Este carro elétrico é 'verde' de verdade? E quando atingir 160 km por hora?


Tesla Model S e Porsche Taycan oferecem uma saída para os desejos de motoristas apressados e ambientalmente conscientes

Por Paul Stenquist

Eles parecem grandes poluidores. Só parecem. Uma nova geração de carros elétricos de alto desempenho, entre eles o Porsche Taycan e o Tesla Model S P100D, mostra como os fãs de cavalos de potência que se preocupam com o meio ambiente podem conciliar suas demandas. Um supercarro com uma pegada de carbono que lembra mais um jato do que um Prius pode parecer irresponsável diante das mudanças climáticas.

Mas e os veículos elétricos que conseguem acompanhar ou até mesmo superar carros tipo Lamborghini? O Tesla Model S pode acelerar de zero a 100 km/h em pouco mais de dois segundos, o que faz dele uma das máquinas mais rápidas do mercado. Mas é muito mais limpo do que um carro movido a gasolina comparativamente rápido, como a BMW M5, que tem um motor V8 biturbo de 617 cavalos de potência? Os números dizem que sim.

Um modelo de carro elétrico P100D da Tesla Model S em uma concessionária de carros elétricos Tesla. Foto: Jason Reed/Reuters.
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O Tesla é uma escolha verde bastante convincente, mas a história não para por aí. Mesmo os veículos elétricos pequenos e menos potentes nem sempre foram mais limpos do que os automóveis movidos a gasolina mais eficientes. Um artigo de 2012 no New York Times resumiu um relatório da Union of Concerned Scientists que descobrira que os benefícios ambientais dos carros elétricos compactos e de motores modestos, como o Nissan Leaf, dependiam do lugar onde carregavam sua bateria.

Na época, a eletricidade de muitos estados ainda dependia fortemente de usinas a carvão, e os pesquisadores revelaram que, em algumas regiões, os carros elétricos não eram mais limpos do que os movidos a gasolina eficientes, quando contabilizadas as emissões resultantes da geração de eletricidade.

A tecnologia dos veículos elétricos avançou consideravelmente desde então, e a geração de eletricidade nos Estados Unidos também mudou. O último relatório da Union of Concerned Scientists, num artigo de fevereiro publicado por David Reichmuth, seu engenheiro sênior de veículos, é muito mais otimista do que o de oito anos atrás.

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Depois de analisar todas as emissões – inclusive aquelas da produção de combustível fóssil, juntamente com as emissões do escapamento de veículos convencionais e as emissões das usinas de energia – o grupo descobriu que os veículos elétricos foram responsáveis por cerca de 10% menos emissões globais em 2018 do que eram apenas dois anos antes.

As emissões geradas na produção de veículos e baterias ou na mineração de lítio para as baterias dos veículos elétricos não entraram no cálculo. Neste estudo, descobriu-se que o veículo elétrico médio nos Estados Unidos era responsável por níveis de emissão equivalentes aos gerados por um veículo a gasolina que fizesse 37 quilômetros por litro de combustível.

Em áreas onde muito carvão ainda é queimado para produzir eletricidade, o número de equivalência do veículo elétrico pode cair para 20 quilômetros por litro, mas essas áreas são poucas e menos densamente povoadas do que as regiões com energia limpa. Ok, mas e os supercarros elétricos como o Model S e o Taycan? Se eles produzem uma potência gigantesca, isso não significa que seus níveis de emissão também são altos?

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“Um automóvel de desempenho elétrico muito potente é menos eficiente do que um veículo elétrico hipereficiente, mas, mesmo assim, é muito mais limpo do que um carro comparativamente poderoso que queima gasolina”, disse Reichmuth numa entrevista por telefone.

FILE PHOTO: A Tesla service center is shown in Costa Mesa, California, U.S., March 18, 2020. REUTERS/Mike Blake/File Photo 

Ele acrescentou que um Model S na Califórnia, que tem uma das energias elétricas mais limpas do país, é quase equivalente a um veículo a gasolina que chegasse a 50 quilômetros por litro. Em outras palavras, numa área com usinas elétricas relativamente limpas, essa máquina extremamente potente pode ser mais limpa do que o mais eficiente dos carros a gasolina. Os números que Reichmuth menciona partem do pressuposto de que o Model S será dirigido com responsabilidade.

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Pisando fundo, o Model S vai engolir os watts-hora. Embora a Tesla não forneça dados sobre direção agressiva, alguns proprietários vêm explorando os extremos. Uma estimativa dos fóruns de internet da Tesla afirma que, em aceleração total, o carro usará cerca de 544 watts-hora de eletricidade por quilometro e terá uma autonomia de cerca de 140 quilômetros com carga total. Em termos simples, isso significa que dirigir 50 quilômetros a toda velocidade exigiria aproximadamente a mesma quantidade de energia elétrica que uma casa americana média usa em um dia.

Dirigir com o pé até o fim do acelerador aqueceria rapidamente a bateria do Tesla, acionando proteções eletrônicas que reduziriam a velocidade do veículo. Portanto, o Tesla não consegue enfrentar os rivais movidos a gasolina numa corrida de resistência. Mas seu fator de diversão é muito alto e, nas arrancadas curtas, ele é quase imbatível. Numa corrida de arrancada de 2016 no YouTube, um Model S enfrenta um Dodge Challenger Hellcat de 707 cavalos e sai vencedor.

O Taycan, de acordo com a revista Car and Driver, é ainda mais rápido, mas os editores registraram um consumo de energia idêntico de 30 quilômetros por litro em ambos os carros numa viagem de 480 km a 120 km/h. (A Agência de Proteção Ambiental oficialmente fixou a eficiência do Tesla em 40 quilômetros por litro em circuito misto de cidade e rodovia, e o Porsche em 29 quilômetros por litro). A discrepância nas classificações de eficiência do Tesla e do Porsche provavelmente se deve à estrutura do teste e parece indicar que o Tesla tem uma vantagem de eficiência sobre o Porsche em trajetos urbanos de para-e-anda.

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Nenhum carro de alto desempenho movido a gasolina consegue ser tão econômico quanto o Tesla ou o Porsche elétricos. Escolher um veículo elétrico de alto desempenho em vez de um elétrico moderado acarreta muito menos penalidade por eficiência. A maneira como os veículos elétricos são carregados aumenta sua vantagem.

“Um carro elétrico de alto desempenho não é como um eletrodoméstico que puxa eletricidade em tempo real. Muitas vezes, esses carros são carregados à noite. Portanto, um modelo de alto desempenho ficará na tomada por mais tempo, mas não consome mais energia por vez”, disse Reichmuth, quando questionado se os carros elétricos estavam sobrecarregando a rede elétrica. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Eles parecem grandes poluidores. Só parecem. Uma nova geração de carros elétricos de alto desempenho, entre eles o Porsche Taycan e o Tesla Model S P100D, mostra como os fãs de cavalos de potência que se preocupam com o meio ambiente podem conciliar suas demandas. Um supercarro com uma pegada de carbono que lembra mais um jato do que um Prius pode parecer irresponsável diante das mudanças climáticas.

Mas e os veículos elétricos que conseguem acompanhar ou até mesmo superar carros tipo Lamborghini? O Tesla Model S pode acelerar de zero a 100 km/h em pouco mais de dois segundos, o que faz dele uma das máquinas mais rápidas do mercado. Mas é muito mais limpo do que um carro movido a gasolina comparativamente rápido, como a BMW M5, que tem um motor V8 biturbo de 617 cavalos de potência? Os números dizem que sim.

Um modelo de carro elétrico P100D da Tesla Model S em uma concessionária de carros elétricos Tesla. Foto: Jason Reed/Reuters.

O Tesla é uma escolha verde bastante convincente, mas a história não para por aí. Mesmo os veículos elétricos pequenos e menos potentes nem sempre foram mais limpos do que os automóveis movidos a gasolina mais eficientes. Um artigo de 2012 no New York Times resumiu um relatório da Union of Concerned Scientists que descobrira que os benefícios ambientais dos carros elétricos compactos e de motores modestos, como o Nissan Leaf, dependiam do lugar onde carregavam sua bateria.

Na época, a eletricidade de muitos estados ainda dependia fortemente de usinas a carvão, e os pesquisadores revelaram que, em algumas regiões, os carros elétricos não eram mais limpos do que os movidos a gasolina eficientes, quando contabilizadas as emissões resultantes da geração de eletricidade.

A tecnologia dos veículos elétricos avançou consideravelmente desde então, e a geração de eletricidade nos Estados Unidos também mudou. O último relatório da Union of Concerned Scientists, num artigo de fevereiro publicado por David Reichmuth, seu engenheiro sênior de veículos, é muito mais otimista do que o de oito anos atrás.

Depois de analisar todas as emissões – inclusive aquelas da produção de combustível fóssil, juntamente com as emissões do escapamento de veículos convencionais e as emissões das usinas de energia – o grupo descobriu que os veículos elétricos foram responsáveis por cerca de 10% menos emissões globais em 2018 do que eram apenas dois anos antes.

As emissões geradas na produção de veículos e baterias ou na mineração de lítio para as baterias dos veículos elétricos não entraram no cálculo. Neste estudo, descobriu-se que o veículo elétrico médio nos Estados Unidos era responsável por níveis de emissão equivalentes aos gerados por um veículo a gasolina que fizesse 37 quilômetros por litro de combustível.

Em áreas onde muito carvão ainda é queimado para produzir eletricidade, o número de equivalência do veículo elétrico pode cair para 20 quilômetros por litro, mas essas áreas são poucas e menos densamente povoadas do que as regiões com energia limpa. Ok, mas e os supercarros elétricos como o Model S e o Taycan? Se eles produzem uma potência gigantesca, isso não significa que seus níveis de emissão também são altos?

“Um automóvel de desempenho elétrico muito potente é menos eficiente do que um veículo elétrico hipereficiente, mas, mesmo assim, é muito mais limpo do que um carro comparativamente poderoso que queima gasolina”, disse Reichmuth numa entrevista por telefone.

FILE PHOTO: A Tesla service center is shown in Costa Mesa, California, U.S., March 18, 2020. REUTERS/Mike Blake/File Photo 

Ele acrescentou que um Model S na Califórnia, que tem uma das energias elétricas mais limpas do país, é quase equivalente a um veículo a gasolina que chegasse a 50 quilômetros por litro. Em outras palavras, numa área com usinas elétricas relativamente limpas, essa máquina extremamente potente pode ser mais limpa do que o mais eficiente dos carros a gasolina. Os números que Reichmuth menciona partem do pressuposto de que o Model S será dirigido com responsabilidade.

Pisando fundo, o Model S vai engolir os watts-hora. Embora a Tesla não forneça dados sobre direção agressiva, alguns proprietários vêm explorando os extremos. Uma estimativa dos fóruns de internet da Tesla afirma que, em aceleração total, o carro usará cerca de 544 watts-hora de eletricidade por quilometro e terá uma autonomia de cerca de 140 quilômetros com carga total. Em termos simples, isso significa que dirigir 50 quilômetros a toda velocidade exigiria aproximadamente a mesma quantidade de energia elétrica que uma casa americana média usa em um dia.

Dirigir com o pé até o fim do acelerador aqueceria rapidamente a bateria do Tesla, acionando proteções eletrônicas que reduziriam a velocidade do veículo. Portanto, o Tesla não consegue enfrentar os rivais movidos a gasolina numa corrida de resistência. Mas seu fator de diversão é muito alto e, nas arrancadas curtas, ele é quase imbatível. Numa corrida de arrancada de 2016 no YouTube, um Model S enfrenta um Dodge Challenger Hellcat de 707 cavalos e sai vencedor.

O Taycan, de acordo com a revista Car and Driver, é ainda mais rápido, mas os editores registraram um consumo de energia idêntico de 30 quilômetros por litro em ambos os carros numa viagem de 480 km a 120 km/h. (A Agência de Proteção Ambiental oficialmente fixou a eficiência do Tesla em 40 quilômetros por litro em circuito misto de cidade e rodovia, e o Porsche em 29 quilômetros por litro). A discrepância nas classificações de eficiência do Tesla e do Porsche provavelmente se deve à estrutura do teste e parece indicar que o Tesla tem uma vantagem de eficiência sobre o Porsche em trajetos urbanos de para-e-anda.

Nenhum carro de alto desempenho movido a gasolina consegue ser tão econômico quanto o Tesla ou o Porsche elétricos. Escolher um veículo elétrico de alto desempenho em vez de um elétrico moderado acarreta muito menos penalidade por eficiência. A maneira como os veículos elétricos são carregados aumenta sua vantagem.

“Um carro elétrico de alto desempenho não é como um eletrodoméstico que puxa eletricidade em tempo real. Muitas vezes, esses carros são carregados à noite. Portanto, um modelo de alto desempenho ficará na tomada por mais tempo, mas não consome mais energia por vez”, disse Reichmuth, quando questionado se os carros elétricos estavam sobrecarregando a rede elétrica. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Eles parecem grandes poluidores. Só parecem. Uma nova geração de carros elétricos de alto desempenho, entre eles o Porsche Taycan e o Tesla Model S P100D, mostra como os fãs de cavalos de potência que se preocupam com o meio ambiente podem conciliar suas demandas. Um supercarro com uma pegada de carbono que lembra mais um jato do que um Prius pode parecer irresponsável diante das mudanças climáticas.

Mas e os veículos elétricos que conseguem acompanhar ou até mesmo superar carros tipo Lamborghini? O Tesla Model S pode acelerar de zero a 100 km/h em pouco mais de dois segundos, o que faz dele uma das máquinas mais rápidas do mercado. Mas é muito mais limpo do que um carro movido a gasolina comparativamente rápido, como a BMW M5, que tem um motor V8 biturbo de 617 cavalos de potência? Os números dizem que sim.

Um modelo de carro elétrico P100D da Tesla Model S em uma concessionária de carros elétricos Tesla. Foto: Jason Reed/Reuters.

O Tesla é uma escolha verde bastante convincente, mas a história não para por aí. Mesmo os veículos elétricos pequenos e menos potentes nem sempre foram mais limpos do que os automóveis movidos a gasolina mais eficientes. Um artigo de 2012 no New York Times resumiu um relatório da Union of Concerned Scientists que descobrira que os benefícios ambientais dos carros elétricos compactos e de motores modestos, como o Nissan Leaf, dependiam do lugar onde carregavam sua bateria.

Na época, a eletricidade de muitos estados ainda dependia fortemente de usinas a carvão, e os pesquisadores revelaram que, em algumas regiões, os carros elétricos não eram mais limpos do que os movidos a gasolina eficientes, quando contabilizadas as emissões resultantes da geração de eletricidade.

A tecnologia dos veículos elétricos avançou consideravelmente desde então, e a geração de eletricidade nos Estados Unidos também mudou. O último relatório da Union of Concerned Scientists, num artigo de fevereiro publicado por David Reichmuth, seu engenheiro sênior de veículos, é muito mais otimista do que o de oito anos atrás.

Depois de analisar todas as emissões – inclusive aquelas da produção de combustível fóssil, juntamente com as emissões do escapamento de veículos convencionais e as emissões das usinas de energia – o grupo descobriu que os veículos elétricos foram responsáveis por cerca de 10% menos emissões globais em 2018 do que eram apenas dois anos antes.

As emissões geradas na produção de veículos e baterias ou na mineração de lítio para as baterias dos veículos elétricos não entraram no cálculo. Neste estudo, descobriu-se que o veículo elétrico médio nos Estados Unidos era responsável por níveis de emissão equivalentes aos gerados por um veículo a gasolina que fizesse 37 quilômetros por litro de combustível.

Em áreas onde muito carvão ainda é queimado para produzir eletricidade, o número de equivalência do veículo elétrico pode cair para 20 quilômetros por litro, mas essas áreas são poucas e menos densamente povoadas do que as regiões com energia limpa. Ok, mas e os supercarros elétricos como o Model S e o Taycan? Se eles produzem uma potência gigantesca, isso não significa que seus níveis de emissão também são altos?

“Um automóvel de desempenho elétrico muito potente é menos eficiente do que um veículo elétrico hipereficiente, mas, mesmo assim, é muito mais limpo do que um carro comparativamente poderoso que queima gasolina”, disse Reichmuth numa entrevista por telefone.

FILE PHOTO: A Tesla service center is shown in Costa Mesa, California, U.S., March 18, 2020. REUTERS/Mike Blake/File Photo 

Ele acrescentou que um Model S na Califórnia, que tem uma das energias elétricas mais limpas do país, é quase equivalente a um veículo a gasolina que chegasse a 50 quilômetros por litro. Em outras palavras, numa área com usinas elétricas relativamente limpas, essa máquina extremamente potente pode ser mais limpa do que o mais eficiente dos carros a gasolina. Os números que Reichmuth menciona partem do pressuposto de que o Model S será dirigido com responsabilidade.

Pisando fundo, o Model S vai engolir os watts-hora. Embora a Tesla não forneça dados sobre direção agressiva, alguns proprietários vêm explorando os extremos. Uma estimativa dos fóruns de internet da Tesla afirma que, em aceleração total, o carro usará cerca de 544 watts-hora de eletricidade por quilometro e terá uma autonomia de cerca de 140 quilômetros com carga total. Em termos simples, isso significa que dirigir 50 quilômetros a toda velocidade exigiria aproximadamente a mesma quantidade de energia elétrica que uma casa americana média usa em um dia.

Dirigir com o pé até o fim do acelerador aqueceria rapidamente a bateria do Tesla, acionando proteções eletrônicas que reduziriam a velocidade do veículo. Portanto, o Tesla não consegue enfrentar os rivais movidos a gasolina numa corrida de resistência. Mas seu fator de diversão é muito alto e, nas arrancadas curtas, ele é quase imbatível. Numa corrida de arrancada de 2016 no YouTube, um Model S enfrenta um Dodge Challenger Hellcat de 707 cavalos e sai vencedor.

O Taycan, de acordo com a revista Car and Driver, é ainda mais rápido, mas os editores registraram um consumo de energia idêntico de 30 quilômetros por litro em ambos os carros numa viagem de 480 km a 120 km/h. (A Agência de Proteção Ambiental oficialmente fixou a eficiência do Tesla em 40 quilômetros por litro em circuito misto de cidade e rodovia, e o Porsche em 29 quilômetros por litro). A discrepância nas classificações de eficiência do Tesla e do Porsche provavelmente se deve à estrutura do teste e parece indicar que o Tesla tem uma vantagem de eficiência sobre o Porsche em trajetos urbanos de para-e-anda.

Nenhum carro de alto desempenho movido a gasolina consegue ser tão econômico quanto o Tesla ou o Porsche elétricos. Escolher um veículo elétrico de alto desempenho em vez de um elétrico moderado acarreta muito menos penalidade por eficiência. A maneira como os veículos elétricos são carregados aumenta sua vantagem.

“Um carro elétrico de alto desempenho não é como um eletrodoméstico que puxa eletricidade em tempo real. Muitas vezes, esses carros são carregados à noite. Portanto, um modelo de alto desempenho ficará na tomada por mais tempo, mas não consome mais energia por vez”, disse Reichmuth, quando questionado se os carros elétricos estavam sobrecarregando a rede elétrica. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Eles parecem grandes poluidores. Só parecem. Uma nova geração de carros elétricos de alto desempenho, entre eles o Porsche Taycan e o Tesla Model S P100D, mostra como os fãs de cavalos de potência que se preocupam com o meio ambiente podem conciliar suas demandas. Um supercarro com uma pegada de carbono que lembra mais um jato do que um Prius pode parecer irresponsável diante das mudanças climáticas.

Mas e os veículos elétricos que conseguem acompanhar ou até mesmo superar carros tipo Lamborghini? O Tesla Model S pode acelerar de zero a 100 km/h em pouco mais de dois segundos, o que faz dele uma das máquinas mais rápidas do mercado. Mas é muito mais limpo do que um carro movido a gasolina comparativamente rápido, como a BMW M5, que tem um motor V8 biturbo de 617 cavalos de potência? Os números dizem que sim.

Um modelo de carro elétrico P100D da Tesla Model S em uma concessionária de carros elétricos Tesla. Foto: Jason Reed/Reuters.

O Tesla é uma escolha verde bastante convincente, mas a história não para por aí. Mesmo os veículos elétricos pequenos e menos potentes nem sempre foram mais limpos do que os automóveis movidos a gasolina mais eficientes. Um artigo de 2012 no New York Times resumiu um relatório da Union of Concerned Scientists que descobrira que os benefícios ambientais dos carros elétricos compactos e de motores modestos, como o Nissan Leaf, dependiam do lugar onde carregavam sua bateria.

Na época, a eletricidade de muitos estados ainda dependia fortemente de usinas a carvão, e os pesquisadores revelaram que, em algumas regiões, os carros elétricos não eram mais limpos do que os movidos a gasolina eficientes, quando contabilizadas as emissões resultantes da geração de eletricidade.

A tecnologia dos veículos elétricos avançou consideravelmente desde então, e a geração de eletricidade nos Estados Unidos também mudou. O último relatório da Union of Concerned Scientists, num artigo de fevereiro publicado por David Reichmuth, seu engenheiro sênior de veículos, é muito mais otimista do que o de oito anos atrás.

Depois de analisar todas as emissões – inclusive aquelas da produção de combustível fóssil, juntamente com as emissões do escapamento de veículos convencionais e as emissões das usinas de energia – o grupo descobriu que os veículos elétricos foram responsáveis por cerca de 10% menos emissões globais em 2018 do que eram apenas dois anos antes.

As emissões geradas na produção de veículos e baterias ou na mineração de lítio para as baterias dos veículos elétricos não entraram no cálculo. Neste estudo, descobriu-se que o veículo elétrico médio nos Estados Unidos era responsável por níveis de emissão equivalentes aos gerados por um veículo a gasolina que fizesse 37 quilômetros por litro de combustível.

Em áreas onde muito carvão ainda é queimado para produzir eletricidade, o número de equivalência do veículo elétrico pode cair para 20 quilômetros por litro, mas essas áreas são poucas e menos densamente povoadas do que as regiões com energia limpa. Ok, mas e os supercarros elétricos como o Model S e o Taycan? Se eles produzem uma potência gigantesca, isso não significa que seus níveis de emissão também são altos?

“Um automóvel de desempenho elétrico muito potente é menos eficiente do que um veículo elétrico hipereficiente, mas, mesmo assim, é muito mais limpo do que um carro comparativamente poderoso que queima gasolina”, disse Reichmuth numa entrevista por telefone.

FILE PHOTO: A Tesla service center is shown in Costa Mesa, California, U.S., March 18, 2020. REUTERS/Mike Blake/File Photo 

Ele acrescentou que um Model S na Califórnia, que tem uma das energias elétricas mais limpas do país, é quase equivalente a um veículo a gasolina que chegasse a 50 quilômetros por litro. Em outras palavras, numa área com usinas elétricas relativamente limpas, essa máquina extremamente potente pode ser mais limpa do que o mais eficiente dos carros a gasolina. Os números que Reichmuth menciona partem do pressuposto de que o Model S será dirigido com responsabilidade.

Pisando fundo, o Model S vai engolir os watts-hora. Embora a Tesla não forneça dados sobre direção agressiva, alguns proprietários vêm explorando os extremos. Uma estimativa dos fóruns de internet da Tesla afirma que, em aceleração total, o carro usará cerca de 544 watts-hora de eletricidade por quilometro e terá uma autonomia de cerca de 140 quilômetros com carga total. Em termos simples, isso significa que dirigir 50 quilômetros a toda velocidade exigiria aproximadamente a mesma quantidade de energia elétrica que uma casa americana média usa em um dia.

Dirigir com o pé até o fim do acelerador aqueceria rapidamente a bateria do Tesla, acionando proteções eletrônicas que reduziriam a velocidade do veículo. Portanto, o Tesla não consegue enfrentar os rivais movidos a gasolina numa corrida de resistência. Mas seu fator de diversão é muito alto e, nas arrancadas curtas, ele é quase imbatível. Numa corrida de arrancada de 2016 no YouTube, um Model S enfrenta um Dodge Challenger Hellcat de 707 cavalos e sai vencedor.

O Taycan, de acordo com a revista Car and Driver, é ainda mais rápido, mas os editores registraram um consumo de energia idêntico de 30 quilômetros por litro em ambos os carros numa viagem de 480 km a 120 km/h. (A Agência de Proteção Ambiental oficialmente fixou a eficiência do Tesla em 40 quilômetros por litro em circuito misto de cidade e rodovia, e o Porsche em 29 quilômetros por litro). A discrepância nas classificações de eficiência do Tesla e do Porsche provavelmente se deve à estrutura do teste e parece indicar que o Tesla tem uma vantagem de eficiência sobre o Porsche em trajetos urbanos de para-e-anda.

Nenhum carro de alto desempenho movido a gasolina consegue ser tão econômico quanto o Tesla ou o Porsche elétricos. Escolher um veículo elétrico de alto desempenho em vez de um elétrico moderado acarreta muito menos penalidade por eficiência. A maneira como os veículos elétricos são carregados aumenta sua vantagem.

“Um carro elétrico de alto desempenho não é como um eletrodoméstico que puxa eletricidade em tempo real. Muitas vezes, esses carros são carregados à noite. Portanto, um modelo de alto desempenho ficará na tomada por mais tempo, mas não consome mais energia por vez”, disse Reichmuth, quando questionado se os carros elétricos estavam sobrecarregando a rede elétrica. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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