De Beirute a Nova York

Como as torcidas do Al Ahly e do Zamalek explicam o Egito


Os egípcios são tão ou mais fanáticos por futebol quanto os brasileiros, os argentinos, os espanhóis ou os turcos. Embora não tenham obtido sucesso em Copas do Mundo, venceram uma série de vezes a Copa da África. E há dois times que dominam o campeonato - o Al Ahly e o Zamalek. O jogo entre os dois seria o equivalente a clássicos como Boca-River ou Gre-Nal. Vejam os vídeos abaixo.

Por gustavochacra

 

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Ultras no Estádio

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Ultras no Estádio

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Durante os anos de ditaduras no Egito, primeiro com Nasser, depois com Sadat e finalmente com Mubarak, uma das poucas organizações não ligadas aos governos eram as torcidas futebol, além da Irmandade Muçulmana, que estava na clandestinidade. Assim como os torcedores do Barcelona durante o Fraquismo na Espanha, eles podiam entoar gritos contra o regime.

Naturalmente, com esta organização, os torcedores do Al Ahly e do Zamalek, conhecidos como Ultras, estiveram na linha de frente dos protestos contra o regime de Hosni Mubarak há quatro anos na praça Tahrir. No ano seguinte, porém, em um jogo em Port Said, 70 torcedores do Al Ahly morreram ao serem atacados pelo torcedores do Al Masry. A polícia não fez nada para defende-los. Ao contrário, fechou os portões para impedir os torcedores de fugirem.

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Protestos na Tahrir

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Violência em Port Said

Os ultras também estiveram na linha de frente dos protestos que levaram à deposição de Mohammad Morsi em 2013. Eles são quase anarquistas, ou defensores da liberdade em uma nação contaminada por regimes ditatoriais, como ocorre hoje, com Sissi. Muitos sofrem com a enorme crise econômica pela qual passa o país, embora outros sejam de classe média. Curiosamente, os presidentes dos clubes para os quais eles torcem são ligados ao regime. O cartola do Zamalek, por exemplo, tentou classificar os torcedores como terroristas.

Os militares sabem dos riscos dos ultras. Tanto que proibiram torcedores nos estádios até agora. Quando permitiram, foram apenas 5 mil ingressos em um estádio de 30 mil para uma partida do Zamalek contra um time menor no Cairo. E, neste contexto, ocorreu a nova tragédia.

Os torcedores do Zamalek, muitos com ingresso, foram colocados praticamente dentro de um "matadouro", sendo alvo de bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança do Egito e sem terem para onde fugir. Ao todo, 25 pessoas morreram, a maioria com idades de 17 a 22 anos. Entre elas, uma criança segurando o pacote de salgadinho.

Violência contra a torcida do Zamalek

Apesar disso e de vários outros massacres cometidos pelo regime de Sissi, que é popular, no Egito, os EUA mantêm uma ajuda militar de US$ 1,4 bilhão. Não há problemas em manter relações com ditaduras. Mas não deixa de ser bizarro o Congresso manter o embargo a Cuba pela falta democracia e ao mesmo tempo apoiar o financiamento da ditadura repressora do Egito.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco são permitidos ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

Acompanhe também meus comentários no Globo News Em Pauta, na Rádio Estadão, na TV Estadão, no Estadão Noite no tablet, no Twitter @gugachacra , no Facebook Guga Chacra (me adicionem como seguidor), no Instagram e no Google Plus

 

Ultras no Estádio

Ultras no Estádio

Durante os anos de ditaduras no Egito, primeiro com Nasser, depois com Sadat e finalmente com Mubarak, uma das poucas organizações não ligadas aos governos eram as torcidas futebol, além da Irmandade Muçulmana, que estava na clandestinidade. Assim como os torcedores do Barcelona durante o Fraquismo na Espanha, eles podiam entoar gritos contra o regime.

Naturalmente, com esta organização, os torcedores do Al Ahly e do Zamalek, conhecidos como Ultras, estiveram na linha de frente dos protestos contra o regime de Hosni Mubarak há quatro anos na praça Tahrir. No ano seguinte, porém, em um jogo em Port Said, 70 torcedores do Al Ahly morreram ao serem atacados pelo torcedores do Al Masry. A polícia não fez nada para defende-los. Ao contrário, fechou os portões para impedir os torcedores de fugirem.

Protestos na Tahrir

Violência em Port Said

Os ultras também estiveram na linha de frente dos protestos que levaram à deposição de Mohammad Morsi em 2013. Eles são quase anarquistas, ou defensores da liberdade em uma nação contaminada por regimes ditatoriais, como ocorre hoje, com Sissi. Muitos sofrem com a enorme crise econômica pela qual passa o país, embora outros sejam de classe média. Curiosamente, os presidentes dos clubes para os quais eles torcem são ligados ao regime. O cartola do Zamalek, por exemplo, tentou classificar os torcedores como terroristas.

Os militares sabem dos riscos dos ultras. Tanto que proibiram torcedores nos estádios até agora. Quando permitiram, foram apenas 5 mil ingressos em um estádio de 30 mil para uma partida do Zamalek contra um time menor no Cairo. E, neste contexto, ocorreu a nova tragédia.

Os torcedores do Zamalek, muitos com ingresso, foram colocados praticamente dentro de um "matadouro", sendo alvo de bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança do Egito e sem terem para onde fugir. Ao todo, 25 pessoas morreram, a maioria com idades de 17 a 22 anos. Entre elas, uma criança segurando o pacote de salgadinho.

Violência contra a torcida do Zamalek

Apesar disso e de vários outros massacres cometidos pelo regime de Sissi, que é popular, no Egito, os EUA mantêm uma ajuda militar de US$ 1,4 bilhão. Não há problemas em manter relações com ditaduras. Mas não deixa de ser bizarro o Congresso manter o embargo a Cuba pela falta democracia e ao mesmo tempo apoiar o financiamento da ditadura repressora do Egito.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco são permitidos ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

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Ultras no Estádio

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Durante os anos de ditaduras no Egito, primeiro com Nasser, depois com Sadat e finalmente com Mubarak, uma das poucas organizações não ligadas aos governos eram as torcidas futebol, além da Irmandade Muçulmana, que estava na clandestinidade. Assim como os torcedores do Barcelona durante o Fraquismo na Espanha, eles podiam entoar gritos contra o regime.

Naturalmente, com esta organização, os torcedores do Al Ahly e do Zamalek, conhecidos como Ultras, estiveram na linha de frente dos protestos contra o regime de Hosni Mubarak há quatro anos na praça Tahrir. No ano seguinte, porém, em um jogo em Port Said, 70 torcedores do Al Ahly morreram ao serem atacados pelo torcedores do Al Masry. A polícia não fez nada para defende-los. Ao contrário, fechou os portões para impedir os torcedores de fugirem.

Protestos na Tahrir

Violência em Port Said

Os ultras também estiveram na linha de frente dos protestos que levaram à deposição de Mohammad Morsi em 2013. Eles são quase anarquistas, ou defensores da liberdade em uma nação contaminada por regimes ditatoriais, como ocorre hoje, com Sissi. Muitos sofrem com a enorme crise econômica pela qual passa o país, embora outros sejam de classe média. Curiosamente, os presidentes dos clubes para os quais eles torcem são ligados ao regime. O cartola do Zamalek, por exemplo, tentou classificar os torcedores como terroristas.

Os militares sabem dos riscos dos ultras. Tanto que proibiram torcedores nos estádios até agora. Quando permitiram, foram apenas 5 mil ingressos em um estádio de 30 mil para uma partida do Zamalek contra um time menor no Cairo. E, neste contexto, ocorreu a nova tragédia.

Os torcedores do Zamalek, muitos com ingresso, foram colocados praticamente dentro de um "matadouro", sendo alvo de bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança do Egito e sem terem para onde fugir. Ao todo, 25 pessoas morreram, a maioria com idades de 17 a 22 anos. Entre elas, uma criança segurando o pacote de salgadinho.

Violência contra a torcida do Zamalek

Apesar disso e de vários outros massacres cometidos pelo regime de Sissi, que é popular, no Egito, os EUA mantêm uma ajuda militar de US$ 1,4 bilhão. Não há problemas em manter relações com ditaduras. Mas não deixa de ser bizarro o Congresso manter o embargo a Cuba pela falta democracia e ao mesmo tempo apoiar o financiamento da ditadura repressora do Egito.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco são permitidos ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

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Durante os anos de ditaduras no Egito, primeiro com Nasser, depois com Sadat e finalmente com Mubarak, uma das poucas organizações não ligadas aos governos eram as torcidas futebol, além da Irmandade Muçulmana, que estava na clandestinidade. Assim como os torcedores do Barcelona durante o Fraquismo na Espanha, eles podiam entoar gritos contra o regime.

Naturalmente, com esta organização, os torcedores do Al Ahly e do Zamalek, conhecidos como Ultras, estiveram na linha de frente dos protestos contra o regime de Hosni Mubarak há quatro anos na praça Tahrir. No ano seguinte, porém, em um jogo em Port Said, 70 torcedores do Al Ahly morreram ao serem atacados pelo torcedores do Al Masry. A polícia não fez nada para defende-los. Ao contrário, fechou os portões para impedir os torcedores de fugirem.

Protestos na Tahrir

Violência em Port Said

Os ultras também estiveram na linha de frente dos protestos que levaram à deposição de Mohammad Morsi em 2013. Eles são quase anarquistas, ou defensores da liberdade em uma nação contaminada por regimes ditatoriais, como ocorre hoje, com Sissi. Muitos sofrem com a enorme crise econômica pela qual passa o país, embora outros sejam de classe média. Curiosamente, os presidentes dos clubes para os quais eles torcem são ligados ao regime. O cartola do Zamalek, por exemplo, tentou classificar os torcedores como terroristas.

Os militares sabem dos riscos dos ultras. Tanto que proibiram torcedores nos estádios até agora. Quando permitiram, foram apenas 5 mil ingressos em um estádio de 30 mil para uma partida do Zamalek contra um time menor no Cairo. E, neste contexto, ocorreu a nova tragédia.

Os torcedores do Zamalek, muitos com ingresso, foram colocados praticamente dentro de um "matadouro", sendo alvo de bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança do Egito e sem terem para onde fugir. Ao todo, 25 pessoas morreram, a maioria com idades de 17 a 22 anos. Entre elas, uma criança segurando o pacote de salgadinho.

Violência contra a torcida do Zamalek

Apesar disso e de vários outros massacres cometidos pelo regime de Sissi, que é popular, no Egito, os EUA mantêm uma ajuda militar de US$ 1,4 bilhão. Não há problemas em manter relações com ditaduras. Mas não deixa de ser bizarro o Congresso manter o embargo a Cuba pela falta democracia e ao mesmo tempo apoiar o financiamento da ditadura repressora do Egito.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco são permitidos ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

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