Pobreza é a maior recrutadora de extremistas, diz ex-presidente


Segundo Jonathan, o Boko Haram se fortaleceu nas províncias de Yobe e Borno, onde há mais analfabetismo

Por Jamil Chade CORRESPONDENTE e GENEBRA

O Boko Haram e outros grupos terroristas continuarão a prosperar enquanto a pobreza e a falta de educação não forem tratadas. A avaliação é do ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, que transferiu o cargo ao atual líder, Muhammadu Buhari, no ano passado. 

Jonathan concedeu uma entrevista em Genebra a um limitado grupo de jornalistas internacionais, entre eles a reportagem do Estado, e admitiu que a Nigéria não estava preparada para lidar com movimentos terroristas. “Níveis baixos de educação estão ligados à pobreza e a pobreza é um dos principais fatores alimentando o terrorismo”, alertou.

"Nenhuma ambição política pode justificar a violência ou o derramamento de sangue do nosso povo", disse opresidente da Nigéria, Goodluck Jonathan. Foto: AP
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“Na Nigéria, de cada dez garotos, quatro não vão para a escola e eles são os principais alvos dos grupos terroristas para aumentar seu apoio. A pobreza é o maior recrutador de terroristas”, insistiu.

O político presidiu o maior país da África entre 2010 e 2015 e foi o vice-presidente entre 2007 e 2010. Jonathan, porém, entrou para a história como o primeiro chefe de Estado nigeriano a reconhecer uma derrota nas urnas e deixar o cargo após tentar ser reeleito, permitindo a alternância de poder. 

Preferindo não entrar em detalhes sobre o assunto das meninas sequestradas pelo Boko Haram, ele deixou claro que o maior desafio para combater o movimento é a pobreza e a falta de educação. “Na região nordeste da Nigéria, 52% dos homens não têm educação formal. Na Província de Yobe, afetada de forma mais clara pela insurgência, essa taxa chega a 83% da população”, disse.

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“Na Província de Borno, a taxa é de 63%. Será que é coincidência que o Boko Haram é mais forte nessas duas áreas?”, questionou. “Não é coincidência que o nordeste da Nigéria seja o epicentro do terrorismo e tenha, ao mesmo tempo, as mais altas taxas de analfabetismo do país.”

Jonathan contou que, quando assumiu, sua prioridade de curto prazo era combater a violência usando estratégias de contrainsurgência. “Mas, no longo prazo, decidi lutar contra eles usando a educação como arma”, disse.

O ex-presidente contou que uma de suas táticas foi a de instalar escolas nesses locais mais pobres, sempre mantendo um equilíbrio delicado para não forçar um sistema ocidental de ensino em áreas com fortes tradições. “As pessoas não podiam ver isso como uma ameaça.”

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“Sempre acreditei que, se não gastarmos bilhões em educar nossos jovens hoje, gastaremos bilhões para lutar contra o extremismo amanhã”, disse. 

“Basta ver o ranking da Unesco dos países com menor taxa de analfabetismo. Eles são os mesmos que aparecem como os países em paz social. Já os dez países com maiores taxas de analfabetismo são os mais violentos ou em guerra.” 

Sequestro de alunas nigerianas pelo Boko Haram completa um ano

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Foto: Paul Stringer/AFP
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Progressão. O ex-presidente lembrou que o Boko Haram surgiu em 2002, ainda que não atuasse de forma violenta. “Eles começaram como um grupo religioso e eram fanáticos sobre suas crenças. Mas não eram terroristas. Na medida em que o tempo passou e com influência estrangeira, eles passaram a ser um grupo extremista com características terroristas.”

Segundo Jonathan, o que também contribuiu para a força do grupo foi o acesso a armas, principalmente depois da revolta na Líbia. Mas ele refuta qualquer acusação de ter fracassado. “Como governo, agimos de maneira dura”, disse. 

“A primeira crise ocorreu quando eu ainda era vice-presidente. Isso foi em 2009, quando um dos líderes do Boko Haram foi morto pela polícia”, lembrou. O que se seguiu foi uma campanha de revanche por parte do grupo terrorista, deixando o governo em situação delicada.

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O ex-presidente, porém, admitiu que o país não estava preparado para o fenômeno. “A arquitetura de segurança do país não havia sido desenhada para combater o terror. Isso exigia tecnologia. Eles não são criminosos comuns. São pessoas que não temem o governo. Um ladrão comum tem medo de alguém armado. Eles, não. Estão dispostos a morrer por sua causas. Precisávamos de outra estratégia e a única forma de sobreviver era ter uma tecnologia superior à deles. Naquele momento, não tínhamos.” 

Quando assumiu a presidência, afirmou o ex-líder, foi tomada a decisão de fortalecer o combate com intervenções preventivas. “Reforçamos muito nossa capacidade e conseguimos empurrar o Boko Haram para um nível que pudéssemos realizar eleições gerais”, disse. “Isso foi uma vitória.”

O Boko Haram e outros grupos terroristas continuarão a prosperar enquanto a pobreza e a falta de educação não forem tratadas. A avaliação é do ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, que transferiu o cargo ao atual líder, Muhammadu Buhari, no ano passado. 

Jonathan concedeu uma entrevista em Genebra a um limitado grupo de jornalistas internacionais, entre eles a reportagem do Estado, e admitiu que a Nigéria não estava preparada para lidar com movimentos terroristas. “Níveis baixos de educação estão ligados à pobreza e a pobreza é um dos principais fatores alimentando o terrorismo”, alertou.

"Nenhuma ambição política pode justificar a violência ou o derramamento de sangue do nosso povo", disse opresidente da Nigéria, Goodluck Jonathan. Foto: AP

“Na Nigéria, de cada dez garotos, quatro não vão para a escola e eles são os principais alvos dos grupos terroristas para aumentar seu apoio. A pobreza é o maior recrutador de terroristas”, insistiu.

O político presidiu o maior país da África entre 2010 e 2015 e foi o vice-presidente entre 2007 e 2010. Jonathan, porém, entrou para a história como o primeiro chefe de Estado nigeriano a reconhecer uma derrota nas urnas e deixar o cargo após tentar ser reeleito, permitindo a alternância de poder. 

Preferindo não entrar em detalhes sobre o assunto das meninas sequestradas pelo Boko Haram, ele deixou claro que o maior desafio para combater o movimento é a pobreza e a falta de educação. “Na região nordeste da Nigéria, 52% dos homens não têm educação formal. Na Província de Yobe, afetada de forma mais clara pela insurgência, essa taxa chega a 83% da população”, disse.

“Na Província de Borno, a taxa é de 63%. Será que é coincidência que o Boko Haram é mais forte nessas duas áreas?”, questionou. “Não é coincidência que o nordeste da Nigéria seja o epicentro do terrorismo e tenha, ao mesmo tempo, as mais altas taxas de analfabetismo do país.”

Jonathan contou que, quando assumiu, sua prioridade de curto prazo era combater a violência usando estratégias de contrainsurgência. “Mas, no longo prazo, decidi lutar contra eles usando a educação como arma”, disse.

O ex-presidente contou que uma de suas táticas foi a de instalar escolas nesses locais mais pobres, sempre mantendo um equilíbrio delicado para não forçar um sistema ocidental de ensino em áreas com fortes tradições. “As pessoas não podiam ver isso como uma ameaça.”

“Sempre acreditei que, se não gastarmos bilhões em educar nossos jovens hoje, gastaremos bilhões para lutar contra o extremismo amanhã”, disse. 

“Basta ver o ranking da Unesco dos países com menor taxa de analfabetismo. Eles são os mesmos que aparecem como os países em paz social. Já os dez países com maiores taxas de analfabetismo são os mais violentos ou em guerra.” 

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Progressão. O ex-presidente lembrou que o Boko Haram surgiu em 2002, ainda que não atuasse de forma violenta. “Eles começaram como um grupo religioso e eram fanáticos sobre suas crenças. Mas não eram terroristas. Na medida em que o tempo passou e com influência estrangeira, eles passaram a ser um grupo extremista com características terroristas.”

Segundo Jonathan, o que também contribuiu para a força do grupo foi o acesso a armas, principalmente depois da revolta na Líbia. Mas ele refuta qualquer acusação de ter fracassado. “Como governo, agimos de maneira dura”, disse. 

“A primeira crise ocorreu quando eu ainda era vice-presidente. Isso foi em 2009, quando um dos líderes do Boko Haram foi morto pela polícia”, lembrou. O que se seguiu foi uma campanha de revanche por parte do grupo terrorista, deixando o governo em situação delicada.

O ex-presidente, porém, admitiu que o país não estava preparado para o fenômeno. “A arquitetura de segurança do país não havia sido desenhada para combater o terror. Isso exigia tecnologia. Eles não são criminosos comuns. São pessoas que não temem o governo. Um ladrão comum tem medo de alguém armado. Eles, não. Estão dispostos a morrer por sua causas. Precisávamos de outra estratégia e a única forma de sobreviver era ter uma tecnologia superior à deles. Naquele momento, não tínhamos.” 

Quando assumiu a presidência, afirmou o ex-líder, foi tomada a decisão de fortalecer o combate com intervenções preventivas. “Reforçamos muito nossa capacidade e conseguimos empurrar o Boko Haram para um nível que pudéssemos realizar eleições gerais”, disse. “Isso foi uma vitória.”

O Boko Haram e outros grupos terroristas continuarão a prosperar enquanto a pobreza e a falta de educação não forem tratadas. A avaliação é do ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, que transferiu o cargo ao atual líder, Muhammadu Buhari, no ano passado. 

Jonathan concedeu uma entrevista em Genebra a um limitado grupo de jornalistas internacionais, entre eles a reportagem do Estado, e admitiu que a Nigéria não estava preparada para lidar com movimentos terroristas. “Níveis baixos de educação estão ligados à pobreza e a pobreza é um dos principais fatores alimentando o terrorismo”, alertou.

"Nenhuma ambição política pode justificar a violência ou o derramamento de sangue do nosso povo", disse opresidente da Nigéria, Goodluck Jonathan. Foto: AP

“Na Nigéria, de cada dez garotos, quatro não vão para a escola e eles são os principais alvos dos grupos terroristas para aumentar seu apoio. A pobreza é o maior recrutador de terroristas”, insistiu.

O político presidiu o maior país da África entre 2010 e 2015 e foi o vice-presidente entre 2007 e 2010. Jonathan, porém, entrou para a história como o primeiro chefe de Estado nigeriano a reconhecer uma derrota nas urnas e deixar o cargo após tentar ser reeleito, permitindo a alternância de poder. 

Preferindo não entrar em detalhes sobre o assunto das meninas sequestradas pelo Boko Haram, ele deixou claro que o maior desafio para combater o movimento é a pobreza e a falta de educação. “Na região nordeste da Nigéria, 52% dos homens não têm educação formal. Na Província de Yobe, afetada de forma mais clara pela insurgência, essa taxa chega a 83% da população”, disse.

“Na Província de Borno, a taxa é de 63%. Será que é coincidência que o Boko Haram é mais forte nessas duas áreas?”, questionou. “Não é coincidência que o nordeste da Nigéria seja o epicentro do terrorismo e tenha, ao mesmo tempo, as mais altas taxas de analfabetismo do país.”

Jonathan contou que, quando assumiu, sua prioridade de curto prazo era combater a violência usando estratégias de contrainsurgência. “Mas, no longo prazo, decidi lutar contra eles usando a educação como arma”, disse.

O ex-presidente contou que uma de suas táticas foi a de instalar escolas nesses locais mais pobres, sempre mantendo um equilíbrio delicado para não forçar um sistema ocidental de ensino em áreas com fortes tradições. “As pessoas não podiam ver isso como uma ameaça.”

“Sempre acreditei que, se não gastarmos bilhões em educar nossos jovens hoje, gastaremos bilhões para lutar contra o extremismo amanhã”, disse. 

“Basta ver o ranking da Unesco dos países com menor taxa de analfabetismo. Eles são os mesmos que aparecem como os países em paz social. Já os dez países com maiores taxas de analfabetismo são os mais violentos ou em guerra.” 

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Segundo Jonathan, o que também contribuiu para a força do grupo foi o acesso a armas, principalmente depois da revolta na Líbia. Mas ele refuta qualquer acusação de ter fracassado. “Como governo, agimos de maneira dura”, disse. 

“A primeira crise ocorreu quando eu ainda era vice-presidente. Isso foi em 2009, quando um dos líderes do Boko Haram foi morto pela polícia”, lembrou. O que se seguiu foi uma campanha de revanche por parte do grupo terrorista, deixando o governo em situação delicada.

O ex-presidente, porém, admitiu que o país não estava preparado para o fenômeno. “A arquitetura de segurança do país não havia sido desenhada para combater o terror. Isso exigia tecnologia. Eles não são criminosos comuns. São pessoas que não temem o governo. Um ladrão comum tem medo de alguém armado. Eles, não. Estão dispostos a morrer por sua causas. Precisávamos de outra estratégia e a única forma de sobreviver era ter uma tecnologia superior à deles. Naquele momento, não tínhamos.” 

Quando assumiu a presidência, afirmou o ex-líder, foi tomada a decisão de fortalecer o combate com intervenções preventivas. “Reforçamos muito nossa capacidade e conseguimos empurrar o Boko Haram para um nível que pudéssemos realizar eleições gerais”, disse. “Isso foi uma vitória.”

O Boko Haram e outros grupos terroristas continuarão a prosperar enquanto a pobreza e a falta de educação não forem tratadas. A avaliação é do ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, que transferiu o cargo ao atual líder, Muhammadu Buhari, no ano passado. 

Jonathan concedeu uma entrevista em Genebra a um limitado grupo de jornalistas internacionais, entre eles a reportagem do Estado, e admitiu que a Nigéria não estava preparada para lidar com movimentos terroristas. “Níveis baixos de educação estão ligados à pobreza e a pobreza é um dos principais fatores alimentando o terrorismo”, alertou.

"Nenhuma ambição política pode justificar a violência ou o derramamento de sangue do nosso povo", disse opresidente da Nigéria, Goodluck Jonathan. Foto: AP

“Na Nigéria, de cada dez garotos, quatro não vão para a escola e eles são os principais alvos dos grupos terroristas para aumentar seu apoio. A pobreza é o maior recrutador de terroristas”, insistiu.

O político presidiu o maior país da África entre 2010 e 2015 e foi o vice-presidente entre 2007 e 2010. Jonathan, porém, entrou para a história como o primeiro chefe de Estado nigeriano a reconhecer uma derrota nas urnas e deixar o cargo após tentar ser reeleito, permitindo a alternância de poder. 

Preferindo não entrar em detalhes sobre o assunto das meninas sequestradas pelo Boko Haram, ele deixou claro que o maior desafio para combater o movimento é a pobreza e a falta de educação. “Na região nordeste da Nigéria, 52% dos homens não têm educação formal. Na Província de Yobe, afetada de forma mais clara pela insurgência, essa taxa chega a 83% da população”, disse.

“Na Província de Borno, a taxa é de 63%. Será que é coincidência que o Boko Haram é mais forte nessas duas áreas?”, questionou. “Não é coincidência que o nordeste da Nigéria seja o epicentro do terrorismo e tenha, ao mesmo tempo, as mais altas taxas de analfabetismo do país.”

Jonathan contou que, quando assumiu, sua prioridade de curto prazo era combater a violência usando estratégias de contrainsurgência. “Mas, no longo prazo, decidi lutar contra eles usando a educação como arma”, disse.

O ex-presidente contou que uma de suas táticas foi a de instalar escolas nesses locais mais pobres, sempre mantendo um equilíbrio delicado para não forçar um sistema ocidental de ensino em áreas com fortes tradições. “As pessoas não podiam ver isso como uma ameaça.”

“Sempre acreditei que, se não gastarmos bilhões em educar nossos jovens hoje, gastaremos bilhões para lutar contra o extremismo amanhã”, disse. 

“Basta ver o ranking da Unesco dos países com menor taxa de analfabetismo. Eles são os mesmos que aparecem como os países em paz social. Já os dez países com maiores taxas de analfabetismo são os mais violentos ou em guerra.” 

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Progressão. O ex-presidente lembrou que o Boko Haram surgiu em 2002, ainda que não atuasse de forma violenta. “Eles começaram como um grupo religioso e eram fanáticos sobre suas crenças. Mas não eram terroristas. Na medida em que o tempo passou e com influência estrangeira, eles passaram a ser um grupo extremista com características terroristas.”

Segundo Jonathan, o que também contribuiu para a força do grupo foi o acesso a armas, principalmente depois da revolta na Líbia. Mas ele refuta qualquer acusação de ter fracassado. “Como governo, agimos de maneira dura”, disse. 

“A primeira crise ocorreu quando eu ainda era vice-presidente. Isso foi em 2009, quando um dos líderes do Boko Haram foi morto pela polícia”, lembrou. O que se seguiu foi uma campanha de revanche por parte do grupo terrorista, deixando o governo em situação delicada.

O ex-presidente, porém, admitiu que o país não estava preparado para o fenômeno. “A arquitetura de segurança do país não havia sido desenhada para combater o terror. Isso exigia tecnologia. Eles não são criminosos comuns. São pessoas que não temem o governo. Um ladrão comum tem medo de alguém armado. Eles, não. Estão dispostos a morrer por sua causas. Precisávamos de outra estratégia e a única forma de sobreviver era ter uma tecnologia superior à deles. Naquele momento, não tínhamos.” 

Quando assumiu a presidência, afirmou o ex-líder, foi tomada a decisão de fortalecer o combate com intervenções preventivas. “Reforçamos muito nossa capacidade e conseguimos empurrar o Boko Haram para um nível que pudéssemos realizar eleições gerais”, disse. “Isso foi uma vitória.”

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