Refugiados carecem de informações na Grécia e procuram esclarecer dúvidas com ONGs


Governo não está presente para informar sobre possibilidades de definição da situação dos imigrantes. Mas muitos deles preferem não ouvir que sua viagem pode ter acabado no território grego

Por Redação

ATENAS - Maaria e Ahmed são afegãos e, assim como outras cinco mil pessoas, estão retidos no porto ateniense de Pireo, sem saber o que vai acontecer com eles, mas com a esperança de que em algum momento poderão sair da Grécia.

Maaria tem 33 anos, tinha um bom trabalho e uma boa casa em Cabul, mas a constante explosão de bombas e as contínuas ameaças telefônicas por trabalhar sendo mulher em uma empresa multinacional "entre estrangeiros" fizeram com que ela saísse de seu país e se somasse ao êxodo de tantos outros.

5 anos da guerra na Síria: crise migratória e fome

1 | 22

Guerra na Síria: fome

Foto: REUTERS/Goran Tomasevic
2 | 22

Guerra na Síria: fome

Foto: AFP / Marwan IBRAHIM
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Guerra na Síria: fome

Foto: Syrian Observatory For Human Rights
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Guerra na Síria: fome

Foto: AP Photo
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Guerra na Síria: fome

Foto: ICRC via AP
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Foto: AFP PHOTO / ELVIS BARUKCIC
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Guerra na Síria: refugiados

Foto: Lourival Sant?Anna/Estadão
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Foto: AP
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Foto: REUTERS/Ammar Abdullah
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Foto: REUTERS/Yannis Behrakis
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Guerra na Síria: refugiados

Foto: AFP / LOUISA GOULIAMAKI
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Embora esteja há 20 dias dormindo no chão do porto em um pavilhão que divide com mais de 100 pessoas, rodeada de mau cheiro e sem acesso a higiene, prefere estar no local do que entre as ameaças e bombas de grupos como o Estado Islâmico.

Maaria não perdeu a esperança de que conseguirá sair deste local, basicamente porque, da mesma forma que a maioria dos refugiados, ela não quer aceitar que as fronteiras se fecharam.

Para ela tanto faz se for Alemanha ou qualquer outro país, o importante é não ter de viver às custas de ninguém, mas em um lugar onde existam oportunidades de começar uma nova vida. "Para onde vamos? Me diga você", declarou em meio a muitas dúvidas e desprovida de qualquer informação. Maaria ainda não sabe que existe um plano de realocação europeu.

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O governo não está presente para informar sobre qualquer possibilidade de definição da situação, e as pessoas fazem inúmeras perguntas às ONGs, que, por sua vez, não são fontes oficiais.

"Como vou dizer que não vão abrir as fronteiras? Não sou eu que tenho que fazer isso", afirmou Mahmoud, um sírio que trabalha como voluntário para a Cruz Vermelha e há 20 anos vive entre a Grécia e Damasco, onde mora toda sua família. Ele contou que uma jovem síria pediu seu número de telefone para ser comunicada se a fronteira fosse aberta.

Na sala de espera na qual vivem Maaria, seu marido e seus três filhos, há uma parede com folhas de papel em árabe e farsi, nas quais, segundo se pode deduzir por duas palavras escritas em inglês - "relocation" e "asylum" - se explica o processo de solicitação de asilo e de inscrição nas listas de realocação.

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O que faltam são representantes de alguma entidade oficial. Nenhuma ONG quer criticar abertamente o governo, mas todos admitem que há uma extrema falta de coordenação e falta política informativa.

Depois das tensões que surgiram com o fim de semana no acampamento fronteiriço de Idomeni em razão de um rumor, o governo tomou nota e decidiu mobilizar intérpretes e funcionários. A função deles será informar em Idomeni e no Pireo sobre as possibilidades oferecidas aos refugiados e responder às perguntas.

Mas o problema não se trata exclusivamente na falta de informação. Muitos refugiados preferem não ouvir que sua viagem pode ter acabado na Grécia.

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O acampamento abriga 10.500 refugiados, que se queixam de passar frio, da escassez de alimentos e das péssimas condições dos banheiros nos acampamentos na fronteira entre Grécia e Macedônia

"Pode ser que as fronteiras estejam fechadas, mas a Alemanha segue acolhendo refugiados ou não?", perguntou Ahmad, afegão de 32 anos, com semblante de desespero, pois seu irmão vive em Frankfurt e não aceita a possibilidade de não poder chegar ao seu destino.

Enquanto falava, sua esposa estava hospitalizada dando à luz. E o casal teve sorte, pois muitas mulheres param nos acampamentos, contando apenas com a ajuda dos parentes e servem-se de uma garrafa de água como única possibilidade para lavar o recém-nascido.

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"O drama é que a maioria do povo que está aqui já tem familiares em outros países que lhes esperam", relatou Mahmoud. "Por isso acredito que a maioria não pensa em desistir e buscará uma maneira para chegar a seu destino", acrescentou.

Mas também há gente cada vez mais disposta a voltar a seus países, segundo Mahmoud. "O problema é que não podem voltar, porque nem a Turquia nem o Líbano - dois países que serviriam de passagem - dão o visto necessário", explicou.

São impedimentos difíceis de entender se pensarmos na aplicação do princípio "um por um" do acordo entre a União Europeia e a Turquia, em que para cada sírio que voltar para a Turquia, outro pode ser reassentado em um país europeu. /EFE

ATENAS - Maaria e Ahmed são afegãos e, assim como outras cinco mil pessoas, estão retidos no porto ateniense de Pireo, sem saber o que vai acontecer com eles, mas com a esperança de que em algum momento poderão sair da Grécia.

Maaria tem 33 anos, tinha um bom trabalho e uma boa casa em Cabul, mas a constante explosão de bombas e as contínuas ameaças telefônicas por trabalhar sendo mulher em uma empresa multinacional "entre estrangeiros" fizeram com que ela saísse de seu país e se somasse ao êxodo de tantos outros.

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Foto: REUTERS/Goran Tomasevic
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Foto: Syrian Observatory For Human Rights
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Foto: AFP / LOUISA GOULIAMAKI

Embora esteja há 20 dias dormindo no chão do porto em um pavilhão que divide com mais de 100 pessoas, rodeada de mau cheiro e sem acesso a higiene, prefere estar no local do que entre as ameaças e bombas de grupos como o Estado Islâmico.

Maaria não perdeu a esperança de que conseguirá sair deste local, basicamente porque, da mesma forma que a maioria dos refugiados, ela não quer aceitar que as fronteiras se fecharam.

Para ela tanto faz se for Alemanha ou qualquer outro país, o importante é não ter de viver às custas de ninguém, mas em um lugar onde existam oportunidades de começar uma nova vida. "Para onde vamos? Me diga você", declarou em meio a muitas dúvidas e desprovida de qualquer informação. Maaria ainda não sabe que existe um plano de realocação europeu.

O governo não está presente para informar sobre qualquer possibilidade de definição da situação, e as pessoas fazem inúmeras perguntas às ONGs, que, por sua vez, não são fontes oficiais.

"Como vou dizer que não vão abrir as fronteiras? Não sou eu que tenho que fazer isso", afirmou Mahmoud, um sírio que trabalha como voluntário para a Cruz Vermelha e há 20 anos vive entre a Grécia e Damasco, onde mora toda sua família. Ele contou que uma jovem síria pediu seu número de telefone para ser comunicada se a fronteira fosse aberta.

Na sala de espera na qual vivem Maaria, seu marido e seus três filhos, há uma parede com folhas de papel em árabe e farsi, nas quais, segundo se pode deduzir por duas palavras escritas em inglês - "relocation" e "asylum" - se explica o processo de solicitação de asilo e de inscrição nas listas de realocação.

O que faltam são representantes de alguma entidade oficial. Nenhuma ONG quer criticar abertamente o governo, mas todos admitem que há uma extrema falta de coordenação e falta política informativa.

Depois das tensões que surgiram com o fim de semana no acampamento fronteiriço de Idomeni em razão de um rumor, o governo tomou nota e decidiu mobilizar intérpretes e funcionários. A função deles será informar em Idomeni e no Pireo sobre as possibilidades oferecidas aos refugiados e responder às perguntas.

Mas o problema não se trata exclusivamente na falta de informação. Muitos refugiados preferem não ouvir que sua viagem pode ter acabado na Grécia.

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O acampamento abriga 10.500 refugiados, que se queixam de passar frio, da escassez de alimentos e das péssimas condições dos banheiros nos acampamentos na fronteira entre Grécia e Macedônia

"Pode ser que as fronteiras estejam fechadas, mas a Alemanha segue acolhendo refugiados ou não?", perguntou Ahmad, afegão de 32 anos, com semblante de desespero, pois seu irmão vive em Frankfurt e não aceita a possibilidade de não poder chegar ao seu destino.

Enquanto falava, sua esposa estava hospitalizada dando à luz. E o casal teve sorte, pois muitas mulheres param nos acampamentos, contando apenas com a ajuda dos parentes e servem-se de uma garrafa de água como única possibilidade para lavar o recém-nascido.

"O drama é que a maioria do povo que está aqui já tem familiares em outros países que lhes esperam", relatou Mahmoud. "Por isso acredito que a maioria não pensa em desistir e buscará uma maneira para chegar a seu destino", acrescentou.

Mas também há gente cada vez mais disposta a voltar a seus países, segundo Mahmoud. "O problema é que não podem voltar, porque nem a Turquia nem o Líbano - dois países que serviriam de passagem - dão o visto necessário", explicou.

São impedimentos difíceis de entender se pensarmos na aplicação do princípio "um por um" do acordo entre a União Europeia e a Turquia, em que para cada sírio que voltar para a Turquia, outro pode ser reassentado em um país europeu. /EFE

ATENAS - Maaria e Ahmed são afegãos e, assim como outras cinco mil pessoas, estão retidos no porto ateniense de Pireo, sem saber o que vai acontecer com eles, mas com a esperança de que em algum momento poderão sair da Grécia.

Maaria tem 33 anos, tinha um bom trabalho e uma boa casa em Cabul, mas a constante explosão de bombas e as contínuas ameaças telefônicas por trabalhar sendo mulher em uma empresa multinacional "entre estrangeiros" fizeram com que ela saísse de seu país e se somasse ao êxodo de tantos outros.

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Embora esteja há 20 dias dormindo no chão do porto em um pavilhão que divide com mais de 100 pessoas, rodeada de mau cheiro e sem acesso a higiene, prefere estar no local do que entre as ameaças e bombas de grupos como o Estado Islâmico.

Maaria não perdeu a esperança de que conseguirá sair deste local, basicamente porque, da mesma forma que a maioria dos refugiados, ela não quer aceitar que as fronteiras se fecharam.

Para ela tanto faz se for Alemanha ou qualquer outro país, o importante é não ter de viver às custas de ninguém, mas em um lugar onde existam oportunidades de começar uma nova vida. "Para onde vamos? Me diga você", declarou em meio a muitas dúvidas e desprovida de qualquer informação. Maaria ainda não sabe que existe um plano de realocação europeu.

O governo não está presente para informar sobre qualquer possibilidade de definição da situação, e as pessoas fazem inúmeras perguntas às ONGs, que, por sua vez, não são fontes oficiais.

"Como vou dizer que não vão abrir as fronteiras? Não sou eu que tenho que fazer isso", afirmou Mahmoud, um sírio que trabalha como voluntário para a Cruz Vermelha e há 20 anos vive entre a Grécia e Damasco, onde mora toda sua família. Ele contou que uma jovem síria pediu seu número de telefone para ser comunicada se a fronteira fosse aberta.

Na sala de espera na qual vivem Maaria, seu marido e seus três filhos, há uma parede com folhas de papel em árabe e farsi, nas quais, segundo se pode deduzir por duas palavras escritas em inglês - "relocation" e "asylum" - se explica o processo de solicitação de asilo e de inscrição nas listas de realocação.

O que faltam são representantes de alguma entidade oficial. Nenhuma ONG quer criticar abertamente o governo, mas todos admitem que há uma extrema falta de coordenação e falta política informativa.

Depois das tensões que surgiram com o fim de semana no acampamento fronteiriço de Idomeni em razão de um rumor, o governo tomou nota e decidiu mobilizar intérpretes e funcionários. A função deles será informar em Idomeni e no Pireo sobre as possibilidades oferecidas aos refugiados e responder às perguntas.

Mas o problema não se trata exclusivamente na falta de informação. Muitos refugiados preferem não ouvir que sua viagem pode ter acabado na Grécia.

Seu navegador não suporta esse video.

O acampamento abriga 10.500 refugiados, que se queixam de passar frio, da escassez de alimentos e das péssimas condições dos banheiros nos acampamentos na fronteira entre Grécia e Macedônia

"Pode ser que as fronteiras estejam fechadas, mas a Alemanha segue acolhendo refugiados ou não?", perguntou Ahmad, afegão de 32 anos, com semblante de desespero, pois seu irmão vive em Frankfurt e não aceita a possibilidade de não poder chegar ao seu destino.

Enquanto falava, sua esposa estava hospitalizada dando à luz. E o casal teve sorte, pois muitas mulheres param nos acampamentos, contando apenas com a ajuda dos parentes e servem-se de uma garrafa de água como única possibilidade para lavar o recém-nascido.

"O drama é que a maioria do povo que está aqui já tem familiares em outros países que lhes esperam", relatou Mahmoud. "Por isso acredito que a maioria não pensa em desistir e buscará uma maneira para chegar a seu destino", acrescentou.

Mas também há gente cada vez mais disposta a voltar a seus países, segundo Mahmoud. "O problema é que não podem voltar, porque nem a Turquia nem o Líbano - dois países que serviriam de passagem - dão o visto necessário", explicou.

São impedimentos difíceis de entender se pensarmos na aplicação do princípio "um por um" do acordo entre a União Europeia e a Turquia, em que para cada sírio que voltar para a Turquia, outro pode ser reassentado em um país europeu. /EFE

ATENAS - Maaria e Ahmed são afegãos e, assim como outras cinco mil pessoas, estão retidos no porto ateniense de Pireo, sem saber o que vai acontecer com eles, mas com a esperança de que em algum momento poderão sair da Grécia.

Maaria tem 33 anos, tinha um bom trabalho e uma boa casa em Cabul, mas a constante explosão de bombas e as contínuas ameaças telefônicas por trabalhar sendo mulher em uma empresa multinacional "entre estrangeiros" fizeram com que ela saísse de seu país e se somasse ao êxodo de tantos outros.

5 anos da guerra na Síria: crise migratória e fome

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Embora esteja há 20 dias dormindo no chão do porto em um pavilhão que divide com mais de 100 pessoas, rodeada de mau cheiro e sem acesso a higiene, prefere estar no local do que entre as ameaças e bombas de grupos como o Estado Islâmico.

Maaria não perdeu a esperança de que conseguirá sair deste local, basicamente porque, da mesma forma que a maioria dos refugiados, ela não quer aceitar que as fronteiras se fecharam.

Para ela tanto faz se for Alemanha ou qualquer outro país, o importante é não ter de viver às custas de ninguém, mas em um lugar onde existam oportunidades de começar uma nova vida. "Para onde vamos? Me diga você", declarou em meio a muitas dúvidas e desprovida de qualquer informação. Maaria ainda não sabe que existe um plano de realocação europeu.

O governo não está presente para informar sobre qualquer possibilidade de definição da situação, e as pessoas fazem inúmeras perguntas às ONGs, que, por sua vez, não são fontes oficiais.

"Como vou dizer que não vão abrir as fronteiras? Não sou eu que tenho que fazer isso", afirmou Mahmoud, um sírio que trabalha como voluntário para a Cruz Vermelha e há 20 anos vive entre a Grécia e Damasco, onde mora toda sua família. Ele contou que uma jovem síria pediu seu número de telefone para ser comunicada se a fronteira fosse aberta.

Na sala de espera na qual vivem Maaria, seu marido e seus três filhos, há uma parede com folhas de papel em árabe e farsi, nas quais, segundo se pode deduzir por duas palavras escritas em inglês - "relocation" e "asylum" - se explica o processo de solicitação de asilo e de inscrição nas listas de realocação.

O que faltam são representantes de alguma entidade oficial. Nenhuma ONG quer criticar abertamente o governo, mas todos admitem que há uma extrema falta de coordenação e falta política informativa.

Depois das tensões que surgiram com o fim de semana no acampamento fronteiriço de Idomeni em razão de um rumor, o governo tomou nota e decidiu mobilizar intérpretes e funcionários. A função deles será informar em Idomeni e no Pireo sobre as possibilidades oferecidas aos refugiados e responder às perguntas.

Mas o problema não se trata exclusivamente na falta de informação. Muitos refugiados preferem não ouvir que sua viagem pode ter acabado na Grécia.

Seu navegador não suporta esse video.

O acampamento abriga 10.500 refugiados, que se queixam de passar frio, da escassez de alimentos e das péssimas condições dos banheiros nos acampamentos na fronteira entre Grécia e Macedônia

"Pode ser que as fronteiras estejam fechadas, mas a Alemanha segue acolhendo refugiados ou não?", perguntou Ahmad, afegão de 32 anos, com semblante de desespero, pois seu irmão vive em Frankfurt e não aceita a possibilidade de não poder chegar ao seu destino.

Enquanto falava, sua esposa estava hospitalizada dando à luz. E o casal teve sorte, pois muitas mulheres param nos acampamentos, contando apenas com a ajuda dos parentes e servem-se de uma garrafa de água como única possibilidade para lavar o recém-nascido.

"O drama é que a maioria do povo que está aqui já tem familiares em outros países que lhes esperam", relatou Mahmoud. "Por isso acredito que a maioria não pensa em desistir e buscará uma maneira para chegar a seu destino", acrescentou.

Mas também há gente cada vez mais disposta a voltar a seus países, segundo Mahmoud. "O problema é que não podem voltar, porque nem a Turquia nem o Líbano - dois países que serviriam de passagem - dão o visto necessário", explicou.

São impedimentos difíceis de entender se pensarmos na aplicação do princípio "um por um" do acordo entre a União Europeia e a Turquia, em que para cada sírio que voltar para a Turquia, outro pode ser reassentado em um país europeu. /EFE

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