Venezuelanos fazem longas filas para validar assinaturas por referendo revogatório


Líder opositor disse que no primeiro dia foram validadas mais de 70 mil rubricas, e que a ‘Venezuela é como uma bomba que a qualquer momento pode explodir’

Por Redação

CARACAS - Cansados da crise econômica, milhares de venezuelanos voltaram a fazer longas filas na segunda-feira, desta vez para validar suas assinaturas e levar adiante o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 1,3 milhão de pessoas são esperadas para validar suas assinaturas até sexta-feira, dentro do processo que, a oposição acredita, levará à realização de um referendo ainda este ano.

De bengala, Armanda Zerpa, de 59 anos, chegou a uma seção eleitoral de Caracas para deixar sua impressão digital na máquina eletrônica. Há sete meses essa vendedora de roupas sofreu um acidente cardiovascular e viveu na pele a dificuldade de encontrar remédios. "Queremos outro país, um bonito", disse ela após validar sua assinatura.

Protestos pela saída de Maduro na Venezuela

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Protestos na Venezuela

Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Além da saúde, Armanda enfrenta uma precária situação econômica. Ela já não consegue abastecer sua loja de roupas pelas dificuldades de comprar no exterior por falta de dólares, que são controlados com rigor pelo Estado, e pelos altos preços das passagens aéreas. "Não estão governando bem. Não estão administrando bem o país", afirma.

A estudante de Direito Astrid Villegas, de 21 anos, esperou por duas horas para que sua assinatura fosse validada. Na saída da seção eleitoral, ela foi recebida com aplausos de ativistas da oposição. Eles aproveitaram para coletar seus dados mais uma vez, como parte do processo de controle estabelecido pela Mesa da Unidade Democrática (MUD).

"Vemos nosso futuro perdido neste momento. A única saída que os jovens têm é ir embora. Isso é uma forma de manter a luta para ter uma vida aqui", disse Astrid. Assim como muitos signatários, a estudante suspeita que o governo tenta adiar, ou sabotar, um eventual referendo, apoiando-se no Poder Judiciário.

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A insatisfação de muitos dos 30 milhões de venezuelanos com o desabastecimento, a inflação descontrolada e a insegurança se tornou o motor do referendo contra Maduro. No meio de uma dura queda de braço com a maioria parlamentar composta pela oposição, Maduro atribui a uma "guerra econômica" os males que se acumulam no país. Nesse contexto, seus adversários políticos promovem o referendo para tirá-lo do poder e convocar novas eleições.

Descaso e morte nos hospitais de Maduro

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Crise de saúde na Venezuela

Foto: Meridith Kohut/The New York Times
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Iniciado com a coleta de assinaturas, o processo deverá passar pela validação de pelo menos 200 mil rubricas para que então o Poder Eleitoral autorize a reunião de 4 milhões de rubricas. Na primeira etapa, a oposição conseguiu reunir 1,8 milhão de assinaturas, das quais 600 mil foram invalidadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Agora, ela se empenha em conseguir realizar o referendo antes de 10 de janeiro de 2017.

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Implosão. O líder opositor Henrique Capriles disse na noite de segunda-feira que no primeiro dia de autenticação "foram validadas 71.557 firmas, quer dizer, estamos falando de 36,7% do total" das assinaturas necessárias para ativar o referendo. "A Venezuela é como uma bomba que a qualquer momento pode explodir. Se a tensão social continuar crescendo, transbordar, como está ocorrendo, será muito pior", disse à imprensa.

No primeiro dia de autenticação de assinaturas, a oposição se queixou das supostas "jogadas" do CNE para dificultar o procedimento. O deputado da MUD Freddy Guevara denunciou à imprensa que o órgão enviou máquinas de leitura de digital para lugares onde "ninguém assinou" a petição pelo referendo e que atrasou a reposição de alguns equipamentos que não funcionaram.

Ao todo, o CNE habilitou 128 pontos de validação, com 300 máquinas. A oposição acredita em que conseguirá autenticar pelo menos 600 mil assinaturas até a sexta-feira.

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Enquanto governo e oposição trocam acusações, os venezuelanos, que sentem a crise no bolso, comparecem a um dos 300 postos. Mais uma vez, a população enfrenta as filas que se transformaram em símbolo dos tempos ruins.

Governo e oposição parecem estar cada vez mais distantes do diálogo promovido pelos ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha, Leonel Fernández, da República Dominicana, e Martín Torrijos, do Panamá, a pedido da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Maduro acusa seus inimigos políticos de tentarem boicotar a aproximação, enquanto a oposição alega que o governo quer, na verdade, ganhar tempo para adiar o referendo. /AFP

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Veja abaixo: Por que a Venezuela está em crise?

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Governado por Nicolás Maduro, o país vive hoje uma queda na arrecadação financeira, faltam alimentos para a população e os serviços de energia são suspensos por quatro horas diariamente. Entenda em um minuto como a situação chegou a esse ponto na Venezuela.

CARACAS - Cansados da crise econômica, milhares de venezuelanos voltaram a fazer longas filas na segunda-feira, desta vez para validar suas assinaturas e levar adiante o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 1,3 milhão de pessoas são esperadas para validar suas assinaturas até sexta-feira, dentro do processo que, a oposição acredita, levará à realização de um referendo ainda este ano.

De bengala, Armanda Zerpa, de 59 anos, chegou a uma seção eleitoral de Caracas para deixar sua impressão digital na máquina eletrônica. Há sete meses essa vendedora de roupas sofreu um acidente cardiovascular e viveu na pele a dificuldade de encontrar remédios. "Queremos outro país, um bonito", disse ela após validar sua assinatura.

Protestos pela saída de Maduro na Venezuela

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Além da saúde, Armanda enfrenta uma precária situação econômica. Ela já não consegue abastecer sua loja de roupas pelas dificuldades de comprar no exterior por falta de dólares, que são controlados com rigor pelo Estado, e pelos altos preços das passagens aéreas. "Não estão governando bem. Não estão administrando bem o país", afirma.

A estudante de Direito Astrid Villegas, de 21 anos, esperou por duas horas para que sua assinatura fosse validada. Na saída da seção eleitoral, ela foi recebida com aplausos de ativistas da oposição. Eles aproveitaram para coletar seus dados mais uma vez, como parte do processo de controle estabelecido pela Mesa da Unidade Democrática (MUD).

"Vemos nosso futuro perdido neste momento. A única saída que os jovens têm é ir embora. Isso é uma forma de manter a luta para ter uma vida aqui", disse Astrid. Assim como muitos signatários, a estudante suspeita que o governo tenta adiar, ou sabotar, um eventual referendo, apoiando-se no Poder Judiciário.

A insatisfação de muitos dos 30 milhões de venezuelanos com o desabastecimento, a inflação descontrolada e a insegurança se tornou o motor do referendo contra Maduro. No meio de uma dura queda de braço com a maioria parlamentar composta pela oposição, Maduro atribui a uma "guerra econômica" os males que se acumulam no país. Nesse contexto, seus adversários políticos promovem o referendo para tirá-lo do poder e convocar novas eleições.

Descaso e morte nos hospitais de Maduro

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Iniciado com a coleta de assinaturas, o processo deverá passar pela validação de pelo menos 200 mil rubricas para que então o Poder Eleitoral autorize a reunião de 4 milhões de rubricas. Na primeira etapa, a oposição conseguiu reunir 1,8 milhão de assinaturas, das quais 600 mil foram invalidadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Agora, ela se empenha em conseguir realizar o referendo antes de 10 de janeiro de 2017.

Implosão. O líder opositor Henrique Capriles disse na noite de segunda-feira que no primeiro dia de autenticação "foram validadas 71.557 firmas, quer dizer, estamos falando de 36,7% do total" das assinaturas necessárias para ativar o referendo. "A Venezuela é como uma bomba que a qualquer momento pode explodir. Se a tensão social continuar crescendo, transbordar, como está ocorrendo, será muito pior", disse à imprensa.

No primeiro dia de autenticação de assinaturas, a oposição se queixou das supostas "jogadas" do CNE para dificultar o procedimento. O deputado da MUD Freddy Guevara denunciou à imprensa que o órgão enviou máquinas de leitura de digital para lugares onde "ninguém assinou" a petição pelo referendo e que atrasou a reposição de alguns equipamentos que não funcionaram.

Ao todo, o CNE habilitou 128 pontos de validação, com 300 máquinas. A oposição acredita em que conseguirá autenticar pelo menos 600 mil assinaturas até a sexta-feira.

Enquanto governo e oposição trocam acusações, os venezuelanos, que sentem a crise no bolso, comparecem a um dos 300 postos. Mais uma vez, a população enfrenta as filas que se transformaram em símbolo dos tempos ruins.

Governo e oposição parecem estar cada vez mais distantes do diálogo promovido pelos ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha, Leonel Fernández, da República Dominicana, e Martín Torrijos, do Panamá, a pedido da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Maduro acusa seus inimigos políticos de tentarem boicotar a aproximação, enquanto a oposição alega que o governo quer, na verdade, ganhar tempo para adiar o referendo. /AFP

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Governado por Nicolás Maduro, o país vive hoje uma queda na arrecadação financeira, faltam alimentos para a população e os serviços de energia são suspensos por quatro horas diariamente. Entenda em um minuto como a situação chegou a esse ponto na Venezuela.

CARACAS - Cansados da crise econômica, milhares de venezuelanos voltaram a fazer longas filas na segunda-feira, desta vez para validar suas assinaturas e levar adiante o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 1,3 milhão de pessoas são esperadas para validar suas assinaturas até sexta-feira, dentro do processo que, a oposição acredita, levará à realização de um referendo ainda este ano.

De bengala, Armanda Zerpa, de 59 anos, chegou a uma seção eleitoral de Caracas para deixar sua impressão digital na máquina eletrônica. Há sete meses essa vendedora de roupas sofreu um acidente cardiovascular e viveu na pele a dificuldade de encontrar remédios. "Queremos outro país, um bonito", disse ela após validar sua assinatura.

Protestos pela saída de Maduro na Venezuela

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Além da saúde, Armanda enfrenta uma precária situação econômica. Ela já não consegue abastecer sua loja de roupas pelas dificuldades de comprar no exterior por falta de dólares, que são controlados com rigor pelo Estado, e pelos altos preços das passagens aéreas. "Não estão governando bem. Não estão administrando bem o país", afirma.

A estudante de Direito Astrid Villegas, de 21 anos, esperou por duas horas para que sua assinatura fosse validada. Na saída da seção eleitoral, ela foi recebida com aplausos de ativistas da oposição. Eles aproveitaram para coletar seus dados mais uma vez, como parte do processo de controle estabelecido pela Mesa da Unidade Democrática (MUD).

"Vemos nosso futuro perdido neste momento. A única saída que os jovens têm é ir embora. Isso é uma forma de manter a luta para ter uma vida aqui", disse Astrid. Assim como muitos signatários, a estudante suspeita que o governo tenta adiar, ou sabotar, um eventual referendo, apoiando-se no Poder Judiciário.

A insatisfação de muitos dos 30 milhões de venezuelanos com o desabastecimento, a inflação descontrolada e a insegurança se tornou o motor do referendo contra Maduro. No meio de uma dura queda de braço com a maioria parlamentar composta pela oposição, Maduro atribui a uma "guerra econômica" os males que se acumulam no país. Nesse contexto, seus adversários políticos promovem o referendo para tirá-lo do poder e convocar novas eleições.

Descaso e morte nos hospitais de Maduro

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Crise de saúde na Venezuela

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Iniciado com a coleta de assinaturas, o processo deverá passar pela validação de pelo menos 200 mil rubricas para que então o Poder Eleitoral autorize a reunião de 4 milhões de rubricas. Na primeira etapa, a oposição conseguiu reunir 1,8 milhão de assinaturas, das quais 600 mil foram invalidadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Agora, ela se empenha em conseguir realizar o referendo antes de 10 de janeiro de 2017.

Implosão. O líder opositor Henrique Capriles disse na noite de segunda-feira que no primeiro dia de autenticação "foram validadas 71.557 firmas, quer dizer, estamos falando de 36,7% do total" das assinaturas necessárias para ativar o referendo. "A Venezuela é como uma bomba que a qualquer momento pode explodir. Se a tensão social continuar crescendo, transbordar, como está ocorrendo, será muito pior", disse à imprensa.

No primeiro dia de autenticação de assinaturas, a oposição se queixou das supostas "jogadas" do CNE para dificultar o procedimento. O deputado da MUD Freddy Guevara denunciou à imprensa que o órgão enviou máquinas de leitura de digital para lugares onde "ninguém assinou" a petição pelo referendo e que atrasou a reposição de alguns equipamentos que não funcionaram.

Ao todo, o CNE habilitou 128 pontos de validação, com 300 máquinas. A oposição acredita em que conseguirá autenticar pelo menos 600 mil assinaturas até a sexta-feira.

Enquanto governo e oposição trocam acusações, os venezuelanos, que sentem a crise no bolso, comparecem a um dos 300 postos. Mais uma vez, a população enfrenta as filas que se transformaram em símbolo dos tempos ruins.

Governo e oposição parecem estar cada vez mais distantes do diálogo promovido pelos ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha, Leonel Fernández, da República Dominicana, e Martín Torrijos, do Panamá, a pedido da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Maduro acusa seus inimigos políticos de tentarem boicotar a aproximação, enquanto a oposição alega que o governo quer, na verdade, ganhar tempo para adiar o referendo. /AFP

Veja abaixo: Por que a Venezuela está em crise?

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Governado por Nicolás Maduro, o país vive hoje uma queda na arrecadação financeira, faltam alimentos para a população e os serviços de energia são suspensos por quatro horas diariamente. Entenda em um minuto como a situação chegou a esse ponto na Venezuela.

CARACAS - Cansados da crise econômica, milhares de venezuelanos voltaram a fazer longas filas na segunda-feira, desta vez para validar suas assinaturas e levar adiante o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 1,3 milhão de pessoas são esperadas para validar suas assinaturas até sexta-feira, dentro do processo que, a oposição acredita, levará à realização de um referendo ainda este ano.

De bengala, Armanda Zerpa, de 59 anos, chegou a uma seção eleitoral de Caracas para deixar sua impressão digital na máquina eletrônica. Há sete meses essa vendedora de roupas sofreu um acidente cardiovascular e viveu na pele a dificuldade de encontrar remédios. "Queremos outro país, um bonito", disse ela após validar sua assinatura.

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Além da saúde, Armanda enfrenta uma precária situação econômica. Ela já não consegue abastecer sua loja de roupas pelas dificuldades de comprar no exterior por falta de dólares, que são controlados com rigor pelo Estado, e pelos altos preços das passagens aéreas. "Não estão governando bem. Não estão administrando bem o país", afirma.

A estudante de Direito Astrid Villegas, de 21 anos, esperou por duas horas para que sua assinatura fosse validada. Na saída da seção eleitoral, ela foi recebida com aplausos de ativistas da oposição. Eles aproveitaram para coletar seus dados mais uma vez, como parte do processo de controle estabelecido pela Mesa da Unidade Democrática (MUD).

"Vemos nosso futuro perdido neste momento. A única saída que os jovens têm é ir embora. Isso é uma forma de manter a luta para ter uma vida aqui", disse Astrid. Assim como muitos signatários, a estudante suspeita que o governo tenta adiar, ou sabotar, um eventual referendo, apoiando-se no Poder Judiciário.

A insatisfação de muitos dos 30 milhões de venezuelanos com o desabastecimento, a inflação descontrolada e a insegurança se tornou o motor do referendo contra Maduro. No meio de uma dura queda de braço com a maioria parlamentar composta pela oposição, Maduro atribui a uma "guerra econômica" os males que se acumulam no país. Nesse contexto, seus adversários políticos promovem o referendo para tirá-lo do poder e convocar novas eleições.

Descaso e morte nos hospitais de Maduro

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Crise de saúde na Venezuela

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Crise de saúde na Venezuela

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Crise de saúde na Venezuela

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Iniciado com a coleta de assinaturas, o processo deverá passar pela validação de pelo menos 200 mil rubricas para que então o Poder Eleitoral autorize a reunião de 4 milhões de rubricas. Na primeira etapa, a oposição conseguiu reunir 1,8 milhão de assinaturas, das quais 600 mil foram invalidadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Agora, ela se empenha em conseguir realizar o referendo antes de 10 de janeiro de 2017.

Implosão. O líder opositor Henrique Capriles disse na noite de segunda-feira que no primeiro dia de autenticação "foram validadas 71.557 firmas, quer dizer, estamos falando de 36,7% do total" das assinaturas necessárias para ativar o referendo. "A Venezuela é como uma bomba que a qualquer momento pode explodir. Se a tensão social continuar crescendo, transbordar, como está ocorrendo, será muito pior", disse à imprensa.

No primeiro dia de autenticação de assinaturas, a oposição se queixou das supostas "jogadas" do CNE para dificultar o procedimento. O deputado da MUD Freddy Guevara denunciou à imprensa que o órgão enviou máquinas de leitura de digital para lugares onde "ninguém assinou" a petição pelo referendo e que atrasou a reposição de alguns equipamentos que não funcionaram.

Ao todo, o CNE habilitou 128 pontos de validação, com 300 máquinas. A oposição acredita em que conseguirá autenticar pelo menos 600 mil assinaturas até a sexta-feira.

Enquanto governo e oposição trocam acusações, os venezuelanos, que sentem a crise no bolso, comparecem a um dos 300 postos. Mais uma vez, a população enfrenta as filas que se transformaram em símbolo dos tempos ruins.

Governo e oposição parecem estar cada vez mais distantes do diálogo promovido pelos ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha, Leonel Fernández, da República Dominicana, e Martín Torrijos, do Panamá, a pedido da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Maduro acusa seus inimigos políticos de tentarem boicotar a aproximação, enquanto a oposição alega que o governo quer, na verdade, ganhar tempo para adiar o referendo. /AFP

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