Em 15 de junho de 1967, a Embaixada da Bolívia em Lima notificou sua chancelaria, mediante documentos confidenciais, da importância que o governo de Belaúnde havia dado para o assunto.
O documento divulgado pela chancelaria de La Paz e divulgado nesta segunda-feira (28) pelo tabloide La Razón data de 15 de junho de 1967, três meses depois do primeiro confronto armado entre os guerrilheiros e o Exército.
"O presidente Belaúnde encarregou-me de informar ao presidente (René) Barrientos que observa atentamente o desenvolvimento das guerrilhas na Bolívia com possíveis complicações e oferece todo o apoio ao nosso governo", destaca o documento.
Em seguida, acrescenta: "disse-me estar satisfeito de que alimentos e munição peruanos estejam dando bom resultado a nossos exércitos. Interessou-se em conhecer os nomes dos guerrilheiros peruanos e ofereceu colaboração do serviço de inteligência desse país".
A guerrilha de 'Che' contou com a participação dos peruanos Restituto Cabrera, Juan Pablo Chang e Lucio Edilverto Garvan.
A Bolívia também recebeu ajuda militar dos Estados Unidos, principalmente por meio de armas e treinamento, que foram primordiais para a derrota de 'Che'.
O jornal La Razón explicou que o arquivo faz parte de documentos que o agora ex-chanceler David Choquehuanca ordenou que fossem tornados públicos em novembro de 2016, e estarão à disposição da comissão da verdade que o governo criou na semana passada para investigar as violações aos direitos humanos durante as ditaduras militares nas décadas de 60, 70 e 80.
O governo boliviano prepara uma série de cerimônias para comemorar no dia 8 de outubro o 50.º aniversário da captura de 'Che' no sudeste do país. O guerrilheiro argentino-cubano foi executado no dia seguinte. / AFP