O governo da França anunciou ontem que retomará as operações de desocupação do acampamento de refugiados e imigrantes de Calais, no noroeste do país. A decisão é uma resposta ao crescimento vertiginoso da população do local apelidado de “selva”, que mais do que dobrou nos últimos meses.
Levantamentos realizados por associações que atuam em favor dos imigrantes indicam que entre 9 mil e 10 mil pessoas estão vivendo nas tendas improvisadas, enfrentando escassez de alimentos.
A primeira tentativa de esvaziar o acampamento de Calais ocorreu entre fevereiro e março, quando uma área de 7,5 hectares foi desocupada sob protestos de ONGs e imigrantes.
A iniciativa visava a estimular a transferência de pessoas das tendas para alojamentos específicos montados pelo Ministério do Interior no setor norte do campo ou abrigos em outras regiões, como os Centros de Acolhimento e Orientação e os Centros de Acolhimento para Candidatos a Asilo, que têm ao todo oito mil vagas.
As transformações em Calais
A julgar pelos números, porém, a ideia fracassou. Segundo a administração regional de Pas-de-Calais, em março, 3,5 mil pessoas viviam na “selva”. Em agosto, o mesmo órgão recenseou 6,9 mil pessoas. Mas, segundo as ONGs que atuam no local, os acampados superam os 9 mil e podem já ter chegado a 10 mil pessoas, que esperam por uma oportunidade para cruzar o Canal da Mancha e chegar ao Reino Unido.