Princesa Mako, do Japão, casa com plebeu e deixa família real após anos de controvérsia


‘Kei é insubstituível. Nosso casamento é um passo necessário para que possamos proteger nossos corações’, declarou ela nesta terça

Por Redação
Atualização:

TÓQUIO - Quem sonha em se tornar princesa deveria antes ter uma conversa com Mako, sobrinha do imperador Noruhito. Lutando contra distúrbios mentais e diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, ela finalmente se casou com o plebeu Kei Komuro, seu namoradinho de faculdade. 

Da última vez que uma mulher da família real do Japão se casou, milhares de curiosos ocuparam as ruas de Tóquio para tentar dar uma espiada na noiva, a princesa Sayako, no caminho entre o palácio e a recepção, em um hotel de luxo da capital.

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Mas Mako, de 30 anos, teve ontem uma cerimônia mais simples. Ela se casou em um cartório ontem, se tornando a primeira princesa do Japão do pós-guerra a trocar alianças longe dos rituais da realeza. A falta da formalidade, porém, não foi a única coisa que marcou o casamento. 

A ex-princesa Mako, do Japão, e seu marido Kei Komuro se casaram nesta terça-feira, 26. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

O noivo é um advogado de 30 anos que ela conheceu quando os dois frequentavam a Universidade Internacional Cristã de Tóquio. Para o padrão imperial japonês, um joão-ninguém.

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No Japão, as mulheres não podem ascender ao Trono de Crisântemo e perdem o título quando se casam com um plebeu. Seus filhos também são excluídos da linha de sucessão. Recentemente, Mako teve de ser registrada em um cartório, como qualquer cidadão, para tirar documentos, incluindo seu primeiro passaporte – o que sempre foi desnecessário para os membros da família imperial.

Princesa Mako e Kei Komuro se curvam antes de coletiva em Tóquio. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

Mako foi a terceira mulher de sangue azul a se casar com um plebeu. Antes dela foi sua tia Nori, irmã mais nova do imperador. A ex-princesa, que agora atende pelo nome de Sayako Kuroda, deixou a casa imperial após subir ao altar, em 2005, com Yoshiki Kuroda, um urbanista que trabalhava no governo de Tóquio. Para se preparar para uma nova vida, Nori aprendeu a dirigir e a fazer compras no supermercado.

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Mas tia Nori não foi a pioneira. Desbravadora de verdade foi a princesa Suga, quinta filha do imperador Showa e da imperatriz Nagako, que resolveu se casar com Hisanaga Shimazu, em 1960. Depois, vivendo como o nome de Takako Shimazu, ela chocou a sociedade ao conseguir um emprego, trabalhando como consultora na loja butique Seibu Pisa, no Tokyo Prince Hotel.

Mas, diferentemente das outras duas, Mako vive no mundo dos paparazzi e dos tabloides. Desde que anunciou o noivado, em 2017, ela e Komuro viraram o alvo predileto dos caçadores de notícia, que acabaram descobrindo que a mãe do noivo deu o calote em um empréstimo de 4 milhões de ienes (cerca de R$ 195 mil) de um ex-namorado. 

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Mako e do plebeu Kei Komuro em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi / AFP
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A fofoca fez muita gente dizer que Komuro estava se casando por dinheiro e fama. Mako reclamou, dizendo que as reportagens eram falsas e haviam provocado “medo, estresse e tristeza”. A pressão fez o pai da princesa rejeitar o casamento, em 2017 – por isso a cerimônia havia sido adiada. 

Desde então, os dois namoraram distantes. Komuro foi para Nova York, onde concluiu o curso de direito e conseguiu um emprego em um escritório de advocacia local. Nos EUA, ele foi perseguido pelos paparazzi, que registravam tudo, desde o seu cabelo desgrenhado até as idas aos food-trucks. No Japão, ataques violentos nas redes sociais e o burburinho dos tabloides agravaram a situação de saúde de Mako.

Agora, finalmente juntos, o destino de Mako e Komuro deve ser os EUA, segundo especulações, o que vem provocando comparações com outro casal real também sob pressão midiática: o príncipe Harry e sua mulher Meghan Markle. Mesmo perdendo tudo, a princesa afirmou ontem que pretendia construir uma vida feliz ao lado do marido. “Kei é insubstituível”, disse a princesa, que ouviu o marido declarar: “Eu amo Mako”. 

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Foto de arquivo mostra a princesa Mako durante a entronização do imperador Naruhito, em 22 de outubro de 2019. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

"Seus sentimentos nunca vacilaram"

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram a princesa saindo da residência imperial de Akasaka. Com um ramo de flores em suas mãos, Mako se despediu com uma reverência de seus pais e da imprensa, além de um abraço na irmã.

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Komuro, vestido com um terno escuro e gravata, fez uma breve reverência às equipes de filmagem reunidas do lado de fora de sua casa enquanto saía pela manhã, sem dizer nada.

Mako faz uma reverência antes de deixar sua morada em Akasaka,Tóquio. Foto: AFP

Muitos especulam que o casal planeja mudar para os Estados Unidos, o que provocou algumas comparações com outro casal real também sob forte pressão midiática: o príncipe Harry da Inglaterra e sua esposa Meghan Markle.

Não está claro se a já ex-princesa Mako trabalhará no país, embora esteja mais do que qualificada. Ela estudou Arte e Patrimônio Cultural na Universidade Internacional Cristã de Tóquio, onde conheceu Komuro, e passou um ano em Edimburgo. Também tem mestrado pela Universidade de Leicester (Reino Unido).

A princesa Mako abraça sua irmã, a princesaKako, ao lado dos pais, o príncipe Akishino e a princesa Kiko, antes de deixar sua morada em Akasaka. Foto: Kyodo/via REUTERS

Em uma declaração, os pais de Mako reconheceram a oposição que o casamento tinha enfrentado. "Mas seus sentimentos nunca vacilaram nem uma vez", disseram.

Disputa financeira

A disputa financeira entre a mãe de Komuro e seu antigo noivo, ainda sem solução, provocou um escândalo no Japão, onde se espera um comportamento impecável dos membros da família imperial.

O escândalo se espalhou para a grande mídia depois que a Agência da Casa Imperial falhou em fornecer uma explicação clara. Komuro disse durante coletiva de imprensa que havia oferecido um acordo e estava trabalhando para uma solução, após emitir uma declaração de 24 páginas sobre o assunto no início deste ano.

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Kako com Kei Komuro, em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

Na manhã de terça, cerca de cem pessoas se reuniram em um parque de Tóquio para protestar contra o casamento. As pesquisas de opinião pública mostram que o povo japonês está dividido.

Uma pesquisa do jornal Yomiuri Shimbun mostra que metade dos entrevistados aprovam o casamento, enquanto 33% se declaram contrários.

"Há vários supostos problemas envolvendo Kei Komuro e sua mãe", disse o manifestante Kei Kubota, de 44 anos. "Entretanto, eles forçaram este casamento sem nos dar qualquer explicação".

Manifestante carrega cartaz escrito "lealdade", durante protesto contra o casamento da princesa Mako com o plebeu Kei Komuro. Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Analistas dizem que o problema é que a família imperial é tão idealizada que as pessoas não acham que o menor sinal de problemas envolvendo dinheiro ou política deva tocá-los.

Em uma declaração emitida após a coletiva de imprensa, Mako disse que estava angustiada com uma das perguntas que havia associado seu casamento à palavra "escândalo". "O que eu gostaria é apenas levar uma vida pacífica", disse ela. /NYT, AFP e REUTERS

TÓQUIO - Quem sonha em se tornar princesa deveria antes ter uma conversa com Mako, sobrinha do imperador Noruhito. Lutando contra distúrbios mentais e diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, ela finalmente se casou com o plebeu Kei Komuro, seu namoradinho de faculdade. 

Da última vez que uma mulher da família real do Japão se casou, milhares de curiosos ocuparam as ruas de Tóquio para tentar dar uma espiada na noiva, a princesa Sayako, no caminho entre o palácio e a recepção, em um hotel de luxo da capital.

Mas Mako, de 30 anos, teve ontem uma cerimônia mais simples. Ela se casou em um cartório ontem, se tornando a primeira princesa do Japão do pós-guerra a trocar alianças longe dos rituais da realeza. A falta da formalidade, porém, não foi a única coisa que marcou o casamento. 

A ex-princesa Mako, do Japão, e seu marido Kei Komuro se casaram nesta terça-feira, 26. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

O noivo é um advogado de 30 anos que ela conheceu quando os dois frequentavam a Universidade Internacional Cristã de Tóquio. Para o padrão imperial japonês, um joão-ninguém.

No Japão, as mulheres não podem ascender ao Trono de Crisântemo e perdem o título quando se casam com um plebeu. Seus filhos também são excluídos da linha de sucessão. Recentemente, Mako teve de ser registrada em um cartório, como qualquer cidadão, para tirar documentos, incluindo seu primeiro passaporte – o que sempre foi desnecessário para os membros da família imperial.

Princesa Mako e Kei Komuro se curvam antes de coletiva em Tóquio. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

Mako foi a terceira mulher de sangue azul a se casar com um plebeu. Antes dela foi sua tia Nori, irmã mais nova do imperador. A ex-princesa, que agora atende pelo nome de Sayako Kuroda, deixou a casa imperial após subir ao altar, em 2005, com Yoshiki Kuroda, um urbanista que trabalhava no governo de Tóquio. Para se preparar para uma nova vida, Nori aprendeu a dirigir e a fazer compras no supermercado.

Mas tia Nori não foi a pioneira. Desbravadora de verdade foi a princesa Suga, quinta filha do imperador Showa e da imperatriz Nagako, que resolveu se casar com Hisanaga Shimazu, em 1960. Depois, vivendo como o nome de Takako Shimazu, ela chocou a sociedade ao conseguir um emprego, trabalhando como consultora na loja butique Seibu Pisa, no Tokyo Prince Hotel.

Mas, diferentemente das outras duas, Mako vive no mundo dos paparazzi e dos tabloides. Desde que anunciou o noivado, em 2017, ela e Komuro viraram o alvo predileto dos caçadores de notícia, que acabaram descobrindo que a mãe do noivo deu o calote em um empréstimo de 4 milhões de ienes (cerca de R$ 195 mil) de um ex-namorado. 

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Mako e do plebeu Kei Komuro em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi / AFP

A fofoca fez muita gente dizer que Komuro estava se casando por dinheiro e fama. Mako reclamou, dizendo que as reportagens eram falsas e haviam provocado “medo, estresse e tristeza”. A pressão fez o pai da princesa rejeitar o casamento, em 2017 – por isso a cerimônia havia sido adiada. 

Desde então, os dois namoraram distantes. Komuro foi para Nova York, onde concluiu o curso de direito e conseguiu um emprego em um escritório de advocacia local. Nos EUA, ele foi perseguido pelos paparazzi, que registravam tudo, desde o seu cabelo desgrenhado até as idas aos food-trucks. No Japão, ataques violentos nas redes sociais e o burburinho dos tabloides agravaram a situação de saúde de Mako.

Agora, finalmente juntos, o destino de Mako e Komuro deve ser os EUA, segundo especulações, o que vem provocando comparações com outro casal real também sob pressão midiática: o príncipe Harry e sua mulher Meghan Markle. Mesmo perdendo tudo, a princesa afirmou ontem que pretendia construir uma vida feliz ao lado do marido. “Kei é insubstituível”, disse a princesa, que ouviu o marido declarar: “Eu amo Mako”. 

Foto de arquivo mostra a princesa Mako durante a entronização do imperador Naruhito, em 22 de outubro de 2019. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

"Seus sentimentos nunca vacilaram"

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram a princesa saindo da residência imperial de Akasaka. Com um ramo de flores em suas mãos, Mako se despediu com uma reverência de seus pais e da imprensa, além de um abraço na irmã.

Komuro, vestido com um terno escuro e gravata, fez uma breve reverência às equipes de filmagem reunidas do lado de fora de sua casa enquanto saía pela manhã, sem dizer nada.

Mako faz uma reverência antes de deixar sua morada em Akasaka,Tóquio. Foto: AFP

Muitos especulam que o casal planeja mudar para os Estados Unidos, o que provocou algumas comparações com outro casal real também sob forte pressão midiática: o príncipe Harry da Inglaterra e sua esposa Meghan Markle.

Não está claro se a já ex-princesa Mako trabalhará no país, embora esteja mais do que qualificada. Ela estudou Arte e Patrimônio Cultural na Universidade Internacional Cristã de Tóquio, onde conheceu Komuro, e passou um ano em Edimburgo. Também tem mestrado pela Universidade de Leicester (Reino Unido).

A princesa Mako abraça sua irmã, a princesaKako, ao lado dos pais, o príncipe Akishino e a princesa Kiko, antes de deixar sua morada em Akasaka. Foto: Kyodo/via REUTERS

Em uma declaração, os pais de Mako reconheceram a oposição que o casamento tinha enfrentado. "Mas seus sentimentos nunca vacilaram nem uma vez", disseram.

Disputa financeira

A disputa financeira entre a mãe de Komuro e seu antigo noivo, ainda sem solução, provocou um escândalo no Japão, onde se espera um comportamento impecável dos membros da família imperial.

O escândalo se espalhou para a grande mídia depois que a Agência da Casa Imperial falhou em fornecer uma explicação clara. Komuro disse durante coletiva de imprensa que havia oferecido um acordo e estava trabalhando para uma solução, após emitir uma declaração de 24 páginas sobre o assunto no início deste ano.

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Kako com Kei Komuro, em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

Na manhã de terça, cerca de cem pessoas se reuniram em um parque de Tóquio para protestar contra o casamento. As pesquisas de opinião pública mostram que o povo japonês está dividido.

Uma pesquisa do jornal Yomiuri Shimbun mostra que metade dos entrevistados aprovam o casamento, enquanto 33% se declaram contrários.

"Há vários supostos problemas envolvendo Kei Komuro e sua mãe", disse o manifestante Kei Kubota, de 44 anos. "Entretanto, eles forçaram este casamento sem nos dar qualquer explicação".

Manifestante carrega cartaz escrito "lealdade", durante protesto contra o casamento da princesa Mako com o plebeu Kei Komuro. Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Analistas dizem que o problema é que a família imperial é tão idealizada que as pessoas não acham que o menor sinal de problemas envolvendo dinheiro ou política deva tocá-los.

Em uma declaração emitida após a coletiva de imprensa, Mako disse que estava angustiada com uma das perguntas que havia associado seu casamento à palavra "escândalo". "O que eu gostaria é apenas levar uma vida pacífica", disse ela. /NYT, AFP e REUTERS

TÓQUIO - Quem sonha em se tornar princesa deveria antes ter uma conversa com Mako, sobrinha do imperador Noruhito. Lutando contra distúrbios mentais e diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, ela finalmente se casou com o plebeu Kei Komuro, seu namoradinho de faculdade. 

Da última vez que uma mulher da família real do Japão se casou, milhares de curiosos ocuparam as ruas de Tóquio para tentar dar uma espiada na noiva, a princesa Sayako, no caminho entre o palácio e a recepção, em um hotel de luxo da capital.

Mas Mako, de 30 anos, teve ontem uma cerimônia mais simples. Ela se casou em um cartório ontem, se tornando a primeira princesa do Japão do pós-guerra a trocar alianças longe dos rituais da realeza. A falta da formalidade, porém, não foi a única coisa que marcou o casamento. 

A ex-princesa Mako, do Japão, e seu marido Kei Komuro se casaram nesta terça-feira, 26. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

O noivo é um advogado de 30 anos que ela conheceu quando os dois frequentavam a Universidade Internacional Cristã de Tóquio. Para o padrão imperial japonês, um joão-ninguém.

No Japão, as mulheres não podem ascender ao Trono de Crisântemo e perdem o título quando se casam com um plebeu. Seus filhos também são excluídos da linha de sucessão. Recentemente, Mako teve de ser registrada em um cartório, como qualquer cidadão, para tirar documentos, incluindo seu primeiro passaporte – o que sempre foi desnecessário para os membros da família imperial.

Princesa Mako e Kei Komuro se curvam antes de coletiva em Tóquio. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

Mako foi a terceira mulher de sangue azul a se casar com um plebeu. Antes dela foi sua tia Nori, irmã mais nova do imperador. A ex-princesa, que agora atende pelo nome de Sayako Kuroda, deixou a casa imperial após subir ao altar, em 2005, com Yoshiki Kuroda, um urbanista que trabalhava no governo de Tóquio. Para se preparar para uma nova vida, Nori aprendeu a dirigir e a fazer compras no supermercado.

Mas tia Nori não foi a pioneira. Desbravadora de verdade foi a princesa Suga, quinta filha do imperador Showa e da imperatriz Nagako, que resolveu se casar com Hisanaga Shimazu, em 1960. Depois, vivendo como o nome de Takako Shimazu, ela chocou a sociedade ao conseguir um emprego, trabalhando como consultora na loja butique Seibu Pisa, no Tokyo Prince Hotel.

Mas, diferentemente das outras duas, Mako vive no mundo dos paparazzi e dos tabloides. Desde que anunciou o noivado, em 2017, ela e Komuro viraram o alvo predileto dos caçadores de notícia, que acabaram descobrindo que a mãe do noivo deu o calote em um empréstimo de 4 milhões de ienes (cerca de R$ 195 mil) de um ex-namorado. 

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Mako e do plebeu Kei Komuro em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi / AFP

A fofoca fez muita gente dizer que Komuro estava se casando por dinheiro e fama. Mako reclamou, dizendo que as reportagens eram falsas e haviam provocado “medo, estresse e tristeza”. A pressão fez o pai da princesa rejeitar o casamento, em 2017 – por isso a cerimônia havia sido adiada. 

Desde então, os dois namoraram distantes. Komuro foi para Nova York, onde concluiu o curso de direito e conseguiu um emprego em um escritório de advocacia local. Nos EUA, ele foi perseguido pelos paparazzi, que registravam tudo, desde o seu cabelo desgrenhado até as idas aos food-trucks. No Japão, ataques violentos nas redes sociais e o burburinho dos tabloides agravaram a situação de saúde de Mako.

Agora, finalmente juntos, o destino de Mako e Komuro deve ser os EUA, segundo especulações, o que vem provocando comparações com outro casal real também sob pressão midiática: o príncipe Harry e sua mulher Meghan Markle. Mesmo perdendo tudo, a princesa afirmou ontem que pretendia construir uma vida feliz ao lado do marido. “Kei é insubstituível”, disse a princesa, que ouviu o marido declarar: “Eu amo Mako”. 

Foto de arquivo mostra a princesa Mako durante a entronização do imperador Naruhito, em 22 de outubro de 2019. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

"Seus sentimentos nunca vacilaram"

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram a princesa saindo da residência imperial de Akasaka. Com um ramo de flores em suas mãos, Mako se despediu com uma reverência de seus pais e da imprensa, além de um abraço na irmã.

Komuro, vestido com um terno escuro e gravata, fez uma breve reverência às equipes de filmagem reunidas do lado de fora de sua casa enquanto saía pela manhã, sem dizer nada.

Mako faz uma reverência antes de deixar sua morada em Akasaka,Tóquio. Foto: AFP

Muitos especulam que o casal planeja mudar para os Estados Unidos, o que provocou algumas comparações com outro casal real também sob forte pressão midiática: o príncipe Harry da Inglaterra e sua esposa Meghan Markle.

Não está claro se a já ex-princesa Mako trabalhará no país, embora esteja mais do que qualificada. Ela estudou Arte e Patrimônio Cultural na Universidade Internacional Cristã de Tóquio, onde conheceu Komuro, e passou um ano em Edimburgo. Também tem mestrado pela Universidade de Leicester (Reino Unido).

A princesa Mako abraça sua irmã, a princesaKako, ao lado dos pais, o príncipe Akishino e a princesa Kiko, antes de deixar sua morada em Akasaka. Foto: Kyodo/via REUTERS

Em uma declaração, os pais de Mako reconheceram a oposição que o casamento tinha enfrentado. "Mas seus sentimentos nunca vacilaram nem uma vez", disseram.

Disputa financeira

A disputa financeira entre a mãe de Komuro e seu antigo noivo, ainda sem solução, provocou um escândalo no Japão, onde se espera um comportamento impecável dos membros da família imperial.

O escândalo se espalhou para a grande mídia depois que a Agência da Casa Imperial falhou em fornecer uma explicação clara. Komuro disse durante coletiva de imprensa que havia oferecido um acordo e estava trabalhando para uma solução, após emitir uma declaração de 24 páginas sobre o assunto no início deste ano.

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Kako com Kei Komuro, em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

Na manhã de terça, cerca de cem pessoas se reuniram em um parque de Tóquio para protestar contra o casamento. As pesquisas de opinião pública mostram que o povo japonês está dividido.

Uma pesquisa do jornal Yomiuri Shimbun mostra que metade dos entrevistados aprovam o casamento, enquanto 33% se declaram contrários.

"Há vários supostos problemas envolvendo Kei Komuro e sua mãe", disse o manifestante Kei Kubota, de 44 anos. "Entretanto, eles forçaram este casamento sem nos dar qualquer explicação".

Manifestante carrega cartaz escrito "lealdade", durante protesto contra o casamento da princesa Mako com o plebeu Kei Komuro. Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Analistas dizem que o problema é que a família imperial é tão idealizada que as pessoas não acham que o menor sinal de problemas envolvendo dinheiro ou política deva tocá-los.

Em uma declaração emitida após a coletiva de imprensa, Mako disse que estava angustiada com uma das perguntas que havia associado seu casamento à palavra "escândalo". "O que eu gostaria é apenas levar uma vida pacífica", disse ela. /NYT, AFP e REUTERS

TÓQUIO - Quem sonha em se tornar princesa deveria antes ter uma conversa com Mako, sobrinha do imperador Noruhito. Lutando contra distúrbios mentais e diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, ela finalmente se casou com o plebeu Kei Komuro, seu namoradinho de faculdade. 

Da última vez que uma mulher da família real do Japão se casou, milhares de curiosos ocuparam as ruas de Tóquio para tentar dar uma espiada na noiva, a princesa Sayako, no caminho entre o palácio e a recepção, em um hotel de luxo da capital.

Mas Mako, de 30 anos, teve ontem uma cerimônia mais simples. Ela se casou em um cartório ontem, se tornando a primeira princesa do Japão do pós-guerra a trocar alianças longe dos rituais da realeza. A falta da formalidade, porém, não foi a única coisa que marcou o casamento. 

A ex-princesa Mako, do Japão, e seu marido Kei Komuro se casaram nesta terça-feira, 26. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

O noivo é um advogado de 30 anos que ela conheceu quando os dois frequentavam a Universidade Internacional Cristã de Tóquio. Para o padrão imperial japonês, um joão-ninguém.

No Japão, as mulheres não podem ascender ao Trono de Crisântemo e perdem o título quando se casam com um plebeu. Seus filhos também são excluídos da linha de sucessão. Recentemente, Mako teve de ser registrada em um cartório, como qualquer cidadão, para tirar documentos, incluindo seu primeiro passaporte – o que sempre foi desnecessário para os membros da família imperial.

Princesa Mako e Kei Komuro se curvam antes de coletiva em Tóquio. Foto: Nicolas Datiche/Pool Photo via AP

Mako foi a terceira mulher de sangue azul a se casar com um plebeu. Antes dela foi sua tia Nori, irmã mais nova do imperador. A ex-princesa, que agora atende pelo nome de Sayako Kuroda, deixou a casa imperial após subir ao altar, em 2005, com Yoshiki Kuroda, um urbanista que trabalhava no governo de Tóquio. Para se preparar para uma nova vida, Nori aprendeu a dirigir e a fazer compras no supermercado.

Mas tia Nori não foi a pioneira. Desbravadora de verdade foi a princesa Suga, quinta filha do imperador Showa e da imperatriz Nagako, que resolveu se casar com Hisanaga Shimazu, em 1960. Depois, vivendo como o nome de Takako Shimazu, ela chocou a sociedade ao conseguir um emprego, trabalhando como consultora na loja butique Seibu Pisa, no Tokyo Prince Hotel.

Mas, diferentemente das outras duas, Mako vive no mundo dos paparazzi e dos tabloides. Desde que anunciou o noivado, em 2017, ela e Komuro viraram o alvo predileto dos caçadores de notícia, que acabaram descobrindo que a mãe do noivo deu o calote em um empréstimo de 4 milhões de ienes (cerca de R$ 195 mil) de um ex-namorado. 

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Mako e do plebeu Kei Komuro em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi / AFP

A fofoca fez muita gente dizer que Komuro estava se casando por dinheiro e fama. Mako reclamou, dizendo que as reportagens eram falsas e haviam provocado “medo, estresse e tristeza”. A pressão fez o pai da princesa rejeitar o casamento, em 2017 – por isso a cerimônia havia sido adiada. 

Desde então, os dois namoraram distantes. Komuro foi para Nova York, onde concluiu o curso de direito e conseguiu um emprego em um escritório de advocacia local. Nos EUA, ele foi perseguido pelos paparazzi, que registravam tudo, desde o seu cabelo desgrenhado até as idas aos food-trucks. No Japão, ataques violentos nas redes sociais e o burburinho dos tabloides agravaram a situação de saúde de Mako.

Agora, finalmente juntos, o destino de Mako e Komuro deve ser os EUA, segundo especulações, o que vem provocando comparações com outro casal real também sob pressão midiática: o príncipe Harry e sua mulher Meghan Markle. Mesmo perdendo tudo, a princesa afirmou ontem que pretendia construir uma vida feliz ao lado do marido. “Kei é insubstituível”, disse a princesa, que ouviu o marido declarar: “Eu amo Mako”. 

Foto de arquivo mostra a princesa Mako durante a entronização do imperador Naruhito, em 22 de outubro de 2019. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

"Seus sentimentos nunca vacilaram"

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram a princesa saindo da residência imperial de Akasaka. Com um ramo de flores em suas mãos, Mako se despediu com uma reverência de seus pais e da imprensa, além de um abraço na irmã.

Komuro, vestido com um terno escuro e gravata, fez uma breve reverência às equipes de filmagem reunidas do lado de fora de sua casa enquanto saía pela manhã, sem dizer nada.

Mako faz uma reverência antes de deixar sua morada em Akasaka,Tóquio. Foto: AFP

Muitos especulam que o casal planeja mudar para os Estados Unidos, o que provocou algumas comparações com outro casal real também sob forte pressão midiática: o príncipe Harry da Inglaterra e sua esposa Meghan Markle.

Não está claro se a já ex-princesa Mako trabalhará no país, embora esteja mais do que qualificada. Ela estudou Arte e Patrimônio Cultural na Universidade Internacional Cristã de Tóquio, onde conheceu Komuro, e passou um ano em Edimburgo. Também tem mestrado pela Universidade de Leicester (Reino Unido).

A princesa Mako abraça sua irmã, a princesaKako, ao lado dos pais, o príncipe Akishino e a princesa Kiko, antes de deixar sua morada em Akasaka. Foto: Kyodo/via REUTERS

Em uma declaração, os pais de Mako reconheceram a oposição que o casamento tinha enfrentado. "Mas seus sentimentos nunca vacilaram nem uma vez", disseram.

Disputa financeira

A disputa financeira entre a mãe de Komuro e seu antigo noivo, ainda sem solução, provocou um escândalo no Japão, onde se espera um comportamento impecável dos membros da família imperial.

O escândalo se espalhou para a grande mídia depois que a Agência da Casa Imperial falhou em fornecer uma explicação clara. Komuro disse durante coletiva de imprensa que havia oferecido um acordo e estava trabalhando para uma solução, após emitir uma declaração de 24 páginas sobre o assunto no início deste ano.

Manifestantes protestam contra o casamento da princesa Kako com Kei Komuro, em Tóquio. Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP

Na manhã de terça, cerca de cem pessoas se reuniram em um parque de Tóquio para protestar contra o casamento. As pesquisas de opinião pública mostram que o povo japonês está dividido.

Uma pesquisa do jornal Yomiuri Shimbun mostra que metade dos entrevistados aprovam o casamento, enquanto 33% se declaram contrários.

"Há vários supostos problemas envolvendo Kei Komuro e sua mãe", disse o manifestante Kei Kubota, de 44 anos. "Entretanto, eles forçaram este casamento sem nos dar qualquer explicação".

Manifestante carrega cartaz escrito "lealdade", durante protesto contra o casamento da princesa Mako com o plebeu Kei Komuro. Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Analistas dizem que o problema é que a família imperial é tão idealizada que as pessoas não acham que o menor sinal de problemas envolvendo dinheiro ou política deva tocá-los.

Em uma declaração emitida após a coletiva de imprensa, Mako disse que estava angustiada com uma das perguntas que havia associado seu casamento à palavra "escândalo". "O que eu gostaria é apenas levar uma vida pacífica", disse ela. /NYT, AFP e REUTERS

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