Bush tenta acordo entre palestinos e israelenses em cúpula


Conferência para o Oriente Médio realizada nesta terça nos EUA pretende iniciar criação do Estado Palestino

Por Agências internacionais

Depois de meses de diplomacia, os mais altos oficiais de mais de 40 nações participam nesta terça-feira, 27, de um histórico debate nos Estados Unidos em que o presidente americano, George W. Bush, espera iniciar o primeiro acordo de paz entre israelenses e palestinos em sete anos. Veja também:Israel e palestinos manifestam otimismo sobre cúpulaParticipação do Brasil em Annapolis é 'começo', diz AmorimEntenda a conferência de paz de Annapolis  Cronologia das negociações de paz entre Israel e palestinos Segundo a BBC, palestinos e israelenses têm defendido posições diferentes em relação aos resultados da conferência - enquanto os palestinos pedem o estabelecimento de um cronograma para a criação de um Estado próprio e a assinatura de uma declaração conjunta de princípios, Israel tem optado por não se comprometer com essas demandas. Expressando otimismo, Bush encontrou-se separadamente com as duas partes do conflito na segunda-feira, o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A delegação palestina, a mais otimista, assinalou que os dois lados estavam perto de acordo sobre um documento que servirá de base para as futuras negociações. Até a noite de segunda-feira, porém, ainda havia divergências, como a objeção palestina quanto a mencionar Israel como "Estado judeu" e a objeção israelense quanto a fixar o prazo de um ano para chegar a um acordo. Após um encontro separado com Bush, Olmert assinalou que as negociações sobre um Estado palestino devem começar logo após o encontro de Annapolis. "Certamente, daqui a muito pouco tempo, teremos de sentar (para negociar) e haverá mais encontros entre as equipes dos dois lados", disse o líder israelense. Cerca de 50 países, entre eles o Brasil, e organizações foram convidados para a reunião de Annapolis. Boa parte dos convidados, entretanto, tem pouca ou nenhuma ligação com o conflito entre israelenses e palestinos. Síria e Arábia Saudita, dois países que não reconhecem Israel, confirmaram a participação no encontro, o que foi interpretado como um sinal importante do apoio árabe à conferência de paz. O programa oficial começa nesta terça com uma reunião entre Bush, Olmert e Abbas. Em seguida, o presidente americano fará um discurso e deixará a Presidência do encontro nas mãos da secretária de Estado, Condoleezza Rice. Em Gaza, o líder do grupo radical islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os palestinos não aceitarão nenhuma das decisões tomadas em Annapolis. "As pessoas acreditam que essa reunião é inútil e nosso povo não precisa seguir as recomendações e compromissos feitos lá", disse Haniyeh. Os líderes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, afirmaram que Abbas não está autorizado a fazer nenhuma concessão nas negociações de paz. Ceticismo   Um dos principais problemas que cerca a conferência, segundo analistas, é o de que os principais interessados em que o encontro produza resultados conclusivos estão severamente enfraquecidos, a começar pelo próprio anfitrião do encontro, o presidente americano, George W. Bush. ''A sabedoria popular diz que governos em fim de mandato, como a atual administração americana, ou 'governos cachorro-morto', como costumamos chamar por aqui, têm pouco a oferecer e pouco a fazer", diz Geoffrey Anderson, diretor da Foundation for Middle East Peace. "Mas cabe a presidentes romper com convenções e fazer história''. No entanto, poucos esperam manobras ousadas por parte do líder americano. Representantes da Casa Branca têm procurado nos últimos dias reduzir expectativas em torno do encontro e de possíveis avanços diplomáticos que poderão ser obtidos na conferência. Se Bush perdeu força, a situação dos líderes de Israel e dos territórios palestinos pode ser ainda pior. ''A ironia é que tanto os israelenses como os palestinos estão sendo representados por líderes fracos'', afirma Phyllis Bennis, do Institute for Policy Studies e autora do livro Undestanding the Palestinian-Israeli Conflict. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, se vê abalado por um escândalo de corrupção e por cisões dentro de sua própria coalizão. Os representantes da direita em seu gabinete se opõem radicalmente a concessões em temas polêmicos, como, por exemplo, a divisão de Jerusalém e a transformação do lado oriental da cidade na futura capital de um Estado palestino. Desde a tomada do poder pelo movimento Hamas na Faixa de Gaza, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, perdeu o controle, na prática, de 1,5 milhão de palestinos. E viu sua credibilidade ficar seriamente abalada. ''A conferência não oferecerá qualquer avanço, mesmo porque ela não foi feita com esse intuito'', diz Bennis. No entender da analista, a única maneira de a reunião trazer mudanças seria através de uma possível pressão por parte dos Estados Unidos para que Israel pusesse um fim à ocupação dos territórios palestinos. Protestos em Israel Na véspera da abertura da conferência de Annapolis, Jerusalém deixa transparecer sinais tensão e expectativa. Na segunda-feira, a presença de policiais em vários pontos da cidade, realizando revistas a pessoas e bloqueios de trânsito ao longo do dia, coincidia com rumores não confirmados de que terroristas árabes poderiam voltar a agir. Nos locais de maior afluxo de turistas, a vigilância foi reforçada. E, ao final do dia, Jerusalém ficou agitada por conta de um protesto a céu aberto, feito por israelenses contrários à retomada do processo de paz no Oriente Médio nos moldes do que se desenha em Annapolis. Cerca de 15 mil pessoas foram à manifestação, recrutadas na sua maioria em assentamentos que estão em áreas consideradas irregulares e que podem voltar ao controle dos palestinos. Irritados com a perspectiva de desocupação dessas áreas, os manifestantes, na maioria judeus ortodoxos, gritaram slogans como "território dividido nunca mais" ou "não levantem a mão para Jesuralém". (com Laura Greenhalgh, enviada especial do Estadão)

Depois de meses de diplomacia, os mais altos oficiais de mais de 40 nações participam nesta terça-feira, 27, de um histórico debate nos Estados Unidos em que o presidente americano, George W. Bush, espera iniciar o primeiro acordo de paz entre israelenses e palestinos em sete anos. Veja também:Israel e palestinos manifestam otimismo sobre cúpulaParticipação do Brasil em Annapolis é 'começo', diz AmorimEntenda a conferência de paz de Annapolis  Cronologia das negociações de paz entre Israel e palestinos Segundo a BBC, palestinos e israelenses têm defendido posições diferentes em relação aos resultados da conferência - enquanto os palestinos pedem o estabelecimento de um cronograma para a criação de um Estado próprio e a assinatura de uma declaração conjunta de princípios, Israel tem optado por não se comprometer com essas demandas. Expressando otimismo, Bush encontrou-se separadamente com as duas partes do conflito na segunda-feira, o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A delegação palestina, a mais otimista, assinalou que os dois lados estavam perto de acordo sobre um documento que servirá de base para as futuras negociações. Até a noite de segunda-feira, porém, ainda havia divergências, como a objeção palestina quanto a mencionar Israel como "Estado judeu" e a objeção israelense quanto a fixar o prazo de um ano para chegar a um acordo. Após um encontro separado com Bush, Olmert assinalou que as negociações sobre um Estado palestino devem começar logo após o encontro de Annapolis. "Certamente, daqui a muito pouco tempo, teremos de sentar (para negociar) e haverá mais encontros entre as equipes dos dois lados", disse o líder israelense. Cerca de 50 países, entre eles o Brasil, e organizações foram convidados para a reunião de Annapolis. Boa parte dos convidados, entretanto, tem pouca ou nenhuma ligação com o conflito entre israelenses e palestinos. Síria e Arábia Saudita, dois países que não reconhecem Israel, confirmaram a participação no encontro, o que foi interpretado como um sinal importante do apoio árabe à conferência de paz. O programa oficial começa nesta terça com uma reunião entre Bush, Olmert e Abbas. Em seguida, o presidente americano fará um discurso e deixará a Presidência do encontro nas mãos da secretária de Estado, Condoleezza Rice. Em Gaza, o líder do grupo radical islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os palestinos não aceitarão nenhuma das decisões tomadas em Annapolis. "As pessoas acreditam que essa reunião é inútil e nosso povo não precisa seguir as recomendações e compromissos feitos lá", disse Haniyeh. Os líderes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, afirmaram que Abbas não está autorizado a fazer nenhuma concessão nas negociações de paz. Ceticismo   Um dos principais problemas que cerca a conferência, segundo analistas, é o de que os principais interessados em que o encontro produza resultados conclusivos estão severamente enfraquecidos, a começar pelo próprio anfitrião do encontro, o presidente americano, George W. Bush. ''A sabedoria popular diz que governos em fim de mandato, como a atual administração americana, ou 'governos cachorro-morto', como costumamos chamar por aqui, têm pouco a oferecer e pouco a fazer", diz Geoffrey Anderson, diretor da Foundation for Middle East Peace. "Mas cabe a presidentes romper com convenções e fazer história''. No entanto, poucos esperam manobras ousadas por parte do líder americano. Representantes da Casa Branca têm procurado nos últimos dias reduzir expectativas em torno do encontro e de possíveis avanços diplomáticos que poderão ser obtidos na conferência. Se Bush perdeu força, a situação dos líderes de Israel e dos territórios palestinos pode ser ainda pior. ''A ironia é que tanto os israelenses como os palestinos estão sendo representados por líderes fracos'', afirma Phyllis Bennis, do Institute for Policy Studies e autora do livro Undestanding the Palestinian-Israeli Conflict. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, se vê abalado por um escândalo de corrupção e por cisões dentro de sua própria coalizão. Os representantes da direita em seu gabinete se opõem radicalmente a concessões em temas polêmicos, como, por exemplo, a divisão de Jerusalém e a transformação do lado oriental da cidade na futura capital de um Estado palestino. Desde a tomada do poder pelo movimento Hamas na Faixa de Gaza, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, perdeu o controle, na prática, de 1,5 milhão de palestinos. E viu sua credibilidade ficar seriamente abalada. ''A conferência não oferecerá qualquer avanço, mesmo porque ela não foi feita com esse intuito'', diz Bennis. No entender da analista, a única maneira de a reunião trazer mudanças seria através de uma possível pressão por parte dos Estados Unidos para que Israel pusesse um fim à ocupação dos territórios palestinos. Protestos em Israel Na véspera da abertura da conferência de Annapolis, Jerusalém deixa transparecer sinais tensão e expectativa. Na segunda-feira, a presença de policiais em vários pontos da cidade, realizando revistas a pessoas e bloqueios de trânsito ao longo do dia, coincidia com rumores não confirmados de que terroristas árabes poderiam voltar a agir. Nos locais de maior afluxo de turistas, a vigilância foi reforçada. E, ao final do dia, Jerusalém ficou agitada por conta de um protesto a céu aberto, feito por israelenses contrários à retomada do processo de paz no Oriente Médio nos moldes do que se desenha em Annapolis. Cerca de 15 mil pessoas foram à manifestação, recrutadas na sua maioria em assentamentos que estão em áreas consideradas irregulares e que podem voltar ao controle dos palestinos. Irritados com a perspectiva de desocupação dessas áreas, os manifestantes, na maioria judeus ortodoxos, gritaram slogans como "território dividido nunca mais" ou "não levantem a mão para Jesuralém". (com Laura Greenhalgh, enviada especial do Estadão)

Depois de meses de diplomacia, os mais altos oficiais de mais de 40 nações participam nesta terça-feira, 27, de um histórico debate nos Estados Unidos em que o presidente americano, George W. Bush, espera iniciar o primeiro acordo de paz entre israelenses e palestinos em sete anos. Veja também:Israel e palestinos manifestam otimismo sobre cúpulaParticipação do Brasil em Annapolis é 'começo', diz AmorimEntenda a conferência de paz de Annapolis  Cronologia das negociações de paz entre Israel e palestinos Segundo a BBC, palestinos e israelenses têm defendido posições diferentes em relação aos resultados da conferência - enquanto os palestinos pedem o estabelecimento de um cronograma para a criação de um Estado próprio e a assinatura de uma declaração conjunta de princípios, Israel tem optado por não se comprometer com essas demandas. Expressando otimismo, Bush encontrou-se separadamente com as duas partes do conflito na segunda-feira, o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A delegação palestina, a mais otimista, assinalou que os dois lados estavam perto de acordo sobre um documento que servirá de base para as futuras negociações. Até a noite de segunda-feira, porém, ainda havia divergências, como a objeção palestina quanto a mencionar Israel como "Estado judeu" e a objeção israelense quanto a fixar o prazo de um ano para chegar a um acordo. Após um encontro separado com Bush, Olmert assinalou que as negociações sobre um Estado palestino devem começar logo após o encontro de Annapolis. "Certamente, daqui a muito pouco tempo, teremos de sentar (para negociar) e haverá mais encontros entre as equipes dos dois lados", disse o líder israelense. Cerca de 50 países, entre eles o Brasil, e organizações foram convidados para a reunião de Annapolis. Boa parte dos convidados, entretanto, tem pouca ou nenhuma ligação com o conflito entre israelenses e palestinos. Síria e Arábia Saudita, dois países que não reconhecem Israel, confirmaram a participação no encontro, o que foi interpretado como um sinal importante do apoio árabe à conferência de paz. O programa oficial começa nesta terça com uma reunião entre Bush, Olmert e Abbas. Em seguida, o presidente americano fará um discurso e deixará a Presidência do encontro nas mãos da secretária de Estado, Condoleezza Rice. Em Gaza, o líder do grupo radical islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os palestinos não aceitarão nenhuma das decisões tomadas em Annapolis. "As pessoas acreditam que essa reunião é inútil e nosso povo não precisa seguir as recomendações e compromissos feitos lá", disse Haniyeh. Os líderes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, afirmaram que Abbas não está autorizado a fazer nenhuma concessão nas negociações de paz. Ceticismo   Um dos principais problemas que cerca a conferência, segundo analistas, é o de que os principais interessados em que o encontro produza resultados conclusivos estão severamente enfraquecidos, a começar pelo próprio anfitrião do encontro, o presidente americano, George W. Bush. ''A sabedoria popular diz que governos em fim de mandato, como a atual administração americana, ou 'governos cachorro-morto', como costumamos chamar por aqui, têm pouco a oferecer e pouco a fazer", diz Geoffrey Anderson, diretor da Foundation for Middle East Peace. "Mas cabe a presidentes romper com convenções e fazer história''. No entanto, poucos esperam manobras ousadas por parte do líder americano. Representantes da Casa Branca têm procurado nos últimos dias reduzir expectativas em torno do encontro e de possíveis avanços diplomáticos que poderão ser obtidos na conferência. Se Bush perdeu força, a situação dos líderes de Israel e dos territórios palestinos pode ser ainda pior. ''A ironia é que tanto os israelenses como os palestinos estão sendo representados por líderes fracos'', afirma Phyllis Bennis, do Institute for Policy Studies e autora do livro Undestanding the Palestinian-Israeli Conflict. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, se vê abalado por um escândalo de corrupção e por cisões dentro de sua própria coalizão. Os representantes da direita em seu gabinete se opõem radicalmente a concessões em temas polêmicos, como, por exemplo, a divisão de Jerusalém e a transformação do lado oriental da cidade na futura capital de um Estado palestino. Desde a tomada do poder pelo movimento Hamas na Faixa de Gaza, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, perdeu o controle, na prática, de 1,5 milhão de palestinos. E viu sua credibilidade ficar seriamente abalada. ''A conferência não oferecerá qualquer avanço, mesmo porque ela não foi feita com esse intuito'', diz Bennis. No entender da analista, a única maneira de a reunião trazer mudanças seria através de uma possível pressão por parte dos Estados Unidos para que Israel pusesse um fim à ocupação dos territórios palestinos. Protestos em Israel Na véspera da abertura da conferência de Annapolis, Jerusalém deixa transparecer sinais tensão e expectativa. Na segunda-feira, a presença de policiais em vários pontos da cidade, realizando revistas a pessoas e bloqueios de trânsito ao longo do dia, coincidia com rumores não confirmados de que terroristas árabes poderiam voltar a agir. Nos locais de maior afluxo de turistas, a vigilância foi reforçada. E, ao final do dia, Jerusalém ficou agitada por conta de um protesto a céu aberto, feito por israelenses contrários à retomada do processo de paz no Oriente Médio nos moldes do que se desenha em Annapolis. Cerca de 15 mil pessoas foram à manifestação, recrutadas na sua maioria em assentamentos que estão em áreas consideradas irregulares e que podem voltar ao controle dos palestinos. Irritados com a perspectiva de desocupação dessas áreas, os manifestantes, na maioria judeus ortodoxos, gritaram slogans como "território dividido nunca mais" ou "não levantem a mão para Jesuralém". (com Laura Greenhalgh, enviada especial do Estadão)

Depois de meses de diplomacia, os mais altos oficiais de mais de 40 nações participam nesta terça-feira, 27, de um histórico debate nos Estados Unidos em que o presidente americano, George W. Bush, espera iniciar o primeiro acordo de paz entre israelenses e palestinos em sete anos. Veja também:Israel e palestinos manifestam otimismo sobre cúpulaParticipação do Brasil em Annapolis é 'começo', diz AmorimEntenda a conferência de paz de Annapolis  Cronologia das negociações de paz entre Israel e palestinos Segundo a BBC, palestinos e israelenses têm defendido posições diferentes em relação aos resultados da conferência - enquanto os palestinos pedem o estabelecimento de um cronograma para a criação de um Estado próprio e a assinatura de uma declaração conjunta de princípios, Israel tem optado por não se comprometer com essas demandas. Expressando otimismo, Bush encontrou-se separadamente com as duas partes do conflito na segunda-feira, o premiê israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A delegação palestina, a mais otimista, assinalou que os dois lados estavam perto de acordo sobre um documento que servirá de base para as futuras negociações. Até a noite de segunda-feira, porém, ainda havia divergências, como a objeção palestina quanto a mencionar Israel como "Estado judeu" e a objeção israelense quanto a fixar o prazo de um ano para chegar a um acordo. Após um encontro separado com Bush, Olmert assinalou que as negociações sobre um Estado palestino devem começar logo após o encontro de Annapolis. "Certamente, daqui a muito pouco tempo, teremos de sentar (para negociar) e haverá mais encontros entre as equipes dos dois lados", disse o líder israelense. Cerca de 50 países, entre eles o Brasil, e organizações foram convidados para a reunião de Annapolis. Boa parte dos convidados, entretanto, tem pouca ou nenhuma ligação com o conflito entre israelenses e palestinos. Síria e Arábia Saudita, dois países que não reconhecem Israel, confirmaram a participação no encontro, o que foi interpretado como um sinal importante do apoio árabe à conferência de paz. O programa oficial começa nesta terça com uma reunião entre Bush, Olmert e Abbas. Em seguida, o presidente americano fará um discurso e deixará a Presidência do encontro nas mãos da secretária de Estado, Condoleezza Rice. Em Gaza, o líder do grupo radical islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os palestinos não aceitarão nenhuma das decisões tomadas em Annapolis. "As pessoas acreditam que essa reunião é inútil e nosso povo não precisa seguir as recomendações e compromissos feitos lá", disse Haniyeh. Os líderes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, afirmaram que Abbas não está autorizado a fazer nenhuma concessão nas negociações de paz. Ceticismo   Um dos principais problemas que cerca a conferência, segundo analistas, é o de que os principais interessados em que o encontro produza resultados conclusivos estão severamente enfraquecidos, a começar pelo próprio anfitrião do encontro, o presidente americano, George W. Bush. ''A sabedoria popular diz que governos em fim de mandato, como a atual administração americana, ou 'governos cachorro-morto', como costumamos chamar por aqui, têm pouco a oferecer e pouco a fazer", diz Geoffrey Anderson, diretor da Foundation for Middle East Peace. "Mas cabe a presidentes romper com convenções e fazer história''. No entanto, poucos esperam manobras ousadas por parte do líder americano. Representantes da Casa Branca têm procurado nos últimos dias reduzir expectativas em torno do encontro e de possíveis avanços diplomáticos que poderão ser obtidos na conferência. Se Bush perdeu força, a situação dos líderes de Israel e dos territórios palestinos pode ser ainda pior. ''A ironia é que tanto os israelenses como os palestinos estão sendo representados por líderes fracos'', afirma Phyllis Bennis, do Institute for Policy Studies e autora do livro Undestanding the Palestinian-Israeli Conflict. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, se vê abalado por um escândalo de corrupção e por cisões dentro de sua própria coalizão. Os representantes da direita em seu gabinete se opõem radicalmente a concessões em temas polêmicos, como, por exemplo, a divisão de Jerusalém e a transformação do lado oriental da cidade na futura capital de um Estado palestino. Desde a tomada do poder pelo movimento Hamas na Faixa de Gaza, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, perdeu o controle, na prática, de 1,5 milhão de palestinos. E viu sua credibilidade ficar seriamente abalada. ''A conferência não oferecerá qualquer avanço, mesmo porque ela não foi feita com esse intuito'', diz Bennis. No entender da analista, a única maneira de a reunião trazer mudanças seria através de uma possível pressão por parte dos Estados Unidos para que Israel pusesse um fim à ocupação dos territórios palestinos. Protestos em Israel Na véspera da abertura da conferência de Annapolis, Jerusalém deixa transparecer sinais tensão e expectativa. Na segunda-feira, a presença de policiais em vários pontos da cidade, realizando revistas a pessoas e bloqueios de trânsito ao longo do dia, coincidia com rumores não confirmados de que terroristas árabes poderiam voltar a agir. Nos locais de maior afluxo de turistas, a vigilância foi reforçada. E, ao final do dia, Jerusalém ficou agitada por conta de um protesto a céu aberto, feito por israelenses contrários à retomada do processo de paz no Oriente Médio nos moldes do que se desenha em Annapolis. Cerca de 15 mil pessoas foram à manifestação, recrutadas na sua maioria em assentamentos que estão em áreas consideradas irregulares e que podem voltar ao controle dos palestinos. Irritados com a perspectiva de desocupação dessas áreas, os manifestantes, na maioria judeus ortodoxos, gritaram slogans como "território dividido nunca mais" ou "não levantem a mão para Jesuralém". (com Laura Greenhalgh, enviada especial do Estadão)

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