WASHINGTON - Após a cúpula do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Cingapura, grupos de direitos humanos vivem a expectativa de que Trump traga à tona os crimes contra a humanidade cometidos pela Coreia do Norte. Kim governa com extrema brutalidade, o que coloca seu país entre os maiores violadores dos direitos humanos do mundo.
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A lista de crimes compreende “extermínio, assassinato, escravização, tortura, prisões, estupro, aborto forçado e outras violências sexuais, perseguição política, religiosa, racial e de gênero, remoção forçada da população, desaparecimento criminoso de pessoas e ações desumanas que causam fome prolongada”, concluiu um relatório da ONU de 2014.
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Entre as atrocidades de Kim estão milhares de pessoas que cometeram crimes políticos que estão presas e enviadas, sem julgamento, a campos de prisioneiros. Em 2014, havia cerca de 120 mil prisioneiros vivendo em condições terríveis nas quatro maiores prisões políticas do país, segundo relatório da ONU.
O encontro de Donald Trump e Kim Jong-un em Cingapura
Os presos passam fome, são submetidos a trabalhos forçados, torturados e violentados. O direito à procriação é negado por meio do aborto forçado e do infanticídio. Centenas de milhares de presos políticos morreram em prisões nos últimos 50 anos, ainda segundo o documento. A Coreia do Norte também mantém prisões para condenados por crimes comuns, nas quais também há trabalho forçado, fome, tortura e sofrimento.
Desde que chegou ao poder, em 2011, Kim consolidou seu poder por meio de execuções. Nos primeiros seis anos, ele ordenou a morte de pelo menos 340 pessoas, segundo o Instituto Nacional de Segurança e Estratégia, ligado ao Serviço Nacional de Informações dos EUA.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assinaram nesta terça-feira um acordo de desnuclearização da península coreana. O compromisso foi fechado horas após o primeiro encontro dos dois.
Em 2016, o vice-primeiro-ministro, Kim Yong-jin, enfrentou o pelotão de fuzilamento “por sua posição desrespeitosa” durante uma reunião. Um tio do ditador, Jang Song-thaek, foi condenado por traição e executado com metralhadoras antiaéreas. Em seguida, seu corpo foi incinerado com lança-chamas. + Kim aceita convite de Trump para visitar EUA
Uma das mais citadas violações de direitos humanos é a doutrinação política. Segundo a ONU, a Coreia do Norte “opera uma abrangente máquina de doutrinação que funciona a partir da infância, destinada a propagar oficialmente o culto à personalidade de Kim, induzir à obediência absoluta” ao líder supremo e “incentivar o ódio a Japão e EUA.
Além disso, os cristãos são proibidos de praticar sua religião e os que desobedecem “estão sujeitos a severas punições”. De 2 milhões a 3 milhões de pessoas morreram na prolongada fome da Coreia do Norte, nos anos 90. Naquela década, a o governo usou os alimentos como ferramenta para forçar a lealdade política, priorizando sua distribuição pelo critério de maior utilidade ao sistema político, segundo o estudo das Nações Unidas. Atualmente há grande desnutrição no país. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ, NYT