O paiol de pólvora da Crimeia


Argumento da Rússia para a invasão não pode ser aceito pela comunidade internacional

Por CHARLES e KING

A intervenção militar russa na república autônoma da Crimeia, que pertence à Ucrânia, provocou a queda das relações entre EUA e Rússia ao seu nível mais baixo dos último 25 anos. A intervenção infringiu a soberania de um dos países mais populosos da Europa, violou um tratado diplomático de respeito às fronteiras da Ucrânia e colocou a Rússia em pé de guerra com um dos poucos países do mundo pós-soviético que conseguiu realizar eleições livres. A Crimeia é considerada pró-Rússia: 58% da população de 2 milhões é constituída por russos étnicos, outros 24%, por ucranianos e 12%, por tártaros. Será que a Crimeia dará origem a uma nova crise semelhante à dos Sudetos? Ou não passa de uma Granada? Alguns comentaristas ocidentais já sugeriram a primeira possibilidade. Em sua conversa com o presidente Barack Obama, no sábado, Vladimir Putin usou uma nova justificativa para o ataque a um país vizinho: proteger os interesses de cidadãos russos e de "compatriotas" - o que não inclui apenas russos étnicos, mas qualquer um favorável à Rússia.No universo paralelo da mídia russa, a natureza preventiva e humanitária da operação adquire um caráter fundamental. Em uma pesquisa realizada no final de fevereiro pelo Centro Levada, de Moscou, 43% dos russos definiram a queda de Viktor Yanukovich como um golpe violento e 23% veem na situação que se estabeleceu na Ucrânia uma guerra civil. Os EUA costumam justificar as próprias ações com base em seus princípios. E julgam os princípios dos outros países a partir do seu comportamento. Na maioria dos casos, isso leva precisamente às hipocrisias que a Rússia, a China e outros países acham tão fácil condenar.No entanto, a Crimeia é diferente e os resultados são potencialmente desastrosos. Com a formação de milícias rivais na península e com a bandeira russa, que agora tremula sobre edifícios do governo em algumas partes do sudoeste da Ucrânia, neste momento, a tarefa imediata da diplomacia é resgatar a Ucrânia das consequências de sua revolução acidental.Em primeiro lugar, a União Europeia, os EUA e a Rússia precisam concordar que o seu objetivo principal é impedir uma violência maior. O governo ucraniano deve impedir que grupos armados vindos de outras partes da Ucrânia se dirijam para a Crimeia, assim como a Rússia deve deter a formação de milícias. Em lugar de retornar à base, como o presidente Obama exigiu, a Rússia deve usar a atual disposição das forças russas para policiar a própria situação que elas criaram. Proteção. Em segundo lugar, funcionários europeus e americanos precisam compreender com clareza os motivos pelos quais a comunidade internacional deve se unir para condenar as ações russas. Não é em razão da violação da soberania nacional, mas porque o fato de Putin reservar-se o direito de proteger a "população de língua russa" da Ucrânia constitui uma afronta à essência da ordem internacional. O futuro da Ucrânia agora não diz mais respeito à Praça da Independência, de Kiev, à democracia na Ucrânia ou à integração europeia. Diz respeito à preservação de uma visão de Europa - e, na realidade, do mundo - em que os países acreditam que as pessoas que falam uma língua que compreendemos são as únicas que vale a pena proteger. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA É EDITORIALISTA

A intervenção militar russa na república autônoma da Crimeia, que pertence à Ucrânia, provocou a queda das relações entre EUA e Rússia ao seu nível mais baixo dos último 25 anos. A intervenção infringiu a soberania de um dos países mais populosos da Europa, violou um tratado diplomático de respeito às fronteiras da Ucrânia e colocou a Rússia em pé de guerra com um dos poucos países do mundo pós-soviético que conseguiu realizar eleições livres. A Crimeia é considerada pró-Rússia: 58% da população de 2 milhões é constituída por russos étnicos, outros 24%, por ucranianos e 12%, por tártaros. Será que a Crimeia dará origem a uma nova crise semelhante à dos Sudetos? Ou não passa de uma Granada? Alguns comentaristas ocidentais já sugeriram a primeira possibilidade. Em sua conversa com o presidente Barack Obama, no sábado, Vladimir Putin usou uma nova justificativa para o ataque a um país vizinho: proteger os interesses de cidadãos russos e de "compatriotas" - o que não inclui apenas russos étnicos, mas qualquer um favorável à Rússia.No universo paralelo da mídia russa, a natureza preventiva e humanitária da operação adquire um caráter fundamental. Em uma pesquisa realizada no final de fevereiro pelo Centro Levada, de Moscou, 43% dos russos definiram a queda de Viktor Yanukovich como um golpe violento e 23% veem na situação que se estabeleceu na Ucrânia uma guerra civil. Os EUA costumam justificar as próprias ações com base em seus princípios. E julgam os princípios dos outros países a partir do seu comportamento. Na maioria dos casos, isso leva precisamente às hipocrisias que a Rússia, a China e outros países acham tão fácil condenar.No entanto, a Crimeia é diferente e os resultados são potencialmente desastrosos. Com a formação de milícias rivais na península e com a bandeira russa, que agora tremula sobre edifícios do governo em algumas partes do sudoeste da Ucrânia, neste momento, a tarefa imediata da diplomacia é resgatar a Ucrânia das consequências de sua revolução acidental.Em primeiro lugar, a União Europeia, os EUA e a Rússia precisam concordar que o seu objetivo principal é impedir uma violência maior. O governo ucraniano deve impedir que grupos armados vindos de outras partes da Ucrânia se dirijam para a Crimeia, assim como a Rússia deve deter a formação de milícias. Em lugar de retornar à base, como o presidente Obama exigiu, a Rússia deve usar a atual disposição das forças russas para policiar a própria situação que elas criaram. Proteção. Em segundo lugar, funcionários europeus e americanos precisam compreender com clareza os motivos pelos quais a comunidade internacional deve se unir para condenar as ações russas. Não é em razão da violação da soberania nacional, mas porque o fato de Putin reservar-se o direito de proteger a "população de língua russa" da Ucrânia constitui uma afronta à essência da ordem internacional. O futuro da Ucrânia agora não diz mais respeito à Praça da Independência, de Kiev, à democracia na Ucrânia ou à integração europeia. Diz respeito à preservação de uma visão de Europa - e, na realidade, do mundo - em que os países acreditam que as pessoas que falam uma língua que compreendemos são as únicas que vale a pena proteger. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA É EDITORIALISTA

A intervenção militar russa na república autônoma da Crimeia, que pertence à Ucrânia, provocou a queda das relações entre EUA e Rússia ao seu nível mais baixo dos último 25 anos. A intervenção infringiu a soberania de um dos países mais populosos da Europa, violou um tratado diplomático de respeito às fronteiras da Ucrânia e colocou a Rússia em pé de guerra com um dos poucos países do mundo pós-soviético que conseguiu realizar eleições livres. A Crimeia é considerada pró-Rússia: 58% da população de 2 milhões é constituída por russos étnicos, outros 24%, por ucranianos e 12%, por tártaros. Será que a Crimeia dará origem a uma nova crise semelhante à dos Sudetos? Ou não passa de uma Granada? Alguns comentaristas ocidentais já sugeriram a primeira possibilidade. Em sua conversa com o presidente Barack Obama, no sábado, Vladimir Putin usou uma nova justificativa para o ataque a um país vizinho: proteger os interesses de cidadãos russos e de "compatriotas" - o que não inclui apenas russos étnicos, mas qualquer um favorável à Rússia.No universo paralelo da mídia russa, a natureza preventiva e humanitária da operação adquire um caráter fundamental. Em uma pesquisa realizada no final de fevereiro pelo Centro Levada, de Moscou, 43% dos russos definiram a queda de Viktor Yanukovich como um golpe violento e 23% veem na situação que se estabeleceu na Ucrânia uma guerra civil. Os EUA costumam justificar as próprias ações com base em seus princípios. E julgam os princípios dos outros países a partir do seu comportamento. Na maioria dos casos, isso leva precisamente às hipocrisias que a Rússia, a China e outros países acham tão fácil condenar.No entanto, a Crimeia é diferente e os resultados são potencialmente desastrosos. Com a formação de milícias rivais na península e com a bandeira russa, que agora tremula sobre edifícios do governo em algumas partes do sudoeste da Ucrânia, neste momento, a tarefa imediata da diplomacia é resgatar a Ucrânia das consequências de sua revolução acidental.Em primeiro lugar, a União Europeia, os EUA e a Rússia precisam concordar que o seu objetivo principal é impedir uma violência maior. O governo ucraniano deve impedir que grupos armados vindos de outras partes da Ucrânia se dirijam para a Crimeia, assim como a Rússia deve deter a formação de milícias. Em lugar de retornar à base, como o presidente Obama exigiu, a Rússia deve usar a atual disposição das forças russas para policiar a própria situação que elas criaram. Proteção. Em segundo lugar, funcionários europeus e americanos precisam compreender com clareza os motivos pelos quais a comunidade internacional deve se unir para condenar as ações russas. Não é em razão da violação da soberania nacional, mas porque o fato de Putin reservar-se o direito de proteger a "população de língua russa" da Ucrânia constitui uma afronta à essência da ordem internacional. O futuro da Ucrânia agora não diz mais respeito à Praça da Independência, de Kiev, à democracia na Ucrânia ou à integração europeia. Diz respeito à preservação de uma visão de Europa - e, na realidade, do mundo - em que os países acreditam que as pessoas que falam uma língua que compreendemos são as únicas que vale a pena proteger. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA É EDITORIALISTA

A intervenção militar russa na república autônoma da Crimeia, que pertence à Ucrânia, provocou a queda das relações entre EUA e Rússia ao seu nível mais baixo dos último 25 anos. A intervenção infringiu a soberania de um dos países mais populosos da Europa, violou um tratado diplomático de respeito às fronteiras da Ucrânia e colocou a Rússia em pé de guerra com um dos poucos países do mundo pós-soviético que conseguiu realizar eleições livres. A Crimeia é considerada pró-Rússia: 58% da população de 2 milhões é constituída por russos étnicos, outros 24%, por ucranianos e 12%, por tártaros. Será que a Crimeia dará origem a uma nova crise semelhante à dos Sudetos? Ou não passa de uma Granada? Alguns comentaristas ocidentais já sugeriram a primeira possibilidade. Em sua conversa com o presidente Barack Obama, no sábado, Vladimir Putin usou uma nova justificativa para o ataque a um país vizinho: proteger os interesses de cidadãos russos e de "compatriotas" - o que não inclui apenas russos étnicos, mas qualquer um favorável à Rússia.No universo paralelo da mídia russa, a natureza preventiva e humanitária da operação adquire um caráter fundamental. Em uma pesquisa realizada no final de fevereiro pelo Centro Levada, de Moscou, 43% dos russos definiram a queda de Viktor Yanukovich como um golpe violento e 23% veem na situação que se estabeleceu na Ucrânia uma guerra civil. Os EUA costumam justificar as próprias ações com base em seus princípios. E julgam os princípios dos outros países a partir do seu comportamento. Na maioria dos casos, isso leva precisamente às hipocrisias que a Rússia, a China e outros países acham tão fácil condenar.No entanto, a Crimeia é diferente e os resultados são potencialmente desastrosos. Com a formação de milícias rivais na península e com a bandeira russa, que agora tremula sobre edifícios do governo em algumas partes do sudoeste da Ucrânia, neste momento, a tarefa imediata da diplomacia é resgatar a Ucrânia das consequências de sua revolução acidental.Em primeiro lugar, a União Europeia, os EUA e a Rússia precisam concordar que o seu objetivo principal é impedir uma violência maior. O governo ucraniano deve impedir que grupos armados vindos de outras partes da Ucrânia se dirijam para a Crimeia, assim como a Rússia deve deter a formação de milícias. Em lugar de retornar à base, como o presidente Obama exigiu, a Rússia deve usar a atual disposição das forças russas para policiar a própria situação que elas criaram. Proteção. Em segundo lugar, funcionários europeus e americanos precisam compreender com clareza os motivos pelos quais a comunidade internacional deve se unir para condenar as ações russas. Não é em razão da violação da soberania nacional, mas porque o fato de Putin reservar-se o direito de proteger a "população de língua russa" da Ucrânia constitui uma afronta à essência da ordem internacional. O futuro da Ucrânia agora não diz mais respeito à Praça da Independência, de Kiev, à democracia na Ucrânia ou à integração europeia. Diz respeito à preservação de uma visão de Europa - e, na realidade, do mundo - em que os países acreditam que as pessoas que falam uma língua que compreendemos são as únicas que vale a pena proteger. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA É EDITORIALISTA

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