Macron obtém maioria no Parlamento para iniciar suas reformas na França


Partido do presidente francês, República Em Marcha, conseguiu eleger ao menos 311 deputados e até poderá dispensar as 44 cadeiras de coligado e governar sozinho

Por Andrei Netto, CORRESPONDENTE e PARIS

PARIS - O eleitorado da França decidiu neste domingo, 18, renovar mais de dois terços de sua Assembleia Nacional, a principal casa do legislativo, concedendo ao presidente Emmanuel Macron uma maioria sólida para seu partido, a República Em Marcha (REM, centro). 

Com pelo menos 300 deputados eleitos, de acordo com a apuração parcial, a legenda criada em 2016 poderá até dispensar seu principal coligado, o Movimento Democrático (MoDem, centro), que elegeu ao menos 41 deputados, e mesmo assim terá o controle da Câmara. Em uma eleição marcada pela abstenção recorde de 56,6%, um longo ciclo eleitoral iniciado em 2015 chegou ao fim, abalando os dois partidos tradicionais de esquerda e direita, que sobrevivem com bancadas reduzidas.

Emmanuel Macron obteve maioria absoluta no segundo turno das eleições legislativas na França Foto: REUTERS/Christophe Petit Tesson
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Apurados 97% dos votos, a coligação de apoio a Macron tinha 341 assentos na Assembleia Nacional, um número quase três vezes maior que o da segunda coligação, formada por Republicanos e pela União de Democratas e Independentes (UDI, centro-direita), que somava 129 deputados. A terceira maior formação será a do Partido Socialista e de seu aliado, o Partido Radical de Esquerda (PRG), com 32 assentos – dos quais 29 para socialistas. Embora destroçado, o PS manteve o posto de maior formação de esquerda, à frente do movimento radical formado por França Insubmissa e Partido Comunista Francês (PCF), que somarão 27 deputados (17 para os “insubmissos”, 11 para os comunistas).

O Parlamento será completado por oito deputados eleitos pela Frente Nacional, partido de extrema direita comandado por Marine Le Pen. A despeito de seu desempenho recorde na eleição presidencial, quando obteve 33% dos votos, a populista de direita não conseguiu levar sua legenda a um escore à altura de sua popularidade, elegendo apenas oito deputados. 

Marine Le Pen liderará a bancada, ao lado de seu marido, Louis Alliot, por ter sido eleita com folga – com 58% dos votos da circunscrição de Henin Beaumont, região operária mineira do nordeste da França. Para a deputada eleita, a abstenção dos franceses significa uma mancha na legitimidade de Macron. “A baixa participação mostra que a desconfiança é maior do que nunca. O presidente Emmanuel Macron parece ter mergulhado o país em uma indiferença total”, afirmou a oposicionista. 

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Para o governo, a leitura é inversa. Todos os ministros do governo que concorriam ao Parlamento, como o ministro da Economia, Bruno Le Maire, o da Coesão Territorial, Richard Ferrand, e o porta-voz do governo, Christophe Castaner, foram eleitos. “A vitória é clara e nos deixa na obrigação”, afirmou o primeiro-ministro, Édouard Philippe, que celebrou o resultado. “Ninguém imaginaria tal renovação política.”

Outro vencedor da votação legislativa foi Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, que bateu seus rivais com folga em Marselha e anunciou a intenção de confrontar as reformas econômicas de Macron no Parlamento e nas ruas, com a mobilização de sindicatos e militantes. “A abstenção esmagadora de hoje tem um significado político muito forte”, disse Mélenchon, que viu na indiferença dos eleitores uma “greve geral cívica”. “Eu vejo nessa abstenção uma energia disponível para apelar ao combate.”

Em um cenário de profunda mudança na classe política da França, pelo menos 158 mulheres foram eleitas – outro recorde –, e poucas personalidades da Assembleia Nacional conseguiram renovar seus mandatos. Foi o caso do socialista Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de François Hollande, reeleito por 139 votos a mais que seu rival, ou ainda o republicano Christian Jacob. 

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Outros nomes importantes, como a socialista Najat Vallaud-Belkacem, ex-ministra da Educação, e a ex-ministra republicana da Ecologia Nathalie Kosciusko-Morizet acabaram derrotados. Outros perdedores foram Florian Philippot, porta-voz da FN, o ex-ministro socialista da Justiça Jean-Jacques Urvoas e os líderes da dissidência dentro do PS, como Cristian Paul. 

A eleição legislativa também confirmou o fim do bipartidarismo que perdurou na política francesa desde 1981, quando da eleição do socialista François Mitterrand ao Palácio do Eliseu. Pela primeira vez em 36 anos, nem o PS, nem o Republicanos, terá a maior bancada no Parlamento. Para Brice Teinturier, cientista político e diretor do instituto de pesquisas Ipsos, o resultado da eleição e o impacto sobre o bipartidarismo “é uma formidável desautorização dos partidos tradicionais”.

Emmanuel Macron vence e é o novo presidente da França

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Eleições na França

Foto: DENIS CHARLET/AFP
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Foto: Fred Tanneu/AFP
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Foto: Michel Euler/AP
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Marine Le Pen discursa para apoiadores minutos depois de reconhece ra derrota para o centrista Emmanuel Macron

Foto: AFP PHOTO / joel SAGET
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Marine Le Pen

Foto: Michel Euler/AP

PARIS - O eleitorado da França decidiu neste domingo, 18, renovar mais de dois terços de sua Assembleia Nacional, a principal casa do legislativo, concedendo ao presidente Emmanuel Macron uma maioria sólida para seu partido, a República Em Marcha (REM, centro). 

Com pelo menos 300 deputados eleitos, de acordo com a apuração parcial, a legenda criada em 2016 poderá até dispensar seu principal coligado, o Movimento Democrático (MoDem, centro), que elegeu ao menos 41 deputados, e mesmo assim terá o controle da Câmara. Em uma eleição marcada pela abstenção recorde de 56,6%, um longo ciclo eleitoral iniciado em 2015 chegou ao fim, abalando os dois partidos tradicionais de esquerda e direita, que sobrevivem com bancadas reduzidas.

Emmanuel Macron obteve maioria absoluta no segundo turno das eleições legislativas na França Foto: REUTERS/Christophe Petit Tesson

Apurados 97% dos votos, a coligação de apoio a Macron tinha 341 assentos na Assembleia Nacional, um número quase três vezes maior que o da segunda coligação, formada por Republicanos e pela União de Democratas e Independentes (UDI, centro-direita), que somava 129 deputados. A terceira maior formação será a do Partido Socialista e de seu aliado, o Partido Radical de Esquerda (PRG), com 32 assentos – dos quais 29 para socialistas. Embora destroçado, o PS manteve o posto de maior formação de esquerda, à frente do movimento radical formado por França Insubmissa e Partido Comunista Francês (PCF), que somarão 27 deputados (17 para os “insubmissos”, 11 para os comunistas).

O Parlamento será completado por oito deputados eleitos pela Frente Nacional, partido de extrema direita comandado por Marine Le Pen. A despeito de seu desempenho recorde na eleição presidencial, quando obteve 33% dos votos, a populista de direita não conseguiu levar sua legenda a um escore à altura de sua popularidade, elegendo apenas oito deputados. 

Marine Le Pen liderará a bancada, ao lado de seu marido, Louis Alliot, por ter sido eleita com folga – com 58% dos votos da circunscrição de Henin Beaumont, região operária mineira do nordeste da França. Para a deputada eleita, a abstenção dos franceses significa uma mancha na legitimidade de Macron. “A baixa participação mostra que a desconfiança é maior do que nunca. O presidente Emmanuel Macron parece ter mergulhado o país em uma indiferença total”, afirmou a oposicionista. 

Para o governo, a leitura é inversa. Todos os ministros do governo que concorriam ao Parlamento, como o ministro da Economia, Bruno Le Maire, o da Coesão Territorial, Richard Ferrand, e o porta-voz do governo, Christophe Castaner, foram eleitos. “A vitória é clara e nos deixa na obrigação”, afirmou o primeiro-ministro, Édouard Philippe, que celebrou o resultado. “Ninguém imaginaria tal renovação política.”

Outro vencedor da votação legislativa foi Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, que bateu seus rivais com folga em Marselha e anunciou a intenção de confrontar as reformas econômicas de Macron no Parlamento e nas ruas, com a mobilização de sindicatos e militantes. “A abstenção esmagadora de hoje tem um significado político muito forte”, disse Mélenchon, que viu na indiferença dos eleitores uma “greve geral cívica”. “Eu vejo nessa abstenção uma energia disponível para apelar ao combate.”

Em um cenário de profunda mudança na classe política da França, pelo menos 158 mulheres foram eleitas – outro recorde –, e poucas personalidades da Assembleia Nacional conseguiram renovar seus mandatos. Foi o caso do socialista Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de François Hollande, reeleito por 139 votos a mais que seu rival, ou ainda o republicano Christian Jacob. 

Outros nomes importantes, como a socialista Najat Vallaud-Belkacem, ex-ministra da Educação, e a ex-ministra republicana da Ecologia Nathalie Kosciusko-Morizet acabaram derrotados. Outros perdedores foram Florian Philippot, porta-voz da FN, o ex-ministro socialista da Justiça Jean-Jacques Urvoas e os líderes da dissidência dentro do PS, como Cristian Paul. 

A eleição legislativa também confirmou o fim do bipartidarismo que perdurou na política francesa desde 1981, quando da eleição do socialista François Mitterrand ao Palácio do Eliseu. Pela primeira vez em 36 anos, nem o PS, nem o Republicanos, terá a maior bancada no Parlamento. Para Brice Teinturier, cientista político e diretor do instituto de pesquisas Ipsos, o resultado da eleição e o impacto sobre o bipartidarismo “é uma formidável desautorização dos partidos tradicionais”.

Emmanuel Macron vence e é o novo presidente da França

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Marine Le Pen discursa para apoiadores minutos depois de reconhece ra derrota para o centrista Emmanuel Macron

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PARIS - O eleitorado da França decidiu neste domingo, 18, renovar mais de dois terços de sua Assembleia Nacional, a principal casa do legislativo, concedendo ao presidente Emmanuel Macron uma maioria sólida para seu partido, a República Em Marcha (REM, centro). 

Com pelo menos 300 deputados eleitos, de acordo com a apuração parcial, a legenda criada em 2016 poderá até dispensar seu principal coligado, o Movimento Democrático (MoDem, centro), que elegeu ao menos 41 deputados, e mesmo assim terá o controle da Câmara. Em uma eleição marcada pela abstenção recorde de 56,6%, um longo ciclo eleitoral iniciado em 2015 chegou ao fim, abalando os dois partidos tradicionais de esquerda e direita, que sobrevivem com bancadas reduzidas.

Emmanuel Macron obteve maioria absoluta no segundo turno das eleições legislativas na França Foto: REUTERS/Christophe Petit Tesson

Apurados 97% dos votos, a coligação de apoio a Macron tinha 341 assentos na Assembleia Nacional, um número quase três vezes maior que o da segunda coligação, formada por Republicanos e pela União de Democratas e Independentes (UDI, centro-direita), que somava 129 deputados. A terceira maior formação será a do Partido Socialista e de seu aliado, o Partido Radical de Esquerda (PRG), com 32 assentos – dos quais 29 para socialistas. Embora destroçado, o PS manteve o posto de maior formação de esquerda, à frente do movimento radical formado por França Insubmissa e Partido Comunista Francês (PCF), que somarão 27 deputados (17 para os “insubmissos”, 11 para os comunistas).

O Parlamento será completado por oito deputados eleitos pela Frente Nacional, partido de extrema direita comandado por Marine Le Pen. A despeito de seu desempenho recorde na eleição presidencial, quando obteve 33% dos votos, a populista de direita não conseguiu levar sua legenda a um escore à altura de sua popularidade, elegendo apenas oito deputados. 

Marine Le Pen liderará a bancada, ao lado de seu marido, Louis Alliot, por ter sido eleita com folga – com 58% dos votos da circunscrição de Henin Beaumont, região operária mineira do nordeste da França. Para a deputada eleita, a abstenção dos franceses significa uma mancha na legitimidade de Macron. “A baixa participação mostra que a desconfiança é maior do que nunca. O presidente Emmanuel Macron parece ter mergulhado o país em uma indiferença total”, afirmou a oposicionista. 

Para o governo, a leitura é inversa. Todos os ministros do governo que concorriam ao Parlamento, como o ministro da Economia, Bruno Le Maire, o da Coesão Territorial, Richard Ferrand, e o porta-voz do governo, Christophe Castaner, foram eleitos. “A vitória é clara e nos deixa na obrigação”, afirmou o primeiro-ministro, Édouard Philippe, que celebrou o resultado. “Ninguém imaginaria tal renovação política.”

Outro vencedor da votação legislativa foi Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, que bateu seus rivais com folga em Marselha e anunciou a intenção de confrontar as reformas econômicas de Macron no Parlamento e nas ruas, com a mobilização de sindicatos e militantes. “A abstenção esmagadora de hoje tem um significado político muito forte”, disse Mélenchon, que viu na indiferença dos eleitores uma “greve geral cívica”. “Eu vejo nessa abstenção uma energia disponível para apelar ao combate.”

Em um cenário de profunda mudança na classe política da França, pelo menos 158 mulheres foram eleitas – outro recorde –, e poucas personalidades da Assembleia Nacional conseguiram renovar seus mandatos. Foi o caso do socialista Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de François Hollande, reeleito por 139 votos a mais que seu rival, ou ainda o republicano Christian Jacob. 

Outros nomes importantes, como a socialista Najat Vallaud-Belkacem, ex-ministra da Educação, e a ex-ministra republicana da Ecologia Nathalie Kosciusko-Morizet acabaram derrotados. Outros perdedores foram Florian Philippot, porta-voz da FN, o ex-ministro socialista da Justiça Jean-Jacques Urvoas e os líderes da dissidência dentro do PS, como Cristian Paul. 

A eleição legislativa também confirmou o fim do bipartidarismo que perdurou na política francesa desde 1981, quando da eleição do socialista François Mitterrand ao Palácio do Eliseu. Pela primeira vez em 36 anos, nem o PS, nem o Republicanos, terá a maior bancada no Parlamento. Para Brice Teinturier, cientista político e diretor do instituto de pesquisas Ipsos, o resultado da eleição e o impacto sobre o bipartidarismo “é uma formidável desautorização dos partidos tradicionais”.

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Com pelo menos 300 deputados eleitos, de acordo com a apuração parcial, a legenda criada em 2016 poderá até dispensar seu principal coligado, o Movimento Democrático (MoDem, centro), que elegeu ao menos 41 deputados, e mesmo assim terá o controle da Câmara. Em uma eleição marcada pela abstenção recorde de 56,6%, um longo ciclo eleitoral iniciado em 2015 chegou ao fim, abalando os dois partidos tradicionais de esquerda e direita, que sobrevivem com bancadas reduzidas.

Emmanuel Macron obteve maioria absoluta no segundo turno das eleições legislativas na França Foto: REUTERS/Christophe Petit Tesson

Apurados 97% dos votos, a coligação de apoio a Macron tinha 341 assentos na Assembleia Nacional, um número quase três vezes maior que o da segunda coligação, formada por Republicanos e pela União de Democratas e Independentes (UDI, centro-direita), que somava 129 deputados. A terceira maior formação será a do Partido Socialista e de seu aliado, o Partido Radical de Esquerda (PRG), com 32 assentos – dos quais 29 para socialistas. Embora destroçado, o PS manteve o posto de maior formação de esquerda, à frente do movimento radical formado por França Insubmissa e Partido Comunista Francês (PCF), que somarão 27 deputados (17 para os “insubmissos”, 11 para os comunistas).

O Parlamento será completado por oito deputados eleitos pela Frente Nacional, partido de extrema direita comandado por Marine Le Pen. A despeito de seu desempenho recorde na eleição presidencial, quando obteve 33% dos votos, a populista de direita não conseguiu levar sua legenda a um escore à altura de sua popularidade, elegendo apenas oito deputados. 

Marine Le Pen liderará a bancada, ao lado de seu marido, Louis Alliot, por ter sido eleita com folga – com 58% dos votos da circunscrição de Henin Beaumont, região operária mineira do nordeste da França. Para a deputada eleita, a abstenção dos franceses significa uma mancha na legitimidade de Macron. “A baixa participação mostra que a desconfiança é maior do que nunca. O presidente Emmanuel Macron parece ter mergulhado o país em uma indiferença total”, afirmou a oposicionista. 

Para o governo, a leitura é inversa. Todos os ministros do governo que concorriam ao Parlamento, como o ministro da Economia, Bruno Le Maire, o da Coesão Territorial, Richard Ferrand, e o porta-voz do governo, Christophe Castaner, foram eleitos. “A vitória é clara e nos deixa na obrigação”, afirmou o primeiro-ministro, Édouard Philippe, que celebrou o resultado. “Ninguém imaginaria tal renovação política.”

Outro vencedor da votação legislativa foi Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, que bateu seus rivais com folga em Marselha e anunciou a intenção de confrontar as reformas econômicas de Macron no Parlamento e nas ruas, com a mobilização de sindicatos e militantes. “A abstenção esmagadora de hoje tem um significado político muito forte”, disse Mélenchon, que viu na indiferença dos eleitores uma “greve geral cívica”. “Eu vejo nessa abstenção uma energia disponível para apelar ao combate.”

Em um cenário de profunda mudança na classe política da França, pelo menos 158 mulheres foram eleitas – outro recorde –, e poucas personalidades da Assembleia Nacional conseguiram renovar seus mandatos. Foi o caso do socialista Manuel Valls, ex-primeiro-ministro de François Hollande, reeleito por 139 votos a mais que seu rival, ou ainda o republicano Christian Jacob. 

Outros nomes importantes, como a socialista Najat Vallaud-Belkacem, ex-ministra da Educação, e a ex-ministra republicana da Ecologia Nathalie Kosciusko-Morizet acabaram derrotados. Outros perdedores foram Florian Philippot, porta-voz da FN, o ex-ministro socialista da Justiça Jean-Jacques Urvoas e os líderes da dissidência dentro do PS, como Cristian Paul. 

A eleição legislativa também confirmou o fim do bipartidarismo que perdurou na política francesa desde 1981, quando da eleição do socialista François Mitterrand ao Palácio do Eliseu. Pela primeira vez em 36 anos, nem o PS, nem o Republicanos, terá a maior bancada no Parlamento. Para Brice Teinturier, cientista político e diretor do instituto de pesquisas Ipsos, o resultado da eleição e o impacto sobre o bipartidarismo “é uma formidável desautorização dos partidos tradicionais”.

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