NOVA YORK - Dois empresários e assessores de Rudy Giuliani, advogado pessoal do presidente Donald Trump, foram presos na noite de quarta-feira, 9, após serem indiciados por violar a lei eleitoral americana em um caso federal de Nova York, segundo a Procuradoria-Geral de Manhattan. Lev Parnas e Igor Fruman também foram acusados de financiar esforços para a investigação de adversários políticos de Trump.
Os dois são testemunhas importantes do processo de impeachment contra o presidente aberto na Câmara dos Deputados. Eles foram acusados de ajudar Giuliani a investigar negócios de Hunter Biden, filho do pré-candidato democrata à presidência Joe Biden, na Ucrânia. Os dois foram presos no Aeroporto Internacional de Washington. Segundo uma fonte do caso, eles planejavam embarcar para Viena.
De acordo com o Wall Street Journal, Giuliani havia almoçado com os dois horas antes, no restaurante do Trump International Hotel, na capital americana.
Parnas é um empresário ucraniano. Fruman é um investidor do setor imobiliário nascido na Bielo-Rússia. Ambos, de acordo com várias reportagens da mídia americana, ajudaram a introduzir Giuliani na alta roda da política ucraniana e o colocaram em contato com procuradores ucranianos. O advogado pessoal de Trump então incentivou os investigadores a analisar irregularidades da família Biden no país.
Foram as ações de Giuliani na Ucrânia que resultaram no telefonema de 25 de julho, de Trump para o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski. Na conversa, que foi o estopim para a abertura de um processo de impeachment, o americano pede a Zelenski que Biden e seu filho sejam investigados.
Parnas e Fruman conspiraram para “canalizar dinheiro estrangeiro para candidatos a cargos federais e estaduais”, de acordo com autos de um tribunal federal de Nova York. Os dois fizeram contribuições ilegais usando laranjas, segundo o indiciamento. Em maio de 2018, diz o processo, Parnas e Fruman doaram US$ 325 mil a um comitê de ação política pró-Trump chamado America First Action. A doação foi relatada falsamente como vinda de uma suposta empresa de gás natural.
Os dois homens afirmaram falsamente que a empresa GEP era “um empreendimento comercial verdadeiro” e “seu principal objetivo é a comercialização de energia, não a atividade política”, conforme o indiciamento.
As prisões foram o desdobramento mais recente e dramático de uma saga política que ameaça o governo Trump, com o processo de impeachment aberto na Câmara. Parnas foi convidado a depor nesta quinta-feira à comissão da Casa que analisa o impeachment. Fruman foi chamado para depor na sexta-feira, 11. Como o convite não foi atendido, os democratas estudam intimá-los a depor.
Outros dois colaboradores de Giuliani foram indiciados hoje: David Correia e Andrey Kukushkin. Correia foi preso na Califórnia e Kukushin, que nasceu na Bielo-Rússia e tem cidadania americana, está foragido.
John Dowd, advogado de Parnas e Fruman, não quis comentar as acusações. Giuliani não respondeu de imediato a um pedido de comentário. No mês passado, ele minimizou as investigações sobre seus assessores. "Foi uma questão de financiamento eleitoral. Indiquei um advogado a eles que deve resolver a questão", disse.
Biden se manifesta pela primeira vez a favor de impeachment
Nessa quarta-feira, Joe Biden se manifestou a favor do processo de impeachment contra Trump. Segundo Biden, o presidente americano “traiu” o país e violou seu juramento.
“Para proteger nossa Constituição, nossa democracia, nossos princípios fundamentais, (Trump) deve ser objeto de um processo de destituição”, disse o vice de Barack Obama durante um comício, que tem sido acusado reiteradamente por Trump por corrupção.
Biden ainda acrescentou que Trump “pisoteia na Constituição e não podemos deixá-lo escapar com isso”. Para o democrata, Trump “não vê limites aos seus poderes”. Ele publicou um vídeo de seu discurso em sua conta no Twitter.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou o processo de impeachment de ‘farsa’ nesta quarta-feira. No centro do furacão, o principal pré-candidato democrata às eleições Joe Biden apoiou publicamente pela primeira vez o impeachment.
Zelenski nega ter sido chantageado
Zelenski, por sua vez, afirmou nesta quinta-feira, 10, que não sofreu nenhuma chantagem por parte do colega americano Donald Trump, suspeito nos Estados Unidos de ter bloqueado ajuda militar para forçar Kiev a investigar o filho do rival democrata Joe Biden.
"Não houve nenhuma chantagem", afirmou Zelenski em uma entrevista coletiva, em referência a uma conversa telefônica que resultou, para Trump, na ameaça de um processo de impeachment.
De acordo com uma fonte, Trump pediu a Zelenski uma investigação sobre as atividades da empresa de gás ucraniana Burisma, de Hunter Biden, filho de Joe Biden. De acordo com as pesquisas, ele é o pré-candidato democrata com mais possibilidades de obter a indicação do partido para a eleição presidencial de 2020. / NYT