Mais de 17 milhões de venezuelanos vão às urnas neste domingo para eleger 165 membros da Assembléia Nacional, unicameral, para a legislatura 2011-2016. Governo e oposição se prepararam para a disputa antevendo que o futuro político do país dependerá em grande medida dos resultados desta eleição. Embora o pleito seja legislativo, a constante presença do presidente Hugo Chávez na campanha tem levado analistas a ver a disputa como um plebiscito para ratificar ou exigir mudanças no projeto chavista de "socialismo do século 21". Como a oposição boicotou as eleições de 2005, retirando-se da disputa após apontar falta de transparência por parte das autoridades, nos últimos cinco anos a Assembleia foi dominada pelo partido do presidente. O bloco antichavista só ganhou uma representação minoritária anos mais tarde, à medida que alguns deputados mudavam de lado. Ainda assim, o governo tem gozado de uma sólida maioria, que garantiu a aprovação com folga de projetos de leis propostos pelo Executivo. Na Venezuela, esta legislatura ficou conhecida como rojo-rojito (vermelha-vermelhinha, em tradução livre), uma alusão à cor que identifica o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Chávez. Várias cores Mas a oposição, que pela primeira vez conseguiu entrar em acordo para apresentar as candidaturas em um só bloco, pretende mudar o caráter unicolor da Assembleia. Uma grande vitória para o bloco da oposição seria eleger 67 deputados, o suficiente para tirar do chavismo a maioria de 2/3 necessária para aprovar os projetos de lei. Entretanto, com as pesquisas indicando uma disputa acirrada, nenhum analista político se arriscava a emitir palpites sobre os resultados das eleições deste domingo até a semana passada, quando entrou em vigor a suspensão da publicação de sondagens eleitorais. O governo goza de uma sólida base de seguidores. Em onze anos e incontáveis eleições, foi derrotado apenas uma vez, em 2007, quando perdeu por estreita margem o referendo sobre uma ampla reforma constitucional. Porém, a crise econômica dos últimos dois anos e alguns problemas internos - relacionados ao fornecimento de energia elétrica e um episódio no qual alimentos importados terminaram apodrecendo - acabaram se convertendo em pedra no sapato da campanha do PSUV. Resultados O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) disse que é capaz de divulgar os resultados da votação - eletrônica - dentro de duas horas após o encerramento das urnas. Entretanto, a votação pode ser estendida, já que a legislação estabelece que as mesas devem permanecer abertas enquanto houver eleitores aguardando na fila para votar. Até a noite de sábado, a situação era ordeira e o processo de instalação de mesas de votação corria normalmente, assim como a mobilização dos efetivos de policiamento. Por razões de segurança, a fronteira com a vizinha Colômbia foi fechada, a exemplo de medidas tomadas em eleições no passado. A única preocupação parece ser a meteorologia: a chuva intensa tem caído em todo o país nos últimos dias, com algumas zonas inundadas e dezenas de vítimas. O voto não é obrigatório na Venezuela. Em um incidente internacional menor, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano disse que estava estudando as declarações de um deputado espanhol do Partido Popular, de direita, que teria emitido opiniões que extrapolariam o permitido por sua qualidade de observador eleitoral. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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