Queda de Alepo representa vitória da aliança de regimes autoritários sobre países ocidentais


A médio prazo, resultado garante a permanência do líder Bashar Assad no poder e consagra o grupo de vencedores formado por Rússia, Irã e Turquia

Por Redação

PARIS - A queda da cidade síria de Alepo, anunciada na quinta-feira, marca a vitória da "força bruta" da aliança entre regimes autoritários sobre os países ocidentais que optaram por ficar à margem, dando as costas às reivindicações democráticas de milhões de pessoas.

Combatentes "liquidados" e zonas "limpas" são as palavras empregadas pelo regime em Damasco e seu aliado russo, e resumem a estratégia utilizada para reconquistar a ex-capital econômica da Síria, que caiu levando milhões de vítimas, provocando deslocamentos em massa e destruição sem precedentes.

Crianças sírias observam a partida dos ônibus durante retirada de civis de Alepo Foto: AFP Photo/George Ourfalian
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A queda de Alepo não marca somente o fim da guerra no país, mas é um ponto de inflexão maior após quase seis anos de conflito. A vitória garante, ao menos a médio prazo, a permanência no poder do presidente sírio, Bashar Assad, e consagra uma nova aliança de vencedores - Rússia, Irã e Turquia - diante dos países ocidentais e da potências regionais relegadas ao papel de simples espectadores.

"A primeira lição é que a força e a abstenção têm um custo", destaca Bruno Tertrais, diretor da Fundação de Pesquisa Estratégica. "O envolvimento em massa de Rússia e Irã, que significou um giro maior nesta guerra em 2015", foi a força. “A não intervenção americana, em 2013", é a abstenção, afirma ele.

Em 2013, o presidente americano, Barack Obama, renunciou a bombardear a Síria após acusações de que o regime de Assad havia utilizado armas químicas em um subúrbio de Damasco. "A partir de então, tudo estava dito", avaliou um especialista francês.

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Devastação em Alepo obriga moradores a saírem da região

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Foto: REUTERS/Omar Sanadiki
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No mesmo ano, os combatentes do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiados por Teerã, entraram na guerra síria para apoiar o ditador sírio. O envolvimento militar do Irã e das milícias xiitas estrangeiras aumentaram progressivamente nos anos seguintes. Na ocasião, os países ocidentais - liderados pelos EUA -, as monarquias do Golfo e a Turquia exigiam que Assad entregasse o poder e apoiavam os rebeldes sírios.

Intervenção. Dois anos mais tarde, diante de um regime sírio debilitado, Moscou agiu de forma pesada para salvar seu aliado e esmagar a oposição, qualificada de "terrorista". "Com a intervenção russa, tudo terminou. Soubemos que não poderíamos fazer mais nada", assinala o especialista francês.

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"O fracasso da revolução síria não era inevitável", afirmou Tertrais, que destacou a "falta de disposição" dos países que apoiavam a rebelião.

O conflito sírio começou em março de 2011 com uma revolta pacífica e popular na qual se exigia "uma Síria sem tirania", mas o movimento desapareceu em poucos meses, diante da repressão feroz do regime, da militarização dos rebeldes e da intervenção de potências estrangeiras.

Com a ascensão do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), as aspirações democráticas dos sírios passaram ao segundo plano para os países ocidentais. "A Síria se resume à confrontação entre duas barbáries", o regime de Assad e o EI, disse Faruk Mardam-Bey, editor e presidente da associação Suria Huria. "O povo pensa que é melhor escolher a barbárie de gravata, que fala inglês e cuja mulher não usa véu".

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Retrospectiva: 10 imagens que marcaram a guerra na Síria em 2016

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Retrospectiva: 10 imagens que marcaram a guerra na Síria em 2016

Foto: AFP PHOTO / BULENT KILIC
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Foto: AFP PHOTO / Sameer Al-Doumy
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Moscou, Teerã, Damasco e Ancara são os grandes vencedores deste conflito, apontou um diplomata europeu. Mas os interesses destes países não são os mesmos, destacam vários especialistas.

Entre Assad, que pretende reconquistar todo o país; Rússia, que se conformaria com uma "Síria útil"; Turquia, preocupada especialmente em proteger sua fronteira norte; e Irã, que busca reforçar sua posição no cenário internacional, os interesses podem se chocar em breve. / AFP

PARIS - A queda da cidade síria de Alepo, anunciada na quinta-feira, marca a vitória da "força bruta" da aliança entre regimes autoritários sobre os países ocidentais que optaram por ficar à margem, dando as costas às reivindicações democráticas de milhões de pessoas.

Combatentes "liquidados" e zonas "limpas" são as palavras empregadas pelo regime em Damasco e seu aliado russo, e resumem a estratégia utilizada para reconquistar a ex-capital econômica da Síria, que caiu levando milhões de vítimas, provocando deslocamentos em massa e destruição sem precedentes.

Crianças sírias observam a partida dos ônibus durante retirada de civis de Alepo Foto: AFP Photo/George Ourfalian

A queda de Alepo não marca somente o fim da guerra no país, mas é um ponto de inflexão maior após quase seis anos de conflito. A vitória garante, ao menos a médio prazo, a permanência no poder do presidente sírio, Bashar Assad, e consagra uma nova aliança de vencedores - Rússia, Irã e Turquia - diante dos países ocidentais e da potências regionais relegadas ao papel de simples espectadores.

"A primeira lição é que a força e a abstenção têm um custo", destaca Bruno Tertrais, diretor da Fundação de Pesquisa Estratégica. "O envolvimento em massa de Rússia e Irã, que significou um giro maior nesta guerra em 2015", foi a força. “A não intervenção americana, em 2013", é a abstenção, afirma ele.

Em 2013, o presidente americano, Barack Obama, renunciou a bombardear a Síria após acusações de que o regime de Assad havia utilizado armas químicas em um subúrbio de Damasco. "A partir de então, tudo estava dito", avaliou um especialista francês.

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No mesmo ano, os combatentes do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiados por Teerã, entraram na guerra síria para apoiar o ditador sírio. O envolvimento militar do Irã e das milícias xiitas estrangeiras aumentaram progressivamente nos anos seguintes. Na ocasião, os países ocidentais - liderados pelos EUA -, as monarquias do Golfo e a Turquia exigiam que Assad entregasse o poder e apoiavam os rebeldes sírios.

Intervenção. Dois anos mais tarde, diante de um regime sírio debilitado, Moscou agiu de forma pesada para salvar seu aliado e esmagar a oposição, qualificada de "terrorista". "Com a intervenção russa, tudo terminou. Soubemos que não poderíamos fazer mais nada", assinala o especialista francês.

"O fracasso da revolução síria não era inevitável", afirmou Tertrais, que destacou a "falta de disposição" dos países que apoiavam a rebelião.

O conflito sírio começou em março de 2011 com uma revolta pacífica e popular na qual se exigia "uma Síria sem tirania", mas o movimento desapareceu em poucos meses, diante da repressão feroz do regime, da militarização dos rebeldes e da intervenção de potências estrangeiras.

Com a ascensão do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), as aspirações democráticas dos sírios passaram ao segundo plano para os países ocidentais. "A Síria se resume à confrontação entre duas barbáries", o regime de Assad e o EI, disse Faruk Mardam-Bey, editor e presidente da associação Suria Huria. "O povo pensa que é melhor escolher a barbárie de gravata, que fala inglês e cuja mulher não usa véu".

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Moscou, Teerã, Damasco e Ancara são os grandes vencedores deste conflito, apontou um diplomata europeu. Mas os interesses destes países não são os mesmos, destacam vários especialistas.

Entre Assad, que pretende reconquistar todo o país; Rússia, que se conformaria com uma "Síria útil"; Turquia, preocupada especialmente em proteger sua fronteira norte; e Irã, que busca reforçar sua posição no cenário internacional, os interesses podem se chocar em breve. / AFP

PARIS - A queda da cidade síria de Alepo, anunciada na quinta-feira, marca a vitória da "força bruta" da aliança entre regimes autoritários sobre os países ocidentais que optaram por ficar à margem, dando as costas às reivindicações democráticas de milhões de pessoas.

Combatentes "liquidados" e zonas "limpas" são as palavras empregadas pelo regime em Damasco e seu aliado russo, e resumem a estratégia utilizada para reconquistar a ex-capital econômica da Síria, que caiu levando milhões de vítimas, provocando deslocamentos em massa e destruição sem precedentes.

Crianças sírias observam a partida dos ônibus durante retirada de civis de Alepo Foto: AFP Photo/George Ourfalian

A queda de Alepo não marca somente o fim da guerra no país, mas é um ponto de inflexão maior após quase seis anos de conflito. A vitória garante, ao menos a médio prazo, a permanência no poder do presidente sírio, Bashar Assad, e consagra uma nova aliança de vencedores - Rússia, Irã e Turquia - diante dos países ocidentais e da potências regionais relegadas ao papel de simples espectadores.

"A primeira lição é que a força e a abstenção têm um custo", destaca Bruno Tertrais, diretor da Fundação de Pesquisa Estratégica. "O envolvimento em massa de Rússia e Irã, que significou um giro maior nesta guerra em 2015", foi a força. “A não intervenção americana, em 2013", é a abstenção, afirma ele.

Em 2013, o presidente americano, Barack Obama, renunciou a bombardear a Síria após acusações de que o regime de Assad havia utilizado armas químicas em um subúrbio de Damasco. "A partir de então, tudo estava dito", avaliou um especialista francês.

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No mesmo ano, os combatentes do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiados por Teerã, entraram na guerra síria para apoiar o ditador sírio. O envolvimento militar do Irã e das milícias xiitas estrangeiras aumentaram progressivamente nos anos seguintes. Na ocasião, os países ocidentais - liderados pelos EUA -, as monarquias do Golfo e a Turquia exigiam que Assad entregasse o poder e apoiavam os rebeldes sírios.

Intervenção. Dois anos mais tarde, diante de um regime sírio debilitado, Moscou agiu de forma pesada para salvar seu aliado e esmagar a oposição, qualificada de "terrorista". "Com a intervenção russa, tudo terminou. Soubemos que não poderíamos fazer mais nada", assinala o especialista francês.

"O fracasso da revolução síria não era inevitável", afirmou Tertrais, que destacou a "falta de disposição" dos países que apoiavam a rebelião.

O conflito sírio começou em março de 2011 com uma revolta pacífica e popular na qual se exigia "uma Síria sem tirania", mas o movimento desapareceu em poucos meses, diante da repressão feroz do regime, da militarização dos rebeldes e da intervenção de potências estrangeiras.

Com a ascensão do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), as aspirações democráticas dos sírios passaram ao segundo plano para os países ocidentais. "A Síria se resume à confrontação entre duas barbáries", o regime de Assad e o EI, disse Faruk Mardam-Bey, editor e presidente da associação Suria Huria. "O povo pensa que é melhor escolher a barbárie de gravata, que fala inglês e cuja mulher não usa véu".

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Moscou, Teerã, Damasco e Ancara são os grandes vencedores deste conflito, apontou um diplomata europeu. Mas os interesses destes países não são os mesmos, destacam vários especialistas.

Entre Assad, que pretende reconquistar todo o país; Rússia, que se conformaria com uma "Síria útil"; Turquia, preocupada especialmente em proteger sua fronteira norte; e Irã, que busca reforçar sua posição no cenário internacional, os interesses podem se chocar em breve. / AFP

PARIS - A queda da cidade síria de Alepo, anunciada na quinta-feira, marca a vitória da "força bruta" da aliança entre regimes autoritários sobre os países ocidentais que optaram por ficar à margem, dando as costas às reivindicações democráticas de milhões de pessoas.

Combatentes "liquidados" e zonas "limpas" são as palavras empregadas pelo regime em Damasco e seu aliado russo, e resumem a estratégia utilizada para reconquistar a ex-capital econômica da Síria, que caiu levando milhões de vítimas, provocando deslocamentos em massa e destruição sem precedentes.

Crianças sírias observam a partida dos ônibus durante retirada de civis de Alepo Foto: AFP Photo/George Ourfalian

A queda de Alepo não marca somente o fim da guerra no país, mas é um ponto de inflexão maior após quase seis anos de conflito. A vitória garante, ao menos a médio prazo, a permanência no poder do presidente sírio, Bashar Assad, e consagra uma nova aliança de vencedores - Rússia, Irã e Turquia - diante dos países ocidentais e da potências regionais relegadas ao papel de simples espectadores.

"A primeira lição é que a força e a abstenção têm um custo", destaca Bruno Tertrais, diretor da Fundação de Pesquisa Estratégica. "O envolvimento em massa de Rússia e Irã, que significou um giro maior nesta guerra em 2015", foi a força. “A não intervenção americana, em 2013", é a abstenção, afirma ele.

Em 2013, o presidente americano, Barack Obama, renunciou a bombardear a Síria após acusações de que o regime de Assad havia utilizado armas químicas em um subúrbio de Damasco. "A partir de então, tudo estava dito", avaliou um especialista francês.

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No mesmo ano, os combatentes do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiados por Teerã, entraram na guerra síria para apoiar o ditador sírio. O envolvimento militar do Irã e das milícias xiitas estrangeiras aumentaram progressivamente nos anos seguintes. Na ocasião, os países ocidentais - liderados pelos EUA -, as monarquias do Golfo e a Turquia exigiam que Assad entregasse o poder e apoiavam os rebeldes sírios.

Intervenção. Dois anos mais tarde, diante de um regime sírio debilitado, Moscou agiu de forma pesada para salvar seu aliado e esmagar a oposição, qualificada de "terrorista". "Com a intervenção russa, tudo terminou. Soubemos que não poderíamos fazer mais nada", assinala o especialista francês.

"O fracasso da revolução síria não era inevitável", afirmou Tertrais, que destacou a "falta de disposição" dos países que apoiavam a rebelião.

O conflito sírio começou em março de 2011 com uma revolta pacífica e popular na qual se exigia "uma Síria sem tirania", mas o movimento desapareceu em poucos meses, diante da repressão feroz do regime, da militarização dos rebeldes e da intervenção de potências estrangeiras.

Com a ascensão do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), as aspirações democráticas dos sírios passaram ao segundo plano para os países ocidentais. "A Síria se resume à confrontação entre duas barbáries", o regime de Assad e o EI, disse Faruk Mardam-Bey, editor e presidente da associação Suria Huria. "O povo pensa que é melhor escolher a barbárie de gravata, que fala inglês e cuja mulher não usa véu".

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Entre Assad, que pretende reconquistar todo o país; Rússia, que se conformaria com uma "Síria útil"; Turquia, preocupada especialmente em proteger sua fronteira norte; e Irã, que busca reforçar sua posição no cenário internacional, os interesses podem se chocar em breve. / AFP

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