Na China, ambição política acarreta custo monumental


Por MICHAEL MARTINA

Dong Zizhou lança sua rede ao mar e fixa o olhar nos 15 arranha-céus inconclusos que se erguem qual esqueletos de concreto à margem do rio Hai, que simbolizam a ambição chinesa de desenvolver o maior centro financeiro mundial. As torres do Bairro Financeiro de Yujiapu, em Tianjin, e duas dúzias de outros edifícios no outro lado do rio são monumentos à transformação dessa cidade outrora deteriorada, com 13 milhões de habitantes, na região chinesa de maior crescimento no último ano. Também são um testamento a um líder político local, Zhang Gaoli, cuja atuação econômica fez dele uma estrela em ascensão no Partido Comunista, sendo citado como forte candidato para uma vaga no Comitê Permanente do Politburo, principal órgão decisório do partido. Mas moradores locais como Dong, que teve sua casa desapropriada para dar lugar aos prédios, veem com desconfiança o gasto feito nesses projetos. "Olho para isso e parece que o país está investindo demais", disse Dong, um eletricista aposentado, de 62 anos, usando uma manivela para baixar a rede às águas cinzentas do Hai. "Todo mundo recebe empréstimo hoje em dia. Mas nós, pessoas comuns, não entendemos de onde vem esse dinheiro." Muitos especialistas também não entendem. Para alguns, as obras de Zhang em Tianjin têm um caráter tão político quanto econômico -- seriam um exemplo do custo monumental para quem deseja forjar uma carreira política num Estado unipartidário, no qual o sucesso é medido pelo crescimento econômico, não pelos votos. Só nos últimos três anos, o governo despejou mais de 160 bilhões de dólares na zona de desenvolvimento onde fica Yujiapu, o que é quase o triplo do valor gasto na barragem das Três Gargantas, um dos mais caros projetos já feitos no país. Yujiapu, concebida como uma espécie de Manhattan chinesa, ajudou Tianjin a registrar um crescimento de 16,4 por cento em 2011. Isso credenciou Zhang a um posto no Comitê Permanente, que será renovado neste mês, como parte da troca de liderança que ocorre uma vez por década. "Zhang Gaoli, em comparação aos seus antecessores em Tianjin, é um sujeito relativamente capaz. E uma coisa na qual ele é muito capaz é em obter dinheiro do governo central para grandes projetos", afirmou o economista Zhang Wei, ex-funcionário público em Tianjin, hoje radicado em Hong Kong. Mas críticos dizem que o caso de Tianjin é o tipo do projeto de infraestrutura que endivida o Estado e gera resultados econômicos duvidosos, mas que garante a visibilidade política dos seus responsáveis. Esses críticos dizem que Zhang, chefe do PC em Tianjin desde 2007, usa o capital estatal barato e um alto grau de endividamento para transformar a cidade portuária em um centro financeiro global. "O calcanhar de Aquiles da economia chinesa é o livre capital", disse Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College, na Califórnia. "(Na China) você tem um grupo de pessoas fazendo grandes apostas, e que não colocam a própria pele em risco. Obter um megaprojeto atrai as atenções." VISIONÁRIO? Mas outros especialistas louvam a visão econômica de Zhang, e sugerem que ele deveria ser politicamente recompensado. "As coisas mudaram muito desde que Zhang Gaoli chegou à cidade. Não há dúvida de que ele é um ator muito significativo", disse Dali Yang, professor de Ciência Política da Universidade de Chicago. "Estamos falando mesmo desse tipo de empreendedorismo municipal. Cidades como Chicago e Nova York não teriam sido construídas sem isso." Para alguns economistas, no entanto, Tianjin mostra como o crescimento chinês está excessivamente condicionado a investimentos. Dados governamentais mostram que os investimentos em ativos fixos na cidade começaram a se acelerar mais ou menos na época em que Zhang assumiu o poder em Tianjin, como já havia ocorrido na província de Shandong (leste) em 2002, quando ele assumiu o comando local do partido. O projeto chamado Nova Área de Binhai --que abrange Yujiapu --já estava previsto havia anos, mas só sob o comando de Zhang os investimentos deslancharam. Em 2010, Tianjin ocupou o segundo lugar no ranking chinês dos investimentos em ativos fixos, com 651 bilhões de iuanes (104 bilhões de dólares), logo abaixo de Chongqing, que tem quase o triplo da população e também realiza um ousado plano de infraestrutura. O crescimento de Chongqing, aliás, deveria servir de trampolim para as aspirações políticas do ex-dirigente comunista local Bo Xilai, que acabariam sendo tolhidas por causa do envolvimento dele em um escândalo que levou sua mulher a ser condenada a prisão pelo assassinato de um empresário britânico. Depois desse escândalo, as finanças de Chongqing foram colocadas sob o microscópio. Os últimos dados oficiais, de 2010, mostram que 12 dos seus maiores veículos de investimentos acumularam 363 bilhões de iuanes em dívidas, embora analistas estimem que a exposição real pode ser equivalente a várias vezes essa cifra. Ao contrário de Bo, Zhang sempre evitou a teatralidade política na sua carreira, manteve a cabeça baixa, forjou alianças importantes e apresentou cifras econômicas impactantes ao longo da sua ascensão dos últimos 15 anos nas fileiras do partido. O influente economista Mao Yushi, defensor de reformas econômicas, teme que o crescimento de Tianjin termine mal. "O crescimento do PIB é uma forma de demonstrar um histórico de realizações", disse Mao, referindo-se a autoridades partidárias de toda a China. "Outra é por meio da construção de enormes edifícios, os chamados projetos de imagem". No entanto, acrescentou ele, "isso cria um pavio para uma futura crise financeira." (Reportagem adicional de Hui Li)

Dong Zizhou lança sua rede ao mar e fixa o olhar nos 15 arranha-céus inconclusos que se erguem qual esqueletos de concreto à margem do rio Hai, que simbolizam a ambição chinesa de desenvolver o maior centro financeiro mundial. As torres do Bairro Financeiro de Yujiapu, em Tianjin, e duas dúzias de outros edifícios no outro lado do rio são monumentos à transformação dessa cidade outrora deteriorada, com 13 milhões de habitantes, na região chinesa de maior crescimento no último ano. Também são um testamento a um líder político local, Zhang Gaoli, cuja atuação econômica fez dele uma estrela em ascensão no Partido Comunista, sendo citado como forte candidato para uma vaga no Comitê Permanente do Politburo, principal órgão decisório do partido. Mas moradores locais como Dong, que teve sua casa desapropriada para dar lugar aos prédios, veem com desconfiança o gasto feito nesses projetos. "Olho para isso e parece que o país está investindo demais", disse Dong, um eletricista aposentado, de 62 anos, usando uma manivela para baixar a rede às águas cinzentas do Hai. "Todo mundo recebe empréstimo hoje em dia. Mas nós, pessoas comuns, não entendemos de onde vem esse dinheiro." Muitos especialistas também não entendem. Para alguns, as obras de Zhang em Tianjin têm um caráter tão político quanto econômico -- seriam um exemplo do custo monumental para quem deseja forjar uma carreira política num Estado unipartidário, no qual o sucesso é medido pelo crescimento econômico, não pelos votos. Só nos últimos três anos, o governo despejou mais de 160 bilhões de dólares na zona de desenvolvimento onde fica Yujiapu, o que é quase o triplo do valor gasto na barragem das Três Gargantas, um dos mais caros projetos já feitos no país. Yujiapu, concebida como uma espécie de Manhattan chinesa, ajudou Tianjin a registrar um crescimento de 16,4 por cento em 2011. Isso credenciou Zhang a um posto no Comitê Permanente, que será renovado neste mês, como parte da troca de liderança que ocorre uma vez por década. "Zhang Gaoli, em comparação aos seus antecessores em Tianjin, é um sujeito relativamente capaz. E uma coisa na qual ele é muito capaz é em obter dinheiro do governo central para grandes projetos", afirmou o economista Zhang Wei, ex-funcionário público em Tianjin, hoje radicado em Hong Kong. Mas críticos dizem que o caso de Tianjin é o tipo do projeto de infraestrutura que endivida o Estado e gera resultados econômicos duvidosos, mas que garante a visibilidade política dos seus responsáveis. Esses críticos dizem que Zhang, chefe do PC em Tianjin desde 2007, usa o capital estatal barato e um alto grau de endividamento para transformar a cidade portuária em um centro financeiro global. "O calcanhar de Aquiles da economia chinesa é o livre capital", disse Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College, na Califórnia. "(Na China) você tem um grupo de pessoas fazendo grandes apostas, e que não colocam a própria pele em risco. Obter um megaprojeto atrai as atenções." VISIONÁRIO? Mas outros especialistas louvam a visão econômica de Zhang, e sugerem que ele deveria ser politicamente recompensado. "As coisas mudaram muito desde que Zhang Gaoli chegou à cidade. Não há dúvida de que ele é um ator muito significativo", disse Dali Yang, professor de Ciência Política da Universidade de Chicago. "Estamos falando mesmo desse tipo de empreendedorismo municipal. Cidades como Chicago e Nova York não teriam sido construídas sem isso." Para alguns economistas, no entanto, Tianjin mostra como o crescimento chinês está excessivamente condicionado a investimentos. Dados governamentais mostram que os investimentos em ativos fixos na cidade começaram a se acelerar mais ou menos na época em que Zhang assumiu o poder em Tianjin, como já havia ocorrido na província de Shandong (leste) em 2002, quando ele assumiu o comando local do partido. O projeto chamado Nova Área de Binhai --que abrange Yujiapu --já estava previsto havia anos, mas só sob o comando de Zhang os investimentos deslancharam. Em 2010, Tianjin ocupou o segundo lugar no ranking chinês dos investimentos em ativos fixos, com 651 bilhões de iuanes (104 bilhões de dólares), logo abaixo de Chongqing, que tem quase o triplo da população e também realiza um ousado plano de infraestrutura. O crescimento de Chongqing, aliás, deveria servir de trampolim para as aspirações políticas do ex-dirigente comunista local Bo Xilai, que acabariam sendo tolhidas por causa do envolvimento dele em um escândalo que levou sua mulher a ser condenada a prisão pelo assassinato de um empresário britânico. Depois desse escândalo, as finanças de Chongqing foram colocadas sob o microscópio. Os últimos dados oficiais, de 2010, mostram que 12 dos seus maiores veículos de investimentos acumularam 363 bilhões de iuanes em dívidas, embora analistas estimem que a exposição real pode ser equivalente a várias vezes essa cifra. Ao contrário de Bo, Zhang sempre evitou a teatralidade política na sua carreira, manteve a cabeça baixa, forjou alianças importantes e apresentou cifras econômicas impactantes ao longo da sua ascensão dos últimos 15 anos nas fileiras do partido. O influente economista Mao Yushi, defensor de reformas econômicas, teme que o crescimento de Tianjin termine mal. "O crescimento do PIB é uma forma de demonstrar um histórico de realizações", disse Mao, referindo-se a autoridades partidárias de toda a China. "Outra é por meio da construção de enormes edifícios, os chamados projetos de imagem". No entanto, acrescentou ele, "isso cria um pavio para uma futura crise financeira." (Reportagem adicional de Hui Li)

Dong Zizhou lança sua rede ao mar e fixa o olhar nos 15 arranha-céus inconclusos que se erguem qual esqueletos de concreto à margem do rio Hai, que simbolizam a ambição chinesa de desenvolver o maior centro financeiro mundial. As torres do Bairro Financeiro de Yujiapu, em Tianjin, e duas dúzias de outros edifícios no outro lado do rio são monumentos à transformação dessa cidade outrora deteriorada, com 13 milhões de habitantes, na região chinesa de maior crescimento no último ano. Também são um testamento a um líder político local, Zhang Gaoli, cuja atuação econômica fez dele uma estrela em ascensão no Partido Comunista, sendo citado como forte candidato para uma vaga no Comitê Permanente do Politburo, principal órgão decisório do partido. Mas moradores locais como Dong, que teve sua casa desapropriada para dar lugar aos prédios, veem com desconfiança o gasto feito nesses projetos. "Olho para isso e parece que o país está investindo demais", disse Dong, um eletricista aposentado, de 62 anos, usando uma manivela para baixar a rede às águas cinzentas do Hai. "Todo mundo recebe empréstimo hoje em dia. Mas nós, pessoas comuns, não entendemos de onde vem esse dinheiro." Muitos especialistas também não entendem. Para alguns, as obras de Zhang em Tianjin têm um caráter tão político quanto econômico -- seriam um exemplo do custo monumental para quem deseja forjar uma carreira política num Estado unipartidário, no qual o sucesso é medido pelo crescimento econômico, não pelos votos. Só nos últimos três anos, o governo despejou mais de 160 bilhões de dólares na zona de desenvolvimento onde fica Yujiapu, o que é quase o triplo do valor gasto na barragem das Três Gargantas, um dos mais caros projetos já feitos no país. Yujiapu, concebida como uma espécie de Manhattan chinesa, ajudou Tianjin a registrar um crescimento de 16,4 por cento em 2011. Isso credenciou Zhang a um posto no Comitê Permanente, que será renovado neste mês, como parte da troca de liderança que ocorre uma vez por década. "Zhang Gaoli, em comparação aos seus antecessores em Tianjin, é um sujeito relativamente capaz. E uma coisa na qual ele é muito capaz é em obter dinheiro do governo central para grandes projetos", afirmou o economista Zhang Wei, ex-funcionário público em Tianjin, hoje radicado em Hong Kong. Mas críticos dizem que o caso de Tianjin é o tipo do projeto de infraestrutura que endivida o Estado e gera resultados econômicos duvidosos, mas que garante a visibilidade política dos seus responsáveis. Esses críticos dizem que Zhang, chefe do PC em Tianjin desde 2007, usa o capital estatal barato e um alto grau de endividamento para transformar a cidade portuária em um centro financeiro global. "O calcanhar de Aquiles da economia chinesa é o livre capital", disse Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College, na Califórnia. "(Na China) você tem um grupo de pessoas fazendo grandes apostas, e que não colocam a própria pele em risco. Obter um megaprojeto atrai as atenções." VISIONÁRIO? Mas outros especialistas louvam a visão econômica de Zhang, e sugerem que ele deveria ser politicamente recompensado. "As coisas mudaram muito desde que Zhang Gaoli chegou à cidade. Não há dúvida de que ele é um ator muito significativo", disse Dali Yang, professor de Ciência Política da Universidade de Chicago. "Estamos falando mesmo desse tipo de empreendedorismo municipal. Cidades como Chicago e Nova York não teriam sido construídas sem isso." Para alguns economistas, no entanto, Tianjin mostra como o crescimento chinês está excessivamente condicionado a investimentos. Dados governamentais mostram que os investimentos em ativos fixos na cidade começaram a se acelerar mais ou menos na época em que Zhang assumiu o poder em Tianjin, como já havia ocorrido na província de Shandong (leste) em 2002, quando ele assumiu o comando local do partido. O projeto chamado Nova Área de Binhai --que abrange Yujiapu --já estava previsto havia anos, mas só sob o comando de Zhang os investimentos deslancharam. Em 2010, Tianjin ocupou o segundo lugar no ranking chinês dos investimentos em ativos fixos, com 651 bilhões de iuanes (104 bilhões de dólares), logo abaixo de Chongqing, que tem quase o triplo da população e também realiza um ousado plano de infraestrutura. O crescimento de Chongqing, aliás, deveria servir de trampolim para as aspirações políticas do ex-dirigente comunista local Bo Xilai, que acabariam sendo tolhidas por causa do envolvimento dele em um escândalo que levou sua mulher a ser condenada a prisão pelo assassinato de um empresário britânico. Depois desse escândalo, as finanças de Chongqing foram colocadas sob o microscópio. Os últimos dados oficiais, de 2010, mostram que 12 dos seus maiores veículos de investimentos acumularam 363 bilhões de iuanes em dívidas, embora analistas estimem que a exposição real pode ser equivalente a várias vezes essa cifra. Ao contrário de Bo, Zhang sempre evitou a teatralidade política na sua carreira, manteve a cabeça baixa, forjou alianças importantes e apresentou cifras econômicas impactantes ao longo da sua ascensão dos últimos 15 anos nas fileiras do partido. O influente economista Mao Yushi, defensor de reformas econômicas, teme que o crescimento de Tianjin termine mal. "O crescimento do PIB é uma forma de demonstrar um histórico de realizações", disse Mao, referindo-se a autoridades partidárias de toda a China. "Outra é por meio da construção de enormes edifícios, os chamados projetos de imagem". No entanto, acrescentou ele, "isso cria um pavio para uma futura crise financeira." (Reportagem adicional de Hui Li)

Dong Zizhou lança sua rede ao mar e fixa o olhar nos 15 arranha-céus inconclusos que se erguem qual esqueletos de concreto à margem do rio Hai, que simbolizam a ambição chinesa de desenvolver o maior centro financeiro mundial. As torres do Bairro Financeiro de Yujiapu, em Tianjin, e duas dúzias de outros edifícios no outro lado do rio são monumentos à transformação dessa cidade outrora deteriorada, com 13 milhões de habitantes, na região chinesa de maior crescimento no último ano. Também são um testamento a um líder político local, Zhang Gaoli, cuja atuação econômica fez dele uma estrela em ascensão no Partido Comunista, sendo citado como forte candidato para uma vaga no Comitê Permanente do Politburo, principal órgão decisório do partido. Mas moradores locais como Dong, que teve sua casa desapropriada para dar lugar aos prédios, veem com desconfiança o gasto feito nesses projetos. "Olho para isso e parece que o país está investindo demais", disse Dong, um eletricista aposentado, de 62 anos, usando uma manivela para baixar a rede às águas cinzentas do Hai. "Todo mundo recebe empréstimo hoje em dia. Mas nós, pessoas comuns, não entendemos de onde vem esse dinheiro." Muitos especialistas também não entendem. Para alguns, as obras de Zhang em Tianjin têm um caráter tão político quanto econômico -- seriam um exemplo do custo monumental para quem deseja forjar uma carreira política num Estado unipartidário, no qual o sucesso é medido pelo crescimento econômico, não pelos votos. Só nos últimos três anos, o governo despejou mais de 160 bilhões de dólares na zona de desenvolvimento onde fica Yujiapu, o que é quase o triplo do valor gasto na barragem das Três Gargantas, um dos mais caros projetos já feitos no país. Yujiapu, concebida como uma espécie de Manhattan chinesa, ajudou Tianjin a registrar um crescimento de 16,4 por cento em 2011. Isso credenciou Zhang a um posto no Comitê Permanente, que será renovado neste mês, como parte da troca de liderança que ocorre uma vez por década. "Zhang Gaoli, em comparação aos seus antecessores em Tianjin, é um sujeito relativamente capaz. E uma coisa na qual ele é muito capaz é em obter dinheiro do governo central para grandes projetos", afirmou o economista Zhang Wei, ex-funcionário público em Tianjin, hoje radicado em Hong Kong. Mas críticos dizem que o caso de Tianjin é o tipo do projeto de infraestrutura que endivida o Estado e gera resultados econômicos duvidosos, mas que garante a visibilidade política dos seus responsáveis. Esses críticos dizem que Zhang, chefe do PC em Tianjin desde 2007, usa o capital estatal barato e um alto grau de endividamento para transformar a cidade portuária em um centro financeiro global. "O calcanhar de Aquiles da economia chinesa é o livre capital", disse Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College, na Califórnia. "(Na China) você tem um grupo de pessoas fazendo grandes apostas, e que não colocam a própria pele em risco. Obter um megaprojeto atrai as atenções." VISIONÁRIO? Mas outros especialistas louvam a visão econômica de Zhang, e sugerem que ele deveria ser politicamente recompensado. "As coisas mudaram muito desde que Zhang Gaoli chegou à cidade. Não há dúvida de que ele é um ator muito significativo", disse Dali Yang, professor de Ciência Política da Universidade de Chicago. "Estamos falando mesmo desse tipo de empreendedorismo municipal. Cidades como Chicago e Nova York não teriam sido construídas sem isso." Para alguns economistas, no entanto, Tianjin mostra como o crescimento chinês está excessivamente condicionado a investimentos. Dados governamentais mostram que os investimentos em ativos fixos na cidade começaram a se acelerar mais ou menos na época em que Zhang assumiu o poder em Tianjin, como já havia ocorrido na província de Shandong (leste) em 2002, quando ele assumiu o comando local do partido. O projeto chamado Nova Área de Binhai --que abrange Yujiapu --já estava previsto havia anos, mas só sob o comando de Zhang os investimentos deslancharam. Em 2010, Tianjin ocupou o segundo lugar no ranking chinês dos investimentos em ativos fixos, com 651 bilhões de iuanes (104 bilhões de dólares), logo abaixo de Chongqing, que tem quase o triplo da população e também realiza um ousado plano de infraestrutura. O crescimento de Chongqing, aliás, deveria servir de trampolim para as aspirações políticas do ex-dirigente comunista local Bo Xilai, que acabariam sendo tolhidas por causa do envolvimento dele em um escândalo que levou sua mulher a ser condenada a prisão pelo assassinato de um empresário britânico. Depois desse escândalo, as finanças de Chongqing foram colocadas sob o microscópio. Os últimos dados oficiais, de 2010, mostram que 12 dos seus maiores veículos de investimentos acumularam 363 bilhões de iuanes em dívidas, embora analistas estimem que a exposição real pode ser equivalente a várias vezes essa cifra. Ao contrário de Bo, Zhang sempre evitou a teatralidade política na sua carreira, manteve a cabeça baixa, forjou alianças importantes e apresentou cifras econômicas impactantes ao longo da sua ascensão dos últimos 15 anos nas fileiras do partido. O influente economista Mao Yushi, defensor de reformas econômicas, teme que o crescimento de Tianjin termine mal. "O crescimento do PIB é uma forma de demonstrar um histórico de realizações", disse Mao, referindo-se a autoridades partidárias de toda a China. "Outra é por meio da construção de enormes edifícios, os chamados projetos de imagem". No entanto, acrescentou ele, "isso cria um pavio para uma futura crise financeira." (Reportagem adicional de Hui Li)

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.