Compare isso com Aleppo ou a Síria, onde não há solução óbvia para os próximos anos. Certamente, veremos ainda dezenas de milhares de mortos na Guerra da Síria e outros milhares no Iraque e no Yemen.
Ainda assim, vale observar o dilema do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu. No lado doméstico, ele baterá de frente com colonos israelenses que vivem em um posto avançado na Cisjordânia. Estes postos avançados são como assentamentos, mas considerados ilegais mesmo pelo governo e a Justiça de Israel por se localizarem em terras privadas de palestinos. Estes colonos não aceitam ser removidos e tentarão resistir. Há risco de confronto com as forças seguranças de Israel.
Para resolver, Netanyahu tentará remover estes colonos do posto avançado para um assentamento na Cisjordânia. O problema é que estes assentamentos na Cisjordânia são considerados ilegais por toda a comunidade internacional. O governo dos EUA abertamente já condenou Israel pela expansão dos assentamentos para acomodar estes colonos. Em represália, os americanos devem propor uma resolução no Conselho de Segurança da ONU nos parâmetros do primeiro parágrafo deste texto - e certamente contarão com o apoio dos europeus, Rússia e China. Isso irritará Netanyahu, que é contra usar a ONU para resolver o conflito.
Obviamente, a solução mais fácil para Netanyahu seria remover os colonos do posto avançado para residências dentro do território de Israel reconhecido pela ONU. Mas o premiê não fará isso e tampouco estes colonos aceitariam. E, no fim, Netanyahu certamente terá de enfrentar estes colonos e também o governo dos EUA - um de cada lado. Não será fácil. Mas, insisto, não é um problema ou um conflito que possa ser comparado à Guerra da Síria. Por este motivo, nos últimos anos, rescrevi centenas de textos sobre a Síria e raros sobre Israel, a não ser quando há embate com os EUA.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires