outros. Uma debandada. E à medida que seus inimigos – que se qualificam como “contestatários” do Partido Socialista – se multiplicam, o presidente parece o pobre São Sebastião crivado de flechas. 

Não devemos esquecer que Hollande não é detestado apenas pelos amigos da esquerda. Ele é monopolista. É criticado pela extrema direita, pela extrema esquerda, direita, centro. É como um jogo. Todo mundo chega perto para lhe dar um puxão de orelha.

É desalentador. Um jogo muito fácil. As pessoas têm até um certo escrúpulo para se juntar a esta matilha variada, composta de cães ferozes que brigam entre si. Além disso, Hollande não é uma pessoa antipática. Não tem a arrogância de Nicolás Sarkozy. As pessoas gostariam de apreciá-lo. Mas como?

Ele é um homem inteligente, muito inteligente. Curiosamente, tem uma coisa que não sabe fazer: dirigir um país. Mas não é divertido atacá-lo, pois ele nunca sabe como responder. Com Sarkozy era mais interessante: quando alguém lhe dirigia uma palavra mais agressiva, com certeza ele revidava com duas – ferozes, violentas e bem encaixadas.

Mas talvez nos enganemos. A passividade de Hollande, a calma, uma quase inércia, com que enfrenta as dificuldades, os insultos, o desprezo, as traições, os golpes baixos, as flechas envenenadas vindas de todos os lados, talvez provem uma extraordinária força moral e intelectual.  E, depois de tudo, desse exercício de tiro prolongando por alguns meses sem que ele se enerve, pode ser que uma parte daqueles que hoje o atacam volte a apoiá-lo. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ CORRESPONDENTE EM PARIS

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A ruptura do Reino Unido com a União Europeia vai ser decidida no próximo dia 23, quando os britânicos vão às urnas em um referendo para dizer se querem ou não permanecer no bloco. De acordo com especialistas, o Brexit, como é chamada a possível saída, tem consequências não só para a Europa, mas para o mundo inteiro.

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