Viagem de Biden à Europa não apresenta soluções para fim de guerra na Ucrânia e gasolina mais barata


Reunião de Biden com G7 e Otan evidenciaram as profundas dificuldades que os líderes possuem para lidar com a guerra e a consequente crise de combustíveis

Por Jim Tankersley e Michael D. Shear

MADRI (THE NEW YORK TIMES) – O presidente dos Estados Unidos Joe Biden emitiu um alerta cruel para os americanos quando as tropas russas invadiram a Ucrânia, em fevereiro: fazer face ao presidente Vladimir Putin poderia castigar a economia dos EUA. “Não vou fingir que isso não vai doer”, afirmou ele discursando na Sala Leste da Casa Branca.

Mas poucos no governo de Biden imaginaram a magnitude da dor política e econômica que estava por vir da exaustiva guerra ao longo da fronteira russa: descontentamento crescente a respeito da gasolina a US$ 5 o galão; frustração cada vez mais profunda em relação aos aumentos dos preços dos alimentos e dos custos do aluguel; e crescente oposição em relação ao gasto de bilhões de dólares em um conflito no exterior sem perspectiva de terminar.

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Em reuniões com líderes dos países do Grupo dos 7 (G7) e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nesta semana, na Europa, Biden e seus aliados martelaram a ideia de que eles devem permanecer unidos contra a Rússia ao mesmo tempo que definem linhas novas e mais firmes contra o que eles consideram práticas econômicas predatórias da China.

Mas as reuniões também sublinharam as profundas dificuldades ocasionadas pela guerra a líderes ocidentais e consumidores, em razão do aumento nos custos da energia provocado pelas severas sanções impostas sobre a Rússia — e que podem aumentar ainda mais.

Imagem mostra líderes internacionais durante encontro da Otan em Madrid, na Espanha, na terça-feira, 28. Encontro não apresentou soluções para a guerra na Ucrânia e nem para crise dos combustíveis Foto: Jonathan Ernst / REUTERS
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Apesar de todos os passos dados por Biden e seus aliados para afrontar a agressão russa — incluindo um caminho expresso de adesão à Otan para Finlândia e Suécia e um plano de estabelecer um teto ao preço do petróleo exportado pela Rússia — os líderes não conseguiram delinear uma solução para esta arrastada guerra de desgaste.

Biden já sente alguma pressão política ocasionada por sua pronta resposta à invasão à Ucrânia, apesar de poucos de seus oponentes nos Estados Unidos estarem se definindo dessa maneira. O esforço dele em banir as importações americanas de petróleo russo pouco após a invasão foi seguida de picos globais nos preços do insumo, o que desgastou a confiança dos consumidores e ameaça a maioria dos democratas no Congresso nas próximas eleições de meio de mandato. Os republicanos têm tentado culpar as políticas do presidente sobre energia e meio ambiente, mas as razões para isso são a invasão e a resposta do Ocidente.

Se a guerra se prolongar e Biden fracassar com seu plano de manter o petróleo russo circulando sob um preço com extremo desconto, alguns analistas dizem que o valor do barril poderia explodir e ultrapassar US$ 200, o que resultaria em uma gasolina a US$ 7 o galão ou mais — preços que, caso se mantiverem, prejudicarão gravemente a esperança de reeleição de Biden.

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Um conflito prolongado também requererá que os EUA e de seus aliados encontrem mais dinheiro para ajudas militares e de outros tipos à Ucrânia, além dos US$ 40 bilhões que o Congresso já aprovou para este ano. Por enquanto, apenas um pequeno grupo de oponentes questiona o gasto, mas esse descontentamento poderia se espalhar, provendo uma linha de ataque para o ex-presidente Donald Trump, que sinaliza planos de disputar uma revanche contra Biden em 2024.

Essas correntes tornam os próximos meses cruciais para Biden e sua empolgada coalizão internacional —um fato que autoridades do governo têm começado a reconhecer. O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, disse a repórteres nos corredores da cúpula do G7, nos Alpes Alemães, que os aliados tentarão ajudar as forças ucranianas superadas em armas a obter quanto poder de fogo for preciso antes do inverno, porque “um conflito arrastado não é de interesse do povo da Ucrânia, por razões óbvias”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em discurso no Capitólio, em Washington, no dia 8 de junho deste ano. Yellen afirmou que detalhes sobre teto para preço do petróleo serão apresentados nos próximos dias  Foto: Jonathan Ernst / REUTERS
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Sullivan e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmaram esta semana que as autoridades agirão rapidamente para negociar e implementar a miríade de detalhes não resolvidos a respeito da proposta de estabelecer um teto para o preço do petróleo exportado pela Rússia, prometendo que os motoristas terão alívio em relação ao valor da gasolina quando a medida entrar em vigor. Mas muitos economistas e especialistas no setor de energia duvidam que esse teto de preço, algo jamais tentado em tamanha escala global, seja capaz de ser colocado em prática efetivamente no futuro próximo. Privadamente, algumas autoridades do governo reconhecem que levaria até o fim do outono ou mais tempo até sua implementação.

Dados publicados pelo Departamento de Comércio na quinta-feira mostram que os preços afetados pela guerra, como de alimentos e energia, continuaram a subir em maio, enquanto a taxa de crescimento e outros preços se estabilizaram. Biden culpou Putin.

“O motivo da gasolina estar cara é a Rússia”, afirmou ele em uma conferência de imprensa.

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Um alívio ao menos temporário pode estar no caminho dos motoristas americanos. O preço nacional médio da gasolina caiu levemente nas semanas recentes, e os valores dos futuros contratos de compra de gasolina caíram mais significativamente, sugerindo que os postos poderão reduzir os preços em julho. Mas muitos analistas desconfiam que os preços poderão aumentar novamente no fim do ano, à medida que o banimento europeu ao petróleo russo passar a vigorar, a não ser que o plano do teto de preços de Biden seja bem-sucedido.

O foco desta semana do presidente, na guerra, na inflação do preço da energia e nas iminentes ameaças da China, ocorreu em detrimento de muitos dos temas que dominaram sua campanha em 2020 — e das atuais controvérsias que animam seu partido em casa.

Biden e seus homólogos mal mencionaram a pandemia de covid-19. Os abrangentes — e empacados — planos do presidente americano de novos programas sociais ficaram escanteados. Até as mudanças climáticas foram em grande parte relegadas a promessas grandiloquentes realizadas em fóruns públicos, em vez de comprometimentos concretos de ação.

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O que o governo considerou a maior realização da cúpula do G7 — o acordo em princípio de tentar manter o petróleo russo fluindo no mercado global, mas sob preços com pesados descontos, que privariam Putin dos recursos para manter sua máquina de guerra — foi o mais recente exemplo de Biden buscando soluções para a dor de consumo causada pela guerra.

Graduadas autoridades procuraram a Venezuela — que é aliada da Rússia e está sob sanções americanas há anos — para tratar da crise no fornecimento de petróleo. O governo também buscou ajuda do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para escoar grãos da Ucrânia e ajudar a aliviar a escassez de alimentos.

E no próximo mês Biden viajará para Arábia Saudita e se encontrará pessoalmente com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, depois de ter pedido repetidamente aos sauditas e outros grandes produtores de petróleo para aumentar sua produção. Biden foi questionado na quinta-feira se pretende pressionar em pessoa o governante saudita de facto pelo aumento, apesar de anteriormente tê-lo criticado e o qualificado como “pária” em razão do brutal assassinato do dissidente saudita Jamal Khashoggi, em 2018. Biden respondeu que não.

Apesar disso, o imperativo de responder aos efeitos turbulentos da guerra levou Biden a pelo menos considerar o que antes era impensável. Isso salienta a realidade diante do presidente e de seus aliados: Há poucas soluções para a situação atual que não impliquem em inconvenientes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

MADRI (THE NEW YORK TIMES) – O presidente dos Estados Unidos Joe Biden emitiu um alerta cruel para os americanos quando as tropas russas invadiram a Ucrânia, em fevereiro: fazer face ao presidente Vladimir Putin poderia castigar a economia dos EUA. “Não vou fingir que isso não vai doer”, afirmou ele discursando na Sala Leste da Casa Branca.

Mas poucos no governo de Biden imaginaram a magnitude da dor política e econômica que estava por vir da exaustiva guerra ao longo da fronteira russa: descontentamento crescente a respeito da gasolina a US$ 5 o galão; frustração cada vez mais profunda em relação aos aumentos dos preços dos alimentos e dos custos do aluguel; e crescente oposição em relação ao gasto de bilhões de dólares em um conflito no exterior sem perspectiva de terminar.

Em reuniões com líderes dos países do Grupo dos 7 (G7) e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nesta semana, na Europa, Biden e seus aliados martelaram a ideia de que eles devem permanecer unidos contra a Rússia ao mesmo tempo que definem linhas novas e mais firmes contra o que eles consideram práticas econômicas predatórias da China.

Mas as reuniões também sublinharam as profundas dificuldades ocasionadas pela guerra a líderes ocidentais e consumidores, em razão do aumento nos custos da energia provocado pelas severas sanções impostas sobre a Rússia — e que podem aumentar ainda mais.

Imagem mostra líderes internacionais durante encontro da Otan em Madrid, na Espanha, na terça-feira, 28. Encontro não apresentou soluções para a guerra na Ucrânia e nem para crise dos combustíveis Foto: Jonathan Ernst / REUTERS

Apesar de todos os passos dados por Biden e seus aliados para afrontar a agressão russa — incluindo um caminho expresso de adesão à Otan para Finlândia e Suécia e um plano de estabelecer um teto ao preço do petróleo exportado pela Rússia — os líderes não conseguiram delinear uma solução para esta arrastada guerra de desgaste.

Biden já sente alguma pressão política ocasionada por sua pronta resposta à invasão à Ucrânia, apesar de poucos de seus oponentes nos Estados Unidos estarem se definindo dessa maneira. O esforço dele em banir as importações americanas de petróleo russo pouco após a invasão foi seguida de picos globais nos preços do insumo, o que desgastou a confiança dos consumidores e ameaça a maioria dos democratas no Congresso nas próximas eleições de meio de mandato. Os republicanos têm tentado culpar as políticas do presidente sobre energia e meio ambiente, mas as razões para isso são a invasão e a resposta do Ocidente.

Se a guerra se prolongar e Biden fracassar com seu plano de manter o petróleo russo circulando sob um preço com extremo desconto, alguns analistas dizem que o valor do barril poderia explodir e ultrapassar US$ 200, o que resultaria em uma gasolina a US$ 7 o galão ou mais — preços que, caso se mantiverem, prejudicarão gravemente a esperança de reeleição de Biden.

Um conflito prolongado também requererá que os EUA e de seus aliados encontrem mais dinheiro para ajudas militares e de outros tipos à Ucrânia, além dos US$ 40 bilhões que o Congresso já aprovou para este ano. Por enquanto, apenas um pequeno grupo de oponentes questiona o gasto, mas esse descontentamento poderia se espalhar, provendo uma linha de ataque para o ex-presidente Donald Trump, que sinaliza planos de disputar uma revanche contra Biden em 2024.

Essas correntes tornam os próximos meses cruciais para Biden e sua empolgada coalizão internacional —um fato que autoridades do governo têm começado a reconhecer. O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, disse a repórteres nos corredores da cúpula do G7, nos Alpes Alemães, que os aliados tentarão ajudar as forças ucranianas superadas em armas a obter quanto poder de fogo for preciso antes do inverno, porque “um conflito arrastado não é de interesse do povo da Ucrânia, por razões óbvias”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em discurso no Capitólio, em Washington, no dia 8 de junho deste ano. Yellen afirmou que detalhes sobre teto para preço do petróleo serão apresentados nos próximos dias  Foto: Jonathan Ernst / REUTERS

Sullivan e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmaram esta semana que as autoridades agirão rapidamente para negociar e implementar a miríade de detalhes não resolvidos a respeito da proposta de estabelecer um teto para o preço do petróleo exportado pela Rússia, prometendo que os motoristas terão alívio em relação ao valor da gasolina quando a medida entrar em vigor. Mas muitos economistas e especialistas no setor de energia duvidam que esse teto de preço, algo jamais tentado em tamanha escala global, seja capaz de ser colocado em prática efetivamente no futuro próximo. Privadamente, algumas autoridades do governo reconhecem que levaria até o fim do outono ou mais tempo até sua implementação.

Dados publicados pelo Departamento de Comércio na quinta-feira mostram que os preços afetados pela guerra, como de alimentos e energia, continuaram a subir em maio, enquanto a taxa de crescimento e outros preços se estabilizaram. Biden culpou Putin.

“O motivo da gasolina estar cara é a Rússia”, afirmou ele em uma conferência de imprensa.

Um alívio ao menos temporário pode estar no caminho dos motoristas americanos. O preço nacional médio da gasolina caiu levemente nas semanas recentes, e os valores dos futuros contratos de compra de gasolina caíram mais significativamente, sugerindo que os postos poderão reduzir os preços em julho. Mas muitos analistas desconfiam que os preços poderão aumentar novamente no fim do ano, à medida que o banimento europeu ao petróleo russo passar a vigorar, a não ser que o plano do teto de preços de Biden seja bem-sucedido.

O foco desta semana do presidente, na guerra, na inflação do preço da energia e nas iminentes ameaças da China, ocorreu em detrimento de muitos dos temas que dominaram sua campanha em 2020 — e das atuais controvérsias que animam seu partido em casa.

Biden e seus homólogos mal mencionaram a pandemia de covid-19. Os abrangentes — e empacados — planos do presidente americano de novos programas sociais ficaram escanteados. Até as mudanças climáticas foram em grande parte relegadas a promessas grandiloquentes realizadas em fóruns públicos, em vez de comprometimentos concretos de ação.

O que o governo considerou a maior realização da cúpula do G7 — o acordo em princípio de tentar manter o petróleo russo fluindo no mercado global, mas sob preços com pesados descontos, que privariam Putin dos recursos para manter sua máquina de guerra — foi o mais recente exemplo de Biden buscando soluções para a dor de consumo causada pela guerra.

Graduadas autoridades procuraram a Venezuela — que é aliada da Rússia e está sob sanções americanas há anos — para tratar da crise no fornecimento de petróleo. O governo também buscou ajuda do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para escoar grãos da Ucrânia e ajudar a aliviar a escassez de alimentos.

E no próximo mês Biden viajará para Arábia Saudita e se encontrará pessoalmente com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, depois de ter pedido repetidamente aos sauditas e outros grandes produtores de petróleo para aumentar sua produção. Biden foi questionado na quinta-feira se pretende pressionar em pessoa o governante saudita de facto pelo aumento, apesar de anteriormente tê-lo criticado e o qualificado como “pária” em razão do brutal assassinato do dissidente saudita Jamal Khashoggi, em 2018. Biden respondeu que não.

Apesar disso, o imperativo de responder aos efeitos turbulentos da guerra levou Biden a pelo menos considerar o que antes era impensável. Isso salienta a realidade diante do presidente e de seus aliados: Há poucas soluções para a situação atual que não impliquem em inconvenientes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

MADRI (THE NEW YORK TIMES) – O presidente dos Estados Unidos Joe Biden emitiu um alerta cruel para os americanos quando as tropas russas invadiram a Ucrânia, em fevereiro: fazer face ao presidente Vladimir Putin poderia castigar a economia dos EUA. “Não vou fingir que isso não vai doer”, afirmou ele discursando na Sala Leste da Casa Branca.

Mas poucos no governo de Biden imaginaram a magnitude da dor política e econômica que estava por vir da exaustiva guerra ao longo da fronteira russa: descontentamento crescente a respeito da gasolina a US$ 5 o galão; frustração cada vez mais profunda em relação aos aumentos dos preços dos alimentos e dos custos do aluguel; e crescente oposição em relação ao gasto de bilhões de dólares em um conflito no exterior sem perspectiva de terminar.

Em reuniões com líderes dos países do Grupo dos 7 (G7) e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nesta semana, na Europa, Biden e seus aliados martelaram a ideia de que eles devem permanecer unidos contra a Rússia ao mesmo tempo que definem linhas novas e mais firmes contra o que eles consideram práticas econômicas predatórias da China.

Mas as reuniões também sublinharam as profundas dificuldades ocasionadas pela guerra a líderes ocidentais e consumidores, em razão do aumento nos custos da energia provocado pelas severas sanções impostas sobre a Rússia — e que podem aumentar ainda mais.

Imagem mostra líderes internacionais durante encontro da Otan em Madrid, na Espanha, na terça-feira, 28. Encontro não apresentou soluções para a guerra na Ucrânia e nem para crise dos combustíveis Foto: Jonathan Ernst / REUTERS

Apesar de todos os passos dados por Biden e seus aliados para afrontar a agressão russa — incluindo um caminho expresso de adesão à Otan para Finlândia e Suécia e um plano de estabelecer um teto ao preço do petróleo exportado pela Rússia — os líderes não conseguiram delinear uma solução para esta arrastada guerra de desgaste.

Biden já sente alguma pressão política ocasionada por sua pronta resposta à invasão à Ucrânia, apesar de poucos de seus oponentes nos Estados Unidos estarem se definindo dessa maneira. O esforço dele em banir as importações americanas de petróleo russo pouco após a invasão foi seguida de picos globais nos preços do insumo, o que desgastou a confiança dos consumidores e ameaça a maioria dos democratas no Congresso nas próximas eleições de meio de mandato. Os republicanos têm tentado culpar as políticas do presidente sobre energia e meio ambiente, mas as razões para isso são a invasão e a resposta do Ocidente.

Se a guerra se prolongar e Biden fracassar com seu plano de manter o petróleo russo circulando sob um preço com extremo desconto, alguns analistas dizem que o valor do barril poderia explodir e ultrapassar US$ 200, o que resultaria em uma gasolina a US$ 7 o galão ou mais — preços que, caso se mantiverem, prejudicarão gravemente a esperança de reeleição de Biden.

Um conflito prolongado também requererá que os EUA e de seus aliados encontrem mais dinheiro para ajudas militares e de outros tipos à Ucrânia, além dos US$ 40 bilhões que o Congresso já aprovou para este ano. Por enquanto, apenas um pequeno grupo de oponentes questiona o gasto, mas esse descontentamento poderia se espalhar, provendo uma linha de ataque para o ex-presidente Donald Trump, que sinaliza planos de disputar uma revanche contra Biden em 2024.

Essas correntes tornam os próximos meses cruciais para Biden e sua empolgada coalizão internacional —um fato que autoridades do governo têm começado a reconhecer. O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, disse a repórteres nos corredores da cúpula do G7, nos Alpes Alemães, que os aliados tentarão ajudar as forças ucranianas superadas em armas a obter quanto poder de fogo for preciso antes do inverno, porque “um conflito arrastado não é de interesse do povo da Ucrânia, por razões óbvias”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em discurso no Capitólio, em Washington, no dia 8 de junho deste ano. Yellen afirmou que detalhes sobre teto para preço do petróleo serão apresentados nos próximos dias  Foto: Jonathan Ernst / REUTERS

Sullivan e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmaram esta semana que as autoridades agirão rapidamente para negociar e implementar a miríade de detalhes não resolvidos a respeito da proposta de estabelecer um teto para o preço do petróleo exportado pela Rússia, prometendo que os motoristas terão alívio em relação ao valor da gasolina quando a medida entrar em vigor. Mas muitos economistas e especialistas no setor de energia duvidam que esse teto de preço, algo jamais tentado em tamanha escala global, seja capaz de ser colocado em prática efetivamente no futuro próximo. Privadamente, algumas autoridades do governo reconhecem que levaria até o fim do outono ou mais tempo até sua implementação.

Dados publicados pelo Departamento de Comércio na quinta-feira mostram que os preços afetados pela guerra, como de alimentos e energia, continuaram a subir em maio, enquanto a taxa de crescimento e outros preços se estabilizaram. Biden culpou Putin.

“O motivo da gasolina estar cara é a Rússia”, afirmou ele em uma conferência de imprensa.

Um alívio ao menos temporário pode estar no caminho dos motoristas americanos. O preço nacional médio da gasolina caiu levemente nas semanas recentes, e os valores dos futuros contratos de compra de gasolina caíram mais significativamente, sugerindo que os postos poderão reduzir os preços em julho. Mas muitos analistas desconfiam que os preços poderão aumentar novamente no fim do ano, à medida que o banimento europeu ao petróleo russo passar a vigorar, a não ser que o plano do teto de preços de Biden seja bem-sucedido.

O foco desta semana do presidente, na guerra, na inflação do preço da energia e nas iminentes ameaças da China, ocorreu em detrimento de muitos dos temas que dominaram sua campanha em 2020 — e das atuais controvérsias que animam seu partido em casa.

Biden e seus homólogos mal mencionaram a pandemia de covid-19. Os abrangentes — e empacados — planos do presidente americano de novos programas sociais ficaram escanteados. Até as mudanças climáticas foram em grande parte relegadas a promessas grandiloquentes realizadas em fóruns públicos, em vez de comprometimentos concretos de ação.

O que o governo considerou a maior realização da cúpula do G7 — o acordo em princípio de tentar manter o petróleo russo fluindo no mercado global, mas sob preços com pesados descontos, que privariam Putin dos recursos para manter sua máquina de guerra — foi o mais recente exemplo de Biden buscando soluções para a dor de consumo causada pela guerra.

Graduadas autoridades procuraram a Venezuela — que é aliada da Rússia e está sob sanções americanas há anos — para tratar da crise no fornecimento de petróleo. O governo também buscou ajuda do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para escoar grãos da Ucrânia e ajudar a aliviar a escassez de alimentos.

E no próximo mês Biden viajará para Arábia Saudita e se encontrará pessoalmente com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, depois de ter pedido repetidamente aos sauditas e outros grandes produtores de petróleo para aumentar sua produção. Biden foi questionado na quinta-feira se pretende pressionar em pessoa o governante saudita de facto pelo aumento, apesar de anteriormente tê-lo criticado e o qualificado como “pária” em razão do brutal assassinato do dissidente saudita Jamal Khashoggi, em 2018. Biden respondeu que não.

Apesar disso, o imperativo de responder aos efeitos turbulentos da guerra levou Biden a pelo menos considerar o que antes era impensável. Isso salienta a realidade diante do presidente e de seus aliados: Há poucas soluções para a situação atual que não impliquem em inconvenientes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

MADRI (THE NEW YORK TIMES) – O presidente dos Estados Unidos Joe Biden emitiu um alerta cruel para os americanos quando as tropas russas invadiram a Ucrânia, em fevereiro: fazer face ao presidente Vladimir Putin poderia castigar a economia dos EUA. “Não vou fingir que isso não vai doer”, afirmou ele discursando na Sala Leste da Casa Branca.

Mas poucos no governo de Biden imaginaram a magnitude da dor política e econômica que estava por vir da exaustiva guerra ao longo da fronteira russa: descontentamento crescente a respeito da gasolina a US$ 5 o galão; frustração cada vez mais profunda em relação aos aumentos dos preços dos alimentos e dos custos do aluguel; e crescente oposição em relação ao gasto de bilhões de dólares em um conflito no exterior sem perspectiva de terminar.

Em reuniões com líderes dos países do Grupo dos 7 (G7) e com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), nesta semana, na Europa, Biden e seus aliados martelaram a ideia de que eles devem permanecer unidos contra a Rússia ao mesmo tempo que definem linhas novas e mais firmes contra o que eles consideram práticas econômicas predatórias da China.

Mas as reuniões também sublinharam as profundas dificuldades ocasionadas pela guerra a líderes ocidentais e consumidores, em razão do aumento nos custos da energia provocado pelas severas sanções impostas sobre a Rússia — e que podem aumentar ainda mais.

Imagem mostra líderes internacionais durante encontro da Otan em Madrid, na Espanha, na terça-feira, 28. Encontro não apresentou soluções para a guerra na Ucrânia e nem para crise dos combustíveis Foto: Jonathan Ernst / REUTERS

Apesar de todos os passos dados por Biden e seus aliados para afrontar a agressão russa — incluindo um caminho expresso de adesão à Otan para Finlândia e Suécia e um plano de estabelecer um teto ao preço do petróleo exportado pela Rússia — os líderes não conseguiram delinear uma solução para esta arrastada guerra de desgaste.

Biden já sente alguma pressão política ocasionada por sua pronta resposta à invasão à Ucrânia, apesar de poucos de seus oponentes nos Estados Unidos estarem se definindo dessa maneira. O esforço dele em banir as importações americanas de petróleo russo pouco após a invasão foi seguida de picos globais nos preços do insumo, o que desgastou a confiança dos consumidores e ameaça a maioria dos democratas no Congresso nas próximas eleições de meio de mandato. Os republicanos têm tentado culpar as políticas do presidente sobre energia e meio ambiente, mas as razões para isso são a invasão e a resposta do Ocidente.

Se a guerra se prolongar e Biden fracassar com seu plano de manter o petróleo russo circulando sob um preço com extremo desconto, alguns analistas dizem que o valor do barril poderia explodir e ultrapassar US$ 200, o que resultaria em uma gasolina a US$ 7 o galão ou mais — preços que, caso se mantiverem, prejudicarão gravemente a esperança de reeleição de Biden.

Um conflito prolongado também requererá que os EUA e de seus aliados encontrem mais dinheiro para ajudas militares e de outros tipos à Ucrânia, além dos US$ 40 bilhões que o Congresso já aprovou para este ano. Por enquanto, apenas um pequeno grupo de oponentes questiona o gasto, mas esse descontentamento poderia se espalhar, provendo uma linha de ataque para o ex-presidente Donald Trump, que sinaliza planos de disputar uma revanche contra Biden em 2024.

Essas correntes tornam os próximos meses cruciais para Biden e sua empolgada coalizão internacional —um fato que autoridades do governo têm começado a reconhecer. O conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan, disse a repórteres nos corredores da cúpula do G7, nos Alpes Alemães, que os aliados tentarão ajudar as forças ucranianas superadas em armas a obter quanto poder de fogo for preciso antes do inverno, porque “um conflito arrastado não é de interesse do povo da Ucrânia, por razões óbvias”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em discurso no Capitólio, em Washington, no dia 8 de junho deste ano. Yellen afirmou que detalhes sobre teto para preço do petróleo serão apresentados nos próximos dias  Foto: Jonathan Ernst / REUTERS

Sullivan e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmaram esta semana que as autoridades agirão rapidamente para negociar e implementar a miríade de detalhes não resolvidos a respeito da proposta de estabelecer um teto para o preço do petróleo exportado pela Rússia, prometendo que os motoristas terão alívio em relação ao valor da gasolina quando a medida entrar em vigor. Mas muitos economistas e especialistas no setor de energia duvidam que esse teto de preço, algo jamais tentado em tamanha escala global, seja capaz de ser colocado em prática efetivamente no futuro próximo. Privadamente, algumas autoridades do governo reconhecem que levaria até o fim do outono ou mais tempo até sua implementação.

Dados publicados pelo Departamento de Comércio na quinta-feira mostram que os preços afetados pela guerra, como de alimentos e energia, continuaram a subir em maio, enquanto a taxa de crescimento e outros preços se estabilizaram. Biden culpou Putin.

“O motivo da gasolina estar cara é a Rússia”, afirmou ele em uma conferência de imprensa.

Um alívio ao menos temporário pode estar no caminho dos motoristas americanos. O preço nacional médio da gasolina caiu levemente nas semanas recentes, e os valores dos futuros contratos de compra de gasolina caíram mais significativamente, sugerindo que os postos poderão reduzir os preços em julho. Mas muitos analistas desconfiam que os preços poderão aumentar novamente no fim do ano, à medida que o banimento europeu ao petróleo russo passar a vigorar, a não ser que o plano do teto de preços de Biden seja bem-sucedido.

O foco desta semana do presidente, na guerra, na inflação do preço da energia e nas iminentes ameaças da China, ocorreu em detrimento de muitos dos temas que dominaram sua campanha em 2020 — e das atuais controvérsias que animam seu partido em casa.

Biden e seus homólogos mal mencionaram a pandemia de covid-19. Os abrangentes — e empacados — planos do presidente americano de novos programas sociais ficaram escanteados. Até as mudanças climáticas foram em grande parte relegadas a promessas grandiloquentes realizadas em fóruns públicos, em vez de comprometimentos concretos de ação.

O que o governo considerou a maior realização da cúpula do G7 — o acordo em princípio de tentar manter o petróleo russo fluindo no mercado global, mas sob preços com pesados descontos, que privariam Putin dos recursos para manter sua máquina de guerra — foi o mais recente exemplo de Biden buscando soluções para a dor de consumo causada pela guerra.

Graduadas autoridades procuraram a Venezuela — que é aliada da Rússia e está sob sanções americanas há anos — para tratar da crise no fornecimento de petróleo. O governo também buscou ajuda do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para escoar grãos da Ucrânia e ajudar a aliviar a escassez de alimentos.

E no próximo mês Biden viajará para Arábia Saudita e se encontrará pessoalmente com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, depois de ter pedido repetidamente aos sauditas e outros grandes produtores de petróleo para aumentar sua produção. Biden foi questionado na quinta-feira se pretende pressionar em pessoa o governante saudita de facto pelo aumento, apesar de anteriormente tê-lo criticado e o qualificado como “pária” em razão do brutal assassinato do dissidente saudita Jamal Khashoggi, em 2018. Biden respondeu que não.

Apesar disso, o imperativo de responder aos efeitos turbulentos da guerra levou Biden a pelo menos considerar o que antes era impensável. Isso salienta a realidade diante do presidente e de seus aliados: Há poucas soluções para a situação atual que não impliquem em inconvenientes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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