A retirada das tropas italianas do Iraque foi concluída neste sábado com uma cerimônia solene que contou com a presença do primeiro-ministro Romano Prodi. Os últimos oito homens da Missão Antiga Babilônia, como foi batizado o contingente italiano no Iraque, chegaram em um avião que aterrissou no aeroporto Ciampino, na capital italiana, às 12h27 (9h27 de Brasília). Ao receber os militares, Prodi comentou que a presença italiana "não foi uma ocupação, mas uma ajuda a um povo na busca de futuro". Simbolizando o final da missão, o ministro da Defesa Arturo Parisi entregou ao primeiro-ministro a bandeira retirada na sexta da base que a Itália mantinha na cidade iraquiana de Nassiriya. Prodi entregará a bandeira ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, em outra cerimônia a ser realizada na próxima quinta-feira. Colaboração italiana A retirada dos últimos 44 homens que estavam no Iraque começou sexta, com outra cerimônia, em Nassiriya, que contou com a presença de Parisi, e na qual foi retirada a bandeira que neste sábado foi entregue a Prodi. Parisi disse que, após a conclusão da presença militar italiana, o compromisso do país europeu "continuará através de uma colaboração política, civil, humanitária e de apoio às instituições e à reconstrução". A Missão Antiga Babilônia chegou ao Iraque em 8 de junho de 2003, com 3.200 militares, e sofreu 33 baixas. Os custos foram avaliados em 1,5 bilhão de euros. Além disso, seis civis que participavam da missão também morreram no Iraque. No entanto, a gradual retirada das tropas aconteceu muito discretamente, e a notícia foi divulgada nos meios de comunicação sem qualquer polêmica. A participação de um contingente italiano no Iraque foi ordenada pelo governo de Silvio Berlusconi, o mesmo que também anunciou sua retirada pouco antes das eleições realizadas este ano na Itália. Berlusconi se comprometeu a retirar as tropas antes do final do ano, data que foi adiantada em algumas semanas por seu sucessor, Romano Prodi, que lembrou ter cumprido sua promessa eleitoral. Pior ataque O pior ataque contra a missão aconteceu em 12 de novembro de 2003, quando morreram 17 militares italianos e dois civis, assim como nove iraquianos. O ataque causou uma profunda comoção na Itália, e representou o maior número de baixas militares do país desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com dados fornecidos pelo Ministério da Defesa, nos três anos e meio que a missão durou, participaram cerca de 30 mil solados italianos, que realizaram 16 mil patrulhas e confiscaram 15 mil armas e munição e quatro toneladas de explosivos. Além disso, helicópteros e aviões não-tripulados voaram durante cerca de 9 mil horas e realizaram 872 projetos de reconstrução, financiados com 15 milhões de euros de fundos italianos e US$ 20 milhões, entregues pelos Estados Unidos. A retirada foi empreendida em várias fases: em janeiro, 300 soldados deixaram o Iraque, e em junho, mil. O restante do efetivo retornou à Itália ao longo dos últimos seis meses. Em setembro, o contingente italiano entregou o controle da província de Dhi Qar às autoridades iraquianas, em uma cerimônia também realizada em Nassiriya, cerca de 370 quilômetros ao sul de Bagdá.
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