JERUSALÉM - O Exército de Israel demoliu em 2010 o triplo de imóveis do ano anterior na Área C da Cisjordânia, sobre a qual mantém controle civil e militar, segundo dados da ONG israelense B'Tselem divulgados nesta quarta-feira, 26, pelo jornal israelense Haaretz.
Veja também:Infográfico: As fronteiras da guerra no Oriente MédioLinha do tempo: Idas e vindas das negociações de paz
No ano passado, a denominada Administração Civil (corpo militar israelense que administra os assuntos civis na Cisjordânia ocupada) colocou abaixo 86 imóveis, entre estes vários barracos, frente aos 28 lares palestinos que destruiu em 2009.
Segundo B'Tselem, cerca de 500 palestinos, incluídas 223 crianças, perderam suas casas como resultado desta política na Área C, na qual vive 60% da população da Cisjordânia.
"Israel retém o controle sobre o planejamento urbanístico na área e é virtualmente impossível para os palestinos conseguir permissões de construção", explicou a porta-voz de B'Tselem, Sarit Michaeli.
Segundo Sarit, as autoridades israelenses "investem muitos recursos em promover os assentamentos judaicos nessa zona enquanto impedem o desenvolvimento das comunidades palestinas, às quais impõem inumeráveis restrições. Por isso que há um grande fenômeno de construção ilegal".
A porta-voz considera que a pior situação ocorre nas comunidades beduínas e nômades no Vale do Jordão e no sul de Hebron, onde "não só aumentaram as demolições, mas também a declaração de terras como 'zona militar fechada' e o assédio aos residentes, que levam a um deslocamento forçado dessas comunidades".
Em declarações ao Haaretz, o advogado Shlomo Lecker atribui o aumento das demolições à pressão dos colonos judeus que vivem na Cisjordânia e da organização da direita nacionalista Regavin, que se dirige aos tribunais israelenses para pedir que emitam ordens de demolição.