Parlamento rejeita segundo pedido de Johnson para antecipar eleições


Trabalhos do Parlamento britânico ficarão suspensos até 14 de outubro, duas semanas antes da data do Brexit

Por Redação
Atualização:

LONDRES - A Câmara dos Comuns impôs uma nova derrota ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao recusar seu pedido para antecipação de eleições na noite desta segunda-feira, 9 (já madrugada em Londres).  O premiê, que precisava de 434 votos a favor de eleições antecipadas, conseguiu apenas 293 - 43 votaram contra o pedido.

Para Johnson, a eleição antecipada seria o meio de se sair do impasse atual, no qual o Parlamento pressiona para que apenas se deixe a União Europeia após um acordo com o bloco. O premiê diz que conseguirá renegociar os termos da saída a tempo, mas há grande ceticismo em Londres sobre suas chances de sucesso. Mais cedo, ele insistiu que não pedirá mais prazo à UE para adiar o Brexit. previsto para ocorrer em 31 de outubro.

Na última quinta-feira, os parlamentares aprovaram uma lei que obriga o governo a pedir um novo adiamento, se um acordo não for alcançado com Bruxelas nas próximas semanas. Logo após aquela votação, o premiê propôs pela primeira vez a antecipação das eleições para 15 de outubro, mas sofreu outra derrota – a terceira em suas três primeiras votações em plenário.

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No Parlamento, Boris Johnson defende novas eleições Foto: PRU / AFP

O premiê enfrenta a desconfiança da oposição que, após meses pedindo eleições, agora vê o risco de uma "armadilha" ou de que os eleitores pró-Brexit reforcem o Partido Conservador para que não tenha de pedir um terceiro adiamento.

O líder do oposicionista Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, criticou a posição de Johnson e disse que não apoiará uma  eleição geral até que a possibilidade de um Brexit sem acordo tenha sido descartada. "O governo não está buscando um acordo de boa fé", afirmou Corbyn, alertando para o "desastre" que seria essa alternativa na saída da UE, incluindo para o comércio e o mercado de trabalho.

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Eleições após a prorrogação do Brexit teriam, ainda, a vantagem para a oposição de pôr Johnson perante os eleitores tendo descumprido sua grande promessa.

Por decisão de Johnson, as duas Câmaras serão fechadas nesta segunda-feira à noite até 14 de outubro, duas semanas antes da data do Brexit, o que seus detratores denunciam como uma estratégia para amordaçá-los.

Mais cedo, os parlamentares decidiram obrigá-lo a publicar documentos e comunicações confidenciais. Por 311 votos a 302, os parlamentares aprovaram exigir do governo que publique suas avaliações confidenciais sobre o impacto de um Brexit sem acordo e comunicações privadas, incluindo mensagens de texto entre funcionários do governo sobre sobre seus planos de suspensão do Parlamento.

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Adicionando drama na Câmara, aquele que foi seu presidente nos últimos dez anos, o controverso John Bercow, anunciou que vai deixar o cargo em 31 de outubro.

Conhecido por seu famoso grito de "Ordem, ordem!", Bercow, que julgou um importante papel no conturbado processo do Brexit dando voz aos deputados pró-europeus, alegou motivos familiares.

Nenhuma proposta 'realista'

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Johnson chegou ao poder em julho prometendo que tiraria o Reino Unido da UE em 31 de outubro a todo custo.

Mas diante do temor de um Brexit caótico sem acordo, os legisladores aprovaram em caráter de urgência na semana passada uma lei que o obriga a pedir um novo adiamento se até 19 de outubro não se chegar a um acordo aceitável com Bruxelas ou se obtiver a luz verde do Parlamento para uma saída abrupta.

O texto entrou em vigor nesta segunda-feira com a aprovação formal da rainha Elizabeth II.

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Johnson, que expulsou do partido 21 rebeldes conservadores que votaram contra o seu governo, perdeu a maioria parlamentar sete semanas depois de chegar ao poder e esperava que as eleições lhe dessem um mandato forte antes do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro, no qual esperava arrancar dos outros 27 um novo acordo.

Mas esses já afirmam que o Reino Unido não apresentou alternativas reais ao Tratado de Retirada, assinado por May em novembro e rejeitado três vezes pelo Parlamento.

A UE não recebeu até o momento nenhuma proposta "realista" de Londres, afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em uma entrevista coletiva conjunta com Johnson em Dublin. "As reuniões técnicas vão continuar esta semana", limitou-se a afirmar, em Bruxelas, a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva.

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'Temos tempo' e 'entusiasmo' 

Johnson pediu à UE para eliminar do acordo a "salvaguarda irlandesa", um mecanismo para evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda que ameace o frágil acordo de paz de 1998, que pôs fim a três décadas do sangrento conflito na Irlanda do Norte.

O Executivo britânico propõe substituí-la por "acertos alternativos", mas ainda deve detalhar em que consistirão. "Apresentaremos ideias, temos tempo para fazê-lo e o abordaremos com muito entusiasmo", afirmou Johnson em Dublin.

Seu navegador não suporta esse video.

O parlamentar conservador britânico Phillip Lee desertou para as fileiras dos democratas liberais favoráveis à União Europeia. A mudança resulta na perda de maioria do primeiro-ministro britânico Boris Johnson antes de uma votação crucial do Brexit.

Johnson repetiu no domingo que se nega a aceitar "qualquer adiamento desnecessário" do Brexit, aprovado por 52% dos britânicos no referendo em junho de 2016. Nesse contexto, a oposição teme que Johnson ignore a lei recém-aprovada e que o caso acabe nos tribunais.

Todo novo adiamento deverá ser aprovado por unanimidade pelos outros 27 países membros da UE. Mas o chanceler francês, Jean-Yves le Drian, advertiu que nas "circunstâncias atuais", a resposta de Paris seria não. / AFP e AP 

LONDRES - A Câmara dos Comuns impôs uma nova derrota ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao recusar seu pedido para antecipação de eleições na noite desta segunda-feira, 9 (já madrugada em Londres).  O premiê, que precisava de 434 votos a favor de eleições antecipadas, conseguiu apenas 293 - 43 votaram contra o pedido.

Para Johnson, a eleição antecipada seria o meio de se sair do impasse atual, no qual o Parlamento pressiona para que apenas se deixe a União Europeia após um acordo com o bloco. O premiê diz que conseguirá renegociar os termos da saída a tempo, mas há grande ceticismo em Londres sobre suas chances de sucesso. Mais cedo, ele insistiu que não pedirá mais prazo à UE para adiar o Brexit. previsto para ocorrer em 31 de outubro.

Na última quinta-feira, os parlamentares aprovaram uma lei que obriga o governo a pedir um novo adiamento, se um acordo não for alcançado com Bruxelas nas próximas semanas. Logo após aquela votação, o premiê propôs pela primeira vez a antecipação das eleições para 15 de outubro, mas sofreu outra derrota – a terceira em suas três primeiras votações em plenário.

No Parlamento, Boris Johnson defende novas eleições Foto: PRU / AFP

O premiê enfrenta a desconfiança da oposição que, após meses pedindo eleições, agora vê o risco de uma "armadilha" ou de que os eleitores pró-Brexit reforcem o Partido Conservador para que não tenha de pedir um terceiro adiamento.

O líder do oposicionista Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, criticou a posição de Johnson e disse que não apoiará uma  eleição geral até que a possibilidade de um Brexit sem acordo tenha sido descartada. "O governo não está buscando um acordo de boa fé", afirmou Corbyn, alertando para o "desastre" que seria essa alternativa na saída da UE, incluindo para o comércio e o mercado de trabalho.

Eleições após a prorrogação do Brexit teriam, ainda, a vantagem para a oposição de pôr Johnson perante os eleitores tendo descumprido sua grande promessa.

Por decisão de Johnson, as duas Câmaras serão fechadas nesta segunda-feira à noite até 14 de outubro, duas semanas antes da data do Brexit, o que seus detratores denunciam como uma estratégia para amordaçá-los.

Mais cedo, os parlamentares decidiram obrigá-lo a publicar documentos e comunicações confidenciais. Por 311 votos a 302, os parlamentares aprovaram exigir do governo que publique suas avaliações confidenciais sobre o impacto de um Brexit sem acordo e comunicações privadas, incluindo mensagens de texto entre funcionários do governo sobre sobre seus planos de suspensão do Parlamento.

Adicionando drama na Câmara, aquele que foi seu presidente nos últimos dez anos, o controverso John Bercow, anunciou que vai deixar o cargo em 31 de outubro.

Conhecido por seu famoso grito de "Ordem, ordem!", Bercow, que julgou um importante papel no conturbado processo do Brexit dando voz aos deputados pró-europeus, alegou motivos familiares.

Nenhuma proposta 'realista'

Johnson chegou ao poder em julho prometendo que tiraria o Reino Unido da UE em 31 de outubro a todo custo.

Mas diante do temor de um Brexit caótico sem acordo, os legisladores aprovaram em caráter de urgência na semana passada uma lei que o obriga a pedir um novo adiamento se até 19 de outubro não se chegar a um acordo aceitável com Bruxelas ou se obtiver a luz verde do Parlamento para uma saída abrupta.

O texto entrou em vigor nesta segunda-feira com a aprovação formal da rainha Elizabeth II.

Johnson, que expulsou do partido 21 rebeldes conservadores que votaram contra o seu governo, perdeu a maioria parlamentar sete semanas depois de chegar ao poder e esperava que as eleições lhe dessem um mandato forte antes do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro, no qual esperava arrancar dos outros 27 um novo acordo.

Mas esses já afirmam que o Reino Unido não apresentou alternativas reais ao Tratado de Retirada, assinado por May em novembro e rejeitado três vezes pelo Parlamento.

A UE não recebeu até o momento nenhuma proposta "realista" de Londres, afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em uma entrevista coletiva conjunta com Johnson em Dublin. "As reuniões técnicas vão continuar esta semana", limitou-se a afirmar, em Bruxelas, a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva.

'Temos tempo' e 'entusiasmo' 

Johnson pediu à UE para eliminar do acordo a "salvaguarda irlandesa", um mecanismo para evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda que ameace o frágil acordo de paz de 1998, que pôs fim a três décadas do sangrento conflito na Irlanda do Norte.

O Executivo britânico propõe substituí-la por "acertos alternativos", mas ainda deve detalhar em que consistirão. "Apresentaremos ideias, temos tempo para fazê-lo e o abordaremos com muito entusiasmo", afirmou Johnson em Dublin.

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O parlamentar conservador britânico Phillip Lee desertou para as fileiras dos democratas liberais favoráveis à União Europeia. A mudança resulta na perda de maioria do primeiro-ministro britânico Boris Johnson antes de uma votação crucial do Brexit.

Johnson repetiu no domingo que se nega a aceitar "qualquer adiamento desnecessário" do Brexit, aprovado por 52% dos britânicos no referendo em junho de 2016. Nesse contexto, a oposição teme que Johnson ignore a lei recém-aprovada e que o caso acabe nos tribunais.

Todo novo adiamento deverá ser aprovado por unanimidade pelos outros 27 países membros da UE. Mas o chanceler francês, Jean-Yves le Drian, advertiu que nas "circunstâncias atuais", a resposta de Paris seria não. / AFP e AP 

LONDRES - A Câmara dos Comuns impôs uma nova derrota ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao recusar seu pedido para antecipação de eleições na noite desta segunda-feira, 9 (já madrugada em Londres).  O premiê, que precisava de 434 votos a favor de eleições antecipadas, conseguiu apenas 293 - 43 votaram contra o pedido.

Para Johnson, a eleição antecipada seria o meio de se sair do impasse atual, no qual o Parlamento pressiona para que apenas se deixe a União Europeia após um acordo com o bloco. O premiê diz que conseguirá renegociar os termos da saída a tempo, mas há grande ceticismo em Londres sobre suas chances de sucesso. Mais cedo, ele insistiu que não pedirá mais prazo à UE para adiar o Brexit. previsto para ocorrer em 31 de outubro.

Na última quinta-feira, os parlamentares aprovaram uma lei que obriga o governo a pedir um novo adiamento, se um acordo não for alcançado com Bruxelas nas próximas semanas. Logo após aquela votação, o premiê propôs pela primeira vez a antecipação das eleições para 15 de outubro, mas sofreu outra derrota – a terceira em suas três primeiras votações em plenário.

No Parlamento, Boris Johnson defende novas eleições Foto: PRU / AFP

O premiê enfrenta a desconfiança da oposição que, após meses pedindo eleições, agora vê o risco de uma "armadilha" ou de que os eleitores pró-Brexit reforcem o Partido Conservador para que não tenha de pedir um terceiro adiamento.

O líder do oposicionista Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, criticou a posição de Johnson e disse que não apoiará uma  eleição geral até que a possibilidade de um Brexit sem acordo tenha sido descartada. "O governo não está buscando um acordo de boa fé", afirmou Corbyn, alertando para o "desastre" que seria essa alternativa na saída da UE, incluindo para o comércio e o mercado de trabalho.

Eleições após a prorrogação do Brexit teriam, ainda, a vantagem para a oposição de pôr Johnson perante os eleitores tendo descumprido sua grande promessa.

Por decisão de Johnson, as duas Câmaras serão fechadas nesta segunda-feira à noite até 14 de outubro, duas semanas antes da data do Brexit, o que seus detratores denunciam como uma estratégia para amordaçá-los.

Mais cedo, os parlamentares decidiram obrigá-lo a publicar documentos e comunicações confidenciais. Por 311 votos a 302, os parlamentares aprovaram exigir do governo que publique suas avaliações confidenciais sobre o impacto de um Brexit sem acordo e comunicações privadas, incluindo mensagens de texto entre funcionários do governo sobre sobre seus planos de suspensão do Parlamento.

Adicionando drama na Câmara, aquele que foi seu presidente nos últimos dez anos, o controverso John Bercow, anunciou que vai deixar o cargo em 31 de outubro.

Conhecido por seu famoso grito de "Ordem, ordem!", Bercow, que julgou um importante papel no conturbado processo do Brexit dando voz aos deputados pró-europeus, alegou motivos familiares.

Nenhuma proposta 'realista'

Johnson chegou ao poder em julho prometendo que tiraria o Reino Unido da UE em 31 de outubro a todo custo.

Mas diante do temor de um Brexit caótico sem acordo, os legisladores aprovaram em caráter de urgência na semana passada uma lei que o obriga a pedir um novo adiamento se até 19 de outubro não se chegar a um acordo aceitável com Bruxelas ou se obtiver a luz verde do Parlamento para uma saída abrupta.

O texto entrou em vigor nesta segunda-feira com a aprovação formal da rainha Elizabeth II.

Johnson, que expulsou do partido 21 rebeldes conservadores que votaram contra o seu governo, perdeu a maioria parlamentar sete semanas depois de chegar ao poder e esperava que as eleições lhe dessem um mandato forte antes do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro, no qual esperava arrancar dos outros 27 um novo acordo.

Mas esses já afirmam que o Reino Unido não apresentou alternativas reais ao Tratado de Retirada, assinado por May em novembro e rejeitado três vezes pelo Parlamento.

A UE não recebeu até o momento nenhuma proposta "realista" de Londres, afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em uma entrevista coletiva conjunta com Johnson em Dublin. "As reuniões técnicas vão continuar esta semana", limitou-se a afirmar, em Bruxelas, a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva.

'Temos tempo' e 'entusiasmo' 

Johnson pediu à UE para eliminar do acordo a "salvaguarda irlandesa", um mecanismo para evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda que ameace o frágil acordo de paz de 1998, que pôs fim a três décadas do sangrento conflito na Irlanda do Norte.

O Executivo britânico propõe substituí-la por "acertos alternativos", mas ainda deve detalhar em que consistirão. "Apresentaremos ideias, temos tempo para fazê-lo e o abordaremos com muito entusiasmo", afirmou Johnson em Dublin.

Seu navegador não suporta esse video.

O parlamentar conservador britânico Phillip Lee desertou para as fileiras dos democratas liberais favoráveis à União Europeia. A mudança resulta na perda de maioria do primeiro-ministro britânico Boris Johnson antes de uma votação crucial do Brexit.

Johnson repetiu no domingo que se nega a aceitar "qualquer adiamento desnecessário" do Brexit, aprovado por 52% dos britânicos no referendo em junho de 2016. Nesse contexto, a oposição teme que Johnson ignore a lei recém-aprovada e que o caso acabe nos tribunais.

Todo novo adiamento deverá ser aprovado por unanimidade pelos outros 27 países membros da UE. Mas o chanceler francês, Jean-Yves le Drian, advertiu que nas "circunstâncias atuais", a resposta de Paris seria não. / AFP e AP 

LONDRES - A Câmara dos Comuns impôs uma nova derrota ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao recusar seu pedido para antecipação de eleições na noite desta segunda-feira, 9 (já madrugada em Londres).  O premiê, que precisava de 434 votos a favor de eleições antecipadas, conseguiu apenas 293 - 43 votaram contra o pedido.

Para Johnson, a eleição antecipada seria o meio de se sair do impasse atual, no qual o Parlamento pressiona para que apenas se deixe a União Europeia após um acordo com o bloco. O premiê diz que conseguirá renegociar os termos da saída a tempo, mas há grande ceticismo em Londres sobre suas chances de sucesso. Mais cedo, ele insistiu que não pedirá mais prazo à UE para adiar o Brexit. previsto para ocorrer em 31 de outubro.

Na última quinta-feira, os parlamentares aprovaram uma lei que obriga o governo a pedir um novo adiamento, se um acordo não for alcançado com Bruxelas nas próximas semanas. Logo após aquela votação, o premiê propôs pela primeira vez a antecipação das eleições para 15 de outubro, mas sofreu outra derrota – a terceira em suas três primeiras votações em plenário.

No Parlamento, Boris Johnson defende novas eleições Foto: PRU / AFP

O premiê enfrenta a desconfiança da oposição que, após meses pedindo eleições, agora vê o risco de uma "armadilha" ou de que os eleitores pró-Brexit reforcem o Partido Conservador para que não tenha de pedir um terceiro adiamento.

O líder do oposicionista Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, criticou a posição de Johnson e disse que não apoiará uma  eleição geral até que a possibilidade de um Brexit sem acordo tenha sido descartada. "O governo não está buscando um acordo de boa fé", afirmou Corbyn, alertando para o "desastre" que seria essa alternativa na saída da UE, incluindo para o comércio e o mercado de trabalho.

Eleições após a prorrogação do Brexit teriam, ainda, a vantagem para a oposição de pôr Johnson perante os eleitores tendo descumprido sua grande promessa.

Por decisão de Johnson, as duas Câmaras serão fechadas nesta segunda-feira à noite até 14 de outubro, duas semanas antes da data do Brexit, o que seus detratores denunciam como uma estratégia para amordaçá-los.

Mais cedo, os parlamentares decidiram obrigá-lo a publicar documentos e comunicações confidenciais. Por 311 votos a 302, os parlamentares aprovaram exigir do governo que publique suas avaliações confidenciais sobre o impacto de um Brexit sem acordo e comunicações privadas, incluindo mensagens de texto entre funcionários do governo sobre sobre seus planos de suspensão do Parlamento.

Adicionando drama na Câmara, aquele que foi seu presidente nos últimos dez anos, o controverso John Bercow, anunciou que vai deixar o cargo em 31 de outubro.

Conhecido por seu famoso grito de "Ordem, ordem!", Bercow, que julgou um importante papel no conturbado processo do Brexit dando voz aos deputados pró-europeus, alegou motivos familiares.

Nenhuma proposta 'realista'

Johnson chegou ao poder em julho prometendo que tiraria o Reino Unido da UE em 31 de outubro a todo custo.

Mas diante do temor de um Brexit caótico sem acordo, os legisladores aprovaram em caráter de urgência na semana passada uma lei que o obriga a pedir um novo adiamento se até 19 de outubro não se chegar a um acordo aceitável com Bruxelas ou se obtiver a luz verde do Parlamento para uma saída abrupta.

O texto entrou em vigor nesta segunda-feira com a aprovação formal da rainha Elizabeth II.

Johnson, que expulsou do partido 21 rebeldes conservadores que votaram contra o seu governo, perdeu a maioria parlamentar sete semanas depois de chegar ao poder e esperava que as eleições lhe dessem um mandato forte antes do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro, no qual esperava arrancar dos outros 27 um novo acordo.

Mas esses já afirmam que o Reino Unido não apresentou alternativas reais ao Tratado de Retirada, assinado por May em novembro e rejeitado três vezes pelo Parlamento.

A UE não recebeu até o momento nenhuma proposta "realista" de Londres, afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em uma entrevista coletiva conjunta com Johnson em Dublin. "As reuniões técnicas vão continuar esta semana", limitou-se a afirmar, em Bruxelas, a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva.

'Temos tempo' e 'entusiasmo' 

Johnson pediu à UE para eliminar do acordo a "salvaguarda irlandesa", um mecanismo para evitar uma nova fronteira na ilha da Irlanda que ameace o frágil acordo de paz de 1998, que pôs fim a três décadas do sangrento conflito na Irlanda do Norte.

O Executivo britânico propõe substituí-la por "acertos alternativos", mas ainda deve detalhar em que consistirão. "Apresentaremos ideias, temos tempo para fazê-lo e o abordaremos com muito entusiasmo", afirmou Johnson em Dublin.

Seu navegador não suporta esse video.

O parlamentar conservador britânico Phillip Lee desertou para as fileiras dos democratas liberais favoráveis à União Europeia. A mudança resulta na perda de maioria do primeiro-ministro britânico Boris Johnson antes de uma votação crucial do Brexit.

Johnson repetiu no domingo que se nega a aceitar "qualquer adiamento desnecessário" do Brexit, aprovado por 52% dos britânicos no referendo em junho de 2016. Nesse contexto, a oposição teme que Johnson ignore a lei recém-aprovada e que o caso acabe nos tribunais.

Todo novo adiamento deverá ser aprovado por unanimidade pelos outros 27 países membros da UE. Mas o chanceler francês, Jean-Yves le Drian, advertiu que nas "circunstâncias atuais", a resposta de Paris seria não. / AFP e AP 

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