De Beirute a Nova York

A limpeza étnica dos cristãos no mundo árabe


no twitter @gugachacra

Por gustavochacra

Uma amiga minha de origem síria cristã me disse nesta sexta aqui em Nova York que seu pai, morador da Califórnia, idolatra Assad e tem um poster dele na sala. Quando ela liga para seus primos cristãos em Aleppo, todos respondem que a situação está normal, sem protestos, e o líder sírio segue firme no poder. Eles não querem genuinamente o fim do regime, apesar da morte de 3 mil pessoas, segundo a ONU.

Alguns, é claro, porque temem ter o mesmo fim dos cristãos iraquianos. Os caldeus, que por séculos habitaram as margens do rio Eufrates, passaram a ser alvo de limpeza étnica depois de os Estados Unidos terem invadido o país para derrubar Saddam Hussein.

Não estou dizendo que os americanos realizaram a limpeza étnica. Certamente isso não aconteceu e provavelmente muito poucos cristãos iraquianos foram mortos pelos soldados dos EUA. Mais importante, nenhum deles foi morreu nas mãos das tropas enviadas por George W. Bush por serem cristãos.

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Mas a ofensiva americana abriu as portas para um ambiente em que minorias, como as cristãs, passaram a ser perseguidas. Eles foram alvos tanto de grupos xiitas como sunitas que chegaram a explodir igrejas.

Na Síria, e insisto neste ponto, os cristãos, que totalizam 2 milhões de pessoas e 10% da população, acreditam que a história deles não será diferente da dos iraquianos se acabar o regime. E, pelo visto, também dos cristãos do Egito pós-Mubarak, com os massacres e igrejas queimadas.

A Primavera deve trazer a democracia para a Tunísia e, no longo prazo, para outros países. Porém sempre tenham em mente os efeitos colaterais. O Iraque hoje é infinitamente mais democrático, no sentido de haver eleições, do que na época de Saddam. Mas cristãos não têm mais liberdade de ir à igreja e de andar livremente sem correr o risco de ser mortos. Centenas de milhares fugiram. Para onde? Para a Síria. E depois, quem os receberá? O Líbano? Pode ser. E depois? Depois não teremos mais cristãos no mundo árabe assim como não temos mais judeus.

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Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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Uma amiga minha de origem síria cristã me disse nesta sexta aqui em Nova York que seu pai, morador da Califórnia, idolatra Assad e tem um poster dele na sala. Quando ela liga para seus primos cristãos em Aleppo, todos respondem que a situação está normal, sem protestos, e o líder sírio segue firme no poder. Eles não querem genuinamente o fim do regime, apesar da morte de 3 mil pessoas, segundo a ONU.

Alguns, é claro, porque temem ter o mesmo fim dos cristãos iraquianos. Os caldeus, que por séculos habitaram as margens do rio Eufrates, passaram a ser alvo de limpeza étnica depois de os Estados Unidos terem invadido o país para derrubar Saddam Hussein.

Não estou dizendo que os americanos realizaram a limpeza étnica. Certamente isso não aconteceu e provavelmente muito poucos cristãos iraquianos foram mortos pelos soldados dos EUA. Mais importante, nenhum deles foi morreu nas mãos das tropas enviadas por George W. Bush por serem cristãos.

Mas a ofensiva americana abriu as portas para um ambiente em que minorias, como as cristãs, passaram a ser perseguidas. Eles foram alvos tanto de grupos xiitas como sunitas que chegaram a explodir igrejas.

Na Síria, e insisto neste ponto, os cristãos, que totalizam 2 milhões de pessoas e 10% da população, acreditam que a história deles não será diferente da dos iraquianos se acabar o regime. E, pelo visto, também dos cristãos do Egito pós-Mubarak, com os massacres e igrejas queimadas.

A Primavera deve trazer a democracia para a Tunísia e, no longo prazo, para outros países. Porém sempre tenham em mente os efeitos colaterais. O Iraque hoje é infinitamente mais democrático, no sentido de haver eleições, do que na época de Saddam. Mas cristãos não têm mais liberdade de ir à igreja e de andar livremente sem correr o risco de ser mortos. Centenas de milhares fugiram. Para onde? Para a Síria. E depois, quem os receberá? O Líbano? Pode ser. E depois? Depois não teremos mais cristãos no mundo árabe assim como não temos mais judeus.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

 

Uma amiga minha de origem síria cristã me disse nesta sexta aqui em Nova York que seu pai, morador da Califórnia, idolatra Assad e tem um poster dele na sala. Quando ela liga para seus primos cristãos em Aleppo, todos respondem que a situação está normal, sem protestos, e o líder sírio segue firme no poder. Eles não querem genuinamente o fim do regime, apesar da morte de 3 mil pessoas, segundo a ONU.

Alguns, é claro, porque temem ter o mesmo fim dos cristãos iraquianos. Os caldeus, que por séculos habitaram as margens do rio Eufrates, passaram a ser alvo de limpeza étnica depois de os Estados Unidos terem invadido o país para derrubar Saddam Hussein.

Não estou dizendo que os americanos realizaram a limpeza étnica. Certamente isso não aconteceu e provavelmente muito poucos cristãos iraquianos foram mortos pelos soldados dos EUA. Mais importante, nenhum deles foi morreu nas mãos das tropas enviadas por George W. Bush por serem cristãos.

Mas a ofensiva americana abriu as portas para um ambiente em que minorias, como as cristãs, passaram a ser perseguidas. Eles foram alvos tanto de grupos xiitas como sunitas que chegaram a explodir igrejas.

Na Síria, e insisto neste ponto, os cristãos, que totalizam 2 milhões de pessoas e 10% da população, acreditam que a história deles não será diferente da dos iraquianos se acabar o regime. E, pelo visto, também dos cristãos do Egito pós-Mubarak, com os massacres e igrejas queimadas.

A Primavera deve trazer a democracia para a Tunísia e, no longo prazo, para outros países. Porém sempre tenham em mente os efeitos colaterais. O Iraque hoje é infinitamente mais democrático, no sentido de haver eleições, do que na época de Saddam. Mas cristãos não têm mais liberdade de ir à igreja e de andar livremente sem correr o risco de ser mortos. Centenas de milhares fugiram. Para onde? Para a Síria. E depois, quem os receberá? O Líbano? Pode ser. E depois? Depois não teremos mais cristãos no mundo árabe assim como não temos mais judeus.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

 

Uma amiga minha de origem síria cristã me disse nesta sexta aqui em Nova York que seu pai, morador da Califórnia, idolatra Assad e tem um poster dele na sala. Quando ela liga para seus primos cristãos em Aleppo, todos respondem que a situação está normal, sem protestos, e o líder sírio segue firme no poder. Eles não querem genuinamente o fim do regime, apesar da morte de 3 mil pessoas, segundo a ONU.

Alguns, é claro, porque temem ter o mesmo fim dos cristãos iraquianos. Os caldeus, que por séculos habitaram as margens do rio Eufrates, passaram a ser alvo de limpeza étnica depois de os Estados Unidos terem invadido o país para derrubar Saddam Hussein.

Não estou dizendo que os americanos realizaram a limpeza étnica. Certamente isso não aconteceu e provavelmente muito poucos cristãos iraquianos foram mortos pelos soldados dos EUA. Mais importante, nenhum deles foi morreu nas mãos das tropas enviadas por George W. Bush por serem cristãos.

Mas a ofensiva americana abriu as portas para um ambiente em que minorias, como as cristãs, passaram a ser perseguidas. Eles foram alvos tanto de grupos xiitas como sunitas que chegaram a explodir igrejas.

Na Síria, e insisto neste ponto, os cristãos, que totalizam 2 milhões de pessoas e 10% da população, acreditam que a história deles não será diferente da dos iraquianos se acabar o regime. E, pelo visto, também dos cristãos do Egito pós-Mubarak, com os massacres e igrejas queimadas.

A Primavera deve trazer a democracia para a Tunísia e, no longo prazo, para outros países. Porém sempre tenham em mente os efeitos colaterais. O Iraque hoje é infinitamente mais democrático, no sentido de haver eleições, do que na época de Saddam. Mas cristãos não têm mais liberdade de ir à igreja e de andar livremente sem correr o risco de ser mortos. Centenas de milhares fugiram. Para onde? Para a Síria. E depois, quem os receberá? O Líbano? Pode ser. E depois? Depois não teremos mais cristãos no mundo árabe assim como não temos mais judeus.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

 

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