O fantasma de Gamal Nasser


Semelhanças do atual conflito no Iêmen com combates da década de 60 são inegáveis

Por JESSE FERRIS

Quando a Arábia Saudita e seus aliados começaram a bombardear o Iêmen na semana passada, não foi a primeira vez que os vizinhos dos iemenitas transformaram o país em campo de batalha. Tanto o governo americano de Barack Obama quanto a monarquia saudita deveriam se lembrar da última vez que o Iêmen se tornou uma vítima nas disputas regionais pelo poder. Em 1962, o rei Saud da Arábia Saudita observou nervosamente tropas egípcias entrarem no Iêmen. O Egito havia passado por uma revolução dez anos antes e, sob a liderança do seu carismático presidente Gamal Abdel Nasser, deixou de ser uma monarquia amiga para se transformar numa república agressiva. Nasser começou a exportar a revolução para todo o Oriente Médio, atemorizando os monarcas de Bagdá a Sanaa. Em 1956, o reino da Jordânia quase caiu nas mãos de forças favoráveis a Nasser. Em 1958, a monarquia iraquiana desmoronou. No mesmo ano, o presidente egípcio anunciou aliança com a Síria, estabelecendo as bases para um império pan-arabista. Os sauditas, desesperados para deter o projeto antes que alcançasse Riad, aparentemente financiaram uma tentativa fracassada para assassinar Nasser e conspiraram para romper a união entre sírios e egípcios. Não demorou para Nasser revidar. Um ano depois, um grupo de oficiais iemenitas, apoiados por agências de inteligência egípcias, levou a cabo um golpe de Estado, destituindo a monarquia e estabelecendo uma república no Iêmen. Para Nasser, o golpe no Iêmen era a chance de iniciar uma reação em cadeia no Golfo que, esperava, derrubaria a Casa de Saud. Os sauditas, horrorizados com a ideia de um Exército egípcio hostil acampado no seu quintal, decidiram apoiar o imã iemenita destituído com fornecimento abundante de armas e ouro, o que resultou numa guerra civil prolongada e dispendiosa. Estaria a história se repetindo? Os sauditas veem a queda do governo iemenita e a ampliação da rebelião dos houthis com uma aguda sensação de algo já visto. Os papéis, naturalmente, mudaram nos últimos 50 anos. Naquela época, o arqui-inimigo da Arábia Saudita era o Egito de Nasser, que pretendia tirar vantagem da revolução árabe e espalhar sua influência sobre as ruínas das monarquias. Hoje, o principal adversário saudita é o Irã xiita, que vem manobrando habilmente em meio aos escombros da Primavera Árabe. Há 50 anos, como agora, o palco central do conflito era o Iêmen. Mais uma vez, a intromissão de um adversário no Iêmen leva os sauditas a agir - agora, sob as ordens de um novo rei, Salman, e seu ambicioso filho Muhammad. O apoio atual do Irã aos houthis não se compara à invasão do Iêmen pelo Egito na década de 60, mas o contexto regional é sinistramente semelhante. Primeiro no Iraque, depois na Síria e agora no Iêmen, os sauditas observam preocupados a influência crescente do Irã em meio ao caos. Os EUA, leais aliados dos sauditas, vêm se abrindo diplomaticamente para o inimigo. Nesse contexto, a intervenção saudita representa uma demonstração de poder dirigida a Washington e a Teerã. A política americana já padeceu contradições similares há 50 anos. Quando eclodiu a guerra no Iêmen em 1962, os EUA não tiveram outra opção senão defender seus aliados sauditas. Mas naquela ocasião o governo Kennedy procurava manter uma relação delicada com Nasser, acreditando que a influência americana no mundo árabe exigia um entendimento com o Egito - o mais importante aliado regional da União Soviética. Os EUA adotaram uma política ambígua com relação ao conflito que não satisfez a ninguém. Como os sauditas previam, a tentativa de conter as ambições revolucionárias de Nasser simulando uma ajuda não acabou bem. Nasser continuou muitos anos no Iêmen, o Egito gravitou em torno dos soviéticos e as relações entre americanos e egípcios viraram fumaça nos campos de batalha do Sinai em 1967. O paralelo com a atual aproximação dos EUA com o Irã é muito bem compreendido pelo rei saudita de 79 anos. Obama terá de decidir se vai se reconciliar com os líderes iranianos à custa dos tradicionais aliados dos EUA ou se alinhar com sauditas e egípcios contra eles. No contexto de uma estratégia coerente, a crise no Iêmen pode oferecer um ponto de pressão útil contra o Irã, aumentando as chances de sucesso do acordo obtido sobre seu programa nuclear. Uma linha vermelha traçada pelos americanos no Iêmen, com apoio do poderio aéreo egípcio e saudita, seria um sinal para os iranianos de que a flexibilização das sanções dependerá do fim do seu apoio aos violentos combatentes que empreendem guerras por procuração do Iêmen ao Iraque e mais além. Isso foi válido para o Egito na década de 60. E vale para o Irã hoje. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É AUTOR DE 'NASSER'S GAMBLE: HOW INTERVENTION IN YEMEN CAUSED A SIX-DAY WAR AND THE DECLINE OF EGYPTIAN POWER'

Quando a Arábia Saudita e seus aliados começaram a bombardear o Iêmen na semana passada, não foi a primeira vez que os vizinhos dos iemenitas transformaram o país em campo de batalha. Tanto o governo americano de Barack Obama quanto a monarquia saudita deveriam se lembrar da última vez que o Iêmen se tornou uma vítima nas disputas regionais pelo poder. Em 1962, o rei Saud da Arábia Saudita observou nervosamente tropas egípcias entrarem no Iêmen. O Egito havia passado por uma revolução dez anos antes e, sob a liderança do seu carismático presidente Gamal Abdel Nasser, deixou de ser uma monarquia amiga para se transformar numa república agressiva. Nasser começou a exportar a revolução para todo o Oriente Médio, atemorizando os monarcas de Bagdá a Sanaa. Em 1956, o reino da Jordânia quase caiu nas mãos de forças favoráveis a Nasser. Em 1958, a monarquia iraquiana desmoronou. No mesmo ano, o presidente egípcio anunciou aliança com a Síria, estabelecendo as bases para um império pan-arabista. Os sauditas, desesperados para deter o projeto antes que alcançasse Riad, aparentemente financiaram uma tentativa fracassada para assassinar Nasser e conspiraram para romper a união entre sírios e egípcios. Não demorou para Nasser revidar. Um ano depois, um grupo de oficiais iemenitas, apoiados por agências de inteligência egípcias, levou a cabo um golpe de Estado, destituindo a monarquia e estabelecendo uma república no Iêmen. Para Nasser, o golpe no Iêmen era a chance de iniciar uma reação em cadeia no Golfo que, esperava, derrubaria a Casa de Saud. Os sauditas, horrorizados com a ideia de um Exército egípcio hostil acampado no seu quintal, decidiram apoiar o imã iemenita destituído com fornecimento abundante de armas e ouro, o que resultou numa guerra civil prolongada e dispendiosa. Estaria a história se repetindo? Os sauditas veem a queda do governo iemenita e a ampliação da rebelião dos houthis com uma aguda sensação de algo já visto. Os papéis, naturalmente, mudaram nos últimos 50 anos. Naquela época, o arqui-inimigo da Arábia Saudita era o Egito de Nasser, que pretendia tirar vantagem da revolução árabe e espalhar sua influência sobre as ruínas das monarquias. Hoje, o principal adversário saudita é o Irã xiita, que vem manobrando habilmente em meio aos escombros da Primavera Árabe. Há 50 anos, como agora, o palco central do conflito era o Iêmen. Mais uma vez, a intromissão de um adversário no Iêmen leva os sauditas a agir - agora, sob as ordens de um novo rei, Salman, e seu ambicioso filho Muhammad. O apoio atual do Irã aos houthis não se compara à invasão do Iêmen pelo Egito na década de 60, mas o contexto regional é sinistramente semelhante. Primeiro no Iraque, depois na Síria e agora no Iêmen, os sauditas observam preocupados a influência crescente do Irã em meio ao caos. Os EUA, leais aliados dos sauditas, vêm se abrindo diplomaticamente para o inimigo. Nesse contexto, a intervenção saudita representa uma demonstração de poder dirigida a Washington e a Teerã. A política americana já padeceu contradições similares há 50 anos. Quando eclodiu a guerra no Iêmen em 1962, os EUA não tiveram outra opção senão defender seus aliados sauditas. Mas naquela ocasião o governo Kennedy procurava manter uma relação delicada com Nasser, acreditando que a influência americana no mundo árabe exigia um entendimento com o Egito - o mais importante aliado regional da União Soviética. Os EUA adotaram uma política ambígua com relação ao conflito que não satisfez a ninguém. Como os sauditas previam, a tentativa de conter as ambições revolucionárias de Nasser simulando uma ajuda não acabou bem. Nasser continuou muitos anos no Iêmen, o Egito gravitou em torno dos soviéticos e as relações entre americanos e egípcios viraram fumaça nos campos de batalha do Sinai em 1967. O paralelo com a atual aproximação dos EUA com o Irã é muito bem compreendido pelo rei saudita de 79 anos. Obama terá de decidir se vai se reconciliar com os líderes iranianos à custa dos tradicionais aliados dos EUA ou se alinhar com sauditas e egípcios contra eles. No contexto de uma estratégia coerente, a crise no Iêmen pode oferecer um ponto de pressão útil contra o Irã, aumentando as chances de sucesso do acordo obtido sobre seu programa nuclear. Uma linha vermelha traçada pelos americanos no Iêmen, com apoio do poderio aéreo egípcio e saudita, seria um sinal para os iranianos de que a flexibilização das sanções dependerá do fim do seu apoio aos violentos combatentes que empreendem guerras por procuração do Iêmen ao Iraque e mais além. Isso foi válido para o Egito na década de 60. E vale para o Irã hoje. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É AUTOR DE 'NASSER'S GAMBLE: HOW INTERVENTION IN YEMEN CAUSED A SIX-DAY WAR AND THE DECLINE OF EGYPTIAN POWER'

Quando a Arábia Saudita e seus aliados começaram a bombardear o Iêmen na semana passada, não foi a primeira vez que os vizinhos dos iemenitas transformaram o país em campo de batalha. Tanto o governo americano de Barack Obama quanto a monarquia saudita deveriam se lembrar da última vez que o Iêmen se tornou uma vítima nas disputas regionais pelo poder. Em 1962, o rei Saud da Arábia Saudita observou nervosamente tropas egípcias entrarem no Iêmen. O Egito havia passado por uma revolução dez anos antes e, sob a liderança do seu carismático presidente Gamal Abdel Nasser, deixou de ser uma monarquia amiga para se transformar numa república agressiva. Nasser começou a exportar a revolução para todo o Oriente Médio, atemorizando os monarcas de Bagdá a Sanaa. Em 1956, o reino da Jordânia quase caiu nas mãos de forças favoráveis a Nasser. Em 1958, a monarquia iraquiana desmoronou. No mesmo ano, o presidente egípcio anunciou aliança com a Síria, estabelecendo as bases para um império pan-arabista. Os sauditas, desesperados para deter o projeto antes que alcançasse Riad, aparentemente financiaram uma tentativa fracassada para assassinar Nasser e conspiraram para romper a união entre sírios e egípcios. Não demorou para Nasser revidar. Um ano depois, um grupo de oficiais iemenitas, apoiados por agências de inteligência egípcias, levou a cabo um golpe de Estado, destituindo a monarquia e estabelecendo uma república no Iêmen. Para Nasser, o golpe no Iêmen era a chance de iniciar uma reação em cadeia no Golfo que, esperava, derrubaria a Casa de Saud. Os sauditas, horrorizados com a ideia de um Exército egípcio hostil acampado no seu quintal, decidiram apoiar o imã iemenita destituído com fornecimento abundante de armas e ouro, o que resultou numa guerra civil prolongada e dispendiosa. Estaria a história se repetindo? Os sauditas veem a queda do governo iemenita e a ampliação da rebelião dos houthis com uma aguda sensação de algo já visto. Os papéis, naturalmente, mudaram nos últimos 50 anos. Naquela época, o arqui-inimigo da Arábia Saudita era o Egito de Nasser, que pretendia tirar vantagem da revolução árabe e espalhar sua influência sobre as ruínas das monarquias. Hoje, o principal adversário saudita é o Irã xiita, que vem manobrando habilmente em meio aos escombros da Primavera Árabe. Há 50 anos, como agora, o palco central do conflito era o Iêmen. Mais uma vez, a intromissão de um adversário no Iêmen leva os sauditas a agir - agora, sob as ordens de um novo rei, Salman, e seu ambicioso filho Muhammad. O apoio atual do Irã aos houthis não se compara à invasão do Iêmen pelo Egito na década de 60, mas o contexto regional é sinistramente semelhante. Primeiro no Iraque, depois na Síria e agora no Iêmen, os sauditas observam preocupados a influência crescente do Irã em meio ao caos. Os EUA, leais aliados dos sauditas, vêm se abrindo diplomaticamente para o inimigo. Nesse contexto, a intervenção saudita representa uma demonstração de poder dirigida a Washington e a Teerã. A política americana já padeceu contradições similares há 50 anos. Quando eclodiu a guerra no Iêmen em 1962, os EUA não tiveram outra opção senão defender seus aliados sauditas. Mas naquela ocasião o governo Kennedy procurava manter uma relação delicada com Nasser, acreditando que a influência americana no mundo árabe exigia um entendimento com o Egito - o mais importante aliado regional da União Soviética. Os EUA adotaram uma política ambígua com relação ao conflito que não satisfez a ninguém. Como os sauditas previam, a tentativa de conter as ambições revolucionárias de Nasser simulando uma ajuda não acabou bem. Nasser continuou muitos anos no Iêmen, o Egito gravitou em torno dos soviéticos e as relações entre americanos e egípcios viraram fumaça nos campos de batalha do Sinai em 1967. O paralelo com a atual aproximação dos EUA com o Irã é muito bem compreendido pelo rei saudita de 79 anos. Obama terá de decidir se vai se reconciliar com os líderes iranianos à custa dos tradicionais aliados dos EUA ou se alinhar com sauditas e egípcios contra eles. No contexto de uma estratégia coerente, a crise no Iêmen pode oferecer um ponto de pressão útil contra o Irã, aumentando as chances de sucesso do acordo obtido sobre seu programa nuclear. Uma linha vermelha traçada pelos americanos no Iêmen, com apoio do poderio aéreo egípcio e saudita, seria um sinal para os iranianos de que a flexibilização das sanções dependerá do fim do seu apoio aos violentos combatentes que empreendem guerras por procuração do Iêmen ao Iraque e mais além. Isso foi válido para o Egito na década de 60. E vale para o Irã hoje. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É AUTOR DE 'NASSER'S GAMBLE: HOW INTERVENTION IN YEMEN CAUSED A SIX-DAY WAR AND THE DECLINE OF EGYPTIAN POWER'

Quando a Arábia Saudita e seus aliados começaram a bombardear o Iêmen na semana passada, não foi a primeira vez que os vizinhos dos iemenitas transformaram o país em campo de batalha. Tanto o governo americano de Barack Obama quanto a monarquia saudita deveriam se lembrar da última vez que o Iêmen se tornou uma vítima nas disputas regionais pelo poder. Em 1962, o rei Saud da Arábia Saudita observou nervosamente tropas egípcias entrarem no Iêmen. O Egito havia passado por uma revolução dez anos antes e, sob a liderança do seu carismático presidente Gamal Abdel Nasser, deixou de ser uma monarquia amiga para se transformar numa república agressiva. Nasser começou a exportar a revolução para todo o Oriente Médio, atemorizando os monarcas de Bagdá a Sanaa. Em 1956, o reino da Jordânia quase caiu nas mãos de forças favoráveis a Nasser. Em 1958, a monarquia iraquiana desmoronou. No mesmo ano, o presidente egípcio anunciou aliança com a Síria, estabelecendo as bases para um império pan-arabista. Os sauditas, desesperados para deter o projeto antes que alcançasse Riad, aparentemente financiaram uma tentativa fracassada para assassinar Nasser e conspiraram para romper a união entre sírios e egípcios. Não demorou para Nasser revidar. Um ano depois, um grupo de oficiais iemenitas, apoiados por agências de inteligência egípcias, levou a cabo um golpe de Estado, destituindo a monarquia e estabelecendo uma república no Iêmen. Para Nasser, o golpe no Iêmen era a chance de iniciar uma reação em cadeia no Golfo que, esperava, derrubaria a Casa de Saud. Os sauditas, horrorizados com a ideia de um Exército egípcio hostil acampado no seu quintal, decidiram apoiar o imã iemenita destituído com fornecimento abundante de armas e ouro, o que resultou numa guerra civil prolongada e dispendiosa. Estaria a história se repetindo? Os sauditas veem a queda do governo iemenita e a ampliação da rebelião dos houthis com uma aguda sensação de algo já visto. Os papéis, naturalmente, mudaram nos últimos 50 anos. Naquela época, o arqui-inimigo da Arábia Saudita era o Egito de Nasser, que pretendia tirar vantagem da revolução árabe e espalhar sua influência sobre as ruínas das monarquias. Hoje, o principal adversário saudita é o Irã xiita, que vem manobrando habilmente em meio aos escombros da Primavera Árabe. Há 50 anos, como agora, o palco central do conflito era o Iêmen. Mais uma vez, a intromissão de um adversário no Iêmen leva os sauditas a agir - agora, sob as ordens de um novo rei, Salman, e seu ambicioso filho Muhammad. O apoio atual do Irã aos houthis não se compara à invasão do Iêmen pelo Egito na década de 60, mas o contexto regional é sinistramente semelhante. Primeiro no Iraque, depois na Síria e agora no Iêmen, os sauditas observam preocupados a influência crescente do Irã em meio ao caos. Os EUA, leais aliados dos sauditas, vêm se abrindo diplomaticamente para o inimigo. Nesse contexto, a intervenção saudita representa uma demonstração de poder dirigida a Washington e a Teerã. A política americana já padeceu contradições similares há 50 anos. Quando eclodiu a guerra no Iêmen em 1962, os EUA não tiveram outra opção senão defender seus aliados sauditas. Mas naquela ocasião o governo Kennedy procurava manter uma relação delicada com Nasser, acreditando que a influência americana no mundo árabe exigia um entendimento com o Egito - o mais importante aliado regional da União Soviética. Os EUA adotaram uma política ambígua com relação ao conflito que não satisfez a ninguém. Como os sauditas previam, a tentativa de conter as ambições revolucionárias de Nasser simulando uma ajuda não acabou bem. Nasser continuou muitos anos no Iêmen, o Egito gravitou em torno dos soviéticos e as relações entre americanos e egípcios viraram fumaça nos campos de batalha do Sinai em 1967. O paralelo com a atual aproximação dos EUA com o Irã é muito bem compreendido pelo rei saudita de 79 anos. Obama terá de decidir se vai se reconciliar com os líderes iranianos à custa dos tradicionais aliados dos EUA ou se alinhar com sauditas e egípcios contra eles. No contexto de uma estratégia coerente, a crise no Iêmen pode oferecer um ponto de pressão útil contra o Irã, aumentando as chances de sucesso do acordo obtido sobre seu programa nuclear. Uma linha vermelha traçada pelos americanos no Iêmen, com apoio do poderio aéreo egípcio e saudita, seria um sinal para os iranianos de que a flexibilização das sanções dependerá do fim do seu apoio aos violentos combatentes que empreendem guerras por procuração do Iêmen ao Iraque e mais além. Isso foi válido para o Egito na década de 60. E vale para o Irã hoje. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É AUTOR DE 'NASSER'S GAMBLE: HOW INTERVENTION IN YEMEN CAUSED A SIX-DAY WAR AND THE DECLINE OF EGYPTIAN POWER'

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