Venezuela: um chamado à paz


Em artigo para jornal americano, líder venezuelano acusa oposição de manipular manifestações que têm se tornado mais violentas

Por Nicolás Maduro

Os recentes protestos ocorridos na Venezuela tomaram conta das manchetes internacionais. Grande parte da cobertura da mídia estrangeira distorceu a realidade do meu país e os fatos.

Os venezuelanos estão orgulhosos da nossa democracia. Construímos um movimento democrático de participação desde as bases, garantindo que poder e recursos sejam equitativamente distribuídos entre o povo.

Segundo a ONU, a Venezuela tem diminuído a desigualdade de maneira significativa. Agora, ela apresenta a menor desigualdade de renda da região. Reduzimos enormemente a pobreza - de 49% em 1998, para 25,4% em 2012, segundo dados do Banco Mundial; no mesmo período, segundo estatísticas oficiais, a pobreza extrema caiu de 21% para 6%.

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Criamos programas gratuitos de assistência médica universal e educação em todo o país que são o nosso orgulho. Conseguimos tudo isso utilizando as receitas do petróleo venezuelano.

Embora nossa política social tenha melhorado a vida dos cidadãos como um todo, o governo teve de enfrentar graves dificuldades na área econômica nos último 16 meses, incluindo inflação e escassez de bens de primeira necessidade. Continuamos buscando soluções por meio de medidas como a adoção de um novo sistema cambial baseado no mercado, que se destina a reduzir o mercado negro.

E estamos monitorando as empresas para que não procurem extorquir os consumidores ou açambarcar produtos.

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A Venezuela vem lutando também com uma elevada taxa de criminalidade.

Procuramos combatê-la com a criação de uma nova polícia nacional, com o fortalecimento da polícia comunitária e com a reforma do nosso sistema prisional.

Desde 1998, o movimento fundado por Hugo Chávez venceu mais de uma dezena de eleições presidenciais, parlamentares e locais mediante um processo eleitoral que o ex-presidente americano, Jimmy Carter, definiu como "o melhor do mundo". Recentemente, em dezembro de 2013, o Partido Socialista Unido da Venezuela recebeu votação esmagadora nas eleições para prefeito ganhando em 255 das 337 prefeituras.

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A participação popular na política na Venezuela aumentou drasticamente nos últimos dez anos. Como ex-dirigente sindical, acredito profundamente no direito de associação e no direito cívico de garantir que a justiça prevaleça pela manifestação de preocupações legítimas por meio de reuniões e protestos pacíficos.

As afirmações de que a Venezuela tem uma democracia deficiente e os protestos atuais representam os sentimentos da comunidade são desmentidas pelos fatos. Quem protesta contra o governo são pessoas pertencentes aos segmentos mais privilegiados da sociedade, cujo objetivo é procurar reverter as conquistas do processo democrático que beneficiaram a ampla maioria do povo.

Os manifestantes atacaram e danificaram hospitais, incendiaram uma universidade no Estado de Táchira, apedrejaram e atiraram coquetéis Molotov contra ônibus do transporte público. Visaram também a outras instituições públicas atirando pedras e ateando fogo às instalações do Supremo Tribunal, da companhia telefônica estatal CANTV e o edifício da promotoria.

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As ações violentas causaram danos de muitos milhões de dólares. É por isso que os protestos não tiveram apoio nos bairros pobres e da classe trabalhadora.

Os manifestantes têm o único objetivo, inconstitucional, de derrubar o governo eleito democraticamente. Quando começaram sua campanha, em janeiros, os líderes contrários ao governo deixaram isto claro, prometendo criar o caos nas ruas.

Os que criticam legitimamente as condições econômicas ou a taxa de criminalidade estão sendo explorados pelos líderes dos protestos que defendem um violento programa antidemocrático.

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No período de dois meses, 36 pessoas perderam a vida. Estamos convencidos de que os manifestantes, são diretamente responsáveis por cerca da metade das mortes. Também morreram seis membros da Guarda Nacional; outros cidadãos foram assassinados enquanto tentavam retirar as barricadas erguidas pelos manifestantes para bloquear o trânsito.

Um número muito pequeno de agentes das forças de segurança também foi acusado de fazer uso da violência, em consequência da qual várias pessoas morreram. São fatos extremamente lamentáveis, e o governo venezuelano respondeu prendendo os suspeitos. Criamos um Conselho dos Direitos Humanos para investigar todos os incidentes relacionados aos protestos. Toda vítima merece justiça, e todo autor da violência - seja ele um partidário ou um adversário do governo - será responsabilizado por suas ações.

Nos EUA, os manifestantes foram definidos como "pacíficos", e, apesar disso, o governo venezuelano tentaria reprimi-los violentamente.

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Segundo esta versão, o governo americano apoia o povo da Venezuela; na realidade, está do lado do 1% que quer fazer o nosso país retroceder à época em que 99% estavam impedidos de participar da vida política e apenas alguns - incluindo as companhias americanas - se beneficiavam do petróleo venezuelano.

Não esqueçamos de que alguns dos que apoiaram a derrubada do governo democraticamente eleito da Venezuela em 2002 hoje lideram os protestos. Os envolvidos no golpe de 2002 dissolveram imediatamente o Supremo Tribunal e a Assembleia e rasgaram a Constituição. Os que incitam à violência e tentam ações inconstitucionais semelhantes hoje deverão enfrentar o sistema judiciário.

O governo americano apoiou o golpe de 2002 e reconheceu o governo golpista apesar de seu comportamento antidemocrático. Hoje, o governo de Barack Obama gasta pelo menos US$ 5 milhões ao ano para apoiar movimentos oposicionistas na Venezuela. Um projeto de lei que prevê o envio de mais US$ 15 milhões para estas organizações antigovernamentais tramita atualmente no Congresso. O Congresso também deverá decidir sobre a imposição de sanções à Venezuela. Espero que o povo americano, conhecendo a verdade, decida que a Venezuela e o seu povo não merecem esse castigo, e peça aos seus representantes que não aprovem as sanções.

Esse é o momento do diálogo e da diplomacia. Na Venezuela, estendemos uma mão para a oposição. E aceitamos as recomendações da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para empreendermos conversações com a oposição. Meu governo também apelou para o presidente Obama, expressando o nosso desejo de trocarmos mais uma vez nossos embaixadores. Esperemos que este governo atenda ao nosso pedido. A Venezuela precisa de paz e de diálogo para seguir seu caminho. Damos as boas-vindas a todos os que quiserem sinceramente nos ajudar a alcançar estes objetivos.

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

* NICOLÁS MADURO É PRESIDENTE DA VENEZUELA

Os recentes protestos ocorridos na Venezuela tomaram conta das manchetes internacionais. Grande parte da cobertura da mídia estrangeira distorceu a realidade do meu país e os fatos.

Os venezuelanos estão orgulhosos da nossa democracia. Construímos um movimento democrático de participação desde as bases, garantindo que poder e recursos sejam equitativamente distribuídos entre o povo.

Segundo a ONU, a Venezuela tem diminuído a desigualdade de maneira significativa. Agora, ela apresenta a menor desigualdade de renda da região. Reduzimos enormemente a pobreza - de 49% em 1998, para 25,4% em 2012, segundo dados do Banco Mundial; no mesmo período, segundo estatísticas oficiais, a pobreza extrema caiu de 21% para 6%.

Criamos programas gratuitos de assistência médica universal e educação em todo o país que são o nosso orgulho. Conseguimos tudo isso utilizando as receitas do petróleo venezuelano.

Embora nossa política social tenha melhorado a vida dos cidadãos como um todo, o governo teve de enfrentar graves dificuldades na área econômica nos último 16 meses, incluindo inflação e escassez de bens de primeira necessidade. Continuamos buscando soluções por meio de medidas como a adoção de um novo sistema cambial baseado no mercado, que se destina a reduzir o mercado negro.

E estamos monitorando as empresas para que não procurem extorquir os consumidores ou açambarcar produtos.

A Venezuela vem lutando também com uma elevada taxa de criminalidade.

Procuramos combatê-la com a criação de uma nova polícia nacional, com o fortalecimento da polícia comunitária e com a reforma do nosso sistema prisional.

Desde 1998, o movimento fundado por Hugo Chávez venceu mais de uma dezena de eleições presidenciais, parlamentares e locais mediante um processo eleitoral que o ex-presidente americano, Jimmy Carter, definiu como "o melhor do mundo". Recentemente, em dezembro de 2013, o Partido Socialista Unido da Venezuela recebeu votação esmagadora nas eleições para prefeito ganhando em 255 das 337 prefeituras.

A participação popular na política na Venezuela aumentou drasticamente nos últimos dez anos. Como ex-dirigente sindical, acredito profundamente no direito de associação e no direito cívico de garantir que a justiça prevaleça pela manifestação de preocupações legítimas por meio de reuniões e protestos pacíficos.

As afirmações de que a Venezuela tem uma democracia deficiente e os protestos atuais representam os sentimentos da comunidade são desmentidas pelos fatos. Quem protesta contra o governo são pessoas pertencentes aos segmentos mais privilegiados da sociedade, cujo objetivo é procurar reverter as conquistas do processo democrático que beneficiaram a ampla maioria do povo.

Os manifestantes atacaram e danificaram hospitais, incendiaram uma universidade no Estado de Táchira, apedrejaram e atiraram coquetéis Molotov contra ônibus do transporte público. Visaram também a outras instituições públicas atirando pedras e ateando fogo às instalações do Supremo Tribunal, da companhia telefônica estatal CANTV e o edifício da promotoria.

As ações violentas causaram danos de muitos milhões de dólares. É por isso que os protestos não tiveram apoio nos bairros pobres e da classe trabalhadora.

Os manifestantes têm o único objetivo, inconstitucional, de derrubar o governo eleito democraticamente. Quando começaram sua campanha, em janeiros, os líderes contrários ao governo deixaram isto claro, prometendo criar o caos nas ruas.

Os que criticam legitimamente as condições econômicas ou a taxa de criminalidade estão sendo explorados pelos líderes dos protestos que defendem um violento programa antidemocrático.

No período de dois meses, 36 pessoas perderam a vida. Estamos convencidos de que os manifestantes, são diretamente responsáveis por cerca da metade das mortes. Também morreram seis membros da Guarda Nacional; outros cidadãos foram assassinados enquanto tentavam retirar as barricadas erguidas pelos manifestantes para bloquear o trânsito.

Um número muito pequeno de agentes das forças de segurança também foi acusado de fazer uso da violência, em consequência da qual várias pessoas morreram. São fatos extremamente lamentáveis, e o governo venezuelano respondeu prendendo os suspeitos. Criamos um Conselho dos Direitos Humanos para investigar todos os incidentes relacionados aos protestos. Toda vítima merece justiça, e todo autor da violência - seja ele um partidário ou um adversário do governo - será responsabilizado por suas ações.

Nos EUA, os manifestantes foram definidos como "pacíficos", e, apesar disso, o governo venezuelano tentaria reprimi-los violentamente.

Segundo esta versão, o governo americano apoia o povo da Venezuela; na realidade, está do lado do 1% que quer fazer o nosso país retroceder à época em que 99% estavam impedidos de participar da vida política e apenas alguns - incluindo as companhias americanas - se beneficiavam do petróleo venezuelano.

Não esqueçamos de que alguns dos que apoiaram a derrubada do governo democraticamente eleito da Venezuela em 2002 hoje lideram os protestos. Os envolvidos no golpe de 2002 dissolveram imediatamente o Supremo Tribunal e a Assembleia e rasgaram a Constituição. Os que incitam à violência e tentam ações inconstitucionais semelhantes hoje deverão enfrentar o sistema judiciário.

O governo americano apoiou o golpe de 2002 e reconheceu o governo golpista apesar de seu comportamento antidemocrático. Hoje, o governo de Barack Obama gasta pelo menos US$ 5 milhões ao ano para apoiar movimentos oposicionistas na Venezuela. Um projeto de lei que prevê o envio de mais US$ 15 milhões para estas organizações antigovernamentais tramita atualmente no Congresso. O Congresso também deverá decidir sobre a imposição de sanções à Venezuela. Espero que o povo americano, conhecendo a verdade, decida que a Venezuela e o seu povo não merecem esse castigo, e peça aos seus representantes que não aprovem as sanções.

Esse é o momento do diálogo e da diplomacia. Na Venezuela, estendemos uma mão para a oposição. E aceitamos as recomendações da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para empreendermos conversações com a oposição. Meu governo também apelou para o presidente Obama, expressando o nosso desejo de trocarmos mais uma vez nossos embaixadores. Esperemos que este governo atenda ao nosso pedido. A Venezuela precisa de paz e de diálogo para seguir seu caminho. Damos as boas-vindas a todos os que quiserem sinceramente nos ajudar a alcançar estes objetivos.

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

* NICOLÁS MADURO É PRESIDENTE DA VENEZUELA

Os recentes protestos ocorridos na Venezuela tomaram conta das manchetes internacionais. Grande parte da cobertura da mídia estrangeira distorceu a realidade do meu país e os fatos.

Os venezuelanos estão orgulhosos da nossa democracia. Construímos um movimento democrático de participação desde as bases, garantindo que poder e recursos sejam equitativamente distribuídos entre o povo.

Segundo a ONU, a Venezuela tem diminuído a desigualdade de maneira significativa. Agora, ela apresenta a menor desigualdade de renda da região. Reduzimos enormemente a pobreza - de 49% em 1998, para 25,4% em 2012, segundo dados do Banco Mundial; no mesmo período, segundo estatísticas oficiais, a pobreza extrema caiu de 21% para 6%.

Criamos programas gratuitos de assistência médica universal e educação em todo o país que são o nosso orgulho. Conseguimos tudo isso utilizando as receitas do petróleo venezuelano.

Embora nossa política social tenha melhorado a vida dos cidadãos como um todo, o governo teve de enfrentar graves dificuldades na área econômica nos último 16 meses, incluindo inflação e escassez de bens de primeira necessidade. Continuamos buscando soluções por meio de medidas como a adoção de um novo sistema cambial baseado no mercado, que se destina a reduzir o mercado negro.

E estamos monitorando as empresas para que não procurem extorquir os consumidores ou açambarcar produtos.

A Venezuela vem lutando também com uma elevada taxa de criminalidade.

Procuramos combatê-la com a criação de uma nova polícia nacional, com o fortalecimento da polícia comunitária e com a reforma do nosso sistema prisional.

Desde 1998, o movimento fundado por Hugo Chávez venceu mais de uma dezena de eleições presidenciais, parlamentares e locais mediante um processo eleitoral que o ex-presidente americano, Jimmy Carter, definiu como "o melhor do mundo". Recentemente, em dezembro de 2013, o Partido Socialista Unido da Venezuela recebeu votação esmagadora nas eleições para prefeito ganhando em 255 das 337 prefeituras.

A participação popular na política na Venezuela aumentou drasticamente nos últimos dez anos. Como ex-dirigente sindical, acredito profundamente no direito de associação e no direito cívico de garantir que a justiça prevaleça pela manifestação de preocupações legítimas por meio de reuniões e protestos pacíficos.

As afirmações de que a Venezuela tem uma democracia deficiente e os protestos atuais representam os sentimentos da comunidade são desmentidas pelos fatos. Quem protesta contra o governo são pessoas pertencentes aos segmentos mais privilegiados da sociedade, cujo objetivo é procurar reverter as conquistas do processo democrático que beneficiaram a ampla maioria do povo.

Os manifestantes atacaram e danificaram hospitais, incendiaram uma universidade no Estado de Táchira, apedrejaram e atiraram coquetéis Molotov contra ônibus do transporte público. Visaram também a outras instituições públicas atirando pedras e ateando fogo às instalações do Supremo Tribunal, da companhia telefônica estatal CANTV e o edifício da promotoria.

As ações violentas causaram danos de muitos milhões de dólares. É por isso que os protestos não tiveram apoio nos bairros pobres e da classe trabalhadora.

Os manifestantes têm o único objetivo, inconstitucional, de derrubar o governo eleito democraticamente. Quando começaram sua campanha, em janeiros, os líderes contrários ao governo deixaram isto claro, prometendo criar o caos nas ruas.

Os que criticam legitimamente as condições econômicas ou a taxa de criminalidade estão sendo explorados pelos líderes dos protestos que defendem um violento programa antidemocrático.

No período de dois meses, 36 pessoas perderam a vida. Estamos convencidos de que os manifestantes, são diretamente responsáveis por cerca da metade das mortes. Também morreram seis membros da Guarda Nacional; outros cidadãos foram assassinados enquanto tentavam retirar as barricadas erguidas pelos manifestantes para bloquear o trânsito.

Um número muito pequeno de agentes das forças de segurança também foi acusado de fazer uso da violência, em consequência da qual várias pessoas morreram. São fatos extremamente lamentáveis, e o governo venezuelano respondeu prendendo os suspeitos. Criamos um Conselho dos Direitos Humanos para investigar todos os incidentes relacionados aos protestos. Toda vítima merece justiça, e todo autor da violência - seja ele um partidário ou um adversário do governo - será responsabilizado por suas ações.

Nos EUA, os manifestantes foram definidos como "pacíficos", e, apesar disso, o governo venezuelano tentaria reprimi-los violentamente.

Segundo esta versão, o governo americano apoia o povo da Venezuela; na realidade, está do lado do 1% que quer fazer o nosso país retroceder à época em que 99% estavam impedidos de participar da vida política e apenas alguns - incluindo as companhias americanas - se beneficiavam do petróleo venezuelano.

Não esqueçamos de que alguns dos que apoiaram a derrubada do governo democraticamente eleito da Venezuela em 2002 hoje lideram os protestos. Os envolvidos no golpe de 2002 dissolveram imediatamente o Supremo Tribunal e a Assembleia e rasgaram a Constituição. Os que incitam à violência e tentam ações inconstitucionais semelhantes hoje deverão enfrentar o sistema judiciário.

O governo americano apoiou o golpe de 2002 e reconheceu o governo golpista apesar de seu comportamento antidemocrático. Hoje, o governo de Barack Obama gasta pelo menos US$ 5 milhões ao ano para apoiar movimentos oposicionistas na Venezuela. Um projeto de lei que prevê o envio de mais US$ 15 milhões para estas organizações antigovernamentais tramita atualmente no Congresso. O Congresso também deverá decidir sobre a imposição de sanções à Venezuela. Espero que o povo americano, conhecendo a verdade, decida que a Venezuela e o seu povo não merecem esse castigo, e peça aos seus representantes que não aprovem as sanções.

Esse é o momento do diálogo e da diplomacia. Na Venezuela, estendemos uma mão para a oposição. E aceitamos as recomendações da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para empreendermos conversações com a oposição. Meu governo também apelou para o presidente Obama, expressando o nosso desejo de trocarmos mais uma vez nossos embaixadores. Esperemos que este governo atenda ao nosso pedido. A Venezuela precisa de paz e de diálogo para seguir seu caminho. Damos as boas-vindas a todos os que quiserem sinceramente nos ajudar a alcançar estes objetivos.

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

* NICOLÁS MADURO É PRESIDENTE DA VENEZUELA

Os recentes protestos ocorridos na Venezuela tomaram conta das manchetes internacionais. Grande parte da cobertura da mídia estrangeira distorceu a realidade do meu país e os fatos.

Os venezuelanos estão orgulhosos da nossa democracia. Construímos um movimento democrático de participação desde as bases, garantindo que poder e recursos sejam equitativamente distribuídos entre o povo.

Segundo a ONU, a Venezuela tem diminuído a desigualdade de maneira significativa. Agora, ela apresenta a menor desigualdade de renda da região. Reduzimos enormemente a pobreza - de 49% em 1998, para 25,4% em 2012, segundo dados do Banco Mundial; no mesmo período, segundo estatísticas oficiais, a pobreza extrema caiu de 21% para 6%.

Criamos programas gratuitos de assistência médica universal e educação em todo o país que são o nosso orgulho. Conseguimos tudo isso utilizando as receitas do petróleo venezuelano.

Embora nossa política social tenha melhorado a vida dos cidadãos como um todo, o governo teve de enfrentar graves dificuldades na área econômica nos último 16 meses, incluindo inflação e escassez de bens de primeira necessidade. Continuamos buscando soluções por meio de medidas como a adoção de um novo sistema cambial baseado no mercado, que se destina a reduzir o mercado negro.

E estamos monitorando as empresas para que não procurem extorquir os consumidores ou açambarcar produtos.

A Venezuela vem lutando também com uma elevada taxa de criminalidade.

Procuramos combatê-la com a criação de uma nova polícia nacional, com o fortalecimento da polícia comunitária e com a reforma do nosso sistema prisional.

Desde 1998, o movimento fundado por Hugo Chávez venceu mais de uma dezena de eleições presidenciais, parlamentares e locais mediante um processo eleitoral que o ex-presidente americano, Jimmy Carter, definiu como "o melhor do mundo". Recentemente, em dezembro de 2013, o Partido Socialista Unido da Venezuela recebeu votação esmagadora nas eleições para prefeito ganhando em 255 das 337 prefeituras.

A participação popular na política na Venezuela aumentou drasticamente nos últimos dez anos. Como ex-dirigente sindical, acredito profundamente no direito de associação e no direito cívico de garantir que a justiça prevaleça pela manifestação de preocupações legítimas por meio de reuniões e protestos pacíficos.

As afirmações de que a Venezuela tem uma democracia deficiente e os protestos atuais representam os sentimentos da comunidade são desmentidas pelos fatos. Quem protesta contra o governo são pessoas pertencentes aos segmentos mais privilegiados da sociedade, cujo objetivo é procurar reverter as conquistas do processo democrático que beneficiaram a ampla maioria do povo.

Os manifestantes atacaram e danificaram hospitais, incendiaram uma universidade no Estado de Táchira, apedrejaram e atiraram coquetéis Molotov contra ônibus do transporte público. Visaram também a outras instituições públicas atirando pedras e ateando fogo às instalações do Supremo Tribunal, da companhia telefônica estatal CANTV e o edifício da promotoria.

As ações violentas causaram danos de muitos milhões de dólares. É por isso que os protestos não tiveram apoio nos bairros pobres e da classe trabalhadora.

Os manifestantes têm o único objetivo, inconstitucional, de derrubar o governo eleito democraticamente. Quando começaram sua campanha, em janeiros, os líderes contrários ao governo deixaram isto claro, prometendo criar o caos nas ruas.

Os que criticam legitimamente as condições econômicas ou a taxa de criminalidade estão sendo explorados pelos líderes dos protestos que defendem um violento programa antidemocrático.

No período de dois meses, 36 pessoas perderam a vida. Estamos convencidos de que os manifestantes, são diretamente responsáveis por cerca da metade das mortes. Também morreram seis membros da Guarda Nacional; outros cidadãos foram assassinados enquanto tentavam retirar as barricadas erguidas pelos manifestantes para bloquear o trânsito.

Um número muito pequeno de agentes das forças de segurança também foi acusado de fazer uso da violência, em consequência da qual várias pessoas morreram. São fatos extremamente lamentáveis, e o governo venezuelano respondeu prendendo os suspeitos. Criamos um Conselho dos Direitos Humanos para investigar todos os incidentes relacionados aos protestos. Toda vítima merece justiça, e todo autor da violência - seja ele um partidário ou um adversário do governo - será responsabilizado por suas ações.

Nos EUA, os manifestantes foram definidos como "pacíficos", e, apesar disso, o governo venezuelano tentaria reprimi-los violentamente.

Segundo esta versão, o governo americano apoia o povo da Venezuela; na realidade, está do lado do 1% que quer fazer o nosso país retroceder à época em que 99% estavam impedidos de participar da vida política e apenas alguns - incluindo as companhias americanas - se beneficiavam do petróleo venezuelano.

Não esqueçamos de que alguns dos que apoiaram a derrubada do governo democraticamente eleito da Venezuela em 2002 hoje lideram os protestos. Os envolvidos no golpe de 2002 dissolveram imediatamente o Supremo Tribunal e a Assembleia e rasgaram a Constituição. Os que incitam à violência e tentam ações inconstitucionais semelhantes hoje deverão enfrentar o sistema judiciário.

O governo americano apoiou o golpe de 2002 e reconheceu o governo golpista apesar de seu comportamento antidemocrático. Hoje, o governo de Barack Obama gasta pelo menos US$ 5 milhões ao ano para apoiar movimentos oposicionistas na Venezuela. Um projeto de lei que prevê o envio de mais US$ 15 milhões para estas organizações antigovernamentais tramita atualmente no Congresso. O Congresso também deverá decidir sobre a imposição de sanções à Venezuela. Espero que o povo americano, conhecendo a verdade, decida que a Venezuela e o seu povo não merecem esse castigo, e peça aos seus representantes que não aprovem as sanções.

Esse é o momento do diálogo e da diplomacia. Na Venezuela, estendemos uma mão para a oposição. E aceitamos as recomendações da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para empreendermos conversações com a oposição. Meu governo também apelou para o presidente Obama, expressando o nosso desejo de trocarmos mais uma vez nossos embaixadores. Esperemos que este governo atenda ao nosso pedido. A Venezuela precisa de paz e de diálogo para seguir seu caminho. Damos as boas-vindas a todos os que quiserem sinceramente nos ajudar a alcançar estes objetivos.

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